O dia em que virei uma hashtag
Estava no táxi e o telefone tocou. Era a Helô. “Matias…”, a hesitação em sua voz disparou minha paranóia, “…você tá sabendo…”, caiu o anúncio da capa, algum repórter passou mal, alguém foi contratado/demitido, “…do trabalhosujoday no Twitter?”, o Google comprou o Twitter, Steve Jobs morreu, mudou a escala do plantã… cuma? Como é que é?
Que porra é essa?
“Er… Criaram uma hashtag no Twitter chamada #trabalhosujoday…”, “mas já tá nos trending topics?” usei a megalomania para ganhar tempo, enquanto meu cérebro zapeava por rostos (representados por seus avatares do Twitter, pois) de amigos ou conhecidos que poderiam ter aprontado essa: Arnaldo, Mutlei, Bruno, Carbone, Cardoso, Fred, Flávia, Danilo, Cissa, Vlad, Mason, Kátia, Dahmer, Pablo, Maron, Serjão, Ronaldo, Terron, Rafa, Luciano, cada um deles com um motivo diferente para tirar onda com a minha cara ao inaugurar uma hashtag em minha homenagem. Pensei nos três ou quatro detratores (acreditem, eles existem – toda Corrida Maluca tem seu Dick Vigarista), mas eles não tem coragem de assumir uma dessas em público. Disse que veria que diabo era aquilo quando chegasse no jornal, para não estragar a surpresa, mas vim com a mesma velocidade que pensei nos nomes e nas possibilidades acima, fiquei juntando peças pra tentar descobrir qual seria a motivação da hashtag – links sobre Brasília? Sobre Beatles? Dia do mashup? Pra notícias sobre cultura digital? Notícias do Link? Links dOEsquema?
As duas últimas opções quase me fizeram chegar na resposta certa. Ao ver o tom dos tweets do #trabalhosujoday logo entendi a brincadeira – e primeiro falo de seu contexto antes de explicá-la.
Como já falei, opto por usar o Twitter como uma forma de disparar links. Os últimos posts da minha conta ficam exibidos na home do Sujo e eu sempre acho que fica estranho, pro leitor que cai na página principal, acompanhar um diálogo pela metade, com pessoas que eles não conhecem. Por isso, resolvi não participar ativamente do diálogo que é o Twitter. Acompanho quase que diariamente tudo que acontece na rede (até por conta do trabalho no Link), mas se alguém me pergunta algo, via Twitter, prefiro responder em mensagem privada (via DM, no linguajar tweet). Na verdade, transformei o meu Twitter numa versão para o antigo Leitura Aleatória, que eu publicava no site. A princípio, vocês chiaram, mas depois se acostumaram.
Por isso, em vez de ficar twittando tudo que eu vejo em tempo real, prefiro deixar tweets programados pra serem postados durante o dia. Ou eu fazia isso (tiro uma horinha pra programar os posts do dia inteiro) ou a regularidade dos tweets ia cair, por isso optei por agendá-los. Na prática também é uma hora pra eu ver o que está acontecendo agora, quais tweets e links que eu favoritei no dia anterior, ler o RSS (cada vez mais abandonado), visitar os sites de amigos.
Mas, na paralela, também venho atualizando as páginas do Sujo pré-OEsquema (antes o Sujo ficava hospedado no quase extinto Gardenal), atualizando tags, vendo se algum vídeo saiu do ar, ajeitando o tamanho de imagens pro novo template, separando as categorias. E nessa visita ao passado, deparo várias vezes com posts que não perderam a validade, que mesmo velhos, ainda valem a visita. Assim, estou retwittando posts velhos do Sujo há pelo menos duas semanas – teve muita gente que achou que o meu Twitter tinha dado pau, mas, não, é assim mesmo.
É aí que entra o tal #trabalhosujoday, que começou com estes três tweets do Chico Barney:
Maldito! Tive que mandar uma mensagem cumprimentando pela genialidade infame (que lhe é inerente, caso não o siga, faça isso), mas quando fui falar com ele, a palavra já estava solta no mundo:
Tati e Ana, repórteres da minha equipe no Link, twittaram não poder fazer piada com a hashtag (podiam, vocês sabem que eu sou um chefe bonzinho), Fred – que também tá aqui no Link – nem pestanejou e lembrou do velho 1999, enquanto o Marcio K foi achar um post do Lucio de 2001 em que ele anuncia o lançamento da Play (que eu editava na Conrad) e o show do Radiohead pro Brasil (em 2002!). Mas a hashtag foi passando entre muitos amigos, conhecidos e leitores, que aproveitavam a deixa para ressuscitar notícias do passado e anunciá-las como fatos recentes. E antes mesmo de eu falar com o Chico Barney (cê sabe que eu sempre demoro quando tou no táxi), ele foi se desculpando:
Como se precisasse. Depois, conversando com ele, ele disse que achou que eu havia ficado puto, como se um tipo de coisa dessas pudesse me deixar puto (aliás, é ruim me deixarem com raiva…), mas eu achei que nem precisava dessa explicação. Mas vou seguir postando link velho, pelo menos até chegar aos posts de setembro, mês que comecei isso (já tou postando os de março…) – embora eu ache que, antes disso, atinjo uma meta pessoal que estabeleci sobre isso.
