Loki

Picles lotado na comemoração de dois anos do Inferninho Trabalho Sujo em plena quarta-feira, graças ao showzão que Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo fizeram. O quarteto, que tocou na edição de inauguração da festa naquele mesmo palco dois anos atrás, passou músicas de seus dois discos em versão fulminante, aproveitando a melhor sensação proporcionada pela festa, quando público e banda se fundem num mesmo organismo – sempre em êxtase. E ainda tocaram música nova! Foi demais! E semana que vem trago novidades pois estou só começando o terceiro ano do Inferninho…

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Um dos principais nomes da história do hip hop pouco a pouco está voltando à ativa, já prometeu disco novo para esse ano e anuncia oficialmente sua vinda ao Brasil para três shows nesta quinta-feira, como pude antecipar em primeira mão. O De La Soul deixou de ser um trio para tornar-se uma dupla após a passagem do fabuloso MC Trugoy the Dove em 2023, mas mantém-se como uma unidade sólida quando os remanescentes Posdnuo e Maseo seguiram fazendo shows, coordenando relançamentos (como a edição especial do disco The Grind Date, que lançaram em 2004, e comemoraram 20 anos depois) e, às vésperas de mais uma vinda para o Brasil, preparam o lançamento de um novo álbum. A dupla vem ao país em outubro e fará shows em São Paulo (dia 2, no Áudio), Curitiba (dia 3 na Pedreira Paulo Leminski) e Rio de Janeiro (dia 4, no Vivo Rio). Os ingressos começarão a ser vendidos no início da semana que vem – e rola um papo que eles vêm acompanhado de um nome igualmente pesado na história do rap… Quem será?

Tocando para uma casa cheia, Marcos Suzano mostrou que não precisa de muito para criar um universo. Apresentando seu espetáculo Suzano San Duo no Centro da Terra, ele entregou-se ao improviso rítmico por mais de uma hora de transe hipnótico ao lado de seu comparsa de groove, Guilherme Gê, que disparava efeitos enquanto pilotava teclados e synths. A apresentação começou com Suzano só ao berimbau, como se saudasse o público sem interferência eletrônica. Mas logo que chamou Gê para o palco, entrou numa frequência contínua de loops que gravava a partir de levadas feitas ao pandeiro ou tocando com as mãos os pads do instrumento de percussão eletrônica HandSonic e a superfície sensível do enorme sensor de tato do ATV aFrame, conduzindo o público para rodas de samba que se transformarvam em grooves retos próximos do techno e da house, improvisos de free jazz polirrítmico ou delírios puramente prog, numa noite em que a percussão era protagonista com toda excelência de linguagens. Ao final da apresentação, ele trouxe uma releitura para “Samba Makossa” de Chico Science & Nação Zumbi ao pandeiro, no único número que cantou em todo o show. Foi demais.

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Enorme satisfação em receber o renomado percussionista Marcos Suzano pela primeira vez no palco do Centro da Terra, para onde traz sua apresentação Suzano San Duo, em que divide a noite com Guilherme Gê. Os dois embarcam numa viagem percussiva que sai de instrumentos clássicos como pandeiro e berimbau para ferramentas eletrônicas rítmicas como HandSonic e ATV aFrame, experimentando ritmos afrobrasileiros em loops e bases que passeiam por diferentes searas musicais, sempre voltando para a base do percussionista carioca, as mil facetas do samba. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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King Crimson vive!

O grupo Beat, formado por Adrian Belew, Steve Vai, Tony Levin e Danny Carey, anunciou que vai registrar sua existência em disco ao lançar um disco ao vivo no final de setembro. Beat Live registra o grupo-tributo à fase mais pop do clássico King Crimson e tornou-se turnê (que inclusive passou pelo Brasil esse ano) na apresentação feita em Los Angeles no ano passado. Assim fica registrada oficialmente esta homenagem criada por dois integrantes do King Crimson – Belew e Levin – ao lado de um dos guitarristas mais virtuosos do planeta e do baterista do grupo Tool, dedicada à trilogia de discos formada por Discipline (1981), Beat (1982) e Three of a Perfect Pair (1983) que o fundador do grupo, Robert Fripp, nem sequer menciona nos shows feitos depois dessa fase. O grupo lançou o clipe de “Neal and Jack and Me” para anunciar o lançamento do disco, que chega em setembro e já está em pré-venda, em três formatos: disco triplo em vinil, duplo em CD (mais o blu-ray com o show na íntegra) e uma edição limitada que ainda inclui um CD bônus e um livro de 36 páginas. Veja o clipe, a capa e as músicas dos diferentes formatos abaixo.

