Retrospectiva OEsquema 2012: Lana Del Rey

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Muitos pegam no meu pé devido ao meu apreço por Lana Del Rey. Não acho-a propriamente gata nem que sua voz seja grande coisa – e nem que esses critérios importem quando o assunto é música pop. A graça de Lana Del Rey começa por sua própria reinvenção – que começa depois que ela desiste de ser batizada de Lizzie Grant, se reinventando como uma cruza de Jessica Rabbit com personagem de David Lynch a partir de vídeos do YouTube. É um processo atravessado por qualquer artista que aspira à grandeza – a constatação de que, sem tomar conta da própria imagem, é muito fácil ser esquecido, na era da arte em escala industrial – e Lana é uma das personagens mais complexas nesse novo cenário em 2012. Se ela é cria de uma gravadora, se seu pai é milionário e comprou seu sucesso, se ela saiu em blogs de moda e de MP3 por causa dos bastidores de sua carreira, se ela está no comando ou é apenas a cria de um mercado que, mesmo decadente, ainda dá as cartas – isso tudo é secundário. E se o fim de 2011 tinha assistido ao início de sua carreira erguida ao redor de “Video Games”, 2012 viu a consagração de um álbum inteiro, Born to Die – até sua versão expandida, Paradise Edition – se espalhar por todo um ano, em clipes épicos, revelando camadas nada agradáveis do tal sonho americano, que Lana resolveu encarnar. Assim, deixou de ser um truque de espelhos e fumaça feito para funcionar na internet para assumir uma escala épica, como se o Grande Gatsby do Baz Luhrmann se encaixasse em uma pessoa; como se o Grande Romance Americano fosse um livro do Hunter Thompson ou do Tom Wolfe sobre como os anos 50 foram parar nos anos 70. Em um ano, Lana deixou de ser uma curiosidade cult para se tornar uma estrela de primeira grandeza – sempre caminhando sobre canções sólidas e graves, cantadas com o tom monocórdico e fúnebre da triste constatação sobre o fim do Império Americano; uma caricatura de Marilyn Monroe que se recusa a se suicidar e morrer linda; um livro de Gore Vidal adaptado para o cinema por Oliver Stone. Lana Del Rey não é o último ícone pop norte-americano, mas parece ser o último a se levar a sério. Se ela fosse o personagem de alguém, não seria tão divertida – e trágica.

Retrospectiva OEsquema 2012: Django Unchained

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A segunda década da filmografia de Quentin Tarantino não repetiu a atuação esplendorosa da primeira. Foi quando ele resolveu sair dos anos 70 de Scorsese, da blaxploitation e de Peckinpah para dedicar-se a filmes de gênero, em épicos de mentira como Kill Bill, À Prova de Morte ou Bastardos Inglórios. Por melhores que sejam estes filmes, eles não deixam escapar uma sensação de que tudo ali é de mentirinha, inclusive as altas aspirações cinematográficas. O excesso de referências pop tira o ar de filme japonês que deveria atravessar os dois volumes de Kill Bill, Deathproof celebra o filme de quinta categoria e Bastardos Inglórios é mais divertido porque você sabe quem é o Brad Pitt fora do cinema de Tarantino. Tudo que antes aspirava ao primeiro escalão em seu cinema nos anos 90 (a cena da tortura ou o Pietá de Cães de Aluguel, a edição rápida de Pulp Fiction, a abertura de Jackie Brown) cai para a paródia, a caricatura, a desfaçatez. Não que Django Unchained não tenha seus momentos de puro humor idiota ou escolha o lado para quem torce, mas sua fotografia classuda, seus personagens densos e, principalmente, sua longa saga de vingança mostram que o velho Quentin entrou em uma nova fase. Se Bastardos Inglórios partia do grande cinema (segunda guerra mundial, Sergio Leone) para transformar tudo – literalmente – numa sessão da tarde, Django faz o caminho inverso e mexe nas entranhas do faroeste mais vagabundo para içá-lo ao patamar de John Huston. Longas tomadas em ritmo lento dão o tom de todo o filme, bem como o sangue de desenho animado que explode a cada vilão alvejado e a dor agressiva imposta a seus protagonistas negros. A quantidade de “niggas” – uma palavra que, para o público norte-americano, pesa muito mais que o “preto” dito em português – dita pelas quase três horas de Django é suficiente para constranger qualquer aspirante a bom moço, mas assisti ao filme em uma sessão no dia da estréia, coalhada de negros nova-iorquinos num cinema no Village, e todos riam alto – inclusive do maldito personagem de Samuel L. Jackson, talvez em sua melhor atuação. E ao cutucar um tema complicado (a escravidão) com toques de ultraviolência (perceba a referência à Laranja Mecânica na cena em que toca “Für Elise”), Tarantino finalmente deixa de ser um enfant terrible para colocar em si mesmo a coroa do primeiro escalão. Isso sem abandonar suas marcas registradas, como o copy+paste cinematográfico, uma trilha sonora tão presente quanto um novo personagem e diálogos extensos, cheios de referência, humor adolescente e o prazer em representar graficamente a dor. Antes de assisti-lo, os melhores filmes do ano (Drive, Cosmópolis e Holy Motors) tinham o carro como personagem central – todos ultrapassados pelo galope firme de um espécime exemplar dessa raça chamada cinema. Não foi à toa que a sessão terminou com aplausos.