Mas essa história toda veio mais uma vez martelar questionamentos sobre o que é novo e o que é velho em tempos de internet, sobre a perenidade e a a perecibilidade dos fatos, sobre o papel da notícia e do jornalismo (embora eu só assuma que o meu Twitter seja jornalismo se você aceitar o meu conceito sobre o tema – de que tudo que um jornalista faz, em relação à comunicação e informação, seja jornalismo). O Twitter, como sempre, é só a ponta do iceberg.
E pode ficar tranqüilo que ano que vem eu lembro: dia 24 de setembro de 2009 foi o #trabalhosujoday.
Como disse, vou tirar a semana que vem para pegar uma praia e curtir uma família e só volto à ativa dia 14. Mas não garanto uma desconexão completa. Deixei uns posts aí em aberto justamente para completá-los aos poucos, sem pressa, e ao mesmo tempo devo voltar segunda para atualizar a capa do Link (se eu fosse você, comprava o Estadão pelo menos segunda…). Não garanto Vida Fodona, Leitura Aleatória (esse eu garanti, tou atualizando com posts antigos, não sei se deu pra sacar), Cinco Vídeos, nada. Quem sabe eu pinte no apavoro para comentar algo de bobeira, mas só tem um jeito de saber: é esperar.
Hein? Franz? “Take Me Out”.
Suspendo as atividades por um curto período em El Lay. Volto a dar as caras semana que vem, tipo terça ou quarta. Hasta!
X – “Los Angeles”
Frank Black – “Los Angeles”
Weezer – “Beverly Hills”
Lost OU Battlestar Galactica comentados na semana que vem. Ou um, ou outro. Enquanto isso, a lista dos melhores de 2008 vem sendo terminada offline e estará no ar assim que tudo estiver pronto (mas você sabe como são minhas promessas…). Combinado? Enquanto isso não vem…
Enquanto Lost parece parar suas idas e vindas no tempo (bonzão o episódio passado, hein), o Trabalho Sujo estagnou na primeira semana de retorno. Faço o “meia” culpa – assumo as falhas e o atraso, mas desculpo-me com o acúmulo de novidades trazidas nestes primeiros dias (vem coisas boas por aí) e com o meu compromisso junto com as listas que comecei (tanto a de comentar episódios de Lost como a retrospectiva com os melhores do ano). O Sujo volta a funcionar lentamente e, no espírito do nosso seriado querido, alternando posts novos com posts atrasados, que aparecerão para trás deste aqui, usando um recurso do publicador que, até então, utilizo para programar posts que aparecem em momentos que estou distante do computador (você não acha que eu acordo às 4:20 toda madrugada para publicar o 4:20 na hora, né?). Para não dizer que não fiz nada, o Leitura Aleatória via Twitter seguiu funcionando normalmente, e a partir de agora passo a usar também um recurso semelhante aplicado ao sistema de microblogs, que permite agendar links novos – estou programando um link novo para cada hora passada (menos fim de semana, você já sabe). Tudo há de voltar ao normal – quem mandou eu escrever sobre quatro episódios de Lost, gravar outros três MP3 do Comentando Lost, dois Vida Fodona e escrever sobre os melhores discos do ano fora da ordem fui eu mesmo – não foi por acaso que essa foi a semana do facepalm (e a foto que ilustra o post foi tirada pela Lia Rangel quando fui conversar com o Kid Vinil na rádio Cultura – foto que a Talita usou para ilustrar a curta entrevista que fez comigo).
