Texto

Sense8

A série Sense8 conta a vida de oito pessoas espalhadas pelo mundo que começam a sentir uma estranha conexão entre si e começam a se encontrar sem sair de seus países originais. O seriado bancado pelo Netflix marca a primeira incursão dos irmãos Wachowski no formato TV e como seu guia eles tiveram o ídolo J. Michael Straczynski, criador de Babylon 5, como seu guia. Conversei com Straczynski em uma entrevista para o UOL: http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2015/05/07/irmaos-wachowski-e-criador-de-babylon-5-se-reunem-em-producao-do-netflix.htm

A era do streaming

azul-streaming

Escrevi sobre a atual fase do streaming em uma matéria para a Azul Magazine do mês passado, que colo a seguir:

A vez do streaming
Aplicativos tornam-se cada vez mais populares e querem mudar nossa relação com a forma de consumir música – mais uma vez

Em fevereiro, uma troca de cargos levantou uma sobrancelha do mercado de música global quando a Apple anunciou a contratação do DJ Zane Lowe – talvez o principal da rádio estatal britânica BBC – para integrar as fileiras da divisão Apple Radio. O serviço hoje funciona só nos Estados Unidos, mas a iniciativa pode ser mais um passo que a empresa criada por Steve Jobs esteja dando para entrar no universo do streaming.

Aqui, vale uma explicação sobre este novo mercado: trata-se de aplicativos e serviços, pagos ou não, que permitem escutar música a partir de diferentes aparelhos (principalmente smartphones e tablets, mas é possível acessar boa parte deles via web e até pelas smartTVs) e oferecem um leque cada vez mais amplo de artistas, discos e canções. É um setor ainda pequeno (agora que ultrapassou sua terceira dezena de milhões de assinantes no mundo todo), mas seu crescimento vem acontecendo a largos passos (em 2011 eram 8 milhões de assinantes) e a cada ano novos ouvintes aderem ao formato que, para muitos, é um caminho sem volta.

Dá para entender. Afinal, com uma conta em um destes serviços é possível ouvir música sem se preocupar em fazer downloads, ripar CDs ou conectar o celular ao computador. Mesmo o ato de comprar faixa por faixa (ou disco a disco) parece estar com os dias contados, pois paga-se uma mensalidade para ter acesso a um número crescente de novas músicas – o catálogo dos principais aplicativos é parecido e já ultrapassou os 30 milhões de canções disponíveis.

E, como já era de se esperar, o Brasil é um dos principais alvos desses serviços inovadores. “O País é considerado um mercado novo e como tudo que está no inicio apresenta grandes oportunidades e obstáculos”, explica Roger Machado, diretor do Napster para a América Latina. “Talvez o maior desafio agora seja explicar quais os benefícios do streaming e os diferenciais entre os players.”

Os serviços em atuação por aqui já são cinco: Deezer, Napster, Rdio, Spotify e Google Play. “O mercado no Brasil é muito promissor, porque essa tecnologia começou a provar o seu impacto na pirataria”, afirma Mathieu Le Roux, diretor do Deezer para a América Latina. “Segundo um estudo encomendado pela Deezer e outras empresas do setor, quem usa serviços de streaming baixa 31% a menos de música ilegal.”

Em contrapartida, há que vencer a cultura de resistência ao pagamento pelas canções. “Uma das tarefas do setor é catequizar os usuários, explicar a cadeia musical e ressaltar a importância de colaborar com o artista”, prossegue Mathieu.

Os players ainda não brigam entre si justamente por entender que o momento é de trazer novos ouvintes em vez de disputar os já existentes. Por isso a contratação de Zane Lowe pela Apple parece indicar que a empresa vá querer sua fatia deste bolo. No ano passado, ela comprou a fábrica de fones de ouvido Beats e a aquisição incluía seu próprio serviço de streaming. Se somarmos as duas apostas, tudo indica que a Apple pode também pular no mercado de streaming em 2015, fazendo valer sua história na difusão da música digital neste século.

Com que aplicativo eu vou?