E numa nota paralela sobre o Crimson, grupo que teoricamente teria se aposentado devido à decisão de Fripp não fazer mais shows, em uma entrevista à revista Goldmine, o guitarrista e vocalista Jakko Jakszyk, que entrou na banda em 2013 depois de tocar um tempão em um grupo tributo ao KC, comentou sobre sua entrada na banda e deu com a língua nos dentes. “Foi incrível ter feito – e de alguma forma – ainda fazer parte do que está acontecendo, pois enquanto falamos estamos gravando um disco do King Crimson no estúdio”, comentou, para em seguida arrematar que, “quando vai sair e em qual formato – isso está muito além pra mim. Mas, sim, estamos fazendo aos poucos e há alguns meses a gerência perguntou se poderíamos. Então, sim. Tenho gravado com a expectativa que sairá em algum formato em algum momento. Mas quem sabe quando?” Continue

O maestro Fabio Massari acaba de anunciar a segunda edição de seu próprio festival, quando comemora mais uma vez aniversário reunindo velhos camaradas para ver uma sequência de bons sons ao vivo. O Massarifest 2025 acontece mais uma vez no Fabrique, quando ele traz para o Brasil o barulhento A Place to Bury Strangers, trio nova-iorquino que caminha entre o noise e o shoegaze e que fez duas apresentações arrebatadoras no Centro Cultural São Paulo quando fazia a curadoria por lá, em 2019. Antes dos gringos, quem começa a noite é a fusão das bandas indie Oruã e Retrato e o jazz funk do grupo instrumental Bufo Borealis, que ajudam a criar o climão da festa, que acontece no dia 14 de setembro e já está com ingressos à venda. Vamos lá celebrar mais um aniversário do reverendo, que traz o presente pra gente!

Assista aos shows do A Place to Bury Strangers que filmei em 2019 abaixo: Continue

A imersão começou. Com a primeira apresentação do Kartas em sua temporada 4A no Centro da Terra, a dupla carioca formada pela poeta Marcela Mara e pelo baterista Zozio, que desta vez vem acompanhada do tecladista Guilherme Paz e da baixista Karin Santa Rosa, fez o público entrar em um universo de texto e música que abraça tanto o improviso quanto a poesia falada, resvalando no free jazz, no canto livre, no noise, em sons da natureza e no ambient enquanto projetavam imagens no fundo do palco, lentamente hipnotizando os presentes rumo a um túnel de som e sentido que ainda contou com a guitarra frenética de Marcos Campello (que por vezes tocava trompete), o teclado frito de Negro Leo, o discurso dedo na cara de Siddhartha Animaina e o trompete de Talita de Jesus, convidados que entraram em momentos distintos da apresentação e, aos poucos, povoaram o palco ao mesmo tempo para um final de transe extático. Uma noite de tirar o fôlego que é só o começo de um mês de viagens ainda mais intensas.

