Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

O dia em que Brian Wilson surfou na TV

Apesar de ser um garoto da praia per se, a única vez que o público viu Brian Wilson surfar foi num especial de TV que os Beach Boys fizeram em agosto de 1976 para a emissora norte-americana NBC na tentativa de atingir um público mais novo. O programa Beach Boys: It’s Ok! misturava cenas de shows, entrevistas e quadros cômicos como este em que os dois irmãos cara-de-pau John Belushi e Dan Aykroyd, desta vez passando por policiais, dão uma batida na casa de Brian para obrigá-lo a voltar para a praia. Não foi só Brian quem atuou nestes esquetes, seus irmãos Carl (pilotando um avião) e Dennis (como jurado de um concurso de beleza) também fizeram suas aparições, mas obrigar Brian a subir em uma prancha (depois que Aykroyd manobra o mar para sua entrada) segue como um dos momentos clássicos da teledramaturgia do rock.

Assista abaixo:  

A morte de um gênio

A morte de Brian Wilson me levou a escrever mais um texto pro Toca UOL, desta vez falando sobre sua importância.  

Eu vi Brian Wilson ao vivo

O mestre nos deixou, mas sua inspiração, legado e lembranças ficam, mantendo-o vivo entre nós. Pude vê-lo ao vivo duas vezes, uma no Brasil, quando tocou seu Smile dentro da programação do Tim Festival de 2004, e depois no Primavera Sounds em Barcelona, quando o vi tocando seu Pet Sounds na integra. No primeiro ainda não tinha essa mania de filmar shows que tenho hoje, mas consegui registrar o segundo (numa câmera que não era tão boa quanto a atual, especificamente no que diz respeito à altura do som). Mas é um momento único na minha vida que posso reviver e compartilhar com todos. Assista abaixo:  

O som e o sentido da crise existencial

Muito bom acompanhar o nascimento de uma obra desde seu rascunho à materialização – afinal, o que Antônia Perrone – que agora assina como Antônia Midena – apresentou nesta terça-feira no Centro da Terra foi uma versão espetacularizada de uma série de questionamentos que a vi fazendo desde que conversamos sobre sua apresentação pela primeira vez. Começando pela sensação de desgarramento entre o som da palavra e de seu sentido e com ela pode ir moldando seu espetáculo autocentrado chamado Antônima a partir da música. Acompanhada por Alex Huszar (baixo), Amanda (guitarra), Bel Aurora (teclados) e João Rodrigues (bateria), ela desbravou um território fictício entre letra e música em que falava sobre duplos, cópias e clones, em uma apresentação que sobrou até para a ovelha Dolly (quem lembra dela?). Uma apresentação lírico-teatral que usa a música e o formato palco como plataformas para uma investigação a respeito de personalidade e identidade, plantando questões existenciais em todos que estiveram presentes. Bravo!

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Antônia Midena: Antônima

Imensa satisfação em chamar para apresentar no palco do Centro da Terra a primeira apresentação musical da artista plástica Antônia Perrone, que encarna o pseudônimo Antônia Midena para apresentar o espetáculo Antônima, uma peça sonora e textual que mergulha no mundo das palavras para tentar explicar o inexplicável, ao unir música e teatro numa apresentação sobre som e sentido, em que será acompanhada por Acompanhada por Alex Huszar, Amanda, Bel Aurora e João Rodrigues, misturando textos inéditos e canções próprias. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão esgotados.

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“Cherry Blossom Brat”

O encontro da Charli XCX com o Air neste fim de semana deu tão certo que a dupla francesa resolveu oficializar a parceria lançando um clipe ao vivo com a versão que os dois artistas fizeram juntos para a onírica “Cherry Blossom Girl”, que o grupo lançou originalmente em seu terceiro álbum, Talkie Walkie, lançado há mais de 20 anos. A apresentação aconteceu neste sábado, quando Nicolas Godin e Jean-Benoît Duncke chamaram a it girl inglesa para acompanhá-los sob a mesma luz verde-limão que marcou seu clássico disco do ano passado durante sua apresentação no festival parisiense We Love Green.

Assista abaixo:  

Abrindo a roda

Ruben Jacobina vai erguendo o que se tornará seu próximo álbum pouco a pouco na temporada que está fazendo no Centro da Terra e nesta segunda noite trouxe dois novos elementos além da banda que montou para estes shows, que estreou na semana passada. Desta vez, o trio formado por ele, Gabriel “Bubu” Mayall e Theo Ceccato tornou-se quarteto com a entrada do guitarrista Allen Alencar, que também trouxe um teclado e pedais para entrar na brincadeira, trazendo luzes mezzo psicodélicas mezzo românticas para a formação e deixando Rubinho mais solto para cantar – e assim será pelo resto da temporada, que pode ter outras surpresas. A noite, que, como a primeira, contou com parcerias inéditas do autor com Otto, Domenico Lancellotti, Nina Becker e Mãeana, além de hits da era de ouro do rádio brasileiro (como o “Mimoso Colibri” de Adoniran Barbosa e “Sei Lá”, eternizada por Doris Monteiro), também viu a primeira participação especial do mês, quando convidou a parceira Sílvia Machete para reverenciar Jorge Mautner, começando pela única parceria dele com o mestre, “Ba-Be-Bi-Bo-Bu”, que Sílvia gravou em seu primeiro álbum, produzido pelo próprio Rubinho.

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Sly Stone (1943-2025)

Morreu um dos maiores nomes da canção norte-americana. Sly Stone não foi responsável apenas pela criação do funk a partir da fundação feita por James Brown, mas também um dos principais nomes no surgimento de uma nova alma negra norte-americana (e, posteriormente, mundial) bem como por ter transposto barreiras que vão para além dos gêneros, raça ou religião. Um mestre e hitmaker como pouquíssimos.

Morrissey no Brasil!

É mentira? Até agora não, pois o ex-vocalista dos Smiths acaba de anunciar mais uma tentativa de passar pela América Latina, desta vez perto do fim do ano, quando fará dois shows na México (na capital dia 31 de outubro e em Guadalajara dia 4 de novembro), na Argentina (em Buenos Aires dia 8 de novembro), no Brasil (apenas em São Paulo, dia 12 de novembro), no Chile (em Santiago, dia 16) e no Peru (em Lima, dia 20). O show em São Paulo acontecerá no Espaço Unimed e os ingressos começam a vender sexta-feira neste link. Mas toda prudência é necessária, uma vez que ele não vem ao Brasil há sete anos, depois de adiamentos e cancelamentos. Em 2023, ele desmarcou os shows que faria em São Paulo e Brasília após ser diagnosticado com dengue, adiando os shows para o ano seguinte, que foram cancelados um mês antes da vinda por exaustão física. Será que agora vai?

O Amor da Lupe de Lupe

Eis a capa do disco novo da Lupe de Lupe, que chama-se Amor e será lançado no próximo dia 1º de julho. O disco conta com participações de Estevan Cípri Barbosa, Ricardo de Carli e Filipe Monteiro como bateristas e arranjos de cordas feitos por Felipe Pacheco Ventura e tem apenas quatro faixas. Mas se o formato do título das três novas faixas anunciadas – “Vermelho (Seus Olhos Brihando Violentamente Sob os Meus)”, “Se Nosso Nome Fosse Um Verbo (Canibalismo como Forma de Amor)” e “Uma Bruta Realidade (O Nosso Jatobá)” – forem uma pista para a duração extensa de cada música – como aconteceu com “Redenção (Três Gatos e Um Cachorro)“, com quase 10 minutos – teremos um disco épico com apenas quatro faixas. Imagine os shows.