As opções disponíveis no Brasil têm preços (em torno de R$15) e catálogos (cerca de 30 milhões de músicas) parecidos. Seus diferenciais são as parcerias, a interface e as promoções:

Spotify
O serviço sueco é o mais popular atualmente. Sua versão premium – pode ser tsatada por 30 dias gratuitamente – permite escutar músicas sem estar conectado à internet e pular os anúncios onipresentes no formato grátis.

Deezer
A opção gratuita do aplicativo francês permite pular apenas um número específico de músicas por dia. Realiza as Deezer Sessions, convidando artistas para fazer shows exclusivos, cujos repertórios ficam disponíveis posteriormente. Recentemente anunciou parceria com a operadora Tim, que pagam menos para ter acesso ao conteúdo do aplicativo.

Rdio
Com uma interface clean e com a possibilidade de funcionar como rede social (há como ver listas de músicas de amigos), o aplicativo pode ser experimentado durante seis meses gratuitamente. Depois disso só é possível utilizá-lo pagando a assinatura.

Napster
Sua versão atual é o oposto do software homônimo, criado em 1999 e que deu origem à pirata digital, já que é o único serviço que não oferece versão grátis. A marca foi comprada pela norte-americana Rhapsody e traz playlists escolhidas por artistas e celebridades, além de ter fechado parcerias com a operadora Vivo e o portal Terra (cujos assinantes pagam menos para ter acesso ao conteúdo do aplicativo).

Google Play
É o caçula dos players e ainda está engatinhando – mesmo com a força do Google por trás, é o que está presente em menos dispositivos, apenas para iOS, Android e web. Foi lançado no fim de 2014 e deve mostrar suas armas este ano, especialmente quando conectar-se a outro serviço pago de música do Google, o YouTube Music Key.

mac-ccsp

Quando o Superchunk veio para o Brasil pela primeira vez, em 1998, eles eram apenas uma das inúmeras bandas que tocavam no Lado B da MTV com “super” no começo do nome. Já era uma banda importante de rock alternativo, mas foi a partir do fim dos anos 90 que começaram a botar suas garras de fora e se estabelecer como uma instituição da cena independente americana – principalmente a partir da maturidade da gravadora Merge, fundada pelo casal central da banda, Mac McCaughan e Laura Ballance. 1998 foi o ano em que bandas de amigos do casal que lançavam discos pela gravadora saíram dos rascunhos e começaram a forjar suas obras-primas, notadamente In the Aeroplane Over the Sea do Neutral Milk Hotel, o triplo 69 Love Songs do Magnetic Fields e o genial Nixon do Lambchop, além dos discos da fase final do Superchunk (Indoor Living e Come Pick Me Up, discos mais sólidos que os nostálgicos primeiros passos da banda, como No Pocket for Kitty, Foolish ou Here’s Where the Strings Come In).

E o grupo veio ao Brasil num dos primeiros impulsos de uma incipiente cena independente brasileira de se conectar com o resto do mundo. O Brasil já tinha assistido a shows do Echo & the Bunnymen, Cure, Nick Cave e Jesus & Mary Chain antes dos anos 90, mas foram esforços heróicos e não se conectavam com a produção indie brasileira, que ainda rastejava em fitas demo e discos lançados por lojas da Galeria do Rock de São Paulo. O primeiro elo do indie brasileiro com o resto do mundo acontece ao mesmo tempo em que nossa cena independente finalmente se percebe como uma só: o festival BHRIF de Belo Horizonte trazia o Fugazi para o Brasil na mesma época em que o Juntatribo de Campinas reunia guitar bands, eletrônicos, rappers, hardcore, grupos de funk metal, os Raimundos, Little Quail e o Planet Hemp tocando para um mesmo público. O próximo passo da dupla que trouxe o Fugazi pela primeira vez ao Brasil – Marcos Boffa e Jefferson Sousa agora respondiam como Motor Music, selo e produtora sediado em uma loja de discos na capital mineira – foi começar uma série de turnês internacionais de bandas independentes estrangeiras pelo Brasil, como Man or Astroman?, Seaweed, Yo La Tengo, Stereolab, entre outros. Essa porta foi aberta com o Superchunk, quando, num tempo em que não havia banda larga, YouTube ou redes sociais, o grupo desbravou o interior do Brasil tocando em lugares que mal cabiam duzentas pessoas.

