Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
‘- Killers jogou pra galera – e se deu bem;
– Palco Cool insuportável;
– Lindstrøm mandando “Aquarela do Brasil”;
– Spank Rock foi malíssimo;
– Girl Talk – insano, pero curtíssimo;
– Guab fechou bem.
Depois (será? cê confia?) eu discorro mais sobre o finde carioca. Agora eu vou dormir…
Direto do Rii:
– Hot Chip fodaço;
– Arctic Monkeys OK;
– Cat Power de chorar.
Não vi a Björk, acho ela meio Marisa Monte…
Depois eu escrevo direito. Hasta!
E se em vez de Wagner, o Coppola chamasse o Isaac Hayes? E se em vez de um detetive malaco, Shaft fosse um milico psaico?
Enquanto a maioria do povo fica reclamando que o Dylan se vendeu porque fez um comercial pra Cadillac (e esquece que o lema do cara é não ter compromisso com porra nenhuma, esvaziando as acusações de vendido), poucos deram atenção ao fato que as apresentações do sujeito no festival de Newport (incluindo a primeira vez que ele se eletrificou) num mesmo DVD, o The Other Side of the Mirror.
Blogar com uma babá do lado. É a nova invenção da terra do Berlusconi.
Outro frilinha pra RS, o último que eu posto hoje.
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Trio Eletro
Do Miami Bass ao funk carioca com conexões na Jamaica e nos beats europeus, o Turbo Trio finalmente se levanta
Você pode não ter ouvido o Turbo Trio ainda, mas já deve ter ouvido falar dele. Afinal o primeiro disco do projeto de música eletrônica formado pelo rapper BNegão e pelos produtores Tejo Damasceno (do Instituto) e Alexandre Basa (que produziu a estréia de Black Alien) só sai agora neste mês de agosto de 2007, mas desde o final de 2005 a banda já tinha MP3s para baixar em seu MySpace e shows feitos na Europa.
“Pra mim, o Turbo Trio começou de uma conversa que tive com o Tejo, dez minutos depois de nos conhecermos, por volta de 1998, quando ele, egresso da turma do Sul – de bandas como Ultramen, Comunidade Ninjitsu – chegou em São Paulo pra trabalhar de técnico de estúdio, com o Zé Gonzales e o Apollo 9”, lembra Bernardo, que então era vocalista do Planet Hemp. “Ficamos falando de som e chegamos no assunto Miami Bass. Vimos que éramos ambos fãs do estilo e ficamos de fazer um projeto juntos. Nunca deixamos de falar sobre isso. Até que chegou o momento”.
Tejo continua: “Começamos mesmo em 2005. Eu e o BNegão sempre falávamos de fazer um projeto misturando Miami Bass com ragga, aí apareceu um convite pra gente tocar juntos no festival Eurockeenes na França o que fez com que, finalmente, a gente trabalhasse de fato nesse projeto. Logo depois da notícia do Eurockeenes convidamos o Alexandre Basa , que além dele ser multiinstrumentista , tinha experiência em apresentações com máquinas ao vivo. Com as músicas pro show praticamente prontas, a gente definiu o nome do grupo”.
Basa, que comandava os toca-discos no Mamelo Soundsystem e toca flauta nos shows do Instituto, emenda: “A gente tinha três meses pra fazer tudo, um show praticamente de uma hora. Eu logo tinha adquirido um keyboard nordlead, muito usado por produtores de musica eletrônica. De certa forma eu sabia que tinha que ser introduzido no projeto deles um tanto de musica eletrônica. Pensava em atingir uma massa maior de gente, fazer mais barulho. Além de tudo sempre fui consciente do efeito que a musica eletrônica faz nas pessoas”.
Os três já se conheciam de parcerias diferentes, mas a única colaboração como trio foi na faixa “Dorobô”, no primeiro disco de BNegão, não por acaso incluída como bônus track no primeiro disco do Trio, Baile Bass (YB), que também será lançado no Japão, numa versão cuja base original é trocada pela de “Big in Japan”, do grupo Alphaville – quase um mashup. O disco foi gravado em três meses, depois de muitas músicas serem testadas ao vivo em diferentes lugares – de casas noturnas paulistanas a festivais como Skol Beats e o pernambucano Rec Beat no ano passado, quando a polícia montada foi chamada para acalmar a multidão enlouquecida pelos baixos e beats.
