Delicado batismo

Carox e Flávio Particelli estavam animados mas nervosos com o primeiro show do A Ride for Two, projeto que criaram durante a pandemia para compor canções introspectivas e bucólicas distantes das músicas que fazem em seus projetos até então, quando a velocidade e o ruído do hardcore encobre letras e melodias para valorizar a energia da performance. Mostrando pela primeira vez ao vivo o novo duo, eles sentiram o peso de ouvir as próprias vozes e instrumentos sem distorção ou volume, o que a princípio os deixou tensos no começo da apresentação desta terça-feira, no Centro da Terra. Mas à medida em que iam desbravando as canções e se acostumando ao ouvir as respectivas vozes num contexto longe do caseiro iam ganhando confiança e fazendo o show crescer. Amparados por uma banda afiadíssima, formada por Marcelo Crispim (guitarra), David Margelli (baixo), Thales Stipp (bateria) e Luiz Viola (piano), que nunca transbordava o som de forma a sobrepor-se à dupla vocal, os dois entrelaçavam violão e guitarra (era a primeira vez que Carox tocava o instrumento em público) e os dois belos timbres de vocais nas canções que formam o repertório de seu único EP e algumas inéditas, além de contar com duas participações especiais, cada uma delas trazendo uma referência musical diferente: ao lado de Cyz Mendes, do grupo Plutão Já Foi Planeta, os dois cantaram “Wildflower”, do disco novo da Billie Eilish, e ao lado de Cyro Sampaio tocaram “Miopia”, da banda do convidado, Menores Atos. Um show bonito e delicado, que logo livrou-se do clima de batismo de fogo que tensionava a dupla no início para entrar num portal de sutilezas e melodias que, apesar de estranho às carreiras anteriores dos dois, fez muito sentido para ambos – e para o público, que embarcou na carona proposta pelos dois.

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A Ride for Two: Hey Life

Com muita satisfação recebemos nesta terça-feira no Centro da Terra a primeira apresentação ao vivo de uma dupla que nasceu no hardcore, mas se encontrou no folk. Carox (das bandas Carox e Miami Tiger) e Flávio Particelli (das bandas Fullheart, Falante e Anônimos Anônimos) se começaram a fazer música no período de isolamento social da pandemia e criaram a dupla acústica A Ride for Two, que já lançou seu primeiro EP, batizado com o próprio nome da banda, mas nunca apresentou-se ao vivo – até hoje. Sua estreia acontece no espetáculo Hey Life, quando tocam tanto sozinhos quanto acompanhados por uma banda formada por Marcelo Crispim na guitarra, David Margelli no baixo, Thales Stipp na bateria e Luiz Viola no piano e sintetizadores, além de receberem duas participações especiais, Cyro Sampaio, do grupo Menores Atos, e Cyz Mendes, do grupo Plutão Já Foi Planeta, todos entrando no clima de introspecção e delicadeza proposto pala dupla. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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Canções cruas

Pélico começou sua temporada Cá com os Meus Botões nesta segunda-feira no Centro da Terra voltando em momentos distintos de seu repertório revistos de forma direta e reta, deixando a força de suas canções de amor soar para além de arranjos meticulosos, silêncios de câmara e várias participações, como pedem seus registros fonográficos. Ao lado de Pedro Regada, que revezou-se entre os teclados e o piano, ele preferiu mostrar suas canções cruas, fossem acompanhadas por seu violão ou conduzidas apenas por sua voz. E assim passou por diferentes momentos de seus três discos mais recentes – Que Isso Fique Entre Nós, de 2011 (representado por “Não Éramos Tão Assim”, “Não Vou Te Deixar, Por Enquanto”, “Sem Medida” e pela faixa-título); Euforia, de 2015 (que também veio com sua faixa-título e “Olha Só”) e por seu disco mais recente, Quem Me Viu, Quem me Vê, de 2019 (que veio com “Machucado”, que abriu o show, “Nosso Amor” e “Amanheci”) -, além de visitar duas pérolas alheias, “Espelhos d’Água” de Dalto que ficou famosa com Patrícia Marx, e “O Que Me Importa” que Cury Heluy fez pra Wanderlea, mas que foi gravado depois por Tim Maia, Ira! e Marisa Monte. Em todas as canções, a intensidade de sua voz reforçava a força das letras e das melodias, que se integravam perfeitamente quando o piano se misturava ao violão, como fizeram na última canção da noite, ao visitar mais uma do disco de 2011, “Recado”. Foi bem bonito.