A quarta vinda de Mac para o Brasil parece coroar estes dois momentos de evolução da cultura indie: a institucionalização da Merge e a maturidade da cena nacional. De lá pra cá o Superchunk acabou e voltou, Mac e Laura deixaram de ser um casal mas continuaram com a Merge ,que lançou o Arcade Fire, o Caribou, o She & Him e o Spoon, ganhando importância no jogo fonográfico ao emplacar artistas no topo dos mais vendidos, além de uma série de bandas menores e trabalhos solo de indies veteranos. A cena brasileira saiu da mendigagem por sobras de grandes festivais para um circuito de festivais indies que funciona em todo o Brasil, da virtual ausência de casas de shows especializadas para uma cena em que turnês por casas do tipo em diferentes capitais torna-se possível, de heróicos donos de selo de fitas cassete para empreendedores com visão para apostar em artistas de pequeno e médio porte, de um público formado literalmente pelos próprios artistas e amigos para um mercado de nicho em ascensão. O Brasil da PELVs é completamente diferente do Brasil d’O Terno.

O momento diferente destas duas cenas indies causou um choque conceitual quando o indie anglófono tornou-se o sabor da vez do mercado fonográfico internacional no começo da década passada, graças à geração de bandas entre os Strokes, os White Stripes e o Franz Ferdinand. Um telefone sem fio que transformou definitivamente a nomenclatura indie – que vinha dos meios de produção destas cenas regionais – em convenção estética, relacionando-se mais a roupas, penteados e hábitos de comportamento do que a um modus operandi. Logo a produção da cena independente misturava-se com uma tendência quase de moda e que seria inevitável no momento em que o independente se profissionalizasse globalmente. Mas a confusão que isso causou no imaginário brasileiro fez muita gente apostar que indie era um modismo passageiro. Felizmente essa confusão está sendo desfeita e aos poucos voltamos a falar sobre não apenas sobre um mercado, mas de uma atmosfera, uma presença física, que permite que artistas se expressem como querem – e não como o público-alvo deveria consumir.

Por isso havia um gosto especial ao assistir a um solitário Mac no meio do teatro de arena de dois andares no meio do Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo, em um evento que consolida a gravadora e produtora Balaclava, de Fernando Dotta e Rafael Farah, o núcleo de produção paulistano que lançou discos dos Soundscapes, Séculos Apaixonados, Bonifrate, Holger e Quarto Negro (entre outros) e realizou shows do Mac de Marco e do Sebadoh no Brasil.

Sozinho com sua guitarra ele cantava músicas do Superchunk, do Portastic e de seu primeiro disco solo como se elas tivessem sido compostas para aquele momento, como se não precisassem de baixo e bateria para decolar como canções. A vozinha apertada de Mac misturava-se com uma guitarra seca com poucos pedais e funcionava quase como uma conversa com o público que estava a apenas poucos metros dele. Era um diálogo que vez por outra caía para a nostalgia quando a audiência suspirava feliz os contracantos dos refrões de “Digging for Something” e “Slack Motherfucker”.

Dentro de um festival que ainda contou com as bandas brasileiras Soundscapes e Shed e o grupo norte-americano Shivas (pronto, quatro bandas, duas gringas e duas brasileiras durante dois dias e temos um festival – pra que dezenas de bandas em quatro ou cinco palcos?), a apresentação de Mac funcionou como uma aula magna de indie rock. Não que ele tenha precisado explicar nada, afinal estava tudo nas entrelinhas de suas canções (ou explícita no refrão de “Only Do” – “não há tentar, só fazer”), embora tenha sido um prazer ouvi-lo dizer que iria tocar da Casa do Mancha (perdi essa, infelizmente). É como se estivéssemos retomando aquela discussão que começou na primeira turnê brasileira do Superchunk mas que perdeu-se entre hypes e divergências estéticas vazias.

