Em mais uma matéria que fiz para a revista da UBC, conversei com Jadsa, Josyara e Anelis Assumpção sobre uma mudança no mercado de música e no processo criativo da música brasileira deste início de século que é a ascensão de mulheres ao cargo de produtora musical, território dominado pelas três a partir de diferentes experiências pessoais. Leia abaixo: Continue
Terceira matéria que escrevo para o site da CNN Brasil sobre a Bienal deste ano, esta, no entanto, tem o foco no palco do evento, o Pavilhão imaginado por Oscar Niemeyer para compor o conjunto arquitetônico do Parque Ibirapuera. Conversei com os professores e arquitetos Rodrigo Queiroz e Ciro Pirondi sobre a importância desta obra na carreira do arquiteto e para a cidade de São Paulo.
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Um dos motivos que me fizeram criar o Inferninho Trabalho Sujo foi a percepção de que há uma mutação acontecendo no cenário musical brasileiro. A tragédia pandêmica que nos isolou por tanto tempo fez com que voltássemos de forma muito viva aos encontros presenciais. Shows, peças, blocos de carnaval, jantares de família, restaurantes, botecos, casas de amigos: todo mundo está se encontrando muito mais e de forma mais intensa do que fazia antes da praga, talvez por uma questão de compensação ou mais provável por uma sensação de que perdemos algo que tínhamos como certo, então ninguém quer perder a oportunidade de estar junto com outras pessoas.
Isso também está acontecendo do ponto de vista artístico. A profissionalização do mercado de música brasileiro dos últimos anos colocou o artista solo (seja ele intérprete, músico, DJ, cantautor, produtor) como unidade básica do mercado. Os motivos são fáceis de entender (é mais fácil gerir a carreira de uma pessoa do que de um grupo), o que fez com que as bandas parassem de surgir, pode reparar.
Mas isso mudou depois da pandemia. Ter uma banda hoje não pressupõe gestão de carreira, gastos de produção, divisão de cachê e de tarefas. Comecei a notar bandas surgindo pelo motivo que sempre deveriam ter surgido: porque é legal tocar junto com outras pessoas. As bandas voltaram a ser turmas de amigos, mais do que CNPJs da indústria do entretenimento. E bandas que tocam em qualquer quintal, qualquer buraco, qualquer lugar em que elas possam ser ouvidas. E do mesmo jeito que não são empresas, fogem das tendências de mercado, inclusive estéticas. Estão buscando rumos artísticos novos e diferentes só porque é legal fazer isso. E bastou que eu começasse a frequentar o Picles para saber que aquele era o palco perfeito para uma festa pensada para essas bandas.
A edição desta quinta-feira do Inferninho Trabalho Sujo era exatamente o que eu havia pensado quando o conceituei. Duas bandas novíssimas, quase desconhecidas, fazendo música de um jeito muito pessoal e particular, ambas melódicas e barulhentas na mesma medida. E lembro ter conversado com integrantes das duas bandas (especificamente a Anna d’Os Fadas e a Stéfanie do André Medeiros Lanches), mesmo antes de começar a festa, sobre a necessidade da existência de um lugar como esse. De alguma forma é o antônimo do trabalho que estou fazendo no Centro da Terra, mas paralelo e complementar. Ver as duas bandas tocando para um público feliz e lotado mostrou as coisas estão dando certo. Que venham os próximos!
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Hélio Menezes,Grada Kilomba, Diane Lima e Manuel Borja-Villel (Foto: Divulgação)
Mais uma matéria que fiz para o site da CNN Brasil sobre a 35ª Bienal, que começou nesta quarta-feira, desta vez falando sobre o time curatorial da edição (os pesquisadores Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel) e a relação deles entre si e em relação ao tema que propuseram, Coreografias do Impossível.
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A 35ª Bienal de São Paulo começa nesta quarta-feira e eu conversei com uma de suas curadores, a pesquisadora e crítica de arte Diane Lima, sobre como o tema desta edição, Coreografias do Impossível, avança a discussão sobre arte para além do decolonialismo em mais uma matéria que faço para o site da CNN Brasil.
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(Foto: Biel Basile/Divulgação)
Conheci Gabriel Milliet no ano passado, quando ele participou da temporada que o Biel Basile fez no Centro da Terra e aos poucos ele foi me apresentando ao seu trabalho solo, que desenvolveu nos anos em que esteve fora do Brasil, quando mudou-se para a Holanda. Longe do país, começou a compor suas músicas num misto de saudade e sensação de deslocamento e pertencimento, que, quando voltou ao Brasil, começaram a se tornar um disco. Gravado em dois continentes, o disco batizado Um reúne a paixão de Millet pela canção e pelo violão de nylon à sensação de descolamento que sentiu ao ficar longe do país e está sendo lançado neste início de setembro. Gabriel me chamou para escrever o texto de apresentação do trabalho, que republico abaixo:
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Há exatamente 50 anos, no dia 11 de agosto de 1973, o jovem jamaicano Kool Herc (visto na foto acima cercado por Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa e Chuck D) testava técnicas que vinha experimentando na vitrola em seu quarto numa festa num bairro de periferia em Nova York. Naquele baile do Bronx, que viu Herc experimentar o back to back e o scratch pela primeira vez, também havia MCs, grafiteiros e dançarinos de break no que convencionou-se chamar de ponto de partida da história do hip hop, que completa meio século nesta sexta-feira. Escrevi para o site da CNN sobre a importância deste momento, que deu origem a uma cultura que mudaria o mundo.
