Loki

Muito bom ver o Tutu Naná ampliando suas fronteiras musicais para além de gêneros – mas fisicamente, quando apresentaram-se no palco do Centro da Terra, distante da aglomeração próxima de pessoas de pé característica dos shows da banda. Tocando para um público sentado e podendo expandir o volume de seu som para além da interação com a audiência, o quarteto catarinense transitou entre o sussurro e a rugido sonoros ao intercalar doces melodias cantadas por todos seus integrantes ao volume crescente de ruído elétrico, criando mantras gigantescos que inspiram rodopios enquanto alternam a dinâmica do próprio som. Apesar de imersos num pós-punk bem amplo, bebem bastante da música brasileira e do rock clássico, temperando tudo com o humor infame característico da banda – tanto nos intervalos entre as músicas, nas letras e nas citações, como quando emendaram “Samurai” do Djavan e “Isto Aqui, O Que É?” de Ary Barroso em cima de um transe com várias camadas de microfonias que, de repente, pode soar como um samba. Só isso já seria o suficiente para garantir uma ótima noite (e abrir uma possibilidade novíssima para o quarteto, shows em teatros), mas eles ainda recriaram seu quarto disco, Masculine Assemblage, composto a partir de colagens de sessões de improviso que fizeram na casa que moram juntos, apenas para esta apresentação. Foi foda.

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Encerramos a programação de música de setembro no Centro da Terra com a estreia do grupo catarinense Tutu Naná em nosso palco, quando apresentam pela primeira vez o disco que batiza seu espetáculo, Masculine Assemblage, que será lançado ainda essa semana e não deverá ser mostrado neste formato tão cedo, quando o grupo formado por Akira Fukai (guitarra e vocal), Carolina Acaiah (flauta transversal e vocal), Jivago Del Claro (baixo, guitarra e vocal) e Fernando Paludo (bateria e efeitos) mostra o seu quarto álbum ainda inédito na íntegra, entre a intensidade elétrica e a delicadeza da música brasileira, em paisagens sonoras densas e contrastantes. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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PiL no Brasil!

É isso aí: uma das bandas mais importantes da cena pós-punk inglesa volta ao Brasil depois de quase 30 anos. O Public Image Ltd. – ou apenas PiL, para os fãs – confirmou que sua turnê This Is Not The Last Tour, que começou em maio deste ano, passará pelo Brasil no início do ano que vem, quando o grupo fará uma única apresentação no Terra SP, no dia 8 de abril de 2026 (e os ingressos já estão à venda). O PiL foi uma reação quase impulsiva – e agressiva – que o vocalista dos Sex Pistols, o emblemático Johnny Rotten, tomou ao perceber que sua banda havia se tornado um ímã de problemas, especialmente após a famigerada turnê que fizeram pelos Estados Unidos. Querendo negar tudo que o punk estava pregando, Rotten abandonou seu pseudônimo artístico, assumiu seu sobrenome de batismo e como John Lyndon arregimentou anti-heróis musicais daquela cena, como Keith Levene, Jah Wobble e Richard Dudanski, para participar de seu experimento estético e político. O grupo liderou a transição do punk para uma cena a princípio indefinida chamada pós-punk, que foi berço para grupos tão diferentes quanto Gang of Four, Wire, Cure, Echo & the Bunnymen e U2, e até o início dos anos 90 manteve-se ativo e provocador, como é da natureza de seu criador. Lyndon encerrou a banda em 1992 depois de lançar clássicos como o disco de estreia (First Issue, de 78), o básico Metal Box (de 79), The Flowers of Romance (1981), Album (1986) e Happy? (1987), este último sendo o disco que o grupo veio mostrar no Brasil quando apresentou-se no Canecão, no Rio de Janeiro (que teve imagens registradas pelo clássico programa independente carioca Realce, assista abaixo), e no Projeto SP, em São Paulo. A banda retomou as atividades em 2005, quando Lyndon chamou o guitarrista Lu Edmonds (que já passou pelo The Damned, pelos Mekons e pelo próprio PiL nos anos 80), o baixista Scott Firth e o baterista Mark Roberts para voltar a gravar discos e fazer shows, formação que mantém-se até hoje. 2026 promete!

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Vocês viram que o Bad Bunny vai fazer o show da metade do jogo da final de futebol americano no ano que vem? E em pleno governo Trump… Isso vai ser BEM interessante… (E não custa lembrar que ele chega no Brasil no mesmo mes que faz essa apresentação… Imagina se o Lula convida ele pra comer umas jaboticabas no pomar do Alvorada?)

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A dupla norte-americana Magdalena Bay, autora de um dos melhores discos do ano passado – e possivelmente da década! -, volta a lançar músicas novas, só que agora sem os poucos recursos que tinham quando lançaram o soberbo Imaginal Disk (cuja capa, por exemplo, foi feita com um efeito especial literalmente artesanal). Felizmente a estabilidade comercial não afetou a criatividade dos dois, que lançaram músicas excelentes e complementares ao mesmo tempo em que o clipe que fizeram para uma delas, a ótima “Second Sleep”, dá uma amostra do que pode ser sua prometida versão visual do disco de 2024 e deixa a vocalista Mica Tennebaum à vontade para soltar toda sua performance dramática, tão boa quanto sua presença vocal. O lado B deste single, a jazzy e melancólica “Star Eyes”, não vem com clipe, mas juntas duas canções dão uma bela amostra do caminho que eles podem percorrer já que têm reconhecimento e a atenção do público. E se esse novo single é o aperitivo de um novo álbum (eles não falaram nada sobre isso, mas já disseram que não haverá edição deluxe de Imaginal Disk e tratam as novas músicas como uma nova fase), tudo indica que teremos um disco ainda melhor em breve… Tomara!