Filmei o show todo abaixo:

noel

O ex-líder do Oasis mandou a real sobre o Tidal de Jay Z em uma entrevista recente – e eu comentei sua declaração lá no meu blog do UOL http://matias.blogosfera.uol.com.br/2015/05/06/noel-gallagher-sobre-o-tidal-eles-querem-o-nobel-da-paz-facam-musica/

Tulipa na pista

tulipa-2015-folha

Conversei com a Tulipa sobre seu terceiro disco, Dancê (que pode ser ouvido inteiro aqui), para uma matéria na Ilustrada de hoje.

Novo álbum de Tulipa Ruiz vai da disco dos 70 ao pop dos 80
João Donato e Lanny Gordin estão em Dancê, trabalho que a cantora lança hoje

Um disco dançante, com capa feita pelo lendário quadrinista americano Robert Crumb. Esses eram os horizontes que Tulipa Ruiz colocou para seu terceiro disco, “Dancê”, quando recebeu o sinal verde para começá-lo, no fim de 2014.

Enfiou-se no carro de Gustavo Ruiz, seu irmão, guitarrista, produtor e principal parceiro. Juntos, os dois desceram para a praia de Camburi, no litoral paulista. Foi o começo de um retiro musical que da praia foi para a cidade mineira de São Lourenço.

Passaram 15 dias enfurnados em pré-gravações no estúdio caseiro de Gustavo. Depois se encontraram com a banda num sítio perto de Campinas. Gravaram o disco no estúdio da Red Bull, no centro de São Paulo, onde a cantora recebeu a reportagem – “Dancê” será lançado nesta terça (5), em formatos físico e digital.

“Eu tinha duas certezas”, diz Tulipa. “Queria um disco dançante, mas no sentido que você quisesse celebrá-lo com o corpo, não necessariamente um disco de dance music. Sabe quando o impulso vem primeiro aqui antes de ir pra cá?”, aponta para o quadril e depois para a cabeça.

“E tinha entrado numa viagem de que a capa seria do Crumb”, gargalha, ao que o irmão sacode a cabeça, olhando pra baixo: “Pouco pretensiosa.” Ela própria ri da ingenuidade, lembrando da pergunta que fez à época: “‘Gente, e se a capa for do Crumb?”

“Cheguei falando que ele ia adorar, porque sou um desenho dele e não ia nem cobrar!” Ela conta que achou a assessora do pai da HQ underground. “E ela disse: ‘Linda, o Crumb não trabalha mais'”.

POP NA VEIA
Mas se a segunda certeza não se confirmou, a primeira é a espinha dorsal sinuosa de “Dancê”, que escorrega pela pista, puxando a transição da disco music dos anos 1970 rumo ao pop oitentista.

As referências vão do “Realce” de Gilberto Gil aos primeiros Marina Lima e Ney Matogrosso, passando por Rita Lee na fase Lincoln Olivetti, a banda Vitória Régia de Tim Maia, o “Lindo Lago do Amor” de Gonzaguinha, o “Cartaz” de Fagner e o Caetano new wave.

O disco é também o cavalo de Troia de um novo cânone musical brasileiro. À primeira audição, parece superfluamente pop, lembrando hits de mais de 30 anos atrás.

Mas “Tafetá” tem a ilustre presença de João Donato. “Expirou” convoca o “guitar hero” Lanny Gordin. O mestre da guitarrada Manoel Cordeiro e seu filho Felipe surgem em “Virou”. Contemporâneos como o trio Metá Metá (na densa “Algo Maior”) e o produtor Kassin (na fútil “Físico”, inspirada em Olivia Newton-John) ajudam a engrossar um Olimpo do nosso pop atual.

O novo disco também é análogo à própria carreira de Tulipa, que surgiu quase tímida com o singelo “Efêmera” (2010) e começou a botar suas garras de fora no intenso “Tudo Tanto” (2012), lançado dois anos depois. “Dancê” parece botar o ponto final na primeira etapa de sua carreira.

