Quer um disco novíssimo pra ouvir sem parar? O trio de Los Angeles Julie apareceu um pouco antes da pandemia se abater sobre o planeta em 2020 com o hit shoegazer “Flutter” e demorou quatro anos para lançar seu disco de estreia – e a espera valeu à pena. Formado pela baixista e vocalista Alex Brady, pelo guitarrista Keyan Pourzand e pelo baterista Dillon Lee, o grupo amadureceu seu som para sair do quartinho do shoegaze e abraçar outras frequências sonoras dos anos 90, conversando tanto com o folk elétrico do Sebadoh, o pop noise do Nirvana, as explosões de guitarras dos Smashing Pumpkins e, claro, os vocais soterrados e sussurrados, além das paredes de guitarras do My Bloody Valentine. My Anti-Aircraft Friend foi lançado nessa sexta e ecoa nostalgicamente a última década do século passado, mas sem prender-se apenas no saudosismo, apontando para o indie rock do futuro, como se a escalada musical daquele tempo não tivesse sido – como aconteceu com todos os gêneros de música popular – virada do avesso pela internet. Ouça abaixo e me agradeça depois: Continue
Imagina que você chega em casa e recebe um cartão preto que vem com algumas letras impressas em relevo, entre elas a sequência I-XI-MMXXIV. Ao passar uma lanterna de luz negra sobre os caracteres aleatórios soltos assim da fileira de algoritmos romanos completa-se a frase Songs of a Lost World – e se você é fã do Cure, mata a charada na hora, pois a sequência de numerais traduz-se em 1-11-2024 vem logo após o tão aguardado novo disco da banda, cujo título – Songs of a Lost World – conhecemos há tempos, indicando que o lançamento do disco será no primeiro dia de novembro deste ano. Um cartaz semelhante aos cartões distribuídos para alguns seletos fãs – que o receberam pelo correio – apareceu na entrada do pub Railway, na cidade de Crawley, ao sul de Londres, onde o líder da banda Robert Smith viveu dos seis anos de idade até montar o Cure, cujos primeiros shows foram exatamente neste pub. Dá uma sacada abaixo… Continue
E um dos discos do ano não para de crescer. Primeiro Charli XCX lançou uma versão com três faixas a mais de seu Brat chamando-a de Brat and it’s the Same But There’s Three More Songs so It’s Not e agora acaba de anunciar outra versão, desta vez batizada de Brat and It’s Completely Different But It’s Also Still Brat, que funcionará como um disco de remixes em cima do disco original. A nova versão de “Talk Talk” que conta com Troye Sivan e Dua Lipa, anunciada no início da semana e que já está nas plataformas digitais, é apenas a ponta do iceberg de um disco que ainda terá versões novas para “360” (esta com Robyn e Yung Lean), “Von Dutch” (um remix feito pelo produtor A.G. Cook com a participação de Addison Rae) e as versões de “Girl So Confusing” com Lorde e “Guess” com Billie Eilisih. Mas estas quatro são apenas um quarto do disco inteiro, cuja relação das faixas foi anunciada apenas com a numeração de cada uma delas (a faixa 2 chama-se “Track 2” e por aí vai), o que indica que virão novas participações – e talvez novas músicas – no lançamento que chega ao público dia 11 de outubro. O detalhe é que no site dela há um produto anunciado para o dia 17 próximo (terça que vem) representado apenas por um cadeado. Ah, aí tem…
Confira o primeiro remix revelado abaixo: Continue
O Rock in Rio começa nessa sexta-feira e, apesar de empolgar milhões de pessoas no Brasil inteiro por motivos óbvio, ele é literalmente um evento em que só vou se me pagarem – como foi nas três edições que assisti (2001, 2015 e 2017), em que fui por estar trabalhando. O tamanho gigantesco – e todas as hipérboles que partem disso – nem é o único motivo de me cansar do festival sem nem precisar pisar o pé na cidade do rock, mas principalmente o fato do evento ser um shopping center a céu aberto em que marcas e vendedores tentam capturar a atenção de um público que, em sua imensa maioria, não frequenta shows regularmente, o que acaba associando o nome do acontecimento a um perrengue interminável. Mas isso não quer dizer que o Rock in Rio não traga bons shows, muito pelo contrário – e a partir disso fui chamado para votar nos melhores shows do festival em uma eleição feita pelo portal G1 entre 150 jornalistas que cobrem cultura para elencar os melhores shows da história do evento, que ano que vem completa 40 anos. Diferente de alguns votantes (que escolheram shows que assistiram pela TV ou pela internet), preferi citar apenas os shows em que estive presente e fiquei fez em saber que, dos cinco nomes que escolhi (Neil Young, Who, R.E.M., Iron Maiden e Beck) só um (o último) não entrou na lista final. Para acessar a relação dos 40 nomes escolhidos (todos com link para ver os vídeos online) siga este link.