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Pélico: Cá com Meus Botões

E com prazer recebemos durante as segundas-feiras de outubro o grande cantor e compositor Pélico, que depois de uma temporada no exterior, começa a preparar sua volta aos palcos e aos discos, lentamente preparando um próximo álbun à medida em que volta a sentir a pulsação do momento. E ao propor a temporada Cá com Meus Botões, ele volta-se para si mesmo, como o título deixa claro, para, a cada segunda-feira, visitar um trecho de sua carreira com diferentes formações. Na primeira segunda, dia 7, ele vem acompanhado do tecladista Pedro Regada, para depois, no dia 14, visitar um repertório de canções que canta em casa acompanhado do violão de Kaneo Ramos: violão. No dia 21 ele vem escudado pelo compadre Regis Damasceno, que toca guitarra, violão e o acompanha nos vocais, e do cello tocado por Thiago Faria, para revisitar velhas canções nesta nova formação. E encerra a temporada no dia 28, acompanhado de sua atual banda (formada por Regis Damasceno, Pedro Regada, Jesus Sanchez no baixo e Richard Ribeiro na bateria), quando começa a mostrar sua produção atual. Os espetáculos começam pontualmente sempre às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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O mapa de um não-território

Densa e hipnótica. Assim foi a apresentação que Fernando Catatau e Isadora Stevani fizeram neste primeiro dia de outubro no Centro da Terra, quando reuniram suas ferramentas para criar uma instalação em movimento chamada Outra Dimensão. A descrição do que acontecia no palco – em que o guitarrista desdobrava seu instrumento com auxílio de sintetizadores e pedais para ter sua sonoridade traduzida em movimento pelas imagens em movimento reativas da artista visual – parece simples mas criava um espaço imaginário único, em que coordenadas cartesianas fluidas buscavam firmar alguma referência no que chegava em forma de som, conduzindo o público a um transe que por vezes era idílico e onírico e em outras era pesado e incômodo, sem nunca perder sua natureza abstrata, mesmo quando a guitarra soava apenas como uma guitarra. Um encontro artístico a dois ao mesmo tempo introspectivo e expansivo, este mapa de um não-território me pareceu apenas o primeiro passo numa parceria que pode abrir ainda mais fronteiras a cada nova apresentação. Por isso, que venham outras!

Assista abaixo:  

Fernando Catatau + Isadora Stevani: Outra Dimensão

Começamos o outubro de música no Centro da Terra abrindo um portal para o encontro de linguagens, quando o músico e produtor Fernando Catatau e sua companheira, a artista plástica Isadora Stevani, misturam som em imagem num espetáculo inédito concebido especialmente para o teatro, que batizaram de Outra Dimensão. Nesta realidade não-existente, os dois dialogam sobre a experiência do tempo, a percepção da realidade e os mistérios da existência em uma noite que une texturas sonoras elétricas e eletrônicas a visuais de diferentes naturezas que convergem-se no mesmo espaço imaginário. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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Gole final

Lindo o encerramento da temporada que o Gole Seco fez às segundas de setembro no Centro da Terra, quando puderam aprofundar suas diferentes personalidades musicais em espetáculos solo em que sempre contavam com a presença das outras três para um momento dedicado ao grupo vocal. A quinta apresentação – num mês com cinco segundas-feiras – trouxe o grupo mostrando novos arranjos em cima do repertório de seu primeiro disco, além das contribuições que cada uma trouxe para o grupo em suas apresentações individuais, funcionando como um balanço e compilação de melhores momentos da temporada. Assim, Loreta Colucci sugeriu “Derramou” de Alessandra Leão, única composição da noite que contou com um instrumento além das vozes, quando a própria Loreta puxou o violão; Giu de Castro pinçou sua parceria com o poeta alemão pré-romântico Goethe em “Distante Amor”; Niwa chamou Björk com as paisagens emocionais de “Jóga” e Nathalie Alvim fez todos chorar com os “Soluços” de Jards Macalé. Entre estas, brincaram e envolveram o público com exercícios, jogos e malabarismos vocais que ao mesmo tempo que eram uma deixa para exibir seus talentos no gogó, também tocaram a todos com uma sensibilidade à flor da pele, realçada pela bela luz de Letícia Nanni, que iluminou magistralmente as cinco noites. Foi demais!

