Eu no New York Times
O New York Times acaba de publicar uma lista de músicas para quem quer se aprofundar em jazz brasileiro e entre convidados ilustres como Marcos Valle, Joyce Moreno e Amaro Freitas figura este que vos escreve pinçando um dos meus momentos favoritos da história da música: o bis do show que Elis Regina fez no festival de Montreux, na Suíça, em 1979, ao lado de Hermeto Pascoal. Abaixo publico o texto original em português e a íntegra deste show que é um dos maiores acontecimentos da música do século passado e a lista do jornal nova-iorquino você lê neste link. Obrigado pelo convite senhor Marcus e valeu pela ponte senhor Jeff.
Elis Regina e Hermeto Pascoal, “Asa Branca”/“Corcovado”/”Garota de Ipanema”
Difícil escolher uma única música para representar o jazz brasileiro. É como tentar reduzir toda a produção artística de um país a alguns minutos de gravação. Então, cheguei a três músicas que, quando misturadas em um soberbo medley improvisado durante o bis de um show, acabam resumindo a riqueza do nosso jazz.
Estou me referindo aos 12 minutos finais da apresentação de Elis Regina no Festival de Jazz de Montreux em 1979. A maior voz da música brasileira — e uma das maiores do mundo — gravou um dos melhores discos ao vivo ao lado de uma banda incrível formada por Hélio Delmiro (guitarra), Luizão Maia (baixo), Paulinho Braga (bateria) e Chico Batera (percussão). Ao retornar ao palco após o término do show, ela ressurge ao lado do mago Hermeto Pascoal nos teclados e passeia por três símbolos da música brasileira: o hino nordestino “Asa Branca”, canção mais emblemática do nosso Robert Johnson, Luiz Gonzaga; e dois standards da bossa nova, “Corcovado” e a internacional “Garota de Ipanema”, em que os dois transitam livremente entre mudanças de andamento e movimentos que mostram a profundidade e a complexidade da alma musical brasileira. Um dos pontos altos da música do século 20, independentemente de fronteiras geográficas.
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