A turnê mundial de Dua Lipa entrou no continente europeu na semana passada mantendo o padrão que ela estabeleceu quando passou pela Oceania, e após apresentar sua banda em “These Walls”, vai para um palco menor no meio da plateia para cantar músicas de artistas de cada país em que ela passa. Foi assim quando esteve em Madri, quando saudou Enrique Iglesias cantando “Héro” e emocionou a todos pinçando “Me Gustas Tu” do repertório de Manu Chao. Quando passou pela França, nos dois shows que fez na cidade de Auvergne-Rhône-Alpes, perto de Lyon, cantou primeiro, em francês, a balada “Dernière Danse” da cantora Indila, e depois “Get Lucky” da dupla Daft Punk. E começou essa semana com dois shows em Hamburgo, o primeiro esta segunda, quando atreveu-se a cantar em alemão – e saiu-se bem! – o hit mundial da cantora new wave Nena, a imortal “99 Luftballons”. Ela faz outro show na cidade nessa terça… Será que ela vai tocar Kraftwerk?
Os Feelies, clássica banda da cena pós-punk nova-iorquina (embora seja de Nova Jérsei), só queriam oficializar sua versão para “Dancing Barefoot”, da Patti Smith, para as plataformas de streamings, mas uma conversa puxa a outra e o que seria apenas um single tornou-se uma compilaçao, chamada Rewind, que reúne diferentes versões que o grupo fez para as músicas que amam de alguns de seus artistas favoritos. Algumas versões são clássicos inclusive na história da banda, outras, como a versão para o hit de Patti Smith, nunca foram lançadas. O disco será lançado dia 20 de junho (e já está em pré-venda) e ainda conta com versões de músicas dos Beatles (“She Said She Said” e “Everybody’s Got Something to Hide Except Me and My Monkey”), dos Stones (“Paint It Black”), de Dylan (“Seven Days”), dos Doors (“Take It As It Comes”), Modern Lovers (“I Wanna Sleep in Your Arms”) e Neil Young (“Sedan Delivery” e “Barstool Blues”, esta última também recém-lançada. Ouça as duas primeiras músicas que eles soltaram abaixo:
Essa bola já estava cantada desde que Billie Eilish falou, antes do lançamento de seu disco mais recente, Hit Me Hard and Soft, que Radiohead tinha sido uma de suas grandes influências durante a gravação do álbum. E agora ela solta essa versão maravilhosa para “Creep” no meio de sua apresentação, neste domingo, em Amsterdã, na Holanda. Inacreditável, diz aí.
Fiona Apple tem andado muito agitada (pros seus padrões) nos últimos meses. Há cinco anos sem lançar nada novo (quando pegou todo mundo de surpresa com o arrebatador Fetch the Bolt Cutters em plena primeira temporada da pandemia), ela tem soltado sua voz em diferentes gravações de autores diferentes. Agora é a vez de ouvi-la cantando o mestre Neil Young, pérola registrada a partir da coletânea Heart Of Gold: The Songs Of Neil Young Volume I, da qual já havia comentado ao falar das participações de Courtney Barnett e Eddie Vedder, e que ainda traz as presenças de Sharon Van Etten, Doobie Brothers com Allison Russell, Lumineers, entre outros. O tributo foi lançado nessa sexta, trazendo a versão que Fiona fez para a imortal faixa que batiza a compilação, sem mexer em nada nos arranjos, apenas trazendo cordas, baixo e bateria para acompanhá-la na voz e piano, sempre impecáveis. Fiona vem se mexendo mais do que o comum há um ano, quando gravou uma música com os Iron & Wine e no final do ano passado participou do tributo ao baterista e compositor Don Heffington. Este ano participou de uma música do disco novo dos Waterboys e agora vem com essa linda versão para o bardo canadense. Sei que é cedo pra tentar se empolgar com um possível disco novo, mas os sinais estão aí… Fiona quer falar.
Com duas datas na Nova Zelândia, não era muito difícil prever que os dois shows que Dua Lipa faria naquele país trariam dois dos maiores hits neo-zelandeses de todos os tempos, embora poucas pessoas além dos fãs destes artistas saibam que estas músicas vieram lá das bandas da Oceania. Depois de cantar “Royals” da Lorde em seu primeiro show no arquipélago no meio do Pacífico na quarta passada, nessa sexta a cantora inglesa escolheu o irresistível hit oitentista “Don’t Dream is Over” do grupo Crowded House, com a presença do próprio líder da banda no palco, Neil Finn. E como sempre, ela fez bonito. Sua próxima parada acontece no fim de semana que vem, quando ela começa o braço europeu de sua turnê mundial, começando pela Espanha. Alguém chuta o que ela pode cantar?
