Ozu na manha

, por Alexandre Matias
Foto: Mariana Harder (divulgação)

Foto: Mariana Harder (divulgação)

Se a volta dos anos 90 já aconteceu ou ainda vai acontecer é uma discussão em aberto, uma vez que a última década do século passado não apenas abrigou diversos nichos estéticos como começou a misturá-los – e as tentativas de ressuscitar a vibe daquele período em inúmeros acontecimentos artísticos (discos, filmes, festas, livros, programas de TV, quadrinhos e até na própria internet, revisitada como um fim e não um meio) não criaram volume a ponto de mexer com o inconsciente coletivo de forma considerável como aconteceu com os anos 70 durante os anos 90 ou os anos 80 na primeira década do século. O grupo paulistano Ozu é um destes inúmeros novos acontecimentos culturais que bebem diretamente daquele período – e não está muito interessado propriamente em soar retrô.

Lançando seu primeiro álbum na próxima quarta no Sesc Pinheiros (mais informações aqui), Inner sucede dois outros trabalhos que pavimentaram sua jornada de forma bem precisa. Tanto The DownBeat Sessions Vol. 1, lançado no ano passado, quanto The Lo-Fi Sessions, no início do ano, apontavam para o trip hop e soul eletrônico inglês do fim do século passado, embora o líder da banda, o tecladista Francisco Cabral, aponte para a corrente oriental do gênero. “Acho que DJ Krush, DJ Kensei, DJ Yas e Kemuri Productions são as influências mais marcantes”, ele explica por email, reforçando outros nomes influenciados por esta cena, “existe um pessoal por aí que vem seguindo essa onda noventista também que gostamos muito como Nymano, Eevee, Unseen Village…”

O grupo é um sexteto mas a origem de suas canções começa nos samples. “São a primeira idéia pra uma música nova”, continua Cabral. “Geralmente, se já não for o caso do sample a bateria e o baixo vem em seguida. O processo básico é construir bases ou beats para adicionar melodias e linhas de voz no final. Isso tudo feito, a banda toca a composição para os ajustes finais”. E faz o contraponto com a banda ao vivo: “O show foge um pouco das repetições do hip hop e abre mais espaço para variações e improvisos criando uma atmosfera um pouco mais pro jazz. Apenas alguns timbres bem pontuais são sampleados, o resto fica bem orgânico mesmo.”

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