A banda canadense Tops lança o segundo single (“Witching Hour”) antes do lançamento de seu novo álbum, I Feel Alive, e confirma uma suspeita que a faixa-título, anunciada em janeiro, já havia cogitado: o grupo aos poucos está deixando a sonoridade retrô que o caracterizava para abraçar uma atmosfera mais moderna, embora não abandone seu senso melódico nem queira soar contemporâneo demais. Ou seja: mudando um pouco para não mudar muito – e assim os fãs suspiram aliviados.
I Feel Alive (veja o clipe da faixa-título abaixo) será lançado em abril e traz um close na vocalista Jane Penny na capa (acima) e a seguinte ordem de músicas.
“Direct Sunlight”
“I Feel Alive”
“Pirouette”
“Ballads & Sad Movies”
“Colder & Closer”
“Witching Hour”
“Take Down”
“Drowning In Paradise”
“OK Fine Whatever”
“Looking To Remember”
“Too Much”
“Delete Forever” é a quinta música do que Grimes do álbum Miss Anthropocene, que ela finalmente releva ao público no fim da semana que vem – mas essa mistura de balada ruim do Oasis e visual de anime de 20 anos atrás parece confirmar uma suspeita que seu disco será mais decepcionante que o disco novo da La Roux.
Tomara que não, mas ao que tudo indica…
A cantora baiana Luedji Luna e o rapper gaúcho Zudizilla transformam o namoro em música e lançam o primeiro single juntos. “Proveito” é mais um passo da cantora, que promete seu segundo disco para este ano, rumo ao hip hop, depois do EP de remixes que lançou ano passado com o DJ Nyack. É um futuro bem interessante para sua carreira…
A dupla sueca The Radio Dept. começa a mostrar trabalho em 2020 ao lançar a bucólica “The Absense of the Byrds”, primeira música inédita desde o lançamento do ótimo Running Out of Love, de 2016. Segundo a dupla, é o primeiro de alguns singles que irão lançar durante o ano, sem anunciar se eles irão virar um álbum ou não.
Depois de apresentar dois singles no ano passado, o guitarrista do Radiohead Ed O’Brien finalmente oficializa seu disco solo ao lançar mais uma canção, “Shangri-la”:
O disco se chamará Earth e será lançado em abril (e já está em pré-venda). O guitarrista inglês, que inspirou-se no tempo que morou no Brasil para compor o álbum, preferiu anunciá-lo apresentando um novo nome, chamando-se apenas de EOB. Ele contou com alguns convidados ilustres para o disco, como o baixisata do Radiohead Colin Greenwood, Laura Marling, Adrian Utley do Portishead, Glenn Kotche do Wilco e David Okumu do grupo The Invisible. No vídeo abaixo, ele fala mais sobre o processo que inspirou o álbum.
Além de “Shangri-la”, a música “Brasil”, que apresentou no fim do ano passado – com seu clipe de ficção científica – também está no disco, cuja capa e ordem das músicas pode ser vista abaixo. Ele tirou a primeira música que mostrou em público, a ambient “Santa Teresa”, da seleção final das músicas.
Tudo muito bonito, mas tudo meio sem gosto, sem alma, não acharam?
“Shangri-La”
“Brasil”
“Deep Days”
“Long Time Coming”
“Mass”
“Banksters”
“Sail On”
“Olympik”
“Cloak of the Night”
Sharon Van Etten lançou um discaço ano passado, mas isso não é motivo para descanso – e acaba de lançar a ótima “Beaten Down” como single, sem anunciar se pertence a um álbum futuro ou não.
Mas com uma música dessas, o importante é que ela siga compondo e gravando, independente de qual formato.
Depois de anos trabalhando como produtor eletrônico solitário, o ex-baixista do Defalla, foi aos poucos integrando amigos e conhecidos à execução de suas músicas, culminando com seu disco mais recente, Rocks (2013), quando montou diferentes grupos a partir de vários músicos no estúdio. Desta vez ele resolveu assumir de vez a natureza de banda no processo criativo e anuncia o lançamento de Mundo Novo, um disco em que também divide as canções com o mesmo grupo de músicos, batizado de Flu & Amigos: “O Marcelo Fornazier é meu parceiro musical desde o tempo do Defalla em 1992, nos entendemos bastante musicalmente. O Luciano Ganja entrou no século 21 pra turma e já é honorário. O mais novo é o Cláudio Calcanhoto que apesar de sermos amigos dos anos 80 nunca tinha chamado ele pra turma”, me explica o músico e produtor gaúcho por email, lançando o primeiro single deste disco, a singela e pesada “Porco”, em primeira mão no Trabalho Sujo. “Apesar de muita coisa ter feito sozinho rabiscando nuns brinquedinhos eletrônicos, o resultado final é criação de banda. Por isso resolvi virar banda e não mais artista solo. Eu mostro as bagunças e bagunçamos juntos pra dar um resultado final!”, ele continua.
https://www.youtube.com/watch?v=c639SaYoZnM&feature=youtu.be
Ele explica a escolha da música de apresentação do novo disco: “Desde que a gente começou a tocar eu via um grito de porco no riff de guitarra. Daí colocamos de brincadeira e foi ficando. Mas é aquele porco de quadrinhos, tipo o que o Max Sieber desenhou mesmo. Mundo divertido e infantil As crianças são muito espertas e sagazes”, ele explica, se referindo à capa do single, feita pelo filho do amigo Allan Sieber, Max Sieber.
