Céu irrepreensível

, por Alexandre Matias

Depois do show catártico de lançamento de seu Novella no mês passado, quando reuniu o maior público para uma apresentação somente sua na Áudio, Céu fez um show irrepreensível ao apresentar-se no Sesc Vila Mariana neste sábado. Ao contrário do show anterior, em que pode passear pelo repertório de toda sua discografia e contou com participações especiais, desta vez a noite focava no disco recém-lançado e abria exceções apenas alguns hits dos quase vinte anos da carreira da cantora paulistana. O fato de ter feito uma série de shows internacionais antes de lançar o disco no Brasil a colocou em sincronia perfeita com a banda que já a acompanha há quase dois anos, com Thomas Harres na bateria e disparando efeitos, Leo Mendes no cavaquinho e na guitarra, Sthe Araújo nas percussões e o fiel escudeiro Lucas Martins no baixo, os dois últimos dividindo os vocais com Céu – e cantando muito! – sem se sentirem intimidados pela voz da dona da noite. Com um vestido preto longo chiquérrimo e de cabelo preso, esta mostrava completo domínio do palco, ainda mais com o auxílio de duas feras do backstage – o som perfeito do mestre Gustavo Lenza e o jogo de luzes mágico de Franja, cada vez mais conversando com o ritmo da banda. Mesmo com o foco em Novella, o show teve momentos dedicados a outras joias de sua coroa, como um momento dedicado ao disco Tropix e quando “Bubuia” transformou-se em “Cangote”, ambas pinçadas de seu melhor disco, Vagarosa. Seu disco de estreia, que ela lembrou que completa duas décadas no ano que vem, também foi visitado, primeiro quando “Mora na Filosofia” de Monsueto invadiu o hit “Malemolência” e depois quando ela desenterrou “Mais Um Lamento” no bis. Os dois únicos lapsos que aconteceram durante a noite (quando Céu cantou antes da hora na introdução de “Contravento” e quando Thomas não disparou os efeitos no início de “Reescreve”) não chegaram a macular a apresentação, primeiro por terem sido discretos e rapidamente corrigidos (e com bom humor) como pareceram sublinhar a natureza humana do novo disco, que Ceú fez questão de frisar logo no início do show. A noite terminou com “Rotação” e Céu despediu-se do palco certa de que é dona de um dos melhores shows do Brasil.

Assista abaixo:

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