Retrospectiva OEsquema 2012: Instagram

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Acho meio irônico o fato de a primeira foto que postei no Instagram ser a da imagem uma versão 8-bits para o jogo Angry Birds (acima). Até o lançamento do aplicativo com filtros de fotos vintage para o Android, meu app favorito era o joguinho dos pássaros e eu achava que o Instagram era só isso – um jeito de tirar onda de fotógrafo cool com a câmera de seu celular. Ledo engano. Ao me embrenhar na versão orkutizada do aplicativo antes restrito para iPhone, descobri que os filtros das fotos são o de menos. O que importa no aplicativo é o elemento de rede social minimalista, onde as longas discussões do Facebook e bate-bocas do Twitter ficam em segundo plano em detrimento de monólogos contemplativos de alto astral. Com um celular no bolso e a internet móvel, começamos a experimentar a sensação de independência do desktop, com seu teclado e mouse tão impositivos como grilhões com bolas de ferro ao tornozelo. O Instagram é o primeiro ambiente digital e social em que o celular é o protagonista e o texto é acessório. Não por acaso desbravei uma das únicas áreas da comunicação que ainda não tinha explorado (a da fotografia), ao entender que o recorte oferecido pelo aplicativo-rede social era um ponto de vista introspectivo e bem pessoal, bem diferente do coro de links e opiniões repetidos em outros ambientes digitais. Não dá pra discordar no Instagram (a fonte de todas imagens desta retrospectiva).

Retrospectiva OEsquema 2012: O fim da era Estadão (2007-2012)

