Show

Começamos dezembro convidando nossa amiga Érika Morais para falar sobre suas andanças pelo Brasil e pelo mundo caçando bons shows, que em seu caso teve o grande momento seu encontro com o grupo norte-americano Wilco no Ginásio do Ibirapuera.

Ouça abaixo: Continue

Puro esplendor

Uma noite esplendorosa nesta terça-feira no Centro da Terra quando o público lotou o teatro para ver o reencontro dos amigos Léa Freire, Filó Machado e Alaíde Costa. Os dois primeiros começaram a noite entre números instrumentais e composições de Filó Machado (como “Carmens e Consuelos” e “Terras de Minas”), com Léa na flauta transversal, atuando como anfitriã da noite, enquanto seu compadre dividia-se entre o violão e os vocais, que por vezes acompanhava as canções que tocavam juntos, por outros fantasiava-se de bateria ou contrabaixo em vocalizes cheios de groove. A noite ficou ainda mais grandiosa com a entrada da diva Alaíde Costa, que começou cantando “Segundo Andar”, eternizada por Dalva de Oliveira, que comentou que acabara de gravar com os próprios Léa e Filó. Depois o trio passeou por canções guiadas pelo canto magnífico da deusa da voz, como “Diariamente” (de Paulo César Girão), duas de Fátima Guedes pinçadas de seu Muito Prazer (“Absinto” e “Eu Te Odeio”) e um clássico do argentino Piero De Benedictis (“Pedro Nadie”) para encerrar com a maravilhosa “Céu e Mar”, de Johnny Alf, numa noite histórica para o teatro. Quem foi sabe.

Assista abaixo: Continue

E o orgulho de promover um encontro que não acontecia há meio século. Parceiros de longa data, Léa Freire tocou pela última vez com Filó Machado e Alaíde Costa ao mesmo tempo há 50 anos, embora os três sempre estiveram próximos nestas décadas de amizade. E assim 50 Anos Juntos acontece nesta terça-feira no palco do Centro da Terra quando Léa convida seus dois amigos para visitar seu repertório e encerrar o ótimo ano que teve a partir do documentário A Música Natureza de Léa Freire, de Lucas Weglinski, que a fez rodar pelo Brasil em apresentações em quase todas as regiões do país. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

#leafreirenocentrodaterra #leafreire #filomachado #alaidecosta #centrodaterra2024

Depois de Norah Jones e St. Vincent, o festival do Lúcio Ribeiro acaba de anunciar a escalação completa do festival que acontecerá no dia 31 de maio do ano que vem no Parque Ibirapuera. Completam a seleção nossa eterna musa Kim Gordon, os Lemon Twigs, Laufey, o encontro do Terno Rei com Samuel Rosa, Tássia Reis em uma ótima fase e a revelação Exclusive Os Cabides. Se comparado à zona de conforto que é a apresentação principal, Norah Jones, o festival até que ousou um tanto, trazendo duas três mulheres consagradas e artistas em ascensão, apostando em nomes que não apareceram em festivais deste porte no Brasil até agora. Poderia ter ousado mais? Sempre, mas pode esse evento de um dia muito melhor do que outros que se esticam por dias. Os ingressos já estão à venda neste link.

Um dos principais palcos alternativos da cidade, a Associação Cultural Cecília, fechou suas portas no início do semestre passado depois que roubaram tudo do espaço, tornando-o inviável. A casa na rua Vitorino Carmilo, na Santa Cecília, teve que ser entregue e o prejuízo com a saída do espaço, o roubo e dívida com os fornecedores fizeram suas atividades serem suspensas, em mais um golpe na vida cultural de São Paulo – eles explicam melhor em sua conta no Instagram. Mas não é motivo para desistir e acabou de ser anunciado o festival Cecília Viva, que acontecerá no dia 23 de fevereiro do ano que vem no Cine Joia como uma forma de arrecadar fundos para a retomada das atividades e a primeira atração confirmada é a volta do Rakta aos palcos, quando Carla Boregas, Paula Rebellato e Mauricio Takara se reúnem pela primeira vez em anos para realizar uma apresentação única, o que não significa propriamente que o Rakta voltou, como explicaram para a Billboard Brasil: “Voltar ao palco no Cecília Viva é mais do que uma apresentação, é um chamado para celebrar a potência da música e do encontro”. Os ingressos já estão à venda neste link e abaixo a apresentação mais recente do grupo, quando, em 2021, gravaram meia hora de música no estúdio El Rocha para a sessão Patch Notes da revista inglesa Fact: Continue

Em nome de Dylan

Marcelo Rubens Paiva trouxe sua trupe musical Lost in Translation para o palco do Centro da Terra na primeira apresentação de dezembro no teatro para celebrar a importância de Bob Dylan na música pop ao misturá-la com poesia, pinçando alguns dos grandes discípulos do autor em versões próprias, por vezes traduzidas e declamadas, em uma noite batizada de Pedras no Caminho. Acompanhado de Fábio França, Rick Villas-Boas, Arthur França, Luli Villares e Luiza Villa, Marcelo recitou algumas traduções próprias e tocou gaita enquanto liderava seu grupo por canções de Dylan (“Blowing in the Wind”, “It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)”, “Hurricane”, “Like a Rolling Stone” e “It’s All Over Now Baby Blue”, que também veio via Caetano, em sua versão “Negro Amor”, que batizou o espetáculo), Lou Reed (“Perfect Day”, “Walk on the Wild Side”), Neil Young (“Harvest Moon”), Patti Smith (“Dancing Barefoot”), Nick Drake (quando Luiza e Arthur fizeram dupla tocando duas do maravilhoso Bryter Layter num mesmo fôlego, “Introduction” e “Hazey Jane I”), Johnny Cash (“The Man Comes Around”) e Leonard Cohen (“Dance Me to the End of Love”). Um dos pontos altos da noite foi a versão para “Master of War”, conduzida de forma bilíngue por Marcelo e Luiza, numa segunda-feira que lotou o teatro e terminou com a emblemática “All Along the Watchtower”, imortalizada por Jimi Hendrix.

Assista abaixo: Continue

É com imensa satisfação que começamos o último mês de 2024 no Centro da Terra trazendo a faceta musical do escritor Marcelo Rubens Paiva com sua banda Lost in Translation, em que aventuram-se por traduções e versões de canções internacionais. No espetáculo Pedras no Caminho Paiva traça o percurso aberto por Bob Dylan ao fundir canção pop com poesia, com músicas do próprio autor norte-americano e gênios que foram influenciados por ele, como Patti Smith, os Rolling Stones, Lou Reed, Doors e Caetano Veloso, entre outros. O escritor e músico é acompanhado por Fábio França, Rick Villas-Boas, Arthur França, Luli Villares e Luiza Villa. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

#marcelorubenspaivanocentrodaterra #marcelorubenspaiva #centrodaterra2024

Deixa andar…

Neste domingo pude ver mais um show que Juçara Marçal fez celebrando seu clássico disco de estreia, Encarnado, desta vez no Itaú Cultural, o primeiro no ano com a presença de Thiago França. Como nas outras vezes, a apresentação contou com o trio cinco estrelas que funda o púlpito eletroacústico em que a mestra discorre sua trágica obra: o suíço Thomas Rohrer na rabeca, Kiko Dinucci na guitarra e Rodrigo Campos alternando entre a guitarra e o cavaquinho. E além dos clássicos do disco de 2014 (canções inesquecíveis de seus compadres – “Velho Amarelo” de Rodrigo Campos, “Queimando a Língua” de Rômulo Froes, “Pena Mais que Perfeita” de Gui Amabis e “A Velha da Capa Preta” de Siba, além do ápice ao vivo que é a transição entre a dramática “Ciranda do Aborto” – ainda mais cantada neste fim de 2024 – e a bucólica “Canção para Ninar Oxum”), Ju ainda passeou por canções clássicas de seu cânone brasileiro pessoal, como “Xote de Navegação” de Chico Buarque (em que é acompanhada apenas por Thomas tocando um fuê de cozinha e desandou numa versão noise para “Odoyá”) e “Dor Elegante” do Itamar Assumpção (quando convidou Thiago para o palco e deslizou no nome do autor num momento cômico involuntário que serviu para dissipar o clima tenso da noite até então). Aproveitou a presença de Thiago para voltar ao disco com a imortal “Damião” e “E o Quico?”, do mesmo Itamar (qual deles?), com o maestro da Charanga disparando eletrônicos em vez de tocar seu sax. O show terminou com a saudação a Tom Zé em “Não Tenha Ódio no Verão” (e seu refrão desopilador) e as três tragédias suburbanas descritos por Paulinho da Viola (“Comprimido”), Kiko Dinucci (“João Carranca”) e Rômulo e Thiago (“Presente de Casamento”). O show terminou no alto com uma inédita que veio no bis, quando o quinteto novamente reunido, instigou o público com a emblemática “Opinião”, de Zé Keti, numa versão eletrocutada. Deixa andar…