Do Miami Bass à música eletrônica, o trio passeou por outras vertentes da música para dançar. “O projeto na verdade começou Miami Bass com influencias de funk carioca e música jamaicana em geral”, explica Tejo. “Mas com tempo, principalmente com a entrada do Basa, a coisa foi ficando mais eletrônica, com elementos de electro , breakbeate e até house. Hoje na verdade nem sei o que é exatamente o som do Turbo, a única coisa que une a parada toda é o nosso amor pelo grave e pelos BPMs acelerados”
“O negócio era ter batidas rápidas, com BPM acelerado”, continua BNegão. “Essa é a nossa idéia pro Turbo. Deixamos as músicas livres e elas foram ganhando esse acento electro, que nós gostamos, muito graças ao Basa, que foi o responsável pela parte melódica do disco – o baixo sintetizado, teclados,etc. Mas as influencias de ragga ,hip hop e eletrofunk tão ali também, com o mesmo peso”.
A entrevista com o Jack White tá no post anterior a esse – e essa resenha também saiu na Rolling Stone.
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Sem hit, a dupla anda pelo vale da sombra
O novo século dividiu os artistas em dois grupos: gênios do entretenimento, que sintetizam em poucos minutos o que o zeitgeist e o mercado anseiam, sejam hits de pista, riffs de guitarra, diálogos precisos ou cenas de tirar o fôlego; e operários da proposta, que lançam discos, livros e filmes com constância, cultivando seu universo particular de imagem, conceitos e sons que serão seus templos de descanso na terceira idade. Depois que o rock viu que o envelhecimento era inevitável, a cultura pop separou-se em projetos de prazos curtíssimo ou extenso, de acordo com o que seus autores queiram – sejam hitmakers ou auteurs, dependendo de sua postura. Jack e Meg White são dos poucos que caminham por ambos rumos. O White Stripes é sim um projeto de arte, uma carreira pensada como obra e não há demérito nenhum nesta afirmação. Mas Icky Thump sente o baque pós-Raconteurs. Dividido entre duas bandas, Jack White gastou alguns de seus cartuchos como hits para seu novo grupo e deixou sua banda original andar sozinha pelo vale da sombra. Assim é o novo disco dos irmãos de mentira. Caso não flertasse com o primeiro time do mercado com singles-bordoadas como “Fell in Love with a Girl”, “Seven Nation Army” ou “I Just Don’t Know What to Do with Myself”, seriam uma das milhares de bandas que florescem na América do Norte à sombra do mercado global americanizado, como o Bright Eyes, os Decemberists, o Death Cab for Cutie, Postal Service, Shins ou Modest Mouse. Assim é o novo disco, que deve mais a esta cena indie rocker do que ao sempre citado Led Zeppelin (mais presente na psicodelia celta do terceiro disco do grupo em “Prickly Thorn, But Sweetly Worn”, do que nos riffs da faixa que batiza o disco), e mostra como seria a vida do grupo caso Jack White fosse apenas um carpinteiro conceitual – não apenas um jovem mestre do mercado. Um disco menor – basicamente pela ausência do hit -, que oculta sua grandeza de propósito.
Também faz uma cara que eu não atualizo aqui com as minhas colaborações pra Rolling Stone Brasil. Segue a entrevista com o Jack White – o CD novo dos White Stripes tá resenhado no próximo post.
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Operário do conceito
Entre o novo dos White Stripes e o próximo dos Raconteurs, Jack White fala sobre arte e trabalho
Por mais que as perguntas sejam as mesmas, Jack White não faz cara feia. Todos os assuntos abordados em qualquer entrevista com o líder do White Stripes já foram dissecados em diferentes pontos de vistas por entrevistadores de todas as categorias por todo o planeta. Mas ele trabalha, não reclama, e responde com disposição a cada pergunta, disposto a explicar-se, sem fazer-se difícil como outros que vieram antes dele. Entre o último dos White Stripes (o “estranho”, como ele mesmo rotula, Icky Thump) e o próximo dos Raconteurs, ele conversou sobre o jingle que fez para um comercial da Coca-Cola na Austrália, sobre interpretar Elvis Presley numa comédia (Walk Hard, paródia de cinebios como Ray e Johnny & June), sobre ser indie ou mainstream, internet e gravadoras e sobre seu próprio público.
Quando você começa a compor uma música, sabe se ela é uma música do White Stripes ou do Raconteurs?
O que acontece é que você não pensa muito durante esse processo, sabe? Você não pensa em como ela vai ser gravada, mas a música mesmo é quem dá um rumo para ela. Enquanto ela vai sendo composta é que é possível perceber se você vai colocar uma orquestra inteira ou gravá-la usando a velha guitarra num gravador com poucos canais. Você começa a escrever e escrever e no meio do caminho ela pode dizer que não é nem uma música do Raconteurs ou do White Stripes – pode ser uma coisa completamente diferente. Ou às vezes, logo no começo a música diz de quem ela é e que rumo você deve seguir.