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Entrei no Estadão no mesmo ano em que saí da Trama. O Trama Universitário, projeto da gravadora em que eu trabalhava, encerrou suas atividades em fevereiro de 2007 e dois meses depois o Guilherme Werneck me chamava para ocupar sua vaga como editor-assistente do Link Estadão, o caderno de cultura digital criado três anos antes por Ricardo Anderaos, que substituiu o antigo caderno de Informática do jornal. Entrei no Link quando ele ainda era um caderno de avaliação de produtos, numa época em que o Orkut era soberano, quando a economia dos aplicativos ainda engatinhava, no mesmo ano em que Steve Jobs lançou o iPhone. Dois anos depois, eu me tornaria o editor do caderno, quando comecei a finalmente, botar as mangas de fora e mostrar como poderia ser um caderno de tecnologia e cultura digital na segunda década do século 21. Junto ao novo cargo veio a coluna Impressão Digital, que começou aos domingos no Caderno 2 e que continuou mesmo após a minha saída do Link, em outubro. Destes cinco anos no Limão, não custa lembrar a satisfação que foi trabalhar num dos principais veículos do jornalismo brasileiro (o mesmo que publicou Os Sertões, que brigou contra a censura na ditadura militar e que declara o voto no dia da eleição – e que também foi o mesmo lugar em que publiquei meu primeiro frila pago, quando Syd Barrett completou 50 anos, em 1996), cujo clima de tranquilidade e franqueza sempre dominou seus corredores (a não ser em períodos tensos específicos, como Copa do Mundo, eleições e passaralhos). Mas a principal recordação destes cinco anos trabalhando ao lado da Marginal Tietê é, sem dúvida, o monte de amigos que fiz naquela redação, seja entre meus amigos e colegas do Link (todos vocês, vocês sabem quem vocês são – não preciso citá-los mais uma vez), até a vizinhança com as turmas do Divirta-se, do Paladar, dos tradutores, da arte, do portal, do pessoal do dia e de todos que conheci nestes anos todos. Lembranças que também se perdem entre as múltiplas referências internas, como os almoços no Puras, as idas à rádio, as noites que terminavam com Seu Matos, os gritos de “Thunder!” do Santana (que confundia o meu HAL 9000 de descanso de tela com o olho de Thundera), as travessuras do Thiagueira, as idas ao Brooklyn ou ao Central Park para fumar um cigarro, as risadas com a Denise. 2012 viu o fim deste ciclo, que foi bem importante para o jornalismo de tecnologia no Brasil (veja o que aconteceu com a Info Exame e o Folha Informática depois de 2009) e para mim, que consegui atingir um novo parâmetro em minha carreira profissional – e juntar tantos amigos nesta jornada. Foi incrível, valeu!

Retrospectiva OEsquema 2012: A arte do encontro

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O título do post saiu do brinde que o Marvio fez no recente encontro com poucos e bons em Nova York, mas vale para saudar um 2012 de encontros de verdade, olho no olho. Além dos eventos sociais que colocavam semanalmente nestas situações (terças no Sesc, sextas no Alberta), fiz questão de sacramentar os encontros de verdade, tão raros nestes tempos de amizades digitais (ilustram este espaços os encontros com o Cardoso – quebrando finalmente o tabu”nunca na cidade-base”, uma vez que ele mudou-se para São Paulo; e com a Roberta, contados um a um). E pressinto que só o início de uma redescoberta offline que tem a ver com festas, fartos almoços e shows. Um brinde!

Retrospectiva OEsquema 2012: OEsquema

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Começou pelo simples fato de que o Gardenal já tinha passado da conta. O antigo condomínio digital gerido pelo Pablo Miyazawa foi pioneiro em hospedar perdidos pelos Blogspot e Geocities da vida, mas em 2007 começou a desandar e, pilhados pelo Bruno, que eu havia levado junto com o Arnaldo do Blogspot para o Gardenal, começamos a pensar num outro portal de blogs, anos depois do termo ter saído de moda. A princípio apenas nos reunimos ao Mini, que tinha seu Conector também preso no publicador de blogs do Google, e no dia 8 de agosto de 2008, inauguramos OEsquema. Só há pouco mais de um ano, deixamos de ser “o portal do Matias, do Bruno, do Mini e do Arnaldo” para começar um processo de expansão que reuniu bambas amigos de todos os fundadores dOEsquema. Foram mais de vinte novos blogs, quase trinta publicações centralizadas em torno de indivíduos, todos brasileiros e falando em português, que não se prendem a gêneros ou a classificações de áreas de trabalho. Uns puxam mais pra música, outros pendem pro design, mais uns pra cinema ou quadrinhos e todos falam da rua, da vida, de si mesmos – mesmo que às vezes não em primeira pessoal. É a idéia original do blog enquanto diário pessoal, mas filtrado pelo fato de que hoje temos mil redes sociais para nos expressarmos de formas diferentes com grupos diferentes. O blog nOEsquema é uma voz que fala para o resto do mundo, cada um de nós editando sua própria realidade para a posteridade e para um público que é menos leitor e mais comentarista. E a expansão não para em 2012 – alguns dos novos nomes já podem ser vistos em nossa grade… 2013 promete mesmo!

