O designer norte-americano Peter Stults cogitou versões de filmes modernos refeitas com elenco e time de produção da era de ouro do cinema, criando uma galeria impressionante de filmes fictícios com grande potencial de ser foda. Dá uma sacada:
E tem muito, mas muito mais, no portfólio original do cara.
“Enquanto há um tumulto acontecendo, o Yo La Tengo quer lembrar como é que se sonha”, conta o escritor Luc Santé, que escreveu o texto que acompanha o próximo disco do grupo nova-iorquino, There’s a Riot Going On, que será lançado no dia 16 março pela Matador e é o primeiro álbum do ícone indie desde o ótimo Fade, lançado em 2013. Composto, como sempre, a partir de improvisos instrumentais que lentamente tornam-se canções, o disco conta apenas com Ira Kaplan, Georgia Hubley e James McNew como participantes e o único elemento exterior a este processo foi o músico John McEntire, do Tortoise, que mixou o disco.
Batizado a partir do clássico disco de Sly & The Family Stone no início dos anos 70, o disco pega um rumo bem diferente do funk politizado de onde veio a inspiração. “Em 1971, o país parecia estar nos limites de se separar, quando Sly & The Family Stone gravaram There’s a Riot Going On, um disco de energia obscura e criativa”, o escritor continua apresentando o novo álbum. “Agora, sob circunstâncias semelhantes, o Yo La Tengo lança um disco com o mesmo título, mas com uma força diferente. Um disco que propõe uma alternativa à raiva e ao desespero”. O grupo antecipou quatro das 15 faixas do novo disco – “You Are Here”, “Shades of Blue”, “She May, She Might” e “Out of the Pool” – que mostram este novo rumo – aquele mesmo velho conhecido dos fãs.
Eis a capa e os títulos das músicas do novo disco, que será lançado pela Matador.
“You Are Here”
“Shades of Blue”
“She May, She Might”
“For You Too”
“Ashes”
“Polynesia #1”
“Dream Dream Away”
“Shortwave”
“Above the Sound”
“Let’s Do It Wrong”
“What Chance Have I Got”
“Esportes Casual”
“Forever”
“Out of the Pool”
“Here You Are”
O disco já está em pré-venda no site da Matador.
Carnaval chegando e Thiago França já está à toda com sua Espetacular Charanga, que antecipa o clima do Carnaval deste ano, com mais um disco pré-fervo, Bomba, Suor e Bapho (que pode ser baixado no site do músico). “O disco todo foi gravado ao vivo, com 34 pessoas no estúdio”, ele me explica numa troca de áudios, contando que incluiu na formação músicos que conheceu na oficina de sopro que puxa em nome da Charanga. A gravação foi à moda antiga – dois microfones em cada canto da sala, músicos alinhados de acordo com a proximidade de seu instrumento em relação ao microfone (“mixagem física”, ele me explica, “trumpete tá alto? Dá um passo pra trás”) e captura o clima quente da apresentação, gravada e mixada em um dia.
“Não sei se vou conseguir manter essa história de ficar lançando um disco todo ano”, confessa, lembrando que a Espetacular Charanga lançou discos com repertório próprio desde o início. Thiago não quer se obrigar a fazer lançamentos anuais também devido ao período de virada de ano e ao próprio conceito de disco em tempos digitais: “O disco não precisa mais ter dez faixas, ter meia hora…” O disco conta com quatro músicas instrumentais e duas com vocal, uma com letra composta por Lucas Santtana e outra cantada por Suzana Salles.
Como todo ano, a Charanga sai na segunda-feira de Carnaval mas desta vez começa pela manhã, para enfatizar a natureza musical do bloco e deixar o lado da acabação em segundo plano. “De manhã a gente dribla também um pouco um público que tá se aproximando cada vez mais do carnaval de rua, que é a galera “HT topzêra”, que é um público que ainda necessita de muita educação cívica pra poder saber fazer as coisas na rua”, explica. “Os blocos que essa galera frequenta no ano passado tiveram muito caso de assédio, de violência mesmo, de homem batendo em mulher… Eu temo isso pra Charanga. É um bloco de bairro mesmo, menor”, conclui.
Bárbara Eugenia começou seu 2018 ainda no fim de 2017, quando lançou sua versão para “Sintonia”, de Moraes Moreira, gravada ao lado do dândi de Caruaru Junio Barreto, a primeira produção assinada apenas pela cantora e compositora. “É um gostinho do próximo disco, que vai ser todo produzido por mim”, me explica Bárbara ao telefone, antecipando que ainda lança mais um single deste disco antes de embarcar para uma viagem no meio deste semestre, quando atravessa parte da Europa em turnê ao lado do broder Tatá Aeroplano, com quem lançou um dos melhores discos do ano passado.