Corre pro Porta Maldita pra assistir duas bandas novíssimas que descendem de duas diferentes escolas da história do rock. A banda Miragem, liderada pela impressionante Camilla Loureiro, trabalha na linha do rock clássico em canções ao mesmo tempo complexas e diretas, que ecoavam tando o pós-punk que aos poucos tornou-se parte do pop dos anos 80 quanto o rock progressivo e o hard rock dos anos 70, com direito a tempos quebrados e solos intrincados. E mesmo sendo amparada pelo ótimo instrumental formado pela guitarra de Rafael Quebrante, o baixo de Gustavo Henrique Esparça e a bateria de Lucas Soraes, Camilla é o foco central da apresentação, seja cantando suas composições extensas e melódicas, tocando (muito) guitarra ou teclados ou conectando-se com o público com simplicidade e simpatia. No meio do show ainda convidaram a amiga Mariana Nogueira, que acompanha o grupo cuidando da parte audiovisual da banda, para tocar teclado em uma das músicas. A banda acabou de gravar seu primeiro álbum e deve lançá-lo ainda este ano.
Quando Otto Dardenne surgiu em seguida para fazer o terceiro show da banda que leva seu nick de internet – Ottopapi -, ele abriu a porta para o outro lado da história do rock, cutucando a virulência e a energia que no fim descambou no punk rock mas sem perder o senso pop de canções que grudam na cabeça à primeira audição, soando como se os Modern Lovers do Jonathan Richman tivessem o elemento de periculosidade do Velvet Underground, mas sem precisar levar-se a sério. Acompanhado de Thales Castanheira e Vitor Wutzki nas guitarras, Bianca Godoi no baixo, Danilo Sansão nos teclados e efeitos e Gael Sonkin na bateria, o capo da gravadora Seloki não tocou nenhum instrumento e permitiu-se estar livre no palco, assumindo um ar de Iggy Pop da turma do fundão, tocando o terror sem necessariamente causar pânico – e inevitavelmente se jogando no meio do público que enchia o Porta Maldita. Diversão garantida.
#miragem #ottopapi #portamaldita #trabalhosujo2024shows 200 e 201
Bem bonito o show de lançamento do disco de estreia do Varanda, Beirada, que aconteceu nesta quinta-feira no auditório do Sesc Vila Mariana. O grupo de Juiz de Fora optou por apresentar o disco na íntegra, com poucas intervenções entre as músicas, para reforçar a unidade narrativa do disco recém-lançado e o fato de mostrá-lo para um público que assistia sentado à banda, com todos os olhos vidrados no palco, trouxe uma inevitável nervosismo no início da noite, que foi sendo vencido à medida em que o show discorria. Normal, afinal a banda saltou de apresentações em pequenas casas de show para um espetáculo quase teatral, em que o humor e a informalidade que normalmente atravessam os shows do grupo, o que acabou mexendo na intensidade das primeiras músicas, mas sem deixar que elas perdessem sua beleza natural. A química entre os quatro aos poucos foi falando mais alto e logo eles superaram essa instabilidade inicial e é bonito ver como, mesmo sem precisar trocar olhares, o baixo melódico de Augusto Vargas, a guitarra indie e noise de Mario Lorenzi e a bateria precisa de Bernardo Mehry (contando com a presença do quinto elemento Fiôra nos teclados e violões) tecem a cama perfeita para que a vocalista e estrela da banda, a maravilhosa Amélia do Carmo soltasse sua voz e deixasse sua alma levitar ao mesmo tempo – hipnotizando o público como uma sacerdotisa. As participações especiais foram cruciais para essa escalada, primeiro quando convidaram Manu Julian, vocalista do Fernê e dos Pelados, para dividir “Cê Mexe Comigo” – que foi saudada por Amélia, ao final de sua vinda como “a voz de uma geração” – e depois quando Dinho Almeida subiu no palco para fazer não apenas a música que gravou no disco do grupo, “Desce Já”, como a seguinte “Relâmpagos”, proporcionando o melhor momento da noite ao deixar a banda completamente à vontade. Logo depois encerraram o repertório do disco, mas continuaram com um longo bis que reuniu as faixas que ficaram de fora no álbum – e aí a noite já estava ganha. Lavaram a alma do público e a deles mesmos, entregando uma apresentação intensa e elétrica, deixando aquele famoso gostinho de “quero mais”.