Depois de duas semanas na América do Norte e de mais uma semana de arrumação de coisas (reforma, mudança…) na América do Sul, volto à rotina do Trabalho Sujo. Deu pra sacar um tanto de Canadá (meu irmão do meio foi praquelas bandas e eu fui conferir ao vivo o estilo de vida québécoise do broder) e me overdosar de Nova York, driblando por alguns centímetros a tal gripe suína, que não havia chegado sequer à TV quando estive por lá (os dois assuntos que mais concorriam pela atenção do público era a feiosa Susan Boyle e o “assassino da Craigslist”). Na São Paulo do mundo, tive que fazer a peregrinação entre duas esquinas que são tão importantes na minha formação quanto as esquinas que emolduram a capa de Abbey Road: a do café do Seinfeld no Upper West Side (vizinhança pacata, com vendedores de vinil na rua e caminhões de mudança circulando em marcha lenta) e a da capa do Paul’s Boutique no Lower East Side (maior movimentação, perto do Soho e cheio de barzinhos ao redor). Em Gotham City, circulei basicamente por Manhattan e por alguns templos (cada vez mais encolhidos) do consumo mundial – “buy American” foi um dos tons da viagem, temperada pela total avacalhação da paranóia com a crise, que é uma espécie de tema de 2009 (as revistas anunciavam “dicas para sobreviver à crise”, os restaurantes de esquina anunciavam “especiais da crise”). No decorrer da semana, devo esmiuçar algumas coisas sobre a viagem, acelerar nos melhores de 2008, retomar as velhas seções, comentar os episódios de Lost quando estive fora e eventuais notícias que virão pelo caminho. A previsão é de sol e dia claro nesse meu primeiro dia como editor do Link (rolou uma promoção inesperada antes das férias – e as novidades decorrente disso virão logo), depois que a minha virada cultural aconteceu desencaixotando livros e discos na véspera do meu time ter ganho o campeonato com o Gordo decadente.
2009 tá lindo – e a previsão é que vai melhorar.
Ouieah: férias
É isso, vamos encerrando assim as atividades do Trabalho Sujo pelas próximas três semanas porque emendei minhas férias com a semana santa com o dia do trabalho e aproveito de novo para dar um pulo do outro lado do Equador, desta vez do lado de cá do Atlântico e, na medida do possível, me desconectar geral. A semana já vinha devagar, tentei dar um gás em uma série de coisas (o Cinco Vídeos para o Meio da Semana tá parado há duas semanas, o On The Run – o novo Mixtape de Sábado – não sai há três domingos, tou com um monte de discos pra comentar, fora o melhores de 2008), mas não rolou justamente pelos preparativos da viagem misturados com uma “pequena” mudança no emprego (reparem no que vai acontecer no Link quando eu reassumir o caderno em maio) e a inevitável preguiça de fazer tudo misturada com a vontade de dormir tudo que não foi possível dormir até agora que a sensação de férias sempre trazem.
A retrospectiva do ano passado foi atropelada pela seqüência de jabs de excelência pop – a fileira formada pela quinta temporada de Lost, pelo ressurgimento da experiência Watchmen via cinema e a vinda do Radiohead ao Brasil e vem se arrastando por mais tempo que eu havia programado, mas, putamerda, só sou um sujeito, não tenho todo o tempo do mundo dedicado ao Trabalho Sujo (infelizmente e felizmente, resta dizer) e ainda não desenvolvi habilidades como escrever enquanto durmo (quem sabe, um dia…). Só sei que irei terminar essa contagem regressiva até o meio do ano – os de 2007 foram encerrados mais rapidamente porque só me concentrei nas 50 melhores músicas e desovei todos os discos num post só, sem comentários. Não sei se essa vai ser a última vez em que revejo o ano anterior resenhando seus melhores discos (prática que exerço desde 1995), porque o conceito de disco tem mudado drasticamente – por outro lado, à medida em que comecei a procurar os melhores de 2008 para além dos que eu já tinha ouvido, descobri pelo menos 100 ótimos discos, mas lançados em nichos, para grupos pequenos, sem alarde, via lei de incentivo ou na marra, que passam longe da mesmice que entope as últimas lojas de CD da história. Ou seja: ainda existem bons discos sendo feitos – a questão é saber se eles são assimilados por um novo público, acostumado a abraçar ou largar artistas novos na base do que pode ouvir no shuffle de 8 gigas de MP3.
Sobre os melhores do ano passado, eles ainda são território para que eu fale de filmes e shows que não tive tempo ainda de abordar por aqui (e, sim, óbvio que os de João Gilberto e de Bob Dylan estão entre os listados – ambos com texto escrito além da metade). Por isso, segurem a onda – eles virão, devagar, mas virão.