O clima festivo da versão (que foi chancelada pelo próprio Moraes) antecipa o calor do carnaval 2018, mas também dá os rumos do próximo disco, que ela ainda não batizou, mas que deverá seguir uma linha “Brasil Caribe Tropical Bahia Hippie Style”, descreve às gargalhadas – mas que será lançado só no segundo semestre. Ficamos à espera.
Morta nesta segunda-feira, a vocalista do Cranberries fazia pop simples, sem rótulos – escrevi sobre ela pro UOL.

(Foto: Eduardo Hollanda/Facebook da Beija Flor)
Ano novo começou, Carnaval já se avizinha e era inevitável que a insatisfação popular com o estado das coisas no Brasil iria refletir-se em nossa produção cultural, como podemos ver no samba-enredo da Beija Flor para este ano, “Monstro é Aquele que Não Sabe Amar; Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu”, um tapa na cara dos vários coronéis que ainda mandam no Brasil, sem precisar dar nome aos bois.
Oh pátria amada, por onde andarás?
Seus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar
Você que negou o amor
Vem aprender na beija-florSou eu
Espelho da lendária criatura
Um mostro
Carente de amor e de ternura
O alvo na mira do desprezo e da segregação
Do pai que renegou a criação
Refém da intolerância dessa gente
Retalhos do meu próprio criador
Julgado pela força da ambição
Sigo carregando a minha cruz
A procura de uma luz, a salvação!Estenda a mão meu senhor
Pois não entendo tua fé
Se ofereces com amor
Me alimento de axé
Me chamas tanto de irmão
E me abandonas ao léu
Troca um pedaço de pão
Por um pedaço de céuGanância veste terno e gravata
Onde a esperança sucumbiu
Vejo a liberdade aprisionada
Teu livro eu não sei ler, brasil!
Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora
Feito um arrastão de alegria e emoção o pranto rola
Meu canto é resistência
No ecoar de um tambor
Vêm ver brilhar
Mais um menino que você abandonouOh pátria amada, por onde andarás?
Seus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar
Você que negou o amor
Vem aprender na beija-flor
2018 promete!
Depois de lançar um single tão inesperado (“Break the Glass“) quanto o anúncio de um novo disco (o primeiro desde o álbum de 2013, I Hate Music), o Superchunk mostra mais uma de suas músicas novas para reforçar o lançamento de What a Time to Be Alive, que já está em pré-venda. “Erasure” segue o clima característico da banda, mostrando que eles seguem na mesma pegada.
Desde que inauguraram sua conta no Soundcloud no final de 2014, o grupo neopsicodélico Unknown Mortal Orchestra vem usando os fins de ano para celebrar novas fronteiras desbravadas em estúdio, cogitando possibilidades sonoras que podem eventualmente materializarem-se em discos. Foi assim que aconteceu com as colagens “SB-01” e “SB-02”, que antecipavam a guinada musical que o grupo deu em seu excelente Multi-Love, de 2015. Desde então sem lançar material novo, eles chegam agora com mais uma faixa experimental de presente de fim de ano para os fãs. E, como vêm fazendo desde 2015, a faixa é uma colagem de improvisos musicais cogitados pelos irmãos Ruban (o dono do UMO) e Kody Nielson (que toca sua própria banda, o Silicon).
O resultado é de cair o queixo, entre riffs pesados, grooves manhosos, bases eletrônicas lo-fi… O que será que vem por aí?
O agora quinteto escocês Franz Ferdinand revela mais duas músicas de seu próximo álbum, Always Ascending, de tons escuros como uma pista de dança, que será lançado no próximo mês. “Feel The Love Go” segue o beat disco da faixa-título, que remete diretamente ao excelente Tonight, talvez o grande álbum da banda, lançado em 2009.
Como contraponto, o grupo também mostrou a quase balada “Paper Cages” ao vivo em um programa da BBC.
E a dupla MGMT, formada por Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser, revela mais um single do disco que lançam agora em fevereiro, Little Dark Age. “Hand it Over” é mais bucólica e solar que as faixas que mostraram até agora, a tensa que faixa-título e a paranoica “When You Die”, mudando um pouco o clima de psicodelia baixo astral que pairava sobre o novo disco.