Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Amor de ver

A Lupe de Lupe pegou os tais dos visualizers que os artistas criam pra colocar como vídeos animados nas plataformas de streaming e transformou-os em curtas em câmera lenta que acompanham cada uma das quatro faixas de seu recém-lançado álbum, o excelente Amor. A frequência lenta, ambient e introspectiva compostas por paisagens quase elementais feitas por Gabriel Honzik funciona como o espaço mental perfeito para abrir os épicos intensos desse novo disco da banda. Sugiro deixar tocando na TV e embarcar na viagem sem precisar assistir tudo direto… Só deixar rolar…

Assista abaixo:  

E já temos a data do C6 Fest em 2026

O festival paulistano já se prontificou em garantir datas no calendário do ano que vem pro povo começar a marcar na agenda e fazer aquela fezinha… Quem deve vir pra São Paulo entre os dias 21 e 24 de maio do ano que vem? A primeira aposta é fácil, afinal deixaram “Anti-Glory”, do grupo Horsegirl, na trilha sonora do post

Yma em breve…

Esta quarta marcou o aniversário da Yma, que reforçou sua volta apontando o novo single “2001” como a primeira espiada em sua nova fase. Estamos aguardando…

O vinil do Channel Orange do Frank Ocean já esgotou…

Ele mal anunciou que estava finalmente vendendo a versão oficial em vinil de sua obra-prima de 2012 (porque as cópias piratas já circulam há mais de uma década) em seu site que a tiragem simplesmente evaporou…

E que capa linda, diz aí…

Surf music mutante

O público que foi ao Centro da Terra no último dia do primeiro semestre de 2025 pode ter sentido que estava em um episódio de Além da Imaginação, ao entrar num universo paralelo proposto pelo encontro das guitarras de Rainer T. Pappon e Murillo Mathias com o baixo de Renato Muniz e a bateria de Carlos Camasi. A surf music proposta pelo grupo Ippon cria um universo em que o astral praiano do gênero musical sintoniza menos na cultura californiana e mais num rock mais cabeçudo da virada dos anos 70 para os 80, quando as duas guitarras solavam juntas, variando apenas na escala – uma escola que junta bandas tão diferentes quanto Thin Lizzy, Iron Maiden e a fase mais pop do King Crimson, com Adrian Belew. E o grupo emendou mais de uma hora desses estranhos mas mágicos entrelaçamentos de melodias sobre bases que, mesmo que soem como levadas puras de grupos como Ventures, Surfaris ou Bel-Airs, habitam o mesmo universo mutante setentista que mescla hard rock inglês e rock progressivo como se a psicodelia britânica dos anos 60 não tivesse se dividido nestas duas principais correntes. E o melhor é que eles fazem isso como toda banda deveria atuar no palco: se divertindo à beça, sorrisos estatelados nos rostos. O disco de estreia do quarteto paulistano sai ainda este mês…

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Ippon: A prévia do Ippon

Uma banda de surf paulistana, nascida à luz do pós-punk, mostra seu próximo álbum pela primeira vez ao vivo no palco do Centro da Terra, no início de nossa programação de julho. A apresentação, batizada de A Prévia do Ippon, traz o grupo formado por Rainer T. Pappon (guitarra), Murillo Mathias (guitarra), Carlos Camasi (bateria) e Renato Muniz (baixo), mostrando seu homônimo disco de estreia, que será lançado ainda este semestre. Rock instrumental praiano com ecos e dark wave e new wave, o grupo traz referências de artistas como Thin Lizzy, New Model Army, Killing Joke, King Crimson e Frank Zappa que misturam-se à linha básica e solar da surf music. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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Carlos Gomes (1981-2025)

Que notícia triste esta da morte de Carlos Gomes Oliveira. Um dos principais agitadores da cena cultural pernambucana, o pesquisador, poeta, músico e jornalista manteve por anos a heróica revista Outros Críticos, que em pouco tempo tornou-se referência para quem acompanha música no Brasil, instigando discussões e o olhar crítico sobre o tema. Escreveu livros como Exôdo” (2016, de poesias, vencedor do Prêmio Pernambuco de Literatura) Canções Iluminadas de Sol (2018, ensaio em que compara o tropicalismo ao mangue beat), Canções Não (2019, lançado junto com o disco de mesmo nome), Nunca é Triste um Corpo que Fala Eu Te Amo (2023, de poemas) e Dagunda (seu título mais recente, de 2024, infantil). Agitador cultural, sempre fazia eventos e criava situações para reunir pessoas ao redor de seus lançamentos, seja seus livros ou as edições de sua revista, agregando nomes ligados à cultura em diferentes cidades do país. Vítima de um câncer que já enfrentava há algum tempo, faleceu nesta segunda, deixando um legado que certamente fará seu nome ser lembrado pelas próximas gerações.