Dá pra dizer que os Raconteurs têm um apelo mais pop, não?
O método de composição do Brandon dá às canções um certo apelo pop que eu não consigo fazer sozinho. Juntos conseguimos fazer músicas que possam soar mais contemporâneas ou mais focada no formato banda. É difícil estar numa banda com mais três pessoas. Com os White Stripes são apenas duas pessoas, nós conseguimos mudar tudo muito rápido, podemos fazer um show de um jeito num dia e outro completamente diferente no outro. Já os Raconteurs são uma banda de compositores, o foco principal é no método de composição, daí ter essa cara mais pop. Eu acho que faz sentido pensar na gente de uma forma mais pop, porque nós todos no Raconteurs já estamos nessa há muito tempo, uns quinze anos, viajando de van, tocando pra dez pessoas e por cem dólares no meio do nada, lançando tudo por selos independentes… Pra gente que compõe e toca, tudo isso é legal, mas se você chegar no final do dia e escrever uma música que fala com milhões de pessoas e que pode tocar na televisão, no rádio, em diferentes países, e mesmo assim falar com as pessoas… Isso é um objetivo para qualquer compositor ou intérprete. É isso que somos. Queremos escrever músicas que falem com as pessoas em uma escala muito grande, porque já gravamos discos independentes e EPs que ninguém consegue encontrar. Já fizemos isso.
Por outro lado, os White Stripes têm um apelo mais indie, meio projeto de arte…
Não sei! Tocamos essa semana pela primeira vez no Total Request Live da MTV, que é um programa muito popular nos Estados Unidos. Era a Rihanna, a Hillary Duff e os White Stripes, sabe? Essas músicas estão atingindo o público por mais estranhas que elas possam ser – “Icky Thump” é uma música muito estranha para ser tocada na MTV nos Estados Unidos. É algo que eu não consigo pensar.
Como talvez não tivesse ao imaginar-se fazendo um jingle pro comercial da Coca-Cola na Austrália…
Pra mim, escrever uma música para a Coca-Cola foi como se fosse uma afirmação sobre essas pessoas que se importam em ser cool e hipster, que se importam com estilo, que eu não tenho nada a ver com esse tipo de gente. Eu não quero ter nada a ver com eles. Eu amo Coca-Cola de verdade, não estou mentindo! E fiz o comercial porque eu quis! Eu não fiz isso por dinheiro, recebo ofertas como essa 15 vezes por semana, para escrever músicas para comerciais de carro, filmes, programas de TV… E isso tem tudo a ver com esses caras do underground, que são tão melhores do que todo mundo, esses roqueiros de garagem, porque eles sempre dizem que você deve fazer o que quiser e não se importar com o que as outras pessoas pensam. Foi exatamente o que eu fiz com essa música.
E falando em afirmar algo, você acaba de fazer o papel de Elvis Presley num filme: uma coisa é compor uma música para um ícone pop, outra é encarnar o próprio ícone…
(Ri) Não é um papel fácil de encarnar. Eu sou um grande fã de Elvis, como todo mundo devia ser, ele é um ícone brilhante. John C. Reily me chamou e perguntou se eu poderia fazer o papel dele durante alguns dias, e eu pensei que fosse uma coisa meio pra TV a cabo ou um filme alternativo, mas ele disse que ia ser um filme comercial. Foi muito engraçado, foi tudo improvisado. Na cena, o protagonista encontra o Elvis nos bastidores de um show em 1957 e ele também é um cantor iniciante. É só uma cena, mas eu não vi o filme pronto. Mas tentei fazer o melhor que pude!
Falando nisso, queria que você falasse sobre essa estranheza da música “Icky Thump”, que parece contagiar o disco inteiro…
Como eu disse, as músicas mostram o caminho que elas querem andar. Não é porque não tem guitarra em uma música que eu não vou colocar ela num disco do White Stripes, não tem nada a ver. Se acabou soando estranho foi justamente a forma que ele saiu. Não é premeditado. As pessoas pressupõe que tudo na gente é premeditado por causa da forma que agimos no palco, do jeito que nos vestimos, nossos encartes. Acham que a música também é encarada dessa forma, mas não.
E o próximo disco do Raconteurs?
Já temos 18 músicas gravadas e estamos finalizando. Já gravamos as bases das músicas e o som está muito forte, mas eu acabei de lançar o disco dos White Stripes então teremos até janeiro para terminá-lo. Só vamos lançá-lo no ano que vem.
Vocês lançam algum single antes?