Dancê
Artista Tulipa Ruiz
Lançamento Ponmello/ Natura Musical
Quanto R$ 29,90
Na Web www.tuliparuiz.com.br

COMPARTILHE

star_wars__han_solo

Escrevi sobre o Dia de Guerra nas Estrelas pra edição online Ilustrada de hoje, saca só:

Em 2015, fãs têm motivos de sobra para comemorar o ‘Star Wars Day’

Fãs da saga “Guerra nas Estrelas”, criada por George Lucas nos anos 70, estão com motivos de sobra para comemorar 2015. Afinal, neste ano eles estão vendo a materialização de algo que nem os mais entusiasmados podiam cogitar no início deste século: o episódio 7 da saga chega aos cinemas do mundo todo em dezembro deste ano.

As comemorações devem se concentrar nesta segunda-feira: afinal, em 4 de maio já é oficialmente comemorado o Star Wars Day —que, como acontece há alguns anos, também é festejado no Brasil.

A escolha da data vem de um infame trocadilho em inglês, misturando a pronúncia de “4 de maio” (“May the fourth”) com a bênção que os guerreiros sagrados da série de filmes dão uns aos outros, “que a Força esteja com você” (“may the Force be with you”).

As origens da brincadeira linguística remetem à chegada de Margareth Thatcher ao poder em 1979. O partido conservador inglês saudou a Dama de Ferro com um anúncio no jornal “London Evening News” no dia de sua posse como primeira ministra inglesa, em 4 de maio. Eles publicaram uma saudação que fazia alusão ao filme de maior sucesso no final daquela década: “May the fourth be with you, Maggie”.

DISNEY + LUCASFILM
Apesar do trocadilho existir há tempos, só a partir desta década que o 4 de maio começou a ser comemorado efetivamente. A princípio, em um encontro realizado no Canadá em 2011, que tinha exibição dos filmes, concurso de cosplay, jogos de adivinhação e premiações para as melhores paródias e homenagens feitas na internet.

O evento foi um sucesso e passou a se repetir ano a ano. A data ganhou Força —com o perdão do trocadilho— após a Disney ter comprado a Lucasfilm, produtora da saga, em 2012. Assim, a partir de 4 de maio de 2013 o Dia de Guerra nas Estrelas deixou de ser uma comemoração feita somente por fãs para ganhar chancela oficial da indústria do entretenimento.

A incorporação da Lucasfilm à Disney também impulsionou esta nova fase da franquia ao ressuscitar algo que era encarado pelos fãs como lenda urbana: a última trilogia da saga original.

O sucesso do primeiro “Guerra nas Estrelas”, em 1977, redesenhou a indústria do cinema como a conhecíamos. A saga inaugurou novos parâmetros no mercado: uma data única para o lançamento nacional de um filme, o foco no entretenimento e no público infanto-juvenil, a importância dos efeitos especiais na tela grande e o início da popularização em massa da ficção científica (mesmo que, na prática, “Guerra nas Estrelas” não tenha nada de sci-fi).

George Lucas não tinha como prever isso, embora apostasse todas suas fichas nesse sucesso. Quando o primeiro “Guerra nas Estrelas” tornou-se o grande campeão de bilheterias da temporada, o diretor e produtor sacou uma carta de sua manga: não era apenas um filme, eram três trilogias e o filme de 1977 era o quarto volume de uma saga enorme.

Só quando “Guerra nas Estrelas” reestreou no cinema para começar a divulgação do segundo filme, o grande “O Império Contra-Ataca” (1980), que Lucas adicionou o número do episódio (4) e um novo subtítulo (“Uma Nova Esperança”) ao primeiro filme. O sexto volume e terceiro filme (“O Retorno de Jedi”) veio em 1983, e assim Lucas encerrou a trilogia clássica, fazendo os fãs especularem sobre que histórias seriam contadas nos episódios 1, 2, 3, 7, 8 e 9.

Os três primeiros capítulos ganharam vida na virada do milênio: “A Ameaça Fantasma” (1999), “O Ataque dos Clones” (2002) e “A Vingança do Sith” (2005) contavam como o jovem Anakin Skywalker se transformaria no vilão Darth Vader. Os fãs, porém, ficaram frustrados com filmes enfadonhos e infantilizados, ao mesmo tempo superproduzidos e politicamente corretos.