Kanye West no Brasil!

O próprio Kanye West confirmou que vai fazer show em São Paulo, no dia 29 de novemmbro deste ano. Não falou onde vai ser, quanto vai ser, quando começam a vender os ingressos, nada. Só deixou o link pra um site pra quem quiser saber mais novidades se inscrever por lá.

Sei lá, viu…

Ponto pra Clairo

Reluzentes as duas músicas que Clairo lançou ao reativar sua banda Shelly. Como ela contou mais cedo, tanto ”Cross Your Mind” quanto “Hartwell”, foram compostas à época que os quatro se juntaram, durante o primeiro ano do inverno mental que foi a pandemia. Clairo juntou-se com seus velhos amigos de segundo grau (Claud, Josh Mehling e Noa Getzug) e juntos gravaram dois singles, que voltaram à tona devido ao momentum que ela vem vivendo desde que lançou o ótimo Charm, no ano passado. A queridinha indie ressuscitou o grupo, primeiro chamando-os para aparecer em alguns shows e assim fazendo seu público descobrir as duas músicas que lançaram em 2020, “Steeeam” e “Natural”. As músicas novas seguem o clima pop solar com timbres sintéticos das primeiras canções, mas com uma produção menos lo-fi e uma qualidade pop característica da nova fase de Clairo. Ao mesmo tempo em que mata a síndrome de abstinência por novas músicas, ela abre duas possíveis frentes futuras: talvez lançar mais músicas (um álbum?) com o Shelly ou fazer uma versão deluxe de Charm, que todos seus fãs esperam ansiosamente, mesmo que ela nunca tenha falado nada sobre isso. Isso sem contar a possibilidade de ela lançar seu quarto álbum… Só vem.

Ouça abaixo:  

Catarse emocional elétrica

“Se isolar não é uma forma de se descobrir, é apenas uma forma conveniente de fuga”, sentencia Vítor Brauer no meio dos doze minutos de “Se Nosso Nome Fosse Um Verbo (Canibalismo como Forma de Amor)”, segunda faixa do sexto álbum da banda mineira, que lançou o disco à meia-noite desta terça-feira para inaugurar o segundo semestre de 2025 de forma apaixonada – em todos os sentidos -, justamente por não isolar-se e sim entregar-se. Batizado apenas de Amor, o disco talvez seja o trabalho mais intenso e extático da banda, que dedica quatro longas faixas à entrega ruidosa para falar sobre sentimentos em relacionamentos a dois de forma crua e extasiada. São épicos repletos de zumbido de microfonia que se abrem em crescendos instrumentais que vão ficando vigorosos e violentos à medida em que cada uma das músicas vai cedendo à própria duração, quase sempre dando um cavalo de pau musical e dramático pela metade de sua extensão, atingindo picos de explosão de uma dinâmica de guitarras imbatível na música brasileira atual e tirando o fôlego do ouvinte, quase sempre ao trazer conclusões ou revirar lembranças que vão crescendo junto com o volume das canções. É muito fácil imaginar um show em que a banda toque apenas essas quatro músicas, esticando-as ainda mais, e fazendo seu público berrar, às lágrimas, versos como “eu sei que a gente fez tudo que foi capaz” – da faixa de abertura “Vermelho (Seus Olhos Brilhando Violentamente Sob os Meus)”, que tira o chão do ouvinte quando quase desliga-se na metade da música – ou as citações à carne que Vítor faz ao final da citada “Canibalismo”. Se fizerem só isso já estarão proporcionando um dos melhores eventos ao vivo deste ano, um complemento inevitável à catarse emocional elétrica que é este Amor. Discaço.

Ouça abaixo: