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Robbie Williams ♥ Wet Leg

Robbie Williams adiou o lançamento de seu próximo disco, batizado de Britpop, para o ano que vem, pois não queria correr o risco de ser destronado por Taylor Swift. “É bem egoísta, eu quero meu décimo sexto disco no topo da parada”, disse ao jornal Guardian, explicando a nova data de um disco cujos singles que já foram mostrados contam com participações especiais de Tony Iommi, do Black Sabbath, e da dupla mexicana Jesse & Joy. E para não perder o espaço nos holofotes, pinçou o primeiro hit da banda “Wet Leg” para tocar em uma apresentação que fez no programa Radio 1 Anthems Live Lounge da BBC londrina. Além de misturar o hit “Chaise Longue” com sua própria “Candy” e com o grito de guerra dos Ramones, ele ainda mudou o início da música, falando de sua própria carreira, ao cantar que “eu entrei no Take That e ganhei diploma de pop star”. Ficou massa.

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Duas estreias – cada uma à sua maneira – em mais um Inferninho no Redoma

Duas estreias na edição deste sábado do Inferninho Trabalho Sujo no Redoma. A primeira foi uma estreia de fato, quando Isabella Gil e Zyom finalmente colocaram em prática seu projeto musical Soxy – que só existia no quarto delas e em alguns MP3s no Soundcloud. A princípio elas iam tocar sozinhas – Bella na guitarra e vocais, Zyom nos vocais -, mas por ser a primeira vez chamaram o camarada Lucas Cavallin, guitarrista da banda curitibana Marrakesh, com quem elas estão gravando os primeiros sons, para ajudá-las nesse debut e o convite deu certo, trazendo uma nova camada da fase Doug Yule do Velvet Underground à crueza blues das duas, que tocaram apenas músicas próprias em seu primeiro show, um feito e tanto. Uma bela estreia – e elas já querem fazer outros shows!

A outra estreia desta sexta-feira já é de uma banda veterana na festa, quando as Boca de Leoa tocaram pela primeira vez no Redoma. Cada vez mais entrosadas, elas também fizeram o show inteirinho autoral, salvo à exceção da bela versão trip rock que fazem para “Azul Moderno”, de Luiza Lian, que voltou para o repertório. É muito bom vê-las tocar, como a precisão discreta da baixista Duriu e da guitarrista Nina Goullos encaixa-se com a força carismática da baterista Bee Cruz e da vocalista Duda Martins, que dessa vez tocava um synth. Acompanho a carreira delas há dois anos, logo que Nina entrou na banda e fechou essa formação e é muito bom ver a evolução do quarteto. E encerraram a noite tocando duas músicas, apontando para o que já pode ser o sucessor do disco de estreia que lançaram esse ano, No Canto da Boca. Vamos lá, garotas!

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Boca de Leoa e Soxy @ Redoma (10.10)

Mais uma vez levo meu Inferninho Trabalho Sujo para o Redoma e no dia 10 de outubro, assistiremos a mais uma apresentação de uma banda que cresceu com a festa e mais uma atração que estreia no nosso palco. Quem abre a noite é a dupla Soxy, formada pelas vocalistas Zyom e Isabella Gil, que também toca guitarra e faz sua estreia ao vivo fundindo de forma experimental e DIY gêneros musicais como indie/alt-rock e dream pop, com um quê de nostalgia, em formato intimista. Já a Boca de Leoa, que já passou por diferentes palcos do Inferninho, estreia no Redoma mostrando seu disco de estreia que lançou este ano, No Canto da Boca, misturando rock e brasilidade com muita personalidade. E eu toco antes, entre e depois dos shows no Redoma, que fica na rua Treze de Maio, 825-A, no Bixiga. A festa começa às 21h e os ingressos já estão à venda.

Dua Lipa ♥ Lionel Richie e Gwen Stefani

Se Dua Lipa já tinha subido bem o sarrafo ao puxar uma música do Mamas & The Papas e outra do Fleetwood Mac como suas primeiras celebrações californianas, durante sua turnê pelos EUA, nas duas outras noites que tocou em Los Angeles, ela trouxe talvez duas de suas melhores participações locais dessa turnê. Na primeira noite, na terça-feira, ela trouxe para o palco ninguém menos que o senhor Lionel Richie, irretocável, para celebrar sua essencial “All Night Long”. No dia seguinte, ela foi ainda mais fundo e trouxe a própria Gwen Stefani para dividir os vocais do maior hit de seu grupo No Doubt, a baladaça “Don’t Speak”. É tão bom vê-la não apenas mapeando os hits da cidade em que passa, mas colocando-os em uma genealogia própria, que parece seguir a cronologia do rock clássico, mas que também apóia-se em grandes hits pop (e não importa se é um rap, uma música latina ou um rock farofa) e baladaças arrasa-quarteirão, mostrando de onde ela veio. A próxima parada ainda é na Califórnia, mas dessa vez em São Francisco.

