Wayne Kramer (1948-2024)

, por Alexandre Matias

Outro que nos deixa neste início de fevereiro é o mestre Wayne Kramer, fundador do MC5 e um dos progenitores do punk rock. Com sua banda seminal, abriu um talho na cabeça do rock dos anos 80 ao colocar Detroit no mapa do rock norte-americano ao lado dos conterrâneos Stooges e Alice Cooper. Com o MC5, colocou o rock de garagem dos anos 60 numa britadeira elétrica e junto com o compadre Fred “Sonic” Smith (que anos mais tarde tornaria-se marido de Patti Smith) transformou a guitarra elétrica em um instrumento ao mesmo tempo barulhento e agressivo, como nenhum outro músico daquele período havia feito. E o rugido de suas guitarras ecoavam os gritos politizados incitados pelo empresário do grupo, o ativista John Sinclair. E por mais que o impacto musical de sua influência não tenha sido registrado com eficácia (à exceção do primeiro disco da banda, o imortal Kick Out the Jams, gravado ao vivo), sua influência atravessou os anos 70, mesmo que neste período tenha se afastado da música por conta das drogas e se envolvidos com pequenos delitos que o levaram à cadeia. Ao sair do xilindró, em 1979, mudou-se para Nova York e tocou com um sem número de bandas punk iniciantes, já na segunda leva do punk nova-iorquino. Sua carreira foi ressuscitada de fato nos anos 90, quando o líder do Bad Religion, Brett Gurewitz, o assinou em sua gravadora Epitaph. Aos poucos foi sendo reconhecidos por gerações ainda mais novas até que, no começo deste século, reativou o MC5 com uma série de colaborações ilustres, tocando inclusive no Brasil (com Mark Arm, do Mudhoney, nos vocais). Além da carreira musical também tinha um trabalho social sério voltado à reabilitação tanto de usuários de drogas quanto de ex-presidiários. Sua passagem foi anunciada nessa sexta-feira em suas mídias sociais, mas não há notícias sobre a causa da morte.

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