Show

Airporto

Imagina você chegando em Paris e o Air está tocando “Playground Love” com o vocalista do Phoenix em pleno terminal? Mais um vídeo fodaço do Blogothèque, que filmou esse encontro – que não acontecia ao vivo há 20 anos – no terraço do aeroporto parisiense. Assista abaixo: Continue

Luiza Villa voltou ao palco do Blue Note nesta terça-feira para celebrar sua reverência a Joni Mitchell e algumas pequenas mudanças no show mudaram completamente a dinâmica da noite. O primeiro veio por um problema técnico, que impossibilitou que o jovem maestro Pedro Abujamra usasse seu teclado, deixando-o à vontade com o piano da casa, dando uma súbita elegância que os timbres elétricos do teclado ofuscam dos arranjos da compositora canadense. O outro detalhe foi caso pensado, quando Luiza passou a tocar menos guitarra ou violão – embora ainda siga tocando-os em momentos-chave da noite -, deixando-a mais solta para improvisar com sua voz e sua presença de palco. Os dois estavam o tempo todo próximos do resto da Orfeu Menino – a banda que os cinco têm juntos, completa pela guitarra de Tomé Antunes (que decidiu tocar de pé desta vez), o contrabaixo solista de João Pedro Ferrari e a bateria de Tommy Coelho, agora com congas -, deixando o show ainda mais elétrico e direto no ponto, na melhor apresentação que vi do grupo até agora.

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Dentro de um sonho

O público que foi ao Centro da Terra foi hipnotizado pela mistura de sensações propostas pelo projeto Onira, que contou com participações especiais que aprofundaram ainda mais o estado de sonho encapsulado pela dupla formada por Jovem Palerosi e Tatiana Nascimento. Enquanto a contrabaixista Lea Arafah dava uma dimensão mais orgânica e grave às texturas sonoras, a dupla formada por Daisy Serena e Bruna Isumavut transformavam o escuro do teatro em uma viagem visual para dentro. À frente, o produtor paulista criava texturas eletrônicas e andamentos de guitarra, enquanto a poeta brasiliense conduzia todos a um estado de vigília em que cânticos ancestrais e conversas triviais misturavam-se sem rumos definidos, criando um híbrido de confusão com perda que aumentava ainda mais a intensidade da noite.

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Maior satisfação receber no Centro da Terra mais uma apresentação do projeto Onira, criado pela poeta brasiliense Tatiana Nascimento e peli músico e produtor paulista Jovem Palerosi, que mostram o espetáculo Sonhar a Tempestade, pensado especialmente para a ocasião desta terça-feira. Os dois vem misturando som e poesia desde o ano passado e agora juntam-se à contrabaixista Lea Arafah (que também faz a arte do cartaz), à vídeo-artista Daisy Serena e à iluminadora Bruna Isumavut para reverenciar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana homenageando existências negras trans, travestis e nao-binárias e as referências à dissidência sexual e/ou deserção de gênero trazidas no panteão por Orixás como Otim, Iansã, Oxumaré, Oxum, Oxossi e Ossaim. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria ou no site do Centro da Terra.

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A segunda noite da temporada BNegron Convida que o compadre BNegão está apresentando no Centro da Terra também foi a estreia de um mago das teclas e das produções no palco. Freelion, pseudônimo usado pelo baiano Sandro Mascarenhas para fundir sua mescla de ritmos caribenhos, reggae e pagodão eletrônico baiano, brilhou em sua primeira apresentação, misturando sozinho levadas primas em diferentes instrumentos, seja a escaleta, os sintetizadores, a MPC e até o piano do teatro – tudo para uma celebração de ritmo e groove que fez o público levantar-se das poltronas no final da apresentação. Ele ainda convidou o MC Dante Oxidante e o anfitrião da noite para subir no palco e fazer alguns números, entre elas a irresistível “Essa é Pra Tocar no Baile”, que fez com que todos dançassem no teatro. Estreia de responsa!

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Dá gosto ver um projeto musical tomando forma. Não faz nem um ano que Manu Julian assumiu seu projeto solo ao topar um convite que fiz para que se apresentasse no Centro da Terra e ela vem desenvolvendo uma ótima sincronia com seu dupla musical, o guitarrista Thales Castanheira. A apresentação deste sábado aconteceu no Mamãe, ali na Barra Funda, e mesmo com a plateia cheia de convidados ilustres, a vocalista não perdeu a pose, cada vez mais à vontade com o repertório que, embora ainda tenha composições de suas outras bandas (Pelados e Fernê) e versões que faz desde aquele primeiro show em outubro do ano passado (como “Você Não Vai Passar” eternizada por Ava Rocha e “Novedades” do grupo argentino El Príncipe Idiota), está cada vez mais autoral, embora algumas músicas, como de praxe, ainda não tenham título definido. Mas já estão aí. Vai Manu!