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Abrindo os trabalhos

Fui na abertura do novo espaço da Casa de Francisca nesta quinta-feira, desbravado naturalmente por dois veteranos do lugar que conheciam tão bem a primeira versão da Casa, ainda nos Jardins, quanto já frequentaram em inúmeras formações os atuais dois palcos do Palacete Tereza, no Centro. Como de praxe, o próprio Rubens Amatto, que idealizou e realizou esse sonho forte, foi quem abriu os trabalhos recepcionando os 44 presentes (mesmo número de lugares do velho endereço) no novíssimo terceiro palco do lugar, orgulhoso não apenas de estar ampliando sua visão como de ter dois camaradas pra começar essa nova fase. E por mais que Juçara Marçal e Kiko Dinucci sejam familiares do lugar e tenham optado por seu tradicional show de vozes e violão baseado no histórico álbum-encontro Padê de 2008, os dois passearam por outras canções de seu repertório comum até incluir novas versões, como o samba-enredo “Paulistano da Glória” de Geraldo Filme e a pesada “Batuque” de Itamar Assumpção. E por mais que o novo espaço seja intimista e acolhedor, os dois não tiveram problema em ultrapassar os decibéis possíveis, seja com a bateria embutida no violão de Kiko ou nos limites inalcançáveis da voz de Juçara. A Sala B é outra experiência da Casa e mesmo com outro show bombando no salão principal, ela manteve-se inabalável em seu intimismo.

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Olha a PinkPantheress aí de novo

PinkPantheress vem comendo pelas beiradas e pode devagarinho puxar 2025 pra si mesma. Ela lançou um dos discos mais divertidos do ano – Fancy That, que ela mesma chama de mixtape, com suas 9 canções em parcos 20 minutos – e aos poucos vem dando passos consideráveis para mostrar que pode mais do que fazer a gente rir e dançar. Primeiro ao lançar seu próprio Tiny Desk com músicos de verdade, cantando sem autotune pela primeira e fazendo bonito e depois ao vocalizar seu apoio à causa palestina no grande evento produzido por Brian Eno. O próximo estágio é um disco de remixes, batizado de Fancy Some More?, que ela revelou essa semana e deverá ser lançado já nessa sexta. Mas o que poderia ser só uma releitura do disco do começo do ano tornou-se um evento épico com a participação de mais de duas dezenas de artistas, incluindo nomes como Kylie Minogue, Oklou, Kaytranada, Basement Jaxx, Joe Goddard do Hot Chip, Groove Armada, Bladee, os brasileiros Caio Prince, Adame, Mochakk, Anitta e vários outros. E você achava que o ano já estava chegando no fim…

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Distopia rural

Nesta terça-feira, o mineiro Clóvis Cosmo nos conduziu rumo a um futuro brasileiro decadente que pouco lembra as distopias recentes que nos atormentam pois não se passa na periferia ou em bairros de alto padrão de megalópoles e sim no campo. O Vastopasto conjurado por suas canções é o cerrado do planalto central completamente acinzentado pela monocultura agrícola ao redor das ruínas de uma nova capital de um império próximo, chamada de Uberaba 2. Reunindo um pequeno supergrupo indie para desbravar o realismo deprimente de seu universo ficcional, ele buscava a complexidade da música caipira tradicional, dissecando-a em canções ao mesmo tempo simples e rebuscadas no gênero que cunhou como prognejo, ao adotar características do rock progressivo e da música sertaneja. Além de receber o público com um aviso sonoro totalitário ainda nas escadas do teatro, Cosmo ainda empilhou os dejetos digitais num canto do palco, ao lado de uma bucólica chaleira numa fogueira, e entre o canto, as falas, a guitarra e a flauta, vinha seguido por metade da dupla Antiprisma Victor José na viola, da cozinha do grupo Oblomov (o baixista José Eduardo e o baterista João Queiroz), das teclas e efeitos de John Di Lallo e do próprio dono do projeto Irmão Victor, o gaúcho Marco Benvegnú, tocando sopros e percussão. Uma formação de peso para uma apresentação épica, que além de trazer momentos quase individuais – quando dividiu uma música apenas com Victor José ou quando trouxe os Oblomov para cantar uma moda acompanhados apenas de sua flauta -, terminou com todos ao redor da fogueira cênica, ouvindo Pena Branca e Xavantinho, um dos maiores nomes da história da música sertaneja, conterrâneos de Uberlândia do dono da noite. Loucura.

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