Retrospectiva OEsquema 2012: #vaicorinthians

, por Alexandre Matias

vaicorinthians

Eu ia em estádio, lia caderno de esportes, acompanhava escalação, discutia passionalmente em mesa de boteco. Era um corinthiano típico, sofredor, nos anos 90. Vibrei ainda em Brasília com o primeiro Brasileirão em 1990, perdi aposta nos dois campeonatos paulistas que perdemos pro Palmeiras no início da década, finais assistidas quando ainda estudava na Unicamp, estava no estádio em Ribeirão Preto quando Marcelinho Carioca encaixou aquele gol que nos garantiu a Copa do Brasil em 1995 e lamentei não ter estado nas finais de 98 e 99, quando ganhamos outros dois títulos nacionais. Mas mudei-me para São Paulo e o primeiro emprego na nova cidade, como editor-executivo na redação da Conrad (e editor da saudosa revista Play) me drenou completamente o tempo que eu dedicava ao futebol. Dois anos de abstinência que me fizeram descobrir o quanto tempo eu perdia acompanhando o esporte tão de perto – e desde 2002 passei a acompanhar o futebol mais à distância, deixando as birras intratorcidas em segundo plano. Mas a paixão corinthiana seguia intacta e não consigo assistir a nenhum jogo decisivo sem travar os dentes e fechar os pulsos. Não foi diferente em 2012, quando finalmente levamos Libertadores e o Mundial para casa. Um ano de quebra de tabus, em que o estigma de sofredor de décadas passadas – que ainda carrego – finalmente cedeu ao híbrido do “bando de loucos” e “maloqueiros” que hoje paira sobre o time. Bando de loucos e maloqueiros sim, mas sem mais ouvir aquela ladainha de que não tínhamos peso internacional. Aconteceu deste estigma ser quebrado no ano seguinte à morte do maior ícone do Corinthians e o doutor não pode compartilhar a alegria que hoje carregamos, embora sempre soubesse que bando de loucos sim, maloqueiros sim, sofredores sim – mas sem nunca desistir. Lealdade, humildade e procedimento sempre.

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