Outra bola cantada desde o início: nesta quarta-feira Dua Lipa fez seu primeiro show da nova turnê na Nova Zelândia e na hora de cantar uma música de um artista local em seu show,.sacou nada mais nada menos que o cartão de visitas de Lorde, “Royals”, numa ótima versão. Nessa e-sexta tem mais um show dela naquele país e minha aposta vai pra “Don’t Dream is Over”, do Crowded House…
Outro dia uma amiga publicou lembranças ressuscitadas pela internet e perguntava-se sobre o paradeiro de Wander Wildner, bardo gaúcho que liderou os Replicantes na fase de ouro do rock gaúcho e cuja carreira solo foi um dos alicerces da formação da atual cena independente. Sem lançar nada de novo desde 2021, no entanto, o heroico punk brega volta à atividade em 2025 ao lançar um disco composto apenas por versões de músicas alheias. Diversões Iluminadas será lançado nesta quinta-feira e traz Wander cantando clássicos de artistas das mais diferentes vertentes, de Echo & The Bunnymen (“The Killing Moon”) a Caetano Veloso (“Um Índio”), passando por Daniel Johnston (“True Love Will Find You in the End”), Novos Baianos (“Dê um Rolê”), Iggy Pop (“Beside You”), Bob Dylan (“Simple Twist of Fate”), Foo Fighters (“Times Like These”), Buzzard Buzzard Buzzard (“Lennon Is My Jesus Christ”), Ednardo (a imortal “Terral”), Secos & Molhados (“Sangue Latino”) e Nei Lisboa (“Pra Viajar no Cosmos Não Precisa Gasolina”), além da faixa que abre o disco, sua versão para “Redemption Song”, que ele antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo. Ao ser perguntado sobre o processo de criação do novo trabalho, Wander responde sucintamente que “tudo que eu gostaria de dizer está no álbum e no livro”, este último batizado com o mesmo nome do disco e que conta a relação do artista com cada uma das canções – e está sendo lançado pela editora Yeah.
Um dos meus artistas novos favoritos, a dupla argentino-californiana Magdalena Bay, dona do excelente Imaginal Disk do ano passado, passeou pelos estúdios do programa Like a Version, da rádio australiana Triple J, que sempre convida artistas para tocar suas músicas e interpretar uma música alheia. E que beleza ver que o grupo não apenas escolheu David Bowie – artista que é claramente patrono de sua personalidade musical -, como pinçou um hit de sua fase oitentista, o que torna ainda mais próximo do som da banda. Dá uma sacada nessa versão de “Ashes to Ashes”… Se você gostou e não conhece a banda, faça-se esse favor:
Patti Smith foi a estrela da vigésima edição de um evento de caridade para arrecadar fundos para a educação nos EUA realizado nesta quarta-feira no Carnegie Hall de Nova York, mas nossa senhora punk foi o assunto e não a única intérprete – e assim o palco foi invadido por estrelas do naipe de Bruce Springsteen, Michael Stipe, Sharon Van Etten, Angel Olsen, Johnny Depp, Sean Penn, Jim Jarmusch, Courtney Barnett, entre outros medalhões pupilos de nossa deusa. A banda que acompanhou a maioria do grupo era formmada por Tony Shanahan (que toca na banda de Patti) e Charlie Sexton (que tocava com Dylan) nas guitarras, Flea (ele mesmo, do Red Hot) no baixo, Benmont Tench (dos Heartbreakers de Tom Petty) no piano e Steve Jordan (que hoje toca nas turnês dos Stones) na bateria. Vou soltando alguns vídeos no decorrer do dia e juntando todos aí embaixo – começando por essa versão que a Karen O fez pra “Gloria” seguido de Bruce Springsteen mandando “Because the Night”, Michael Stipe cantando “My Blakean Year” e “People Are Strange” dos Doors (banda crucial na formação de Patti), Angel Olsen cantando “Easter”, Sharon Van Etten cantando “Pissing in a River” e todo mundo junto (Bruce, Karen, Michael, Angel Olsen, Sharon Van Etten, Johnny Depp, Courtney Barnett, Matt Berringer do National, Alison Mosshart dos Kills, Karen O do Yeah Yeah Yeahs, Paul Banks do Interpol e outros convidados) cantando “People Have the Power” com nossa senhora. . Benzadeusa…