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Um dos eventos do Sesc mais esperados do ano, o Sesc Jazz acaba de revelar sua impressionante escalação de sua sexta edição, que acontece entre os dias 14 de outubro e 2 de novembro e traz uma seleção absurda de shows e atividades formativas em quatro unidades em São Paulo (Sesc 14 Bis e Pompeia com os principais shows, além de ter outras atividades no Sesc Vila Mariana e no Consolação) e outras cidades do estado, como Franca, São José do Rio Preto, Guarulhos e São José dos Campos. As atrações são amplas e louváveis, como o encontro de Dom Salvador com Amaro Freitas, duas celebrações à Lenny Andrade, o encontro de Evinha com Marcos Valle e o de Luedji Luna com Alaíde Costa, Allan Abbadia misturando Moacir Santos com John Coltrane, o Aláfia revisitando o clássico Mothership Connection, do grupo Parliament-Funkadelic, o Trio Mocotó voltando ao clássico Força Bruta, que gravou com Jorge Ben, Virgínia Rodrigues voltando ao seu disco de estreia, Sol Negro, com Tinganá Santana, além de apresentações do grupo Aguidavi do Jêje, do ganês Alogte Oho, do grupo colombiano De Mar y Río, o percussionista uruguaio Hugo Fattoruso e seu grupo Barrio Sur, a colombiana Lido Pimienta, o colombiano Fruko e a haitiana Moonlight Benjamin, entre muitos outros (mais informações neste link). Confira a programação completa abaixo: Continue

Finalmente Vovô Bebê trouxe seu ótimo Bad English, disco com músicas em inglês que compôs durante a pandemia e que lançou no semestre passado, para uma apresentação ao vivo, que aconteceu dentro da bissexta mas resistente programação do Prata da Casa do Sesc Pompeia. Veio acompanhado de uma banda de ouro, reunindo velhos e novos camaradas, cada um com suas próprias carreiras em segundo plano para celebrar o trabaho do compadre: Gabriel Ventura na guitarra, Carol Mathias nos teclados, Guilherme Lírio no baixo e Uirá Bueno na bateria. E para não perder a oportunidade – afinal shows dele em São Paulo são menos frequentes do que gostaríamos – ele não só passou por boa parte do repertório do disco novo como visitou músicas de seus outros discos. E no meio de “Briga de Família”, música que batiza seu disco de 2020, recebeu a participação não anunciada de Ana Frango Elétrico, que subiu no palco quando a música se metamorfoseou num improvável mashup com a pedrada “Cross the Tracks (We Better Go Back)”, de Maceo & The Macks. Ana seguiu no palco por mais duas canções, quando primeiro dividiu os vocais de sua “Coisa Maluca” como Vovô, que é coautor da canção, para depois descambar na espetacular “Insista em Mim”, uma das melhores músicas brasileiras dessa década. Showzaço, cheio de gente artistas na plateia, todos esperando há um tempão por esse show.

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Eis a escalação do Primavera Sound de Barcelona do ano que vem. Como aconteceu no Coachella de 2026, preferiram apostar no certo, embora flertando bem menos com o pop comercial (Doja Cat, Addison Rae e Pink Pantheress são nomes que conversam com as principais artistas deste ano – Charli XCX, Sabrina Carpenter e Chappell Roan, mas numa escala bem menor). A ênfase fica na nostalgia indie quando escalam Cure, My Bloody Valentine e Xx entre as grandes atrações e nomes como Mac DeMarco, Marina, Einstürzende Neubauten, Slowdive e Panda Bear correndo na paralela, mas eles também não se esquecem da contemporaneidade e chamam Big Thief, Ethel Cain, Wet Leg, Oklou, Men I Trust, Alex G e Water From Your Eyes para compor o elenco, que ainda conta com uma boa dose de pop alternativo com Gorillaz, Little Simz e Blood Orange e mais um monte de DJs e bandas minúscula, além de ter bancado a vinda do Kneecap, quando a maioria dos grandes festivais fogem deles como o diabo foge da cruz (e essa metáfora nesse contexto, hein…), e o show pesado do Massive Attack. Menos que ousado que outras edições, o festival catalão está longe de fazer feio – fora que tem a melhor estrutura para esse tipo de evento…Já a versão brasileira, ninguém sabe de nada.

Vocês viram que vai ter show do Mogwai no Circo Voador? Só quem já viu um show do Mogwai e que já assistiu a um show no Circo Voador pode vislumbrar o ataque aos sentidos que pode ser essa apresentação. Acontece em plena quarta-feira, 5 de novembro, e os ingressos já estão à venda… Tô cogitando seriamente…

A Balaclava acaba de confirmar que o clássico grupo Yo La Tengo, que virá ao Brasil este ano como parte de seu festival anual (que acontece no dia 9 de novembro e ainda conta com Stereolab, Geordie Greep, Fcukers, Gab Ferreira, Jovens Ateus e Walfredo em Busca da Simbiose), fará mais um show em São Paulo quando apresenta–se em versão acústica e intimista no dia seguinte, dia 10, no Cine Joia. Quem comprou ingresso para o festival tem desconto para ir no show do Yola no dia seguinte – e os ingressos já estão à venda. Que notícia foda!