“A sonoridade vai ser bastante variada”, ele prossegue, dizendo que ainda está fechando os arranjos finais. “Mas certo que vai ser mistura de locurinhas eletrônicas com riffs de guitarras, mais alguns rocks e umas de viola. A ideia de mundo novo é a de que tudo pode. Então vamos meter bronca nessa liberdade de criação!” O título do disco veio de uma região perto de Maquiné, no Rio Grande do Sul, onde ele passou um tempo longe da cidade. “O mato nos dá força e nos mostra que somos mais poderosos que a gente imagina”, ele se empolga, “É um olhar mais maluco sobre tudo, sem medos e receios desse momento fascista.”
Ele tem outros amigos em vista para agregar ao grupo inicial. “Além da banda base, por enquanto, chamei o amigo Diego Medina, que foi da banda Video Hits, baita artista. O Gabriel Guedes, do Pata de Elefante e Cumbia Negra, que fez o solo final do próximo single. Ainda conversando com o Paulo Beto pra desenvolver uma parceria que tinha começado com o Miranda e precisa de muitos ajustes”, ele explica, falando que está armando a vinda para São Paulo em um show na Casa do Mancha, em São Paulo. “Ao vivo sempre é bem rock. As firulas eletrônicas se transformam em riffs de guitarras e fica bem pesado!”, conclui.
O mestre haitiano-canadense Kaytranada lança a versão em vídeo para uma das melhores músicas de 2019, “10%”, sua parceria com a irresistível cantora colombiana Kali Uchis.
Pra sair deslizando na pista…
“Ao meu redor só se fala em fase de transição”, desabafa o cantor e compositor capixaba Juliano Gauche, quando lhe pergunto sobre a inspiração para seu novo trabalho, o EP Bombyx Mori, que ele antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo e que chega nessa sexta às plataformas digitais. “São tantas as mudanças necessárias que fica até difícil enumerar. acho que tudo que eu tenho lido, ouvido ou assistido, gira em torno disso. O Água Viva da Clarice Lispector foi uma rajada de inspiração; a literatura espírita, principalmente os livros do Chico Xavier, de onde tirei a expressão que dá título ao EP, foi outra rajada; a leveza de cantoras como a Alice Phoebe Lou, a YMA, a Angel Olsen, também. a inspiração, de uma forma geral, veio das necessidades de mudança mesmo”
Bombyx Mori é o nome científico do bicho da seda, escolhido a partir de uma aparição como metáfora na literatura espírita, que havia embarcado. “Mas não foi só o que ele significa que me prendeu. Foi como apareceu no momento da leitura, a grafia da palavra, bomb, byx, y x, muito moderna, minha cabeça pop também olha essas coisas. Eu ainda nem tinha escrito as músicas, mas quando olhei essas palavras eu disse, vai ser isso.”
Bombyx Mori começa com um trovão que é antônimo de toda sua leveza musical. Gravado ao lado dos compadres Kaneo Ramos (violão), Klaus Sena (synth) e Marcos Vitoriano (piano), ele soa acústico e delicado, radicalmente oposto do elétrico e pop (quase rock, como o trovão do início) Afastamento, o ótimo disco que lançou, em 2018. Mas sua matriz composicional segue firme o caminho que já vinha trilhando, afastando-se mais esteticamente do que em termos essenciais. Ele escolheu lançar as três canções juntas pois fazem parte de um mesmo arco artístico: “As três canções estão ali pra contar a mesma história, é bom que sejam ouvidas juntas, naquela ordem, elas pertencem ao mesmo corpo”, explica.
Mas a mudança também faz parte da essência deste trabalho. “Ela só me faz crescer, é assim que eu sinto. Num momento em que o conservadorismo quer voltar com tudo, o simples fato de abraçar as mudanças passa a ser instinto de sobrevivência. Me parece o único movimento possível. Do jeito que as coisas estão é que não dá mais. E é claro que vale repetir que para as coisas mudarem nós temos que mudar. Gradativamente eu fui parando de comer carne, cortando o álcool, dormindo mais cedo, tentando me manter o mais forte possível. Politicamente, me sinto numa guerra desde 2013. E desde lá venho trabalhando nisso”, disseca.
A mudança também foi geográfica, quando mudou-se de volta para o Espírito Santo depois de uma temporada em São Paulo. “Sair um pouco de São Paulo faz parte de todas essas transformações que estou falando”, explica. “A repetição é um inferno, estou tentando me movimentar o máximo que posso, internamente e geograficamente. Mas não consigo me ver desconectado de São Paulo mais não. Mesmo não estando ai, toda a vibração da cidade ainda está em mim. E ainda tenho feito tudo ai, como a gravação deste EP, por exemplo. Corro, corro, mas na hora H eu só penso em Sampa.”
O disco também não está só. “O EP é só mais um movimento. Tem dois livrinhos que escrevi enquanto compunha as músicas que também gostaria de lançar este ano”, antecipa.
Edgar canta “Carro de Boy” – inspirada em fatos reais – desde antes do lançamento de seu Ultrassom, mas a música, na edição final, ficou de fora do disco – mas não dos shows. Com a participação de Rico Dalasam, a faixa equilibrava protesto e festa fazendo todo mundo dançar com sangue nos olhos. Descrevendo uma situação infelizmente corriqueira no Brasil (o playboy que mata alguém pobre atropelado e sai ileso porque não é pobre), a faixa finalmente é lançada com um clipe contundente que joga na cara o ponto-chave deste questionamento: o genocídio negro contínuo no país.











