Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Como foi o primeiro show da turnê do Weezer tocando seu primeiro disco trinta anos depois

Aconteceu neste sábado: o Weezer deu início às comemorações do aniversário de 30 anos de seu primeiro disco, mais conhecido como “o disco azul”, ao tocá-lo na íntegra para uma plateia de 500 pessoas, no Lodge Room, em Los Angeles. A turnê só começa no segundo semestre, mas deu pra sacar o quanto a banda está prontinha para rodá-lo por aí com os vídeos que apareceram online. O show teve abertura da banda Dogstar, que abriu para o Weezer em 1992 com o mesmo baixista da noite deste sábado, o ator Keanu Reeves, e o Weezer limitou-se a tocar apenas as dez músicas do disco, mudando apenas a ordem de duas músicas, ao colocar o hit “Say It Ain’t So” depois de “In the Garage”, mas isso deve ter sido feito pois o grupo chamou o ator norte-americano Dominic Fike, da série Euphoria, para dividir os vocais na antepenúltima música do show (Fike lançou um single no ano passado, “Think Fast“, em que justamente citava a música do Weezer). Mas eu queria mesmo é que eles tocassem o segundo disco, o Pinkerton, disparado a melhor coisa que o Rivers Cuomo já fez na vida. Mas é muito pouco provável que isso aconteça…

Assista a mais vídeos abaixo:  

“É preciso viver só pra gente se encontrar”

“Pra viver junto é preciso viver só, pra gente se encontrar”, incitando o público a cantar o refrão da inédita “Oração 18”, que faz parte de seu Prece, rosário em forma de disco que lança em abril, e que será lançada como single na semana que vem, a mineira Luiza Brina resumiu a força tanto de sua temporada no Centro da Terra, quando apresentou-se pela terceira vez dentro de Aprendendo a Nadar, quanto de seu novo momento artístico, quando aproximou-se de outros artistas para somar forças e criar algo coletivo, ciente das respectivas individualidades. Desta vez ela chamou o carioca Castello Branco e o alagoano Batataboy e os três criaram momentos únicos, Castelo sempre ao violão, Batataboy entre o piano e o contrabaixo e Luiza entre o violão e o contrabaixo, os três entrelaçando vocais sem pausas entre as canções desde o primeiro dedilhado que abriu o show, parando só na citada última música, que recebeu todos os aplausos da casa. “Pra andar junto é preciso poder andar só, pra gente caminhar”, caminha Luiza!

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Assista a um trecho aqui.

Elis Regina em 2024

Elis Regina teria completado 79 anos neste domingo caso estivesse viva e seu filho João Marcelo Bôscolli aproveitou a efeméride para relançar a clássica “Para Lennon e McCartney” em uma roupagem 2024, só que com sabor de 1976. A cantora gaúcha registrou a versão para o clássico de Milton Nascimento quando estava gravando o disco Falso Brilhante mas ficou de fora deste disco. A versão de Elis chegou ao público depois de sua morte, quando foi incluída na coletânea póstuma Luz das Estrelas, de 1984, e depois incluído na trilha sonora de uma novela. O contrato com a gravadora da época venceu há um ano e meio e quando João Marcello foi procurado pela rádio Nova Brasil para ver se não tinha nenhum material da Elis para aproveitar a comemoração do aniversário, lembrou-se de “Para Lennon e McCartney”, que foi recriada em estúdio este ano. O vocal isolado da cantora feito para um especial de TV foi gravado no estúdio Vice-Versa (na época de propriedade de Rogério Duprat e da dupla Sá & Guarabyra), que hoje é o estúdio da gravadora Trama, de João Marcello, e toda a parte instrumental foi recriada neste mesmo estúdio este ano, só que com instrumentos e equipamentos de gravação equivalentes ao período em que o vocal foi gravado, pelos músicos Marcelo Maita (teclados), Conrado Goys (guitarra), Robinho Tavares (baixo) e Daniel de Paula (bateria). A produção da nova versão ficou por conta de João Marcello e seu irmão Pedro Mariano supervisionou o tratamento que foi dado à voz de sua mãe. “Saber que Lô Borges ouviu muitas vezes a faixae e se emocionou foi um momento repleto de significados”, me contou João Marcello, “além de Elis ser muito amiga dos Borges todos, ter a aprovação do Lô como compositor de ‘Para Lennon e McCartney’ foi muito importante para todos nós.” A faixa por enquanto só pode ser ouvida exclusivamente nas rádios da rede Nova Brasil e chega às plataformas de streaming no próximo dia 25.