Talvez iremos lançar algo na primavera (primeiro semestre de 2008), porque o disco deve ficar para o meio do ano. Eu queria poder lançar algo antes, mas estou muito ocupado, não consigo ter tempo para nada. Gravei coisas dos Raconteurs umas três semanas antes de sair na turnê dos White Stripes…
Você tem algum tempo livre?
Não (ri). Sempre muito ocupado. Eu não sei como consigo, eu simplesmente vou fazendo. É o meu trabalho, então sigo tocando como dá. Muitos artistas acham que quando eles ficam famosos, eles passam a agir como vencedores de reality-show, como se tivessem ganhado a loteria e não tivessem que trabalhar mais. E aí o trabalho deles fica sendo basicamente arrumar truques para manterem-se famosos, e isso não tem nada a ver com criatividade ou com arte. Isso é só preguiça.
Mas você concorda que aos poucos o público está percebendo isso?
As pessoas estão cada vez mais de saco cheio de pessoas famosas sem ter motivo, de músicas esquecíveis, e da rádio e da TV sempre martelando os padrões mais baixos de cultura e entretenimento o tempo todo… Quanto tempo isso pode durar? Eu não vou compactuar com isso, não deixo meus filhos assistir reality show ou esse tipo de música. É só um ruído. Mas acho que isso está mudando, porque as canções soul estão voltando ao topo das paradas. Ano passado tivemos “Crazy” do Gnarls Barkley; esse ano temos “Rehab”, da Amy Winehouse. As pessoas estão aos poucos exigindo músicas com mais alma, mas só temos uma dessas por ano. Devíamos ter trinta e todas na parada!
Como você vê a influência da internet na música de hoje?
Acho que coisas como o YouTube e o MySpace ajudam as bandas a terem um público maior, mas não quer dizer que se você jogar quatro macacos num estúdio eles irão compor o Sgt. Pepper’s, sabe? Deve existir uma certa dificuldade, sabe? Existe uma ética de criatividade, não é só ter uma página bonita no MySpace ou uma camiseta legal para ser um bom compositor.
Sites como MySpace ou YouTube não têm um impacto nesta geração semelhante ao que a MTV teve nos anos 80?
Eu não sei. Eu temo muito por essa geração por conta da perda do romance pela música. Eu temo pelos adolescentes que estão perdendo isso. Eu não me importo se eles baixam isso legalmente ou ilegalmente ou qualquer outra bobagem dessas. Quem se importa com isso? O ponto é que eles estão perdendo o ato romântico de comprar um disco de vinil e segurar uma capa enorme nas mãos e ser parte daquela experiência.
Mas as suas bandas têm muitos fãs adolescentes.
É, e eu gosto de saber que estamos oferecendo essa experiência para eles. Lançamos todos os nossos discos em vinil e todos os nossos singles saem em compactos. Em cada show do White Stripes você pode comprar um poster que só está à venda naquele show. Fazer parte da experiência. Não pra você clicar e comprar na Amazon, por exemplo.
Ou seja: os moleques querem algo e a indústria não sabe o que dar para eles.
Exato. Esse é o ponto em toda essa história. Eles sempre procuram onde eles podem tirar dinheiro. E ganhar dinheiro é conseqüência de um bom trabalho, não o contrário.
Putz, esqueci de linkar a enquete que o Thiago fez sobre “os covers que amamos”. Além de muá, votam o Dago, o Massari, o Saito, a Claudia, o Guilherme, o Terron, o Camilo, o Ronaldo e o Pedro, entre outros. Vê lá. Aí embaixo, meus votos justificados.
“All Along the Watchtower” – Jimi Hendrix Experience
Mashup de personalidades numa mesma canção – Dylan vira Hendrix, Hendrix vira Dylan.
“Mr. Pharmacist” – Fall
Pérola garageira vira hino pós-punk supremo (o mesmo aconteceu com “Satisfaction” via Devo, mas aqui a pegada é pra valer). Mark E. Smith é um dos rostos de Deus.
“I Fought the Law‘ – Clash
Podia ter escolhido “Police and Thieves” também. Uma das dez melhores bandas de todos os tempos, transformou um roquinho médio numa bordoada com personalidade.
O Sci-Fi Channel começou a anunciar uma minissérie remake pro Mágico de Oz, meio psicodélico meio moderninho, que estréia em dezembro. Não dá pra saber o resultado disso, mas, pelo trailer, Tin Man pode ser tanto do caralho quanto meia-boca. Quem faz a Dorothy é a mignonzinha Zooey Deschanel (que fez a Trillian no filme do Mochileiro e também participou do Weeds).