E com prazer recebemos durante as segundas-feiras de outubro o grande cantor e compositor Pélico, que depois de uma temporada no exterior, começa a preparar sua volta aos palcos e aos discos, lentamente preparando um próximo álbun à medida em que volta a sentir a pulsação do momento. E ao propor a temporada Cá com Meus Botões, ele volta-se para si mesmo, como o título deixa claro, para, a cada segunda-feira, visitar um trecho de sua carreira com diferentes formações. Na primeira segunda, dia 7, ele vem acompanhado do tecladista Pedro Regada, para depois, no dia 14, visitar um repertório de canções que canta em casa acompanhado do violão de Kaneo Ramos: violão. No dia 21 ele vem escudado pelo compadre Regis Damasceno, que toca guitarra, violão e o acompanha nos vocais, e do cello tocado por Thiago Faria, para revisitar velhas canções nesta nova formação. E encerra a temporada no dia 28, acompanhado de sua atual banda (formada por Regis Damasceno, Pedro Regada, Jesus Sanchez no baixo e Richard Ribeiro na bateria), quando começa a mostrar sua produção atual. Os espetáculos começam pontualmente sempre às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Dois monstros sagrados da canção norte-americana se reencontraram neste sábado para um sarau elétrico com cargas de nostalgia, quando os ex-companheiros de banda Neil Young e Stephen Stills tocaram juntos no festival Harvest Moon, que arrecada fundos para duas instituições que acompanham o tratamento de crianças com necessidades especiais, a Bridge School, fundada por Neil Young, e a Paint Turtle, fundada pelo ator Paul Newman. O reencontro aconteceu na tarde do sábado passado, quando revisitaram não apenas músicas de suas antigas bandas do final dos anos 60 – Buffalo Springfield (“For What It’s Worth”, “Bluebird” e voltando pela primeira vez em 57 anos “Hung Upside Down”!) e Crosby Stills Nash & Young (“Helplessly Hoping” e “Helpless”)- como abriram a apresentação com “Long May You Run”, da banda de breve duração que os dois tiveram no meio da década seguinte, a Stills-Young Band, que só existiu durante um único disco. Além de canções solo de Stills (“Love the One You’re With”) e do velho Neil (como “Vampire Blues”, “Field of Opportunity”, “Human Highway”, “Heart of Gold” e “Harvest Moon”, as duas últimas com a vocalista Lily Meola), ainda contaram com a presença de John Mayer, que também fez seu show no festival, na última música do bis, “Rockin’ in the Free World”. Veja o setlist completo e as músicas que heróis filmaram da plateia abaixo: Continue
Não sou propriamente fã do disco que o sambista Xande de Pilares gravou ano passado cantando Caetano Veloso porque acho que cai naquele lugar cinzento entre a MPB e o elemento fofo do cenário independente deste século, dois recortes que gentrificam – com meio século de diferença – a música brasileira (e eu que não vou entrar nessas polêmicas caça-clique, que preguiça…), mas entendo a importância do disco ao apresentar diferentes artistas para diferentes públicos, passo crucial rumo à união das duas metades de um país que sempre foi partido. Mas ao regravar “Banho de Folhas” de Luedji Luna, meu xará acerta na mosca em uma veia que precisava ser pressionada há tempos. Pois são dois artistas contemporâneos que vêm da mesma matriz mas saem de cenários distintos e a nova versão para a música de Luedji (com seu belo clipe, veja abaixo), reforça uma beleza sambista que a música original apenas insinuava – e isso sem precisar recorrer à nostalgia. A versão ficou lindona e, com isso, consagra de vez “Banho de Folhas” como um estandarte do repertório da atual música brasileira.
