A nova geração está chegando!

, por Alexandre Matias

Tô falando disso há um tempo: há uma nova geração de músicos e bandas vindo aí que está vindo com mais força e criatividade do que podemos esperar. E nesta sexta-feira, reuni dois exemplares desta nova safra, quando o palco do Inferninho Trabalho Sujo recebeu as bandas Skipp is Dead e Tangolo Mangos. Liderado e concebido pelo amapaense Alejandro de Los Muertos – o próprio Skipp, que também faz os flyers do Picles, entre outras mil atividades -, o Skip is Dead mistura indie rock do início deste século com trilha sonora de videogame e guitarradas do norte do país e rotulando-se como space pirate synth rock e ainda conta com o baterista Marco Trintinalha, o guitarrista Colinz, o tecladista Leon Sanchez (sintetizadores) e o baixista Vinicius Scarpa. Mas o show foi além dos músicos no palco e com uma direção de arte afiadíssima, ainda mais para os padrões do Picles, elevou a apresentação para o nível de espetáculo, com uma instalação que incluía dois telões, figurino e maquiagem num show multimídia que ainda contou com a participação da Yma em uma das canções.

Depois deles foi a vez do grupo baiano Tangolo Mangos mostrar seu disco de estreia Garatujas pela primeira vez em São Paulo e o público era formado por um verdadeiro quem é quem de nomes dessa mesma novíssima geração, entre cantoras, instrumentistas e agentes culturais que estão se conhecendo e reconhecendo como uma mesma turma à medida em que fazem seus trabalhos. Liderados pelo carismático guitarrista Felipe Vaqueiro, o Tangolo era nitidamente uma inspiração para essa parte do público que também é artista e idolatrado pelo pequeno mas firme fã-clube que ergueram em São Paulo, que não só sabia as letras do grupo de cor como estavam prontos para sair quebrando tudo ao menor sinal da banda. Esta, além de Vaqueiro, ainda conta com o baterista João Antônio Dourado, o baixista João Denovaro e o percussionista Bruno “Neca” Fechine, exímios músicos versados tanto em rock clássico, MPB, indie rock e música baiana e a fusão destes gêneros musicais aparentemente contraditórios encaixava-se como um quebra-cabeças a cada nova canção que o grupo mostrava. Com o paulista Caio Colasante fazendo a segunda guitarra como convidado, a banda ainda contou com participações especiais durante a noite, como o pernambucano Vinícius Marçal (da banda Hóspedes da Rua Rosa), o conterrâneo Matheus Gremory (mais connhecido como Devil Gremory, cujo trabalho musical mistura trap e heavy metal) e a mineira Júlia Guedes, neta de Beto Guedes, que também está preparando seu primeiro trabalho solo e tocou teclado com o grupo reverenciando sua linhagem, quando a Tangolo passeou por dois clássicos compostos quando o grande Lô Borges ainda era da sua faixa etária: “Trem de Doido”, do clássico disco Clube da Esquina, e “Você Fica Melhor Assim”, de seu mitológico disco de estreia. Uma noite marcante que ainda contou com duas estreias: a da jornalista Lina Andreosi como DJ, que tocou antes das duas bandas, e a da quase-parente Pérola Mathias dividindo a discotecagem comigo na pista do Picles – quando seguimos o fervo misturando Stevie Wonder com Slits, Beyoncé com Jamiroquai, Gloria Groove com Can, Rita Lee com (claro que não podia faltar) Mariah Carey. Quem foi sabe: a nova geração está chegando!

Assista abaixo:

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