Unidos por João Gilberto

, por Alexandre Matias

Apesar de ambos serem octagenários, Jards Macalé e João Donato, que apresentaram-se nessa quinta-feira na Casa Natura Musical, são de gerações diferentes. Gravaram juntos há quase dois anos o sensacional Síntese do Lance completamente entrosados, mas os oito anos que os separam eram uma era geológica quando começaram na música – Jards ainda estava aprendendo a tocar seu violão quando Donato já se esbaldava na vida noturna carioca com seu piano. O ponto em comum, relembrado pelos dois, era João Gilberto: um dos primeiros ídolos de Jards tocava nos mesmos palcos que também se apresentava o tecladista acreano quando nem bossa nova existia e a aura do velho baiano pairava sobre a apresentação que fizeram juntos – num momento central do show, literalmente, quando Jards invocou o fantasma de João quando telefonou para seu velho número e recebeu uma canção postumamente (“Um Abraço do João”) seguido de uma canção de Donato que teve sua letra escrita por João (“Minha Saudade”). O entrosamento dos dois músicos era patente, mas a idade faz com que os dois não atravessem toda a apresentação juntos, fazendo sets solo ao lado dos músicos que os acompanhavam (o baixista Guto Wirtii, o baterista Renato Massa Calmon, o trumpetista José Arimatéia e o trombonista Marco Aurélio Tiquinho). Mas o bom mesmo era quando Jards e Donato estavam no palco ao mesmo tempo, celebrando uma música brasileira que ajudaram a transformar. Foi foda.

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