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(Foto: Leon Gurfein/Divulgação)
Acompanhei de perto o baque que a pandemia e a quarentena causaram no quarto disco de Luiza Lian, 7 Estrelas | Quem Arrancou o Céu?, que finalmente vê a luz do dia nessa sexta-feira. Éramos vizinhos naquele longínquo 2020 e já acompanhava a movimentação que ela e seu produtor Charles Tixier haviam começado a fazer no ano anterior, a partir do mesmo movimento que gerou a parceria da cantora com o grupo Bixiga 70 (o single “Alumiô”, lançado em dezembro de 2019, fazia parte do repertório original de seu então futuro disco). Veio o novo vírus, o isolamento social e a paranoia daqueles primeiros meses do primeiro ano pandêmico e o questionamento artístico que os dois provocavam parecia colidir e se misturar com a ansiedade e a insegurança daquele ano. Pude encontrá-la pessoalmente naquele primeiro momento em que aprendíamos as novas regras de um novo convívio social, entre aqueles maio e junho, e aos poucos ela foi me explicando o conceito do disco, os diferentes estágios da produção, as minúcias das letras, do título, da proposta de um disco que nos faz pensar neste híbrido de Narciso e Ícaro que estamos nos tornando com a onipresença dos espelhos pretos que dominam e pautam nossas vidas – e como todos essas dúvidas pareciam ter sido potencializadas com aquele início traumático de década. À medida em que saíamos daquele pesadelo – que no caso brasileiro, sabemos, ainda foi temperado com o gosto de enxofre de um governo pró-morte -, pude acompanhar como o disco começou a chegar em sua atual forma, com sua capa, o título das canções e sua ordem no álbum, seus anexos audiovisuais e a concepção de sua versão ao vivo. Mais uma vez Luiza me convidou para escrever o texto de apresentação do disco e reforço o que disse pra ela desde que comecei a ver o disco chegando ao estágio atual: o que ela fez em seu disco anterior, Azul Moderno, era só um ensaio para este novo momento. Discaço.
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(Foto: Fausto Chermont/Divulgação)
Acompanho os Garotas Suecas desde os tempos em que eles faziam parte da fauna garageira tropicalista que agitava parte da cena independente paulistana, há quase vinte anos. De lá pra cá, o grupo viajou pelo país e pelo exterior, consolidou seu nome no mercado midstream, lançou discos e EPs, perdeu dois integrantes – um deles, Sessa, em bem-sucedida carreira solo – e reafirmou-se como um quarteto. Desde 2019 preparando seu quarto disco, o grupo, como todos nós, foi encurralado pelo coronavírus e deixou o novo trabalho ganhar os ares sombrios destes anos que atravessamos. 1 2 3 4 finalmente vê a luz do dia nesta quarta-feira e a partir dele o quarteto reforça suas influências musicais diretas – quase tudo que dá pra encaixar no enorme guarda-chuva chamado rock brasileiro – ao mesmo tempo em que renasce cético apesar do otimismo destes dias de retomada. Com faixas batizadas com títulos que dão o tom pessimista do disco (“Veneno”, “Podemos Melhorar”, “Não Tá Tudo Bem”, “Marginais”, “Como É Que Pode”, “A Bala Que Era Pra Ser Sua”), 1 2 3 4 é um retrato do abismo que fomos enfiados “desde 16”, como grupo canta em “What U Want”, que ainda reforça que “é tudo tão claro nesse tempo nublado o que fizeram com o país”. Eles me convidaram para escrever o texto de apresentação do disco, que segue abaixo: Continue
Estou pra falar essa há um tempo e nunca lembro: se você gosta do Indiana Jones, vai lá ver o novo no cinema. Indiana Jones e a Relíquia do Destino pode não inspirar por inúmeros motivos – o excesso de remakes e continuações, franquias velhas sendo requentadas, só pelo fato de ser mais um hit de Hollywood -, mas o fato é que o quinto filme da série encerra a agora pentalogia no mesmo tom que conseguiu fechar no final dos anos 80, com o terceiro episódio, A Última Cruzada. O quarto filme não ajuda nessa percepção e por mais que George Lucas tenha insistido no tom de ficção científica dos anos 50 (a década em que o filme se passa), Shia LaBeouf se finja James Dean de forma quase caricata (me lembra a ponta do Michael Cera na terceira temporada de Twin Peaks) e a famigerada cena da geladeira antinuclear (que me incomoda menos do que o ataque de macacos de computação gráfica), ele é um bom filme – tanto que sua bilheteria no ano que foi lançado só ficou atrás do segundo filme que Christopher Nolan fez sobre o Batman (é, o do Coringa oo Heath Ledger). Mas não fazia justiça ao encerramento do personagem no cinema. Como muitos, me animei desde que soube que um fictício quinto Indiana Jones poderia se materializar e obviamente iria assistir mesmo que as críticas o destruíssem de saída – Harrison Ford e seu personagem mais clássico é um inspiração contínua desde que vi Caçadores da Arca Perdida e reencontrá-lo causava um certo nervosismo como rever um tio ou primo querido que não se vê há tempos. Mas se mesmo com as críticas, Indy havia sobrevivido ao quarto filme, não poderia ser de todo mal.
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