História Crítica da Música Brasileira no Sesc Pinheiros

, por Alexandre Matias

E outubro chegou chegando: a partir do próximo sábado começo mais uma série de aulas do curso História Crítica da Música Brasileira, em que repasso nosso histórico musical do último século – o da música gravada – para mostrar como os cânones e as linhas narrativas que constroem o que chamamos de música brasileira foram criadas. Desta vez o curso acontece no Sesc Pinheiros, sempre aos sábados, a partir das 16h30, e mais uma vez posso contar com a presença dos mesmos queridos intelectuais que ajudaram a tornar a primeira edição tão especial: Bernardo Oliveira, Pérola Mathias, Rodrigo Faour e Rodrigo Caçapa, cada um deles abordando um critério específico da nossa história musical, cultural, social e política. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas neste link. Abaixo, a descrição completa do curso:

História Crítica da Música Brasileira

O jornalista Alexandre Matias convida o público para aprofundar-se na história da música brasileira e mostrar como consensos tidos como canônicos (samba, música nordestina, bossa nova, tropicalismo, jovem guarda, rock brasileiro dos anos 80 e MPB) existem para perpetuar uma série de privilégios e ofuscar uma produção cultural espalhada pelo Brasil em outras gerações, regiões e classes sociais.

No curso, será mostrado como as novas tecnologias e a indústria de entretenimento – que mistura a ascensão da indústria fonográfica, dos meios de comunicação em massa, dos aparelhos digitais e da internet – determinaram o que fazia sucesso no decorrer do século, provocando ascensões milionárias e ostracismos marcantes.

Artistas, gêneros e movimentos inteiros foram silenciados para que outros pudessem ganhar notoriedade e sucesso comercial. Serão seis aulas em que o jornalista contará com a participação de quatro colegas que jogam foco em quatro recortes sobre a música brasileira dos últimos anos: Bernardo Oliveira, Pérola Mathias, Rodrigo Faour e Rodrigo Caçapa.

Primeira aula – O cânone da MPB (7 de outubro)
Na aula de apresentação, Alexandre Matias discorre sobre a ascensão da música popular brasileira no século passado e seu uso político em diferentes momentos de nossa história, mostrando como determinados movimentos culturais foram usados para difundir perspectivas diferentes do curso da história, provocando a distorção de valores que culminam até na própria identidade cultural brasileira.

Segunda aula – Música brasileira negra (14 de outubro)
Alexandre Matias conversa com Bernardo Oliveira sobre a centralidade da presença africana na música do Brasil, tomando como ponto de partida tanto a sua formação como também seus desdobramentos culturais, sociais, técnicos e políticos.

Terceira aula – Música brasileira nordestina (21 de outubro)
Alexandre Matias conversa com Rodrigo Caçapa sobre como a produção musical realizada no eixo Rio-São Paulo transformou a música do nordeste numa caricatura que, por sua vez, foi transformada em força, reescrevendo a própria identidade da região a partir deste ponto de vista.

Quarta aula – Música brasileira feminina (28 de outubro)
Alexandre Matias conversa com Pérola Mathias sobre a ausência de mulheres na história da música brasileira, mesmo que um de seus pioneiros tenha sido uma mulher, Chiquinha Gonzaga. A invisibilização do papel feminino acaba por isolar a mulher no papel de cantora inatingível, musa e apenas intérprete, e não celebramos mulheres instrumentistas, compositoras e produtoras (estes nomes são quase sempre masculinos).

Quinta aula – Música brasileira e a transgressão comportamental (4 de novembro)
Alexandre Matias conversa com Rodrigo Faour sobre como as transformações no comportamento social, que mudaram a forma de se relacionar com a sexualidade no Brasil, refletiram-se em nossa música, encontrando nesta um veículo para a transgressão política, tanto do ponto de vista visual, como cênico e lírico.

Sexta aula – Século 21 vira uma página (11 de novembro)
Depois deste mergulho nos quatro diferentes recortes, conversamos sobre o futuro da música brasileira a partir da chegada da internet, que mudou atores, cenários e agentes, transformando-a por completo.

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