Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Soberba a apresentação que Gaivota Naves fez nesta terça-feira no Centro da Terra, reduzindo as canções de seu futuro disco Concretutopia-Neoconcreto a um formato minimalista, mas ao mesmo tempo gigante. Acompanhada de Pedro Omarazul, que abusava do pedal de loop de sua guitarra para transformá-la em uma orquestra elétrica, e Bruno Mamede, que revezava-se entre flauta, sax, baixo e efeitos, ela decolou no palco do teatro em performances que ocupavam nossos corações e mentes, chegando ao ápice com a entrada de Laura Diaz, do Teto Preto, no final da apresentação, esquentando ainda mais a temperatura da noite. Magia pura.
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Imensa satisfação de trazer para o palco do Centro da Terra minha conterrânea Gaivota Naves, vocalista das bandas Joe Silhueta e Rios Voadores, para mostrar uma versão reduzida de seu primeiro disco solo, Concretutopia-Neoconcreto, que será lançado ainda em 2025 e chega a São Paulo em formato reduzido no espetáculo Experimento Concretutopia, quando mostra as composiçoes do novo disco, influenciado pela arquitetura modernista de nossa cidade-natal e pela poesia praxista e concreta. Na apresentação, ela vem acompanhada de seu companheiro Pedro Omarazul, que alterna-se entre a guitarra e o violão, e recebe duas participações especiais: o baixo e o saxofone de Bruno Mamede e a performance de Laura Diaz, vocalista do Teto Prreto. Gaivota tem influências de Tom Zé, Itamar Assumpção, Flora Purim e Tânia Maria e é uma performer intensa e única e propõe um jogo sonoro inspirado pela “cidade porosa, onírica e angular” que nasceu. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão sendo vendidos pelo site do Centro da Terra.
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Bicho, e o Estação Net de Cinema no Rio de Janeiro que vai passar a primeira temporada de Twin Peaks inteira na telona nessa sexta-feira? Invejei…
Houve um tempo que os Talking Heads foi a maior banda de todos os tempos e esse show em Dortmund, na Alemanha, em 1980, com Adrian Belew em uma das guitarras e Bernie Worrell nos teclados é dessa época. Sente o drama abaixo:
Mais uma vez Lenna Bahule nos elevou para o sublime com seu encontro afetivo que parte da música para incluir outras manifestações artísticas e nos tirar deste plano. Como nas outras noites acompanhada do par de asas que são os irmãos Ed (guitarra) e Kiko (baixo) Woiski, ela começou o espetáculo apenas com sua voz, para receber os dois e os convidados daquela noite para nos levar para uma outra dimensão. E cada um trouxe um sabor, primeiro o dançarino Guinho Nascimento, que espalhou bençãos com planta, águas e sua dança na primeira parte da noite para depois pintar um quadro enquanto o espetáculo descortinava-se no palco. Depois foi a vez de Bruno Duarte deixar o vibrafone para reger público e músicos num jogral de voz e palmas, sem precisar emitir uma só palavra. Finalmente, o chileno Camilo Zorilla saiu de sua bateria para tocar em primeiro plano, deixando seu instrumento nas mãos de Bruno, que só pesava mais o ritmo andino que trazia para a noite, mais um transe para dentro regido intimamente – com olhares e gestos discretos – pela maestra da temporada. Perfeição.
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E mais uma vez colaboro com uma versão impressa da revista Rolling Stone Brasil, que elegeu os melhores filmes de todos os tempos, tanto nacionais quanto internacionais e como as edições mais recentes da revista, ela não chega às bancas e pode ser comprada apenas através do site. Me chamaram para participar desta votação e abaixo seguem os 20 filmes que votei em cada categoria:
A primeira edição no Inferninho Trabalho Sujo na Casa Natura reuniu pontos distintos da nova cena da música brasileira para reforçar a importância do carnaval em nossa cultura. Era um baile de pré-carnaval mas mesmo que você tivesse ido assistir apenas a um show inevitavelmente entrava no espírito da noite – e isso aconteceu logo de cara quando o bloco Cordão Cheiroso inaugurou a sexta-feira e as comemorações de sua primeira década. Entre marchinhas de carnaval e suas próprias composições autorais – que estarão nas plataformas em breve -, o bloco, composto por figurinhas conhecidas da cena musical paulistana (Luca Frazão dos Amanticidas, Helena Cruz dos Pelados, a cantora Loreta Colucci, o saxofonista João Barisbe – que ainda tocaria naquela noite com o Grand Bazaar -, a iluminadora Olívia Munhoz, entre outros) e foliões dispostos a não deixar ninguém parado, o grupo dividiu-se entre o palco (com seus cantores e sopros olhando o público de cima) e o chão, com os instrumentos de percussão misturados à plateia. Mas na última música, os metais desceram para o público e puxaram o bloco no meio do público com a intensidade do carnaval de rua que eles bem conhecem. Começamos bem.