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Sábado teve a primeira das duas apresentações que o duo O Grivo realizou no Sesc Vila Mariana, fazendo trilha sonora para filmes com um século de idade. O projeto experimental fundado pelos músicos e luthiers mineiros Nelson Soares e Marcos Moreira mistura instrumentos eruditos, populares e criados por eles mesmos para superpor camadas sonoras que se complementam de forma ímpar, transformando suas apresentações em instalações sonoras que conversam também com as artes visuais – como teatro e dança. O fim de semana da dupla em São Paulo foi dedicado à sétima arte e se a apresentação do domingo ficou por conta da trilha sonora do clássico do expressionismo alemão O Gabinete do Dr. Caligari, de 1920, a apresentação que vi no dia anterior teve múltiplas facetas, uma vez que os dois músicos optaram por musicar curtas surrealistas daquela década um século atrás, que incluíam obras de Marcel Duchamp (Anemic Cinema, 1926), Man Ray (Emak Bakia, 1926), René Clair (Entr’acte, de 1924), Hans Richter (Rhythmus 21 e Rhythmus 23, ambos de 1921) e Walter Ruttmann (Opus III, de 1924), além de um curta temporão desta geração feito por Orson Welles (The Hearts of Age) em 1934. O clima onírico surrealista das peças pairava sobre músicas tocadas por instrumentos pouco ortodoxos como gongos e outros instrumentos de percussão de orquestra, cordas e teclas superpostas a loops de computador, entre a sinfonia e a sonoplastia e ao casamento reto e direto – mas nem por isso menos vago – quando os dois assumiam guitarra e bateria. Para viajar sem sair do lugar.

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Assista a essa aula do professor KL Jay abaixo: Continue

Blues na sua cara

Corri dali pro Porta Maldita, mas não consegui assistir ao show das catarinenses Dirty Grills, mas pelo menos cheguei a tempo de ver o Orange Disaster, a banda do Carlão Freitas – que também toca comigo no Como Assim? – mais difícil de fazer shows pois seu baterista, Davi Rodriguez, não está morando no Brasil. Foi o primeiro show do grupo que vi, com Carlão fazendo as vezes de guitarra e baixo mesmo tocando só guitarra, enquanto o outro guitarrista, Vini F., se joga no noise, mas sem nunca perder a base musical do quarteto, enfiando um blues elétrico na sua cara a poucos centímetros de cair no caos sonoro dos Stooges, matendo a tensão necessária pra manter a paisagem sonora ideal para o vocalista J.C. Magalhães agir como um pregador apocalíptico, de chapéu, óculos e dedo em riste, hipnotizando o pequeno público que encheu o Porta Maldita.

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#orangedisaster #portamaldita #trabalhosujo2024shows 149

O cearense Mateus Fazeno Rock sentiu o peso da responsabilidade na apresentação que fez nesta quinta-feira na Casa Natura Musical. Reunindo um time de peso para mostrar seu Jesus Ñ Voltará, um dos grandes discos do ano passado, em grande estilo, ele quase escorregou na saída e bambeou quando um problema técnico o fez parar a apresentação para recomeçar do zero. Podia ter atropelado o erro e seguido em frente, mas sabendo da importância da apresentação, preferiu fechar as cortinas e voltar com tudo – invertendo inclusive o repertório para não simplesmente repetir a abertura original. E nestes momentos que você percebe a grandeza de um artista. Visivelmente nervoso na abertura que deu errado, ele voltou com sangue nos olhos e crescia a cada nova música – e a cada novo convidado. E que time: Fernando Catatau, Don L, Jup do Bairro, Brisa Flow e Mumutante, todos eles entrando no universo dramático do autor da noite, mesmo quando cantavam músicas próprias. A vocalista Mumutante era mais que participação especial e esteve durante todo o show com o grupo de Mateus (que ainda conta com os excelentes dançarinos Larissa Ribeiro e Raffa Tomaz e o DJ Viúva Negra), funcionando como segunda voz e calçando perfeitamente com o domínio que Mateus ia tendo do palco, seja só rimando ou tocando guitarra ou violão. E ele segue vindo…

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#mateusfazenorock #casanaturamusical #trabalhosujo2024shows 148