#varanda #sescvilamariana #trabalhosujo2024shows 199
Os Beatles seguem drenando sua interminável fonte de música e mais uma vez anunciam mais uma leva de novos relançamentos – mas dessa vez o foco é nos completistas e nos saudosistas que viveram o auge da Beatlemania nos EUA, afinal os sete LPs que colocam de volta nas prateleiras não trazem nenhuma novidade em si. No ano em que a febre ao redor da banda a transformou em fenômeno global completa 60 anos, o grupo anuncia o relançamento dos sete discos que apresentaram a banda ao público norte-americano: Meet The Beatles!, The Beatles’ Second Album, A Hard Day’s Night (Original Motion Picture Sound Track), Something New, o duplo The Beatles’ Story, Beatles ’65 e The Early Beatles foram lançados entre janeiro de 1964 e março de 1965 rearranjando músicas dos primeiros discos da banda em diferentes lançamentos, misturando músicas de discos diferentes e compactos com títulos e capas que só foram lançados nos EUA. Os sete discos chegam num box que será lançado oficialmente no final de novembro (e já está em pré-venda), também serão vendidos separadamente (à exceção de Beatles’ Story) e trazem as reproduções das artes originais acompanhadas de textos escritos por Bruce Spizer, especialista norte-americano no grupo. Dá uma sacada abaixo no material… Continue
Inferninho Trabalho Sujo mais uma vez no Picles e desta vez reunimos duas bandas pra esquentar ainda mais essa sexta-feira 13, ambas pela primeira vez no palco da festa. Começamos com o hard blues com spoken word pós-punk do Orange Disaster e depois recebemos o rock clássico do Antiprisma mostrando as músicas que estarão em seu próximo disco, que está quase saindo do forno. Quem começa a noite e toca antes das bandas é a intrépida Lina Andreosi, que vai encarar sua primeira noite propriamente rock como DJ para depois passar a bola pra mim e pra Bamboloki, que incendiamos a madrugada com aquele toque freak chic que você bem conhece… Vamos?
Todo mundo falando da volta do Oasis tocando músicas velhas, mas a principal banda do britpop segue em atividade e começou a mostrar músicas novas nos shows mais recentes. Na semana passada, ao tocar em um festival em Helsinque, na Finlândia, o Pulp pela primeira vez ao vivo mostrou uma música que compôs com o ex-integrante Richard Hawley em 2022, que inclusive subiu no palco com a banda para tocar “A Sunset”. Foi só a primeira das novidades. Depois de mais de 12 anos sem tocar na América do Norte, o grupo começou sua turnê no continente e aos poucos vem mostrando mais músicas novas: no domingo, em Chicago, nos EUA, mostrou uma música chamada “Spike Island” e na terça, em Toronto, no Canadá, apresentou mais outra inédita, esta “My Sex”. Assista às novas músicas abaixo: Continue
O grupo escocês Franz Ferdinand acaba de anunciar o lançamento de seu sexto álbum para o início do ano que vem (e já o colocou em pré-venda). The Human Fear é o primeiro disco da banda em seis anos e provavelmente ouviremos algumas músicas deste novo disco quando o grupo passar pela América do Sul em novembro – eles tocam em São Paulo no dia 14. Alex Kapranos e companhia deram início aos trabalhos mostrando o primeiro single, “Audacious”, que abre o disco com os característicos riffs pontiagudos da banda, mas que também flerta com momentos tensos e apoteóticos – e o clipe segue essa mesma linha, como você pode ver abaixo, junto com a capa do novo disco e o nome das músicas. Continue