Depois foi a vez dos mineiros do Varanda, veteranos de Inferninho Trabalho Sujo, também estreando naquela casa e fantasiados de time de futebol, como nas fotos de divulgação de seu primeiro disco, Beirada, um dos grandes discos indie do ano passado, que foi a base da apresentação da banda. Mas o ar da noite falou mais alto e eles encararam “Eva” do grupo Rádio Táxi, que depois da banda baiana que leva o nome da canção, transformou-se em hino carnavalesco, mesmo falando de destruição pós-apocalíptica – e que funcionou bem com a vibe das músicas do Varanda, uma carta na manga que pode surpreender fãs se tirada em momentos inusitados.
E quem fechou a noite foi a incansável Grand Bazaar, grupo que mistura música do leste europeu com música cigana, brasileira e mediterrânea que coroou a noite com uma hora de show que parecia uma festa interminável, escancarando um sorriso em todos os presentes que não paravam de se mexer na plateia, seguindo as coreografias do grupo ou puxando trenzinhos e fazendo uma única roda no meio da Casa Natura. E como antes e durante os shows, terminei a noite fazendo minha discotecagem carnavalesca de sempre, misturando hits da música brasileira pra dançar com artistas da nova cena e clássicos do funk, do samba e do forró. Foi demais!
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O ano mal começou e já estou falando em Carnaval – é que no dia 14 de fevereiro faço um Inferninho Trabalho Sujo de pré-carnaval na Casa Natura Musical, reunindo três atrações além da minha discotecagem (que, como pede a ocasião, é só música brasileira). Primeiro comemoramos os dez anos do Bloco Cordão Cheiroso, que abre a noite desfilando clássicos e hits autorais pela casa, antes da entrada de dois shows da pesada: primeiro os mineiros do Varanda, que lançaram o ótimo disco de estreia Beirada no ano passado, e toda a euforia da big band Grand Bazaar. Vai ser uma noite e tanto! Os ingressos já estão à venda neste link.
Cacá Diegues, que morreu na manhã desta sexta-feira, é um dos maiores nomes da história do cinema brasileiro. Fundador do movimento Cinema Novo ao lado de Glauber Rocha, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, entre outros, ele demorou para ter sua obra festejada e o início de sua filmografia é marcado por produções voltadas para questões sociais. Durante o período que esteve no Centro Popular de Cultura (CPC, órgão extinto pela ditadura militar de 1964) dirigiu um dos episódios da única produção cinematográfica realizada pela entidade, Cinco Vezes Favela, de 1961, quando dividiu a direção do episódio Escola de Samba, Alegria de Viver com Andrade, Hirszman, Miguel Borges e Marcos Farias. Sua estreia foi em 1963, quando dirigiu Ganga Zumba, primeiro filme nacional com protagonistas negros, e depois de provocar a ditadura com filmes como A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969, este censurado), mudou-se para Paris com sua esposa à época, Nara Leão, onde esteve no início dos anos 70. Voltou para o Brasil no meio daquela década, quando começa sua fase mais popular, que atravessa décadas, com filmes que se misturam com a história do cinema brasileiro: Xica da Silva (1976), Chuvas de Verão (1978), Bye Bye Brasil (1980), Dias Melhores Virão (1989), Veja Esta Canção (1993), Tieta do Agreste (1996) e Deus é Brasileiro (2003). Alagoano de nascença, morava no Rio de Janeiro desde os seis anos de idade e foi homenageado pela escola Belford Roxo num samba-enredo em 2016 e dois anos depois tornava-se imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 7 que era de seu amigo e também cineasta Nelson Pereira do Santos. Não tinha perspectiva de aposentadoria e estava trabalhando na produção de um filme para ser lançado no segundo semestre deste ano, Deus Ainda é Brasileiro. Seu velório acontece na sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio.
Enquanto a maioria das pessoas fazia pão, cursos à distância, assistia a lives ou bebia com os amigos no zoom, o catarinense Fabio Bianchini, fundador de uma das lendas do indie brasileiro do século passado, o Superbug, se distraiu durante a pandemia fazendo tie-dye, que foi a inspiração para o novo single de seu projeto solo, Gambitos, que será lançado nessa sexta-feira, apenas no Bandcamp. “Coração de Tie-Dye” é o início do EP que lançará ainda neste semestre, Winter Electromisses, e ele adianta em primeira mão para o Trabalho Sujo com o clipe caseiro que fez para acompanhar o lançamento da música.