Ouça um trecho abaixo:  

Timothée Chalamet fazendo cosplay de Bob Dylan

Vazaram as primeiras fotos de Timothée Chalamet fantasiado de Bob Dylan para o próximo filme de James Mangold, A Complete Unknown, que conta a história da chegada de Dylan a Nova York até seu rompimento com a cena folk que o acolheu no primeiro momento. Nem duvido que o filme possa ser bom (Chalamet é bom ator, Mangold bom diretor e é bom que mais gente conheça a história de Dylan), mas quando Hollywood se esforça pra tornar um ator famoso, ela acaba o tornando insuportável pela insistência – e não custa lembrar que o próprio Chalamet irá cantar no filme. Como o projeto começou a ser filmado agora, o filme vai levar um tempinho pra chegar nos cinemas e ainda tem Elle Fanning vivendo o papel de Sylvie Russo, Monica Barbaro como Joan Baez, Nick Offerman vivendo Alan Lomax, Boyd Holbrook fazendo o papel de Johnny Cash e Edward Norton como Pete Seeger (consigo vê-lo com o machado cortando o cabo de energia no festival de Newport).

Mais fotos abaixo:  

A primeira vez no Porta Maldita

Finalmente visitei o Porta Maldita e que massa ver que o Arthur conseguiu fazer o que vinha vislumbrando há anos: um inferninho saudável, que apesar de ser uma casa de shows parece a casa de alguém que gosta de música, com gente espalhada pelos cômodos curtindo civilizadamente a noite. O cômodo dedicado aos shows, além de ar condicionado (crucial para esse verão) tem um dos melhores sons entre as casas pequenas – uma meta do dono, que é justamente uma pessoa do som – e o Porta Maldita ainda tem até com iluminador para os shows (sexta quem estava lá era o Rafa, do Applegate). E o bar é demais: os drinks são bem bons, o preço é justo, os copos são de vidro, tem água de graça e a equipe é simpática. Parabéns Arthur! Fora que ter só uma portinha do lado de fora tem um charme poético que torna a casa ainda mais mágica.

Assisti a mais um show do Garotas Suecas, que vinham de um extremo oposto desde seu último show, quando abriram para os Titãs no estádio do Palmeiras lotado, em dezembro. No primeiro show do ano, os heróis do indie paulistano – que completam 20 anos de banda neste 2024 – mostram como a experiência e a maturidade confluem para um show preciso e redondinho, com canções irresistíveis e causos infames entre elas – inclusive sobre quando o baterista Nico foi entrevistado sobre especulação imobiliária, história contada antes da ótima “Gentrificação”, do disco que lançaram ano passado.

Assista a um trecho aqui.

Depois foi a vez dos Fonsecas, que nunca tinha visto ao vivo, e a banda colide rock’n’roll com MPB a partir da sua divisão instrumental: o power trio formado por Caio Bortolozo (guitarra), Thales Tavares (bateria) e Valentim Frateschi (baixo) pegam pesado no rock, deixando o vocalista Felipe Távora livre para declamar seus poemas em forma de canção e se jogar no palco. O show ainda contou com a participação do vocalista da banda baiana Tangolo Mangos, Felipe Vaqueiro, e o vocalista da banda Naimaculada, Ricardo Paes, dividindo o palco com o grupo na última música, a faixa que batiza seu EP, “Fundo da Meia”. Foi a primeira vez que vi o grupo ao vivo e funcionou bem com a minha primeira vez no Porta Maldita.

Assista a um trecho aqui.

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Desaniversário | 16.3.2024

Tá com saudade daquela pistinha, né? Nesse sábado, reunimos a turma mais uma vez pra nossa acabação saudável de todo mês, quando eu, Clarice, Claudinho e Camila comemoramos mais um Desaniversário ali no Bubu. O clima é aquele que você já conhece: todo mundo dançando sorrindo músicas que vocês nem lembravam que gostavam. E dessa vez oficializamos a hora da música lenta, quem foi na última teve essa experiência. A festa segue aquele padrão adulto: começamos às 19h pra acabar um pouco depois da meia-noite e garantir o domingo de todos. O Bubu fica ali no Pacaembu, Praça Charles Miller s/n°, do lado de fora do estádio. Vem dançar com a gente!

#desaniversariobubu #desaniversario #noitestrabalhosujo

Encerrando a primeira fase do Inferninho Trabalho Sujo

O Inferninho Trabalho Sujo despediu-se das quintas-feiras na festa desta semana e daqui a no fim deste mês – justamente na sexta-feira da PAIXÃO – começamos a incendiar o hospício do Picles às sextas… e quem é esperto já sabe quem traremos pra brilhar no primeiro sextou oficial do nosso Inferninho, dia 29 de março. A despedida começou com a dupla Mundo Vídeo, que despejando guitarras desenfreadas sobre bases de dance music começou a esquentar a noite…

Assista a um trecho aqui.

