O segundo dia da versão paulistana do Primavera Sound correu ainda mais suave do que o primeiro. Talvez por não ter atrações tão midiáticas quanto Arctic Monkeys ou Björk, o domingo do festival atraiu um público mais afeito ao trabalho dos artistas – ou, melhor dizendo, das artistas. O festival consagrou uma versão feminina do pop contemporâneo que se traduzia tanto no público quanto no astral coletivo, deixando tudo mais receptivo e suave, tolerante e acolhedor. O domingo foi das mulheres e mesmo que Travis Scott tenha atraído uma enorme massa para o palco do patrocinador principal (o pior palco do evento, disparado), corações e mentes foram tragados pela alma fêmea do festival, que no segundo dia foi representada especificamente por Phoebe Bridgers, Jessie Ware (o melhor show de todo o fim de semana!), Lorde e Arca.
Saldo do primeiro dia do Primavera Sound em São Paulo? Bons shows, boa estrutura interna, preços razoáveis, som funcionando bem em todos os palcos, uma multidão gigantesca mas dócil e respeitosa, um festival confortável uma vez que você estava lá. Mas nem tudo são flores: a localização no Anhembi tornou tanto a chegada quanto a saída do festival complicada: o enorme trânsito e a distância entre os portões obrigou muita gente a caminhar bastante antes de entrar no festival, além de ficar preso em um engarrafamento que poderia ter sido evitado. A saída então foi ainda mais tensa e além do evento não ter sincronizado com o metrô a possibilidade de deixar o transporte público funcionando por mais tempo, a quantidade de pessoas esperando táxi na saída do festival fez com que as taxas dos aplicativos disparassem e muita gente ficasse sem sinal para pedir condução. A falta de sinalização (tanto dentro quanto fora do evento) e de preparo para que os funcionários pudessem indicar os locais de saída deixaram ainda mais gente perdida. E isso que eu saí antes do festival acabar…
Mas vamos aos shows.