Neste fim de semana Kiko Dinucci desce pela primeira vez para a Argentina onde realiza duas apresentações de seu Rastilho em duas fases da sétima edição do Festival Dimensiones: na sexta-feira ele toca no fábrica de cultura En Eso Estamos, na cidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires, quando divide a noite com Franco Licantropo e a banda Pasodesombra. No dia seguinte, Kiko repete a dose desta vez na capital do país, quando toca no centro cultural Roseti, dividindo a noite com Julia Arbós e de novo com os Pasodesombra. Essa conexão Brasil/Argentina demora tanto pra acontecer…
Muito bom ver o Tutu Naná ampliando suas fronteiras musicais para além de gêneros – mas fisicamente, quando apresentaram-se no palco do Centro da Terra, distante da aglomeração próxima de pessoas de pé característica dos shows da banda. Tocando para um público sentado e podendo expandir o volume de seu som para além da interação com a audiência, o quarteto catarinense transitou entre o sussurro e a rugido sonoros ao intercalar doces melodias cantadas por todos seus integrantes ao volume crescente de ruído elétrico, criando mantras gigantescos que inspiram rodopios enquanto alternam a dinâmica do próprio som. Apesar de imersos num pós-punk bem amplo, bebem bastante da música brasileira e do rock clássico, temperando tudo com o humor infame característico da banda – tanto nos intervalos entre as músicas, nas letras e nas citações, como quando emendaram “Samurai” do Djavan e “Isto Aqui, O Que É?” de Ary Barroso em cima de um transe com várias camadas de microfonias que, de repente, pode soar como um samba. Só isso já seria o suficiente para garantir uma ótima noite (e abrir uma possibilidade novíssima para o quarteto, shows em teatros), mas eles ainda recriaram seu quarto disco, Masculine Assemblage, composto a partir de colagens de sessões de improviso que fizeram na casa que moram juntos, apenas para esta apresentação. Foi foda.
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Encerramos a programação de música de setembro no Centro da Terra com a estreia do grupo catarinense Tutu Naná em nosso palco, quando apresentam pela primeira vez o disco que batiza seu espetáculo, Masculine Assemblage, que será lançado ainda essa semana e não deverá ser mostrado neste formato tão cedo, quando o grupo formado por Akira Fukai (guitarra e vocal), Carolina Acaiah (flauta transversal e vocal), Jivago Del Claro (baixo, guitarra e vocal) e Fernando Paludo (bateria e efeitos) mostra o seu quarto álbum ainda inédito na íntegra, entre a intensidade elétrica e a delicadeza da música brasileira, em paisagens sonoras densas e contrastantes. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.
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É isso aí: uma das bandas mais importantes da cena pós-punk inglesa volta ao Brasil depois de quase 30 anos. O Public Image Ltd. – ou apenas PiL, para os fãs – confirmou que sua turnê This Is Not The Last Tour, que começou em maio deste ano, passará pelo Brasil no início do ano que vem, quando o grupo fará uma única apresentação no Terra SP, no dia 8 de abril de 2026 (e os ingressos já estão à venda). O PiL foi uma reação quase impulsiva – e agressiva – que o vocalista dos Sex Pistols, o emblemático Johnny Rotten, tomou ao perceber que sua banda havia se tornado um ímã de problemas, especialmente após a famigerada turnê que fizeram pelos Estados Unidos. Querendo negar tudo que o punk estava pregando, Rotten abandonou seu pseudônimo artístico, assumiu seu sobrenome de batismo e como John Lyndon arregimentou anti-heróis musicais daquela cena, como Keith Levene, Jah Wobble e Richard Dudanski, para participar de seu experimento estético e político. O grupo liderou a transição do punk para uma cena a princípio indefinida chamada pós-punk, que foi berço para grupos tão diferentes quanto Gang of Four, Wire, Cure, Echo & the Bunnymen e U2, e até o início dos anos 90 manteve-se ativo e provocador, como é da natureza de seu criador. Lyndon encerrou a banda em 1992 depois de lançar clássicos como o disco de estreia (First Issue, de 78), o básico Metal Box (de 79), The Flowers of Romance (1981), Album (1986) e Happy? (1987), este último sendo o disco que o grupo veio mostrar no Brasil quando apresentou-se no Canecão, no Rio de Janeiro (que teve imagens registradas pelo clássico programa independente carioca Realce, assista abaixo), e no Projeto SP, em São Paulo. A banda retomou as atividades em 2005, quando Lyndon chamou o guitarrista Lu Edmonds (que já passou pelo The Damned, pelos Mekons e pelo próprio PiL nos anos 80), o baixista Scott Firth e o baterista Mark Roberts para voltar a gravar discos e fazer shows, formação que mantém-se até hoje. 2026 promete!