Retrospectiva OEsquema 2012: Prata da Casa do Sesc Pompéia

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O ano começou com outro convite-surpresa: o Sesc Pompéia me chamou para ser o curador da décima-terceira edição do Prata da Casa. E o convite ecoou como se minha cabeça fosse um sino: sempre fui fã do Sesc Pompéia e o Prata da Casa já havia me proporcionado ótimos shows com sua política de permitir apenas artistas de primeira viagem, sem disco gravado ou ainda no primeiro disco. O fato do convite ser relacionado à edição de número 13 (também sou fã) ainda veio junto de um novo desafio – afinal era a primeira vez que eles convidavam alguém que não era da imprensa especializada e apostavam no fato de eu ser, ao mesmo tempo, dono do Trabalho Sujo e editor de um caderno de tecnologia (os curadores anteriores – Pedro Alexandre Sanches, Carlos Calado, Israel do Vale, Marcus Preto, Patrícia Palumbo – sempre militaram na imprensa musical dos cadernos de cultura). Resolvi aceitar o cargo com algumas provocações – afinal, em tempos digitais, o que significava ter um primeiro disco? Assim, consegui trazer para o palco do Prata nomes como Dona Cila do Côco (85 anos de idade e um único CD), Bonifrate (que lança músicas em MP3 desde 2003 mas só havia lançado o primeiro disco no ano passado) e Max BO (que já pode ser considerado veterano da cena hip hop de São Paulo mas que só tem um disco lançado), mas sem perder a deixa pop deixada pelo curador do ano passado, José Flávio Júnior, que já havia expandido os horizontes do projeto para além da MPB ao trazer novos nomes do rap paulistano e a Banda Uó para o palco da choperia do Sesc. Assim, consegui colocar na programação do evento nomes que ajudaram a moldar a cara da música brasileira em 2012 – Silva, Cícero, Rodrigo Caçapa, Dead Lover’s Twisted Heart, Circo Motel, Rafael Castro, Elo da Corrente, O Terno, A Banda de Joseph Tourton, Mahmundi, Elma, Gang do Eletro, Rosie & Me, Afroeletro, Os Sertões, Dorgas, Pazes (um dos melhores shows do ano, o que menos deu público), Tibério Azul, Madrid, Quarto Negro, Me & the Plant, Kika, Chinese Cookie Poets, Onagra Claudique, Sambanzo e Ogi. Fui a quase todos os shows (só perdi alguns em que estive em licença médica) e filmei todos que fui, com a plena consciência de que estava fazendo um belo recorte do cenário musical atual – e em shows de graça, na inglória terça-feira (o dia mais morto da semana?), com lotação considerável por quase todas as apresentações. Agradeço à oportunidade ao Sesc, que fez valer sua fama de profissionalismo, e especialmente ao produtor Wagner Castro, que toda terça estava lá para acompanhar as atrações escolhidas e a me ajudar a fazer um balanço de como andava a curadoria. Um salve também pro fotógrafo Leonardo Mascaro, que aproveitou as terças de graça como laboratório para suas viagens com a luz, testemunha de boa parte de shows da temporada. Em fevereiro acontece a Mostra Prata da Casa 2012, em que, durante uma semana, duas atrações deste ano tocarão na mesma noite, de terça a domingo. Quando o ano começar eu dou mais detalhes dessa novidade.

Retrospectiva OEsquema 2012: Bloody Mary

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Antes de 2012 eu fazia coro com o Fred e sempre que alguém falava em Bloody Mary, eu já cogitava a carne moída pra agilizar o molho à bolonhesa. Mas foi durante alguma ressaca que o drink bateu – e se havia passado 2011 aprimorando as técnicas do Caju Amigo, entrei em 2012 disposto a descobrir o gótico mundo do Bloody Mary – que de gótico só tem o nome. Descobri um gaspacho alcoólico que pode ser temperado de diferentes formas, mas, principalmente, um drink bom para os sábados pós-Noites Trabalho Sujo e para os fins de tarde nos dias de licença médica. De certa forma, o gosto de 2012, pra mim, é apimentado, salgado e forte – e descendo redondo mesmo assim.

