As 75 melhores músicas de 2012: 71) Tulipa Ruiz + Criolo – “Víbora”

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Era muito fácil Tulipa Ruiz cair numa armadilha feita por ela mesma em seu disco de estreia – o ótimo Efêmera – e repetir a inocência brejeira tribalista que a colocou no mapa da nova MPB. Felizmente, ela optou por um segundo passo mais maduro e o momento mais drástico desta mudança é o tour de force “Víbora”, em que explora suas qualidades dramáticas e teatrais em parceria com Criolo, à sombra, soturno e discreto, que sussurra no contraponto trágico de uma parceria quase ao final do disco.

As 75 melhores músicas de 2012: 52) Mahmundi – “Desaguar”

2012 começou com aquela vibração oitentista que mistura verão e sintetizadores na mesma frase e essa marola retrô aumentou ainda mais com a presença de Marcela Vale – codinome Mahmundi – que leva o R&B carioca para a década do rock de bermudas, usando timbres eletrônicos quase 8-bit. Sua primeira aparição veio com “Desaguar”, gospel dance suave e manhoso em que o Redentor é, ao mesmo tempo, paisagem e literal.

As 75 melhores músicas de 2012: 67) Grizzly Bear – “Yet Again”

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Com seu disco de 2012, Shields, a banda mais classuda do Brooklyn nova-iorquino segue sua curva ascendente rumo a uma obra-prima (ainda não chegou lá), que já vem apontando desde o álbum anterior, Veckatimest. “Yet Again” é a melhor amostra do nível de maturidade do Grizzly Bear em 2012.

As 75 melhores músicas de 2012: 51) Alabama Shakes – “Hold On”

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Difícil pinçar uma música só da estréia dos Alabama Shakes, daquelas bandas que fazem você esquecer em que época que você está porque as referências de tempo são inúteis. Presos até a cintura no lodaçal do rock hippie do final dos anos 60 e começo dos 70 embebedados por timbres curtidos na Stax, a banda ainda conta com o luxo de ter uma vocalista que é a encarnação da voz de Janis Joplin. Em “Hold On”, Brittany Howard flexiona toda sua amplitude vocal sem parecer exibicionismo e nos hipnotiza com a voz.

As 75 melhores músicas de 2012: 70) Mallu Magalhães – “Me Sinto Ótima”

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Mallu, por sua vez, vem saindo de sua casca indie e começa a explorar as possibilidades da canção até para além da influência de Marcelo Camelo, inevitável muso e influência de seu terceiro disco, Pitanga. “Me Sinto Ótima”, ainda sem disco e lançada num programa da MTV brasileira, mostra que ela vem ouvindo muita MPB dos anos 70 – Jards, Erasmo, Clube da Esquina, Rita Lee – e é prova de que a menina ainda tem muito o que mostrar.

As 75 melhores músicas de 2012: 68) Blur – “The Puritan”

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Damon Albarn e Graham Coxon estão em fases solos tão boas que seria o maior desperdício se os dois não voltassem a compor juntos. “The Puritan” é uma das duas músicas que o Blur soltou em 2012 e, mesmo sendo a mais fraca das duas, está bem acima da média inglesa atual.

As 75 melhores músicas de 2012: 69) Cambriana – “The Sad Facts”

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De repente, vem uma banda do nada e faz uma música genial. É o caso de “Sad Facts”, uma pequena pérola do Cambriana, de Goiânia, que foi lançada quase às escondidas, mas que poderia estar tocando em qualquer rádio do mundo nos anos 80. O disco inteiro, Slow Moves House of Tolerance, não acompanha o fulgor da faixa, mas o que importa é que bastaram os quatro minutos do primeiro single para que o grupo passasse a ser notado. Vamos ver o quanto crescem.

As 75 melhores músicas de 2012: 66) João Brasil – “Sou 212 Foda”

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O ano mal começava e João Brasil pegava um dos hits do fim do ano passado – “212”, da Azealia Banks – e o misturava com o viral infame do Bonde dos Avassaladores, provocando uma síncope de sincronicidade que ia além do choque bem humorado da aparição súbita do vocal hedonista teen do MC Vitinho. O mashup sincroniza Nova York e o Rio de Janeiro e a marra carioca alinha-se ao “swag” da maior cidade do mundo, tirando onda com as próprias sexualidade e arrogância. E funciona na pista de um jeito inacreditável…

As 75 melhores músicas de 2012: 62) Daddy – “Love in the Old Days”

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O hipster que mais se diverte no planeta, James Franco se esforça para mostrar que é mais do que um rostinho bonito revelado num seriado de TV – e assim, além de se estabelecer como um dos melhores atores de sua geração, também escreve, dirige, publica, expõe, apresenta o Oscar chapado, tira fotos e brinca com a fronteira entre a ficção e a realidade como poucos neste novo século. Era inevitável que em algum momento ele se voltasse para a música e assim o fez ao lançar sua banda Daddy ao lado do produtor de indie eletrônica Tim O’Keefe. E mesmo gravando uma colaboração com a lenda viva da soul music Smokey Robinson, é a sua primeira faixa que entra nos destaques do ano. O suingue hippie da nostálgica “Love in the Old Days” parece clamar por um luau com o Little Joy, mas quando Franco entra falando, monocórdico, lembrando de sua infância, seus pais e de Tennessee Williams e de Marlon Brando, o tom sai da celebração e vai para a cultura beat, para a década que consagrou o termo “hipster”, entortando devagar – e sem precisar da juventude do contemporâneo rock’n’roll – nossa noção de normalidade. Muito bem, James Franco.

As 75 melhores músicas de 2012: 65) Teen Daze – “Brooklyn Sunburn”

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O gênero chillwave vai aos poucos se desfazendo na medida em que seus principais representantes saem dos quartos e descobrem o prazer de explorar outras fronteiras. Imagine que o Beck dos anos 00 fosse não só um artista, mas uma geração inteira de geniozinhos solitários, com o pendor para o ambient, brincando com timbres de dance music dos anos 80 para reconstruir climas etéreos e frios, em atmosferas zen. O Washed Out deu um primeiro passo adiante no ano passado, descobrindo o prazer de ser uma banda, o que também aconteceu com o Toro y Moi, que ainda teve o prazer de descobrir o groove tocado ao vivo. O Memory Tapes partiu para o progressivo eletrônico em seu disco novo e o Teen Daze, desde o primeiro registro de seu All of Us Together, “Brooklyn Sunburn”, resolveu sair de dia, com uma faixa fria e ensolarada ao mesmo tempo.