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29 anos são mais que uma vida, mas ainda sinto como se estivesse começando. Os 29 anos do Trabalho Sujo, completos oficialmente nesta quarta-feira, também selam 30 anos da minha carreira como jornalista, mas este único ano de diferença entre as duas datas é o que separa minha vida profissional (ênfase em “profissional”) da minha vida profissional (ênfase em “minha”). Ao rotular meu trabalho com um nome que eu havia criado para um fanzine (que acabou virando uma coluna num jornal impresso e depois virou site, blog, conta em redes sociais, podcast, festa, curso, programa de rádio, curadoria, direção e o que mais der na minha telha), sem querer separei o trabalho que não me interessa daquele que eu quero fazer e consegui ressignificar essa atividade sem que ela carregasse o peso profissional – e sempre carregando a minha assinatura, a minha edição, o meu ponto de vista. Carrego trabalho no nome e sempre que falo que meu signo é capricórnio a reação dos que acreditam em astrologia é um olhar arregalado de obviedade devido à minha dedicação à labuta. Mas por mais que canse (e, acredite, cansa), o Trabalho Sujo não é um frila que eu peguei pra fechar as contas, um emprego formal que me cobra horário e prazos, uma tarefa insuportável justificável apenas pelo preço pago. Mais do que isso, nesses 29 anos dou ênfase à palavra “vida” no que diz respeito à minha vida profissional quase três décadas passadas. Meu caráter foi formado antes mesmo de pensar em trabalho, ainda em Brasília, mas a maior parte da minha vida que comemoro agora consolidou o que meus pais, meus irmãos e minha cidade me ensinaram antes de me tornar maior de idade: a importância de fazer o que se quer, de colocar planos logo em prática, respeito e franqueza como principais filtros da vida e a importância da parceria. O Trabalho Sujo é um trabalho solitário sim, mas nunca estive só, mesmo porque sempre contei com pessoas importantes da minha vida próximas ao que faço – e não apenas relações profissionais. Laços que firmei ao longo destes trinta anos que são elos forjados para a vida inteira: não apenas coleguinhas de redação, parceiros de escrita, compadres e comadres com quem já discotequei e apresentei e projetei programas, mas também amigos que se tornaram irmãos, esposas, namoradas, professores, gurus, casos e confidentes, gente foda cuja relação transcende o trabalho e só ajudou a forjar as regras pelas quais pauto minha vida – e estou falando de centenas de pessoas, gente que dividi baias, quartos, redes, espaços virtuais e conexões físicas. O Trabalho Sujo só existe por causa de vocês – e vocês sabem quem vocês são. Amo todos a 29 anos ou menos – e pra que serve tudo isso se não há amor? Seguimos juntos, sempre. Bora que só melhora. ❤️

Minha conterrânea de cerrado e quase-parente Pérola Mathias foi uma das que esbaldou-se na festa em que comeemorei os 29 anos do Trabalho Sujo na Casinha e ela aproveitou a deixa para me entrevistar sobre as quase três décadas desta minha obra contínua. E foi assim que ela me apresentou na introdução do papo:

No último sábado, o jornalista Alexandre Matias comemorou os 29 anos do Trabalho Sujo — “jornalismo arte desde 1995”. O site e o trabalho do Matias na cobertura musical, curadoria, discotecagem e produção é referência para todo mundo que gosta de música, de música brasileira, de música brasileira independente. O Matias é muito mais do que o cara que você vê nos shows (para quem está em São Paulo) filmando o palco e que te apresenta bandas novas. Ele é pioneiro num modelo de fazer jornalismo cultural. Não é que ele estava aqui quando a internet ainda era mato, o Trabalho Sujo já existia antes mesmo dela adentrar nas casas brasileiras.

Por ocasião do aniversário do projeto e da grande comemoração que aconteceu no último Sábado (01) com uma festa que reuniu vários DJs amigos, aproveitei para entrevistar o jornalista no estilo: tudo que você sempre quis saber sobre o Trabalho Sujo e nunca teve coragem de perguntar. Já ouvi muitas pessoas perguntarem “como você dá conta de fazer tudo?”, “por que você foi escolher escrever logo sobre música?”, “vai ter um festival pra comemorar os 30 anos?”, “de onde você tirou esse nome?”.

Agradeço imensamente a deferência, os adjetivos e, mais do que tudo, a companhia nesses anos todos – e em breve eu e ela lançamos mais uma. Leia a íntegra da entrevista lá no site dela, o Poro Aberto.

Coube ao Bruno Romani, atual editor do Link Estadão, a tarefa de celebrar o aniversário de vinte anos do antigo caderno do centenário jornal paulistano dedicado à tecnologia e ele convidou alguns ex-editores para lembrar do tempo em que cada um de nós tomou conta da publicação. Liderei esta equipe entre 2007 e 2012, primeiro como editor-assistente e depois, dois anos após minha contratação, como editor e aproveitei para lembrar de um período que funcionou como uma era de ouro da cultura digital e também como uma forma de trazer a cobertura de tecnologia do jornalismo brasileiro para o século 21. Além de mim, a antologia ainda reunia textos do Camilo Rocha, da Claudia Tozetto e do Bruno Capelas, todos ex-editores da seção.

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Já estamos em 2024, mas os ecos de 2023 seguem aí, como é o caso de mais uma edição impressa da revista Rolling Stone que chega às bancas com o Robert Smith na capa, resumindo os melhores shows que aconteceram no Brasil no ano passado. Fui chamado para escrever sobre dois dos shows que mais gostei no ano, o das Haim no festival Mita e o último show de Paul McCartney em São Paulo. Os textos estão no site da revista, mas também podem ser lidos abaixo: Continue

O Rodrigo Ortega me chamou e eu falei sobre o tempo que convivi com o PC Siqueira pro Estadão.