Retrospectiva OEsquema 2012: Vinil

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Nunca abandonei o vinil (nem os CDs, livros ou revistas, guardo-os todos como relíquias pessoais mais do que registros musicais), mas 2012 me fez retomar o velho affair com os discos pretos com mais paixão na medida em que a indústria fonográfica e toda uma geração de artistas se dispunham a voltar ao velho formato. Assim, foi mais fácil ceder aos impulsos do eBay (que vinha evitando há uma década, por saber de seu potencial de caixa de Pandora) como aos encantos da PopMarket (talvez a melhor idéia da velha indústria do disco em tempos digitais para voltar a vender, inclusive CD, ao oferecer “free shipping worldwide”) quanto a reorganizar a velha coleção de discos (o tempo da licença médica ajudou nesse quesito) e até a deixar a velha vitrola portátil em segundo plano para finalmente comprar um tocadiscos profissa. Meus discos sorriem toda manhã, de felicidade. Eu também.

Retrospectiva OEsquema 2012: Noites Trabalho Sujo

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Por muito tempo eu gostei de música a sério – de discorrer sobre discos, dar a maior importância do mundo para listas e critérios de avaliação musicais, a busca do equilíbrio entre o jornalismo e a crítica, do peso de uma resenha -, mas desde que comecei a discotecar de verdade, com o surgimento da Gente Bonita, em 2006, que deixei essa preocupação em segundo plano e passei a me dedicar aos ímpetos mais primitivos da canção, ao aspecto mais passional e primevo da música – a celebração, o êxtase, a dança, a transcendência coletiva. E sempre agradeço por isso – a copiosa tarefa de enumerar argumentos para justificar a ênfase em artista tal ou no disco xis é quase mesquinha, se comparada ao transe grupal atingido durante uma sexta-feira à noite. E se 2011 já tinha se destacado com o surgimento das nababescas ANALÓGICODIGITAL (em que, ao lado do Veneno Soundsystem, promovemos nosso primeiro baile de carnaval e uma festa com a presença do ícone Don Letts nas picapes), este ano foi a vez das Noites Trabalho Sujo me ajudar a enfiar o pé na jaca da história da noite paulistana com uma sexta-feira inacreditável, que pintou de um convite descompromissado do grande Ivan Finotti para se tornar uma festa célebre pela vibe de acabação feliz. O formato de long set ao lado de um amigo convidado surgiu quase sem querer e ajudou a dar o tom dessas noites incríveis – afinal, quem discoteca vai entrando em alfa junto com o público. E ao lado de amigos e comadres consegui expandir a noite de São Paulo para além do espaço-tempo, misturando hits de todas as épocas, de todos os países e de todos os gêneros em momentos de puro delírio na pistinha do Alberta 3. Até os limites da tolerância do próprio Ivan eram testados, quando ele via a pista de sua casa noturna – batizada como uma música do Dylan, com fotos do Mick Jagger e os Ramones espalhados pela casa – se acabando ao som de alguma axé music tocada pelas Awe Mariah, ou quando a Carol Morena tocou A Cor do Som, ou quando Pattoli ou Danilo tocavam “Gangnam Style” ou quando eu desenterrava “I Saw You Saying” dos Raimundos. Mas a infâmia é apenas um dos ingredientes destas noitadas, que ainda contaram com altas doses de 2012 (“Flutes” do Hot Chip tocou desde que apareceu online, além de novas da Cat Power, Nicki Minaj, Frank Ocean, Poolside, remixes da Lana Del Rey, Grimes e Chromatics) e outras tantas da história do rock (quando Rage Against the Machine, Strokes, Cure, Led Zeppelin ou Queen tomavam o controle), equilibrando hits de todas as épocas com clássicos da música brasileira (ah, “Sereia” do Lulu Santos…) – e sempre com o dedo no volume pronto pra abaixa-lo e deixar a galera cantar tudo sozinha. Tudo em prol de uma noite em que a dança, os sorrisos, o xaveco e a catarse tornam-se uma coisa só (basta ver as fotos). Quem conhece, sabe – e pode ir esperando que 2013 promete!