Depois foi a vez do Varanda fazer a casa cair. Depois de seis meses de sua primeira apresentação em São Paulo (justamente neste mesmo Inferninho), a banda de Juiz de Fora participou do momento de encerramento desta primeira fase da festa mostrando uma evolução considerável desde o primeiro show no Picles, que já tinha sido foda. Mas depois de um semestre rodando bastante (o que a constância do palco não faz com um grupo de músicos, não é mesmo?), o quarteto voltou tinindo, tanto na coesão entre seus músicos, quanto em sua presença de palco. Todos os quatro – Augusto Vargas (baixo), Amélia do Carmo (vocal), Mario Lorenzi (guitarra) e Bernardo Mehry (batera).- conversam com o público, brincam entre si, contam piadas de tiozão sem ironia e cantam parte das músicas, mas o foco da atenção não tem como não ser a presença magnética de Amélia, que personifica a fusão de MPB com indie rock do grupo para muito além do que o os clichês que a miserável mistura parece inspirar, encarnando o espírito livre, o humor infame
e o alto astral que são a essência da banda. Os quatro ainda chamaram o homem Irmão Victor, o gaúcho Marco Benvegnú, para tocar sax (!) no hit “Gostei”, além de mostrar várias músicas inéditas. Depois, eu e a Fran apelamos e ganhamos a pista, como de praxe. Que noite!

Assista a um trecho aqui.

#inferninhotrabalhosujo #mundovideo #varanda # #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2024shows 37 e 38

Da bossa aos livros

A segunda aula de Bibliografia da Música Brasileira, curso que estou ministrando com a Pérola Mathias no Sesc Avenida, aconteceu nesta quinta-feira quando escolhemos a bossa nova como ponto de partida para falar sobre como nossa música é representada por nosso mercado editorial. Começamos pela onda do final dos anos 50 que tomou o mundo na década seguinte pois, desde sua incepção, ela inspirava não apenas a discussão sobre sua natureza como via isso traduzido em livros, a começar pelo clássico O Balanço da Bossa e Outras Bossas, de Augusto de Campos. Também mostramos como os livros acabaram, num segundo momento, colocando o baiano João Gilberto no centro deste período, algo que antes era difuso como um movimento que não era propriamente um movimento, mas que foi crucial para que pensássemos em nossa música de forma ensaística, jornalística, crítica, acadêmica e cronista, usando justamente os livros como ponto de partida. Esqueci de tirar foto, então fica aí a lombada de alguns livros que discutimos nesta aula. A próxima é sobre samba.

#bibliografiadamusicabrasileira #sescavenidapaulista

Agora com uma orquestra

Sábado passado o grupo The Smile tocou com a London Contemporary Orchestra, como principal atração da edição deste ano do BBC Radio 6 Music Festival, que aconteceu na 02 Victoria Warehouse, em Manchester, na Inglaterra. Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner tocaram a íntegra de seu recém-lançado Wall of Eyes ao lado de dezenas de músicos, que ainda os acompanhou por faixas do primeiro disco, como “Pana-Vision”, “Speech Bubbles”, Tiptoe”, “Waving a White Flag” e “Bending Hectic”. O trio depois voltou sozinho para tocar mais músicas do álbum de estreia e a íntegra do show pode ser vista no site da BBC 6, mas só se você estiver na Inglaterra (fuen). Pra quem não está lá resta contentar-se com trechos do show que foram publicados no canal da emissora no YouTube que você consegue assistir abaixo. Além do Smile, também apresentaram-se neste palco no festival, o grupo norte-americano Gossip, mostrando músicas novas pela primeira vez, e o grupo escocês Young Fathers, que inclusive apresenta-se no Brasil em maio na segunda edição do festival C6Fest:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Varanda e Mundo Vídeo

Atenção que este é o último Inferninho Trabalho Sujo às quintas-feiras. A partir da próxima edição, nossa acalorada celebração noturna encontra a hashtag sextou para embalar inícios de fins de semana maravilhosos, aguarde e confie. E para marcar esse novo momento, chamamos de volta os queridos Varanda, que fez seu primeiro show em São Paulo num Inferninho do ano passado e agora volta às vésperas de lançar seu primeiro álbum. Evolução, povo, evolução! E o grupo que abre a noite, o Mundo Vídeo, também não deixa barato. Depois da meia-noite você sabe que eu e Fran tomamos conta do fervo, que, como sempre, acontece no Picles (Rua Cardeal Arcoverde, 1838) a partir das 20h da noite (e quem entrar até às 21h não paga!). Bora que a noite vai ser boooooa…