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Kartas: 4A

Começamos o segundo semestre de 2025 no Centro da Terra mergulhando no universo multidisciplinar dos cariocas Kartas, que completam dez anos em atividade fundindo ruído e texto na temporada 4A, que toma conta do teatro em todas as segundas-feiras de julho. Formado pela dupla Marcela Mara e Zozio, o Kartas vem acompanhado de Guilherme Paz e Karin Santa Rosa, que engrossam o caldo sonoro e textual das apresentações que, a cada nova semana, recebem diferentes convidados. As atividades começam neste dia 7, quando incluem Negro Leo (na vitrola e teclado), Marcos Campello (no trompete e guitarra), Siddhartha Animaina (na voz e eletrônicos) e Talita de Jesus (no trompete) na formação. Na próxima segunda, dia 14, é a vez de receber Paola Ribeiro (na voz e berimbau), Cacá Amaral (bateria), Paula Rebellato (no tambor, voz, pedais e teclado), Eldra (no trompete), Gustavo Torres (fazendo uma instalação sonora), além de receber os performers Herik Reis Kohl, Pedro Gutman e Nova Buttler. A terceira segunda, dia 22, tem como convidados TudoLiga NadaFunciona AKA Pacola (teclado, vitrola, monotribe e efeitos), Bernardo Pacheco (processamentos sonoros) e Bruno Trchmnn (rabeca), e na última segunda do mês, dia 28, os Kartas recebem Romulo Alexis (trompete), Bernardo Pacheco (processamento sonoro e guitarra), Rômulo França (saxofone alto), Clóvis Cosmo (flauta transversal), Rayra Pereira (eletrônicos), além das performances dos SVSTVS. Os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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Outra banda inglesa que despediu-se neste fim de semana com bem menos alarde foi o Gang of Four. Arautos da primeira hora do pós-punk, eles redesenharam a paisagem do final dos anos 70 na Inglaterra – e logo depois no mundo todo – ao acrescentarem elementos como funk e maoísmo ao clima apocalíptico do punk inglês, abrindo um novo panorama musical para os anos 80. O grupo encerrou suas atividades nos anos 80 (apesar de discos lançados com o nome do grupo pela dupla de frente, o vocalista Jon King e o guitarrista Andy Gill) e voltou com a formação original em 2004, que seguiu até 2012 (o grupo veio pela primeira vez ao Brasil um ano antes, quando fui curador do Festival da Cultura Inglesa), quando King e Gill se desentenderam. Mesmo a contragosto de King, Gill seguiu com a banda com outros integrantes até sua morte no início de 2020. King e o baterista original Hugo Burnham se juntaram à baixista Sara Lee (que já tinha tocado na banda, ainda nos anos 80) a o guitarrista David Pajo (do Slint) para uma turnê com o nome do grupo em 2022, até anunciar, no início deste ano, a turnê Long Goodbye, com Gail Greenwood (que era do Belly e tocou no L7) no baixo e Teo Leo (líder do Teo Leo & The Pharmacists, que tinha uma dupla com Aimee Mann) na guitarra. A turnê chegou ao fim neste sábado, quando o grupo fez sua última apresentação em Amsterdã, na Holanda. Assista a alguns trechos abaixo: Continue

Mas não importa. Pode juntar todas as bandas que tocaram antes e todas as bandas de todos os integrantes que também tocaram nas longas horas antes do último show da formação clássica do Black Sabbath que todas se encolhem perto da criação musical proposta pelo grupo no final dos anos 60, quando eram uma banda psicodélica bad vibe que resolveu tocar mais alto e soar mais pesada. E por menor que tenha sido a apresentação final do grupo – que, pela saúde de Ozzy Osbourne, só contou com quatro músicas -, ele agigantou-se como a epicidade que a noite pedia: assistimos à despedida de um titã mitológico que criou o universo habitado nas mentes de todos que acompanharam o evento Back to the Beginning em qualquer nível de profundidade. Ao tocar pela última vez juntos “War Pigs”,“Iron Man”, “N.I.B.” e “Paranoid” (separei vídeos das quatro logo abaixo), Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy – que, como em seu show solo que apresentou antes do último show do Sabbath, não fez feio, apesar de suas limitações físicas -, mostraram porque, mais do que os pais da matéria, eles são o maior nome da história do heavy metal e seus cinco primeiros discos – Black Sabbath e Paranoid (ambos de 1970), Master of Reality (1971), Vol. 4 (1972) e Sabbath Bloody Sabbath (1973) – são o pentateuco da Bíblia do som pesado, obrigatórios e didáticos para qualquer um que se aventure nesta seara. E apesar da melancolia inevitável de uma despedida, foi bonito ver o mundo curvar-se à majestade de um quarteto que, se não fosse a música, passaria anônimo para a posteridade, sem marcar tanto a vida de todos – até de quem nem sabe o que é a banda. Obrigado, Black Sabbath! Continue