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Apesar de conhecido e reconhecido como um dos grandes nomes da cena musical brasileira deste século, Curumin ainda é um talento a ser descoberto. Por mais que tenha hits tatuados no inconsciente coletivo da noite paulistana, ele ainda não é reverenciado como o gênio que é – e por caprichos próprios, que prefere cultivar amizades e a conexão com o público do que fazer o jogo do mercado da música ou dançar conforme o algoritmo das plataformas. Seu Pedra de Selva, um dos grandes discos de 2024 e talvez seu melhor disco, foi lançado quase na surdina há pouco mais de um mês e, mesmo sendo seu primeiro trabalho lançado em sete anos, é mais um exemplo da forma como conduz sua carreira. Como fez em outros álbuns antes, prefere construir uma coleção de canções que conversa entre si do que a ceder para eventuais apelos pop. E os dois shows que fez neste fim de semana no Sesc Pompeia foram ótimas amostras de sua grandeza. Num palco psicodélico-vegetal (cenário maravilhoso de Rodrigo Bueno, iluminado lindamente por Cris Souto), criou uma versão tropical do assalto dos sentidos do Funkadelic com uma banda transnacional da pesada, que reunia os pernambucanos Aline Falcão, Jessica Caitano e Maurício Badé, a mineira Josy.Anne (dona da irresistível “Mexerica Mineira”), o paraense Saulo Duarte e os paulistas Fred Prince, Funk Buia, Iara Rennó, Arlete Salles e Lelena Anhaia. Pilotando essa usina sonora com sua bateria em primeiro plano, o músico, cantor e compositor hipnotizou o público com pedradas hipnóticas (“Pira”, “Pisa”, “Água Fria em Pedra Quente”, “Meu Benni” e a deliciosa “Estado de Choque”) e levadas macias (“Paixão Faixa Preta”, “Jacarandá”, “Flecha do Dedo”, “Cigana Cigarra”, “Tempo de Sal” e a já citada “Mexerica..”) num show composto quase unicamente pelo disco novo, reforçando a magia deste encontro recente. Abriu exceção para três de suas pérolas imortais: “Selvage”, “Mistério Stereo” (que puxou no bis sozinho à guitarra, sendo acompanhado pelo tamborim de Prince) e “Samba Japa”, esta última fundida com “Não Adianta” do Trio Mocotó (em reverência ao recém-falecido Fritz Escovão), estas últimas cantadas em uníssono pelo público extasiado pela força da natureza que é este band leader. Eu acho é pouco! Vem mais!
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Agora foi a própria Charli XCX quem postou em seu Instagram outras fotos feitas por aí com outdoors, telas de led e cartazes anunciando mais participações em seu disco de remixes que sai na próxima sexta-feira. Alguns nomes (Lorde, Billie, A.G. Cook, Addison Rae, Troye Sivan, Robyn) já são manjados, outros (The 1975. Japanese House, Jon Hopkins, Bon Iver, cantora Tinashe, Bladee e Yung Lean) pintaram antes essa semana, mas alguns (Julian Casablancas! Ariana Grande! Caroline Polachek!) são impressionantes e inusitados. E esta nova versão, chamada de Brat and it’s Completely Different But Also Still Brat, vem num formato físico ocupa três LPs, ao contrário das versões em vinil duplo anteriores, o que pode sugerir que há mais nomes vindo aí – e, como eu disse, já falaram em Haim, Rebecca Black, Chapell Roan, Rosalía, Kim Petras, Ke$ha… e até Taylor Swift! Seeerá?
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Morreu nesta sexta-feira o ator cearense Emiliano Queiroz, mais conhecido pelo papel de Dirceu Borboleta, aspone do vilão Odorico Paraguaçu na novela e depois minissérie O Bem Amado, de Dias Gomes, que extrapolou a obra original e foi parar na Escolinha do Professor Raimundo, do conterrâneo Chico Anysio. Sempre foi um rosto conhecido pelo público das novelas desde que começou a atuar nelas, em 1965. Fez parte do elenco de clássicos do gênero como Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Roque Santeiro, Pecado Capital, Maria Maria, Estúpido Cupido, Pai Herói, Ti Ti Ti, Cambalacho, O Outro, Bebê a Bordo, Top Model, Rainha da Sucata, Barriga de Aluguel, Que Rei Sou Eu?, Deus nos Acuda, A Próxima Vítima, e das séries Tenda dos Milagres, Tereza Batista, Anos Rebeldes, Hilda Furacão, Chiquinha Gonzaga, Sítio do Picapau Amarelo, além de ter participado da primeira versão teatro de O Pagador de Promessas e de ter vivido o travesti Geni na primeira montagem da Ópera do Malandro de Chico Buarque. No cinema esteve no elenco de Navalha na Carne, Dois Perdidos numa Noite Suja, Independência ou Morte, O Grande Mentecapto, Tiradentes, O Xangô de Baker Street e Madame Satã, entre outros. Morreu de ataque cardíaco após passar dias internado num hospital no Rio de Janeiro.