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Encerramos nessa terça-feira mais um ano de música no Centro da Terra felizes por saber que nosso palco já é reconhecido como laboratório de experiências que permite artistas cogitem novas possibilidades cênicas, narrativas e musicais. Foram nove temporadas e em cada uma de suas quatro segundas-feiras Jadsa, Maria Beraldo, Paula Rebellato, Dinho Almeida, Ná Ozzetti, Sandra Coutinho, Lulina, Chicão Montorfano e Sue com Desirée Marantes foram fundo no desafio de criar quatro apresentações diferentes, experimentando linguagens, dissecando repertórios e promovendo encontros novíssimos e reencontros clássicos. Os encontros também deram a tônica de 2023 com apresentações conjuntas – em alguns casos inéditas – que reuniram Alessandra Leão a Rafa Barreto, Tagore com a banda Bike, Kiko Dinucci com Lucio Maia, as bandas Test e Papangu, Tori e a Meiabanda, Lucas Gonçalves e Lucca Simões, o Bufo Borealis com Edgard Scandurra, Enio e Zé Manoel, Maurício Takara e Carla Boregas e os grupos Antiprisma e Retrato. Ainda tivemos shows de um time de artistas que formam bom retrato da produção musical brasileira contemporânea, reunindo nomes estabelecidos com outros em ascensão. Maurício Pereira, Do Amor, Arrigo Barnabé, Nath Calan, Bruna Lucchesi, Chico Bernardes, Marcela Luccatelli, Izzy Gordon, Paola Lappicy, Sophia Chablau, Filarmônica de Pasárgada, Anvil FX Orchestra, Guizado, Tatá Aeroplano, Glue Trip, Bruno Bruni, Mestre Nico, Caçapa, Atønito, Lê Almeida, Tika, Anna Vis, Oruã, Rotunda, Anná, MNTH, Cøelho, Tila, Sophia Ardessore, Marília Calderón, Rubinho Jacobina e Vieira passaram pelo palco do nosso querido teatro no Sumaré, que ainda teve os shows de estreia de artistas tão diferentes quanto Guaxe, Comitê Secreto Subaquático, Manuela Julian, Risco Quarteto, Ondas de Calor e Manuela Pereira. Agradeço nominalmente a todos que toparam a provocação de fazer algo diferente do que vinham fazendo e não posso nem começar a mencionar os convidados dos artistas que convidei que vamos a pelo menos quase outra centena de nomes, de diferentes calibres e talentos, mas aproveito para reforçar o agradecimento, mesmo que muitos destes só pude conhecer no palco. E não custa mencionar o prazer que é trabalhar com um time que já virou família, desde a gestão hábil – e de baixo perfil – da diretora Keren, à habilidade de nossa produtora Nat, aos ouvidos do Leandro do som, ao Will, Murilo, Alexandre, Hel e Zé que trabalham em diferentes áreas do teatro, além da Érika e a turma do salão e da cozinha do restaurante Shakshuka, que conseguiu temperar ainda melhor as esperas e conclusões de cada show, com pratos e drinks ótimos. É dele, inclusive, o expresso martini que pedi para fechar esse ano no teatro, que volta a ter shows só no mês de fevereiro do ano que vem. Mas o restaurante segue aberto até o dia 22 deste mês e volta no dia 10 de janeiro. Saúde – e que venha 2024 (se quiser assistir ao povo que passou pelo teatro esse ano, clique aqui e boa viagem).

Primavera quente!

Escrevi minhas considerações sobre a ótima segunda edição do Primavera Sound em São Paulo para o site da CNN Brasil. O sol inclemente e o longo e apaixonado show do Cure foram as principais atrações do evento, que pecou ao não ter um artístico tão contemporâneo quanto o da edição passada, mas que funcionou perfeitamente como evento, com poucas filas, boa divisão do Autódromo de Interlagos, distribuição de água, bom som e shows memoráveis: além do Cure, Beck, Slowdive, Killers e Pet Shop Boys fizeram apresentações intensas e memoráveis, além de Marisa Monte ter celebrado Rita Lee com a presença de seu companheiro, Roberto de Carvalho.

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Escrevi sobre o impacto da atual turnê de Taylor Swift na economia norte-americana em mais uma colaboração para o site da CNN Brasil e aproveitei para conversar com gente do mercado de shows sobre como atrações internacionais – inclusive a vinda da própria Taylor, que estará entre nós no fim deste mês – mexem na economia do Brasil.

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Conversei com a Ana Frango Elétrico sobre seu excelente Me Chama de Gato Que Sou Sua em uma matéria que fiz para o jornal Valor Econômico e ela traçou paralelos entre a questão não-binária em seu trabalho, tanto em termos de gêneros sexuais quanto musicais, além de falar sobre a ênfase na produção musical do disco, seu projeto mais coletivo até hoje.

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O anúncio da “última canção dos Beatles”, que será lançada na semana que vem com as duas coletâneas clássicas do grupo (a vermelha e a azul) em versões expandidas, é mais um exemplo que a geração baby boom, nascida durante a Segunda Guerra Mundial e responsável por mexer na história da cultura e do comportamento nos anos 60, segue à toda e sem dar sinal de aposentadoria à vista. Nomes como Rolling Stones, Pink Floyd, Roger Waters e os brasileiros Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso e Paulinho da Viola endossam sua vida criativa mesmo entrando na oitava década de vida. Foi sobre isso que escrevi na matéria que fiz nesta quinta-feira para o site da CNN Brasil.

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