A força cultural de uma região

, por Alexandre Matias

Este fim de semana viu a segunda edição do espetáculo Conjunto Nordeste, idealizado pelo produtor Duda Vieira e pelo maestro Regis Damasceno, no Sesc Pinheiros. Se a primeira, realizada em junho do ano passado, priorizou novos nomes da música nordestina – reunindo um elenco estelar formado por Alessandra Leão, Almério, Flaira Ferro, Getúlio Abelha, Larissa Luz, Luiz Lins, Otto e Potyguara Bardo -, esta segunda preferiu voltar para as raízes e celebrar artistas da região que estão aí há tempos – mas sem tirar o pé da contemporaneidade. Este foi representado por Josyara, que abriu a noite com sua voz e violão estupendos encantando corações que estavam, em sua grande maioria, esperando os veteranos da noite. Depois foi a vez de Ednardo, aos poucos recuperando sua voz depois de um problema de saúde, mas com carisma intacto, fazendo todos cantar “Enquanto Engoma A Calça”, “Pavão Mysteriozo” e “Terral” (e não teve como não dar uma choradinha nessa hora), seguido de Hyldon, que brincou com o fato de ninguém lembrar que ele era baiano (“do polígono da maconha”, riu, reforçando que foi “parceiro do Tim Maia e vizinho de Raul Seixas, sou um sobrevivente!”), e emendar os hits “Dores do Mundo”, “Na Sombra de Uma Árvore” e inevitavelmente “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda”. A estrela da noite foi a gigante Anastácia, eterna alma gêmea de Dominguinhos, que lembrou, no show de domingo, que seu companheiro e parceiro morrera há exatos dez anos, e aproveitou a oportunidade para reforçar que discorda da lógica que brasileiro não tem memória, citando aquele espetáculo como prova disso, antes de passear pelos sucessos “Sanfona Sentida”, “Amor Que Não Presta Não Serve Pra Mim” (bolero eternizado por Angela Maria) e “Tenho Sede”. Os quatro foram acompanhados por uma banda dirigida por Régis, que alternava-se entre a guitarra e o violão de doze cordas, e ainda contava com Danilo Penteado (tocando sanfona, teclado, cavaquinho e violão), Charles Tixier (tocando percussão e sampler), Magno Vito (no contrabaixo) e Alana Ananias (na bateria). Os quatro voltaram tocando “Só Quero um Xodó” e mostrando que este formato tem vida longa. Que venha o próximo!

Assista abaixo:

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