Um dos projetos mais importantes do Sesc está de volta: o Prata da Casa, que desde o início do século revela novos talentos da cena musical brasileira no palco da antiga choperia – hoje comedoria – do Sesc Pompéia volta à ativa neste mês de outubro. Depois de descontinuado na miúda em 2016, ele até tentou uma sobrevida em 2019, quando, como quase tudo, foi atropelado pela pandemia e voltou para a hibernação. Mas felizmente o projeto volta a respirar em 2024 ainda que de forma tímida. A princípio são apenas quatro apresentações anunciadas, que acontecerão às quintas-feiras, mais uma vez no mesmo palco. A primeira atração é a paulista Anná (dia 10), seguida da banda carioca Zé Bigode Orquestra (dia 17), passando pela dupla pernambucana Barbarize (dia 24) e encerrando com a mineira Josy.Anne (dia 31). Todas as noites serão apresentadas pela DJ Odara Kadiegi. Ao contrário de sua fase clássica, em que curadores eram convidados para selecionar os artistas – fui curador no ano de 2012, veja a playlist com os shows que realizei abaixo), a escolha dos artistas desta vez ficou a cargo da própria curadoria de música do Sesc Pompéia – e, como sempre, os shows serão gratuitos, com ingressos distribuídos uma hora antes. Ótima notícia!
Assista abaixo os shows que pautei quando fui curador do Prata em 2012: Continue
Heróis do indie brasileiro, o quarteto carioca Oruã tirou o período pós-pandemia para desbravar o mercado internacional: já fez mais de 120 shows fora do país nos últimos três anos e atualmente atravessa uma residência artística em que passa por cinco diferentes cidades do estado da Califórnia, dentro da turnê que estão fazendo pelos Estados Unidos. Neste período também gravaram mais uma participação na festejada rádio da região de Seattle KEXP, quando mostraram músicas do disco que lançaram esse ano, Passe, em meia hora de programa. Formado pelo ícone do underground carioca Lê Almeida (nos vocais e guitarra), desta vez acompanhado por Phill Fernandes (bateria), João Casaes (sintetizadores) e Bigú Medine (baixo), o Oruã está vivendo o sonho que boa parte das bandas indies brasileiras só cogita e sua participação nesta rádio é só mais um degrau na construção internacional de sua reputação. E é tão foda ver o Lê se explicando em inglês para a apresentadora argentina do programa Albina Cabrera sobre a história e as influências da banda, bem como falando sobre a cena brasileira dos últimos anos – como estava reprimida e como está em plena ebulição, listando bandas como Glote, Economic Freedom Fighters, Tem Mas Acabou, Gueersh, Brita, Caxtrinho, Retrato e outras bandas que estão acontecendo agora. Grande Lê, avante!
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O grupo inglês Tindersticks já marcou sua vinda para o Brasil no ano que vem, quando apresenta-se pela primeira vez no país e em um palco condizente com sua música: o auditório Simon Bolivar, no Memorial da América Latina. Autor de discos clássicos como seus dois primeiros discos homônimos, Curtains e Can Our Love…, o grupo liderado por Stuart Staples toca em única apresentação em São Paulo no dia 16 de abril do ano que vem, trazendo seu recém-lançado disco Soft Tissue em versão ao vivo para o país. Bem que podiam colocá-los com algumas cordas no palco, já que pedir uma orquestra me parece um pouco demais… E os ingressos já estão à venda.
Prestes a lançar seu disco de estreia, Muitos Caminhos Prum Lindo Delírio (que sai de forma independente no próximo dia 16), a banda Miragem, daqui de São Paulo, é mais uma integrante da safra promissora de novas bandas que estamos vendo nascer durante esta década. Liderada pela multiinstrumentista. vocalista e compositora Camilla Loureiro, a banda viaja por paisagens bem diferentes de suas contemporâneas ao fundir músicas pop introspectivas com baladas épicas com temperos improváveis como música brasileira dos anos 70, rock progressivo e pós-punk, e começa a mostrar esse disco nesta quinta-feira, quando lança o primeiro clipe, “Não Aguento Mais Sonhar Com Você”, “uma balada ao piano com tema onírico-romântico”, como a própria vocalista explica, e que estreia em primeira mão no Trabalho Sujo.
Assista abaixo: Continue