Assista abaixo:  

Centro da Terra: Outubro de 2024

O ano está chegando ao fim e outubro já começa na semana que vem, quando trazemos uma série de novidades e experimentos musicais no palco do Centro da Terra. Quem toma conta das segundas-feiras é o cantor e compositor Pélico, que apresenta a temporada Cá com Meus Botões, em que começa a mostrar o que será seu próximo disco ao mesmo tempo em que volta ao passado para rever suas composições anteriores à luz deste novo momento, sempre com diferentes convidados a cada nova apresentação. A primeira terça-feira do mês, dia 1°, ficou com Fernando Catatau, que convidou sua companheira Isadora Stevani, que reúnem música e imagem no que chamam de “um encontro a partir do não-existente” no espetáculo chamado de Outra Dimensão. Na terça seguinte, dia 8, dois nomes do hardcore paulistano – a cantora Carox (das bandas Carox e Miami Tiger) e e o guitarrista Flávio Particelli (das bandas Fullheart, Falante e Anônimos Anônimos) – reúnem-se para apresentar o primeiro show de seu novo projeto, a dupla folk A Ride for Two, que apresenta o espetáculo intimista Hey Life com outros músicos convidados. Dia 15 é a vez da mineira Julia Guedes apresentar seu primeiro show solo em São Paulo, quando mostra Vermelho e Sem Nome acompanhada da banda Terceira Margem. Na terça-feira dia 22 é a vez de Bianca Godoi, Guilherme Held, Otto Dardenne, Joana Bergman e Rubens Adati mostrarem, pela primeira vez, o projeto pós-punk recém-criado que chamaram de CØMA. E a programação de outubro termina com a primeira apresentação solo no Brasil de Francisca Barreto, que apresentava-se como Chica quando tocava ao lado de Nina Maia, mas assumiu seu nome de batismo depois que acompanhou o músico Damien Rice em turnês pelos cinco continentes. Ela mostra suas primeiras composições autorais no espetáculo chamado Bico da Proa e vem acompanhado de músicos convidados, entre eles a própria Nina. Lembrando que as apresentações sempre começam pontualmente às 20h e os ingressos já podem ser comprados na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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Dentro do abismo

Ao liderar uma apresentação formada por três vozes e três instrumentos, Inés Terra nos conduziu rumo ao desconhecido nesta terça-feira no Centro da Terra, quando mostrou ao lado de Paola Ribeiro e Panamby no espetáculo Língua Fora. A apresentação começou com cada uma das participantes desfiando suas vozes e instrumentos individualmente: primeiro a própria anfitriã, tocando um instrumento de corda e percussão chamado finnis terrae, tocado tanto com dedos quanto com um arco, seguida por Paola, que puxou seu berimbau, que também tocou com um arco, e finalizando com Panamby, à frente de um aya, um instrumento primo da cítara, tocado no colo. Cada uma delas usou seu instrumento como porta para suas performances vocais, os três centros da apresentação, que se alinharam ao final, em um transe entre a melodia e o ruído que nos jogou dentro do abismo. Intenso.

Assista abaixo:  

Inés Terra: Língua Fora

Com prazer recebemos nesta terça-feira, no Centro da Terra, a cantora Inés Terra, que apresenta uma nova versão de seu espetáculo de performance vocal Língua Fora, que já passou pela Alemanha e Argentina, e que desta vez conta com a participação das vocalistas Panamby e Paola Ribeiro, cada uma delas com um instrumento específico: Inés toca o finis terrae criado por Cadós Sanchez, Panamby um aya e Paola um berimbau, numa apresentação de música livre. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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