As produções faturaram muito dinheiro e renovaram a franquia para uma nova geração. Mas, logo após a segunda trilogia, George Lucas começou a dar entrevistas anunciando que não iria fazer os três últimos filmes que havia prometido. Repetia que a história era composta apenas por seis longas e choramingava dizendo não ter vontade de se envolver com a série por ter sido avacalhado pelos velhos fãs devido às decisões que tomou nos três filmes mais recentes, como a inclusão de Jar-Jar Binks.

DESPERTAR DA FORÇA
Até que a Disney comprou a Lucasfilm e começou a rever esta história —o resultado é este 2015 agitadíssimo. O anúncio dos três novos filmes veio quase que simultaneamente à compra da empresa de George Lucas pela gigante de Walt Disney por US$ 4 bilhões, em 2012.

O sétimo episódio da saga, “O Despertar da Força”, foi agendado para dezembro de 2015, sob a direção do criador da série “Lost”, J.J. Abrams, o responsável por reapresentar a saga “Star Trek” para uma nova geração com os dois últimos filmes da franquia, em 2009 e 2013.

O elenco do novo filme foi apresentado no fim de abril de 2014, e une os novatos John Boyega, Daisy Ridley, Adam Driver, Oscar Isaac, Andy Serkis e Lupita Nyong’o aos veteranos Harrison Ford, Carrie Fisher, Mark Hamill, Anthony Daniels, Peter Mayhew e Kenny Baker. Estes últimos vivem os clássicos personagens da trilogia original (Han Solo, Princesa Leia, Luke Skywalker, C3PO, Chewbacca e R2D2, respectivamente).

O aquecimento para o 2015 de “Guerra nas Estrelas” começou ainda em dezembro do ano passado, quando foi divulgado um trailer de 90 segundos que instigou os fãs com novos cenários, novos personagens, um sabre de luz em forma de cruz e um voo rasante da Falcão Milenar de Han Solo.

Outro trailer, este com dois minutos, foi lançado em 16 de abril, provocando choro em muito marmanjo ao reapresentar Han Solo e Chewbacca em sua última cena.

O novo trailer foi o início do fim de semana Star Wars Celebration, uma espécie de Comic Con temática de “Guerra nas Estrelas” em Anaheim, Califórnia. Uma série de novidades sobre o próximo filme foi apresentada, mas sem entregar muito sobre a história. A celebração terminou com um novo anúncio: a série de filmes “Star Wars Anthology”, que contará histórias da saga paralelas às três trilogias.

O primeiro filme, “Rogue One”, conta como os Rebeldes conseguiram os planos para destruir a Estrela da Morte no filme de 1977 —não deve ter nada de Jedis ou sobre a Força, já que nesta época os Jedis eram tidos como extintos. O filme foi anunciado para 2016 e é uma prova de que a nova encarnação de “Star Wars” quer alcançar as mesmas proporções épicas do Marvel Cinematic Universe, a cronologia única que une todos os filmes do estúdio Marvel, desde o primeiro Homem de Ferro (de 2008) até as produções agendadas para 2019.

Pouco se sabe sobre “Episódio 7 – O Despertar da Força”, mas há várias pistas indicadas no trailer. Talvez a personagem de Daisy Ridley (Rey) seja da nova geração Skywalker, e possa se envolver com Finn (John Boyega), um provável stormtrooper fugitivo. Outra: o Império dos filmes anteriores não sucumbiu, e o sabre que Luke Skywalker segurava quando teve sua mão decepada por Darth Vader reapareceu misteriosamente.

Na única cena que apareceram no segundo teaser, Han Solo e Chewbacca estavam apontando armas para alguém. Uma nova versão do robô R2D2, batizada de BB8 (e que gira sobre uma esfera, em vez de arrastar-se com rodas), foi apresentada, mas não vimos ainda o que aconteceu com o androide C3PO.