Assista abaixo: Continue

É muita tiração de onda. O MPB4, que completa 60 anos de atividade neste 2024, é um dos conjuntos musicais mais longevos do mundo, ao lado de raros nomes os Demônios da Garoa, os Rolling Stones e o The Who, e nestas seis décadas pode acompanhar de perto a evolução da música brasileira, muitas vezes como coadjuvantes, outras como protagonistas. E o espetáculo com mais de duas horas que apresentaram neste sábado no Sesc Pinheiros é tanto uma aula de história da MPB como uma viagem emocionada por canções que seus quatro integrantes ajudaram a colocar em nosso panteão musical. E bastou a breve apresentação que os quatro fizeram antes do show propriamente dito para mostrar a importância do grupo, quando subiram ao palco os fundadores Miltinho (81 anos, tocando violão e cantando como poucos) e Aquiles (76 anos) e os ex-Céu da Boca Dalmo Medeiros (73 anos, há vinte anos no grupo, após a saída de Ruy Faria) e Paulo Malaguti Pauleira (o caçula com 65 anos, há dez anos no grupo no lugar da voz e do piano de Magro, que morreu em 2012) para contar brevemente sua história enquanto cantarolavam “Mascarada” de Zé Kéti. Dali em diante descortinaram um show maravilhoso, com músicas de Milton Nascimento (“Notícias Do Brasil (Os Pássaros Trazem)” e “Travessia”), Tom Jobim (“Falando de Amor”), Sidney Miller (“Pois É, Pra Quê?”), Dori Caymmi (“Porto” e “O Cantador”), João Bosco (“A Nível De…”), Ivan Lins (“Velas Içadas”), Aldir Blanc (“Amigo É Pra Essas Coisas”), Paulo César Pinheiro (“Milagres” e “Cicatrizes”), Kleiton e Kleidir (“Paz e Amor” e “Vira Virou”), Guinga (“Catavento e Girassol”) e obviamente Chico Buarque. Deste visitaram hinos da resistência musical brasileira com arranjos vocais originais, como “Angélica”, “Cálice”, “Gota D’Água”, “Apesar de Você” e “Que Tal um Samba?”. Sempre brincando entre si, contando causos e comemorando a vitória do Botafogo, os quatro foram acompanhados dos próprios herdeiros, com uma banda formada por Pedro Lins (filho de Aquiles) na guitarra, João Faria (filho de Ruy Faria) no baixo e Marquinhos Feijão (filho de Miltinho) na bateria. Ainda chamaram a cantora mineira Priscilla Frade para participar do show (que cantou duas músicas próprias e voltou no número final), visitaram “O Pato” da Arca de Noé de Vinícius e Toquinho (com direito a Miltinho imitando o Pato Donald cantando “Ninguém Me Ama”, eternizada por Nora Ney) e a eterna “A Lua”, antes de encerrar o show com a épica “Roda Viva”, passando por “O Bêbado e o Equilibrista” e encerrando o show com dois clássicos de Chico: a maravilhosa “Fantasia” (“Canta, canta uma esperança, canta, canta uma alegria, canta mais, revirando a noite, revelando o dia. noite e dia, noite e dia”) e o hino “Quem Te Viu, Quem Te Vê”, numa noite em que mostraram do que são feitos os clássicos – no caso, o próprio grupo.

#mpb4 #sescpinheiros #trabalhosujo2024shows 274

Na primeira edição do Inferninho Trabalho Sujo no Redoma, tivemos uma overdose de rock moderno a partir de duas vertentes diferentes da atual cena paulistana, encarnadas nos grupos Applegate e Naimaculada. O primeiro começou a noite mostrando seu recém-lançado segundo álbum Mesmo Lugar na íntegra e chamando convidados para esta jornada, entre eles dois integrantes da segunda banda da noite, o saxofonista Gabriel Gadelha e o guitarrista Samuel Xavier, além da novata Maria Clara Melchioretto, que dividiu o vocal em algumas músicas da banda, que está endiabrada, com o vocalista Gil Mosolino dividindo-se entre solos lisérgicos de guitarra e pirações freestyle no synth, acompanhado de perto do baixista Rafael Penna, que tocava synthbass e baixo elétrico, do guitarrista Vinícius Gouveia e do baterista Luca Acquaviva, numa apresentação intensa.

Depois foi a vez do Naimaculada encerrar as atrações no palco. Seus timbres de rock pesado pairam sobre as estruturas melódicas de suas canções, entre a soul music, o blues e o funk, e abrem espaço para improvisos jazzísticos, deixando cada um dos músicos aparecer de forma isolada, todos eles trabalhando para a construção das músicas coletivamente. Por isso, por mais que o vocalista Ricardo Paes acabe naturalmente se destacando (seu vocal rasgado e falado, sua presença de palco e seu carisma o tornam um showman inevitável), a guitarra de Samuel Xavier, o baixo de Luiz Viegas, a bateria de Pietro Benedan e os sopros (sax e flauta transversal) de Gabriel Gadelha, conspiram em uma única vibe, urbana e sofrida ao mesmo tempo que é catártica e coletiva, fazendo o público cantar juntos em vários momentos. Às vésperas de lançar seu primeiro disco (A Cor Mais Próxima do Cinza) no início do próximo ano, o Naimaculada é um dos novos grupos mais promissores da atual cena de São Paulo.

Assista abaixo: Continue