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Apesar do título lúdico beirando o juvenil, o espetáculo Planeta Antiguinho, que Luli Mello e Leo Bergamini apresentaram nesta segunda-feira no Centro da Terra, apontava para um horizonte nada diminutivo, entre canções cheias de melancolia e reverência à tradição da canção brasileira. Tocando músicas próprias em quase toda a apresentação, os dois permaneceram sozinhos quase o tempo todo no palco, entrelaçando suas vozes – o tom grave de Luli envolve perfeitamente o timbre tenor de Leo – ao onipresente e delicado violão do vocalista, que por vezes era acompanhado do violão da cantora. Entre as canções, os dois recitaram textos que reforçavam o clima desiludido e existencialista da noite, que ainda contavam com as projeções vintage de Rosa Albergaria, que ajudou a deixar a noite ainda mais intimista e solta no tempo. Os dois ainda saíram de frente dos microfones por duas vezes para cantar sem amplificação na beira do palco e só saíram do repertório próprio quando arriscaram – lindamente – apenas a emocionante “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque. Só no final da noite que os dois tiveram companhias, primeiro com Miguel Marques assumindo o piano para acompanhar os dois violões e depois, quando Miguel assumiu a flauta, receberem o percussionista Rafael Sarmento e fecharem a bela apresentação com um frevo triste assinado por Leo. Foi tudo bem bonito, selando uma parceria que ainda vai render bastante…
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Quase no final de setembro, trazemos uma estreia para o palco do Centro da Terra, quando a dupla de cantores e violonistas Luli Mello e Leo Bergamini desfilam suas canções num espetáculo intimista que vêm preparando em apresentações menores, misturando canções e palavras. Integrantes da banda Boia, os dois estudam música na Unicamp e o convívio no bairro de Barão Geraldo os aproximou para criar este Planeta Antiguinho, em que mostram suas próprias canções, inspiradas na MPB dos anos 70 mas também na tradição da canção brasileira que remonta há mais de um século. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão esgotados.
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Sobre bandas dos anos 90 que estão ressuscitando, que volta você queria realmente realmente? Enquanto acendo uma vela diária pra uma possível volta do Sonic Youth (eles não são dos anos 90, mas você entendeu), a estilista Victoria Beckham, que há trinta anos era mais conhecida como Posh Spice, foi ao show do Oasis no estádio de Wembley com o marido jogador de futebol David Beckham e postou um stories durante o show em que marcava não apenas o marido, mas suas quatro ex-companheiras de banda, Emma Bunton, Mel B, Geri Haliwell e Melaine C, escrevendo “tentador” no alto do post, insinuando a confirmação de um boato que vem circulando desde o fim da pandemia – mais uma volta das Spice Girls! Será que agora vai?
Vocês viram que o Bad Bunny vai fazer o show da metade do jogo da final de futebol americano no ano que vem? E em pleno governo Trump… Isso vai ser BEM interessante… (E não custa lembrar que ele chega no Brasil no mesmo mes que faz essa apresentação… Imagina se o Lula convida ele pra comer umas jaboticabas no pomar do Alvorada?)
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Imagina você estar tocando uma música de um artista alheio com sua banda, num pequeno show na rua à luz do dia quando o próprio artista, ao ouvir a música quando estava passeando, sobe no palco e assume os vocais? Foi isso que aconteceu neste sábado, na cidade californiana de Santa Barbara, nos EUA, quando a banda Fastest Kids in School tocavam a ótima “West Coast”, do meu disco favorito da Lana Del Rey, Ultraviolence, de 2014, e ninguém menos que a própria Lana, que havia saído de casa para tomar um sorvete, ouviu sua música sendo tocada em público e subiu ao palco para cantar com o grupo. Que sonho! Que mulher!
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O ícone indie britânico Edwyn Collins anunciou sua turnê de despedida no começo do ano, que atingiu um ponto máximo neste sábado, quando tocou em sua cidade-natal Glasgow e reuniu-se com os ex-integrantes da clássica banda que fundou no início dos anos 80, os imortais Orange Juice. Ao lado do guitarrista James Kirk e do baterista Steven Daly, ele, que já tinha tocado diversas músicas de sua antiga banda no decorrer do show (além de, evidentemente, seu maior sucesso solo, a inevitável e irresistível “A Girl Like You”), passeou por duas músicas emblemáticas do grupo no bis do show, quando puxaram “Felicity”, do primeiro disco You Can’t Hide Your Love Forever, de 1982, e o primeiro single da banda, “Blue Boy”. Apenas o baixista original David McClymont, que hoje mora na Austrália, não esteve presente no show, que aconteceu no Teatro Real da cidade escocesa. Bonito.
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