O mesmo diz respeito aos discos novos. Uma pilha de lançamentos se acumula entre meus ouvidos, mas ainda não tive tempo de deixar o pensar o que achei deles passear dos dedos para o teclado. Falarei de todos – nem vou listá-los, para não me comprometer depois.
O Vida Fodona também passa por um momento de finalização, pois irei terminar de subir todos os arquivos do programa, inclusive seu inacreditável mês de fundação, quando, por duas semanas em Recife, eu e Fred Leal tocamos com um iPobre de fundo de quintal e conexões de lan house e salas de imprensa, os espetaculares Podflash Pernambuco, devidamente recuperados. A Gente Bonita também terá novidades, esperem e verão…
Mas por enquanto é só, pessoal. Vou ali dar uma bodeada em outro idioma e passear por ruas que não conheço, ver um show quem sabe dois, espairecer, me espreguiçar e curtir a vida ao ar livre do lado da melhor namorada do mundo, quase totalmente offline. Quem sabe apareço duma hora pra outra aqui só pra dar um alou, mas não contem com novidades até depois do dia do trabalho. Só volto a pegar no batente na segunda-feira, dia 4.
Por enquanto, fiquem com meus compadres, Mini, Bruno e Arnaldo, e vejam se descobrem a novidade que estamos preparando para este semestre… E se der saudade, fuce pelas tags – entre num post qualquer, clica nas tags ou nas categorias lá em cima ou na aba de arquivo com os meses anteriores, tem muita coisa que eu publiquei que não perdeu a validade (diria que 80% do site). Os posts são tagueados desde agosto do ano passado e quero ver se resolvo as tags do arquivo anterior a isso também até o fim de 2009.
Mas já tou falando em trabalho de novo. Vai pintar uma ou outra coisa nova pra baixo desse post (coisas que tou terminando de escrever/fazer), mas acostume-se com isso: sem Uma Sexta-Feira Um Mashup, Gente Bonita, Link editado por mim, Comentando Lost, Segunda Of Montreal e Vida Fodona por três semanas. Passa rápido pra você que trabalha, mas não pra mim, que estou sem fazer nada.
E antes de sair ainda twitto umas good vibes na sexta e deixo uma coisinha de presente….
Falou.
Era, não mais. Mas Caprica aos poucos toma forma…
E, sim, eu sei que tou devendo o comentário sobre o final da série, que aconteceu exatamente no mesmo dia do show do Radiohead no Rio – aí, já viu… Mas além do final de BSG, devo retomar a retrospectiva de vez na semana que vem, que é minha última semana antes das minhas férias, quando fico três semanas fora (será que vocês agüentam?). Se eu vou conseguir zerar a contagem regressiva de 2008 eu não sei, mas vou dedicar a semana a isso – além de comentar alguns discos que eu deixei de falar desde o início do ano, e, claro, comentar o próximo episódio de Lost.
Mas antes de sair de férias, tou preparando uma coisinnha pra deixar de presente pra vocês.
Mais uma vez nada de atualizações no fim de semana, prometo que compenso domingo que vem com três On the Run na seqüência.
Segurem a onda, vou levar um tempo para reorganizar o estrago feito por esse fim de semana Radiohead aqui no Trabalho Sujo – provavelmente vão aparecer uns posts aí de trás pra frente, falando de Battlestar Galactica (cujo final – ufa! – também foi no fim de semana passado), os 4:20 passados, o On the Run de domingo que não rolou, etc. E, claro, depois eu falo dos shows – embora já adianto que o show de São Paulo conseguiu superar o do Rio, com exceção do final caótico promovido pela desorganização do evento. Por enquanto, fiquem com uma que rolou no Rio de Janeiro e que não teve em São Paulo.
Com isso, mais um fim de semana parado: nem Palavras para o Domingo, nem On the Run, nem nenhuma notícia até a segunda-feira. E pode esperar que a resenha dos dois shows não vai sair logo, não. Tou às vésperas das minhas férias e tem um monte de coisa acontecendo no tal mundo offline que o ritmo tende a diminuir até abril – quando eu páro por um mês.
Isso também tem atrasado a retrospectiva de 2008 (ainda! :-/) e o comentário em cima de um monte de discos que saíram desde que Watchmen foi lançado. Tudo isso vai rolar, com tempo. Quem sabe, alguma coisa surge durante as férias (post programado existe pra isso, né), mas do mesmo jeito, não vou prometer nada.
Enfim, é o trabalho de um homem só, todos amigos e leitores contribuem de forma geral, mas a execução é feita só por mim. E como ainda não ganho dinheiro só pra isso, agüentem. Ou melhor, esperem.