4 DE MAIO
O 4 de maio, portanto, aumenta as expectativas em relação a mais revelações sobre o próximo episódio da saga. O dia já começou com o anúncio que o oitavo longa da série será filmado na Inglaterra e dirigido pelo norte-americano Rian Johnson (que assinou três dos melhores episódios de “Breaking Bad” e o filme “Looper: Assassinos do Futuro”, de 2012). O longa estreia apenas em 2017.

Aproveitando as comemorações, a revista “Vanity Fair” estampou a nova dupla de protagonistas Rey e Finn ao lado dos velhos conhecidos Han Solo e Chewbacca, além do simpático robozinho BB8, na capa de sua edição de junho, fotografados por Annie Leibovitz, uma das maiores retratistas de sua geração.

A publicação promete ainda extras com o elenco de “Star Wars 7” em seu site. O primeiro deles, um vídeo dos bastidores do ensaio com Leibovitz, foi divulgado no domingo.

E não são apenas novidades oficiais: na Austrália, um grupo de fãs construiu uma réplica gigante da nave Falcão Milênio usando blocos de Lego. No Brasil, há ao menos dois grandes encontros de fãs da saga programados para o 4 de maio: em São Paulo, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, às 19h30, e no Rio de Janeiro (Livraria Cultura Cine Vitória, no centro, às 19h30). Nos dois eventos, haverá bate-papos sobre o novo filme com presença de especialistas. No shopping Villa-Lobos há uma exposição de capacetes dos soldados do Império (os stormtroopers) customizados por artistas brasileiros.

A data de lançamento do primeiro “Guerra nas Estrelas”, em 25 de maio, também é comemorada anualmente, mas devido ao fato de coincidir com o “dia da toalha” (instituído duas semanas após a morte do escritor inglês Douglas Adams, o criador da série de livros “O Mochileiro das Galáxias”) e com o “glorioso 25 de maio” (da série “Discworld”, do autor inglês Terry Pratchett, morto em março ), a data é comumente referida como “o dia do orgulho nerd”. Mas isso é outra história.

STAR WARS DAY NO BRASIL
Em São Paulo
Quando: seg. (4), às 19h30
Onde: Livraria Cultura do Conjunto Nacional, av. Paulista, 2.073, Cerqueira César, tel. (11) 3170-4033
Quanto: grátis

No Rio
Quando: seg. (4), às 19h30
Onde: Livraria Cultura – Cine Vitória, r. Senador Dantas, 45, centro, tel. (21) 3916-2600
Quanto: grátis

nirvana-kurt-cobain

Eis que o primeiro subproduto do documentário Montage of Heck acaba de ser anunciado: um disco composto apenas por gravações caseiras de Kurt Cobain. Falei sobre isso no meu blog do UOL http://matias.blogosfera.uol.com.br/2015/05/03/gravacoes-caseiras-de-kurt-cobain-serao-lancadas-em-disco-postumo/

Nina_Simone

Uma das maiores cantoras do século passado não tem o reconhecimento merecido por ser considerada “difícil” e por se envolver com causas sociais e políticas. Mas um documentário produzido pelo Netflix pode mudar este cenário. Escrevi sobre isso no meu blog do UOL: http://matias.blogosfera.uol.com.br/2015/05/01/nina-simone-e-a-a-profundidade-de-uma-das-maiores-cantoras-do-seculo-20/

kurt-outshined

Montage of Heck, que parece ser o documentário definitivo sobre Kurt Cobain, já tem data e locais de exibição nas salas de cinema do Brasil. Falei sobre isso lá no meu blog do UOL – além de incluir duas cenas do documentário em que o líder do Nirvana mostra que não era só um junkie depressivo avesso ao sucesso: http://matias.blogosfera.uol.com.br/2015/04/29/documentario-mostra-kurt-cobain-engracadinho-e-sera-exibido-no-brasil/

widow-hulk

Escrevi sobre o novo Vingadores e como a importância do filme está em encerrar a fórmula da fase 2 da Marvel ao mesmo tempo em que lança as sementes para a fase 3: http://matias.blogosfera.uol.com.br/2015/04/28/o-novo-vingadores-da-varias-deixas-para-a-fase-3-da-marvel-no-cinema/