O C6Fest terminou neste domingo estabelecendo um novo padrão de realizar festivais de música em São Paulo. Conseguiu provar que é possível fazer um bom festival com boa estrutura e curadoria equilibrando-se entre o comercial e o pouco previsível trazendo tanto artistas novos e relevantes quanto nomes consagrados – e, principalmente, dissociar a ideia de festival de música estar atrelada a dia de perrengue, como o que fizeram os festivais realizados em São Paulo na última década. Obviamente a questão do preço extorsivo do ingresso é um ponto central nos poucos contras do evento: não bastasse ser caro pra cacete, só era permitido que se frequentasse um dos três palcos em que se realizavam os shows, algo que é uma irrealidade longe da vida de qualquer fã de música que não nasceu em berço de ouro. Eu mesmo já estava conformado em não ir caso não estivesse credenciado. Mas falo disso abaixo.
Agora sim o C6Fest disse a que veio. Depois de um primeiro dia irregular (pouco público, atrações que não empolgaram tanto e pouca circulação entre o público de diferentes palcos, o que não valorizava a ótima estrutura do evento), o festival feito pelo time que criou o Free Jazz e o Tim Festival em outras aeons mostrou não só que está disposto a entrar de vez no mapa cultural de São Paulo como superou quaisquer outros festivais realizados por aqui desde os tempos do saudoso Planeta Terra. A utilização dos espaços do Parque Ibirapuera e um elenco ousado e pouco trivial transformou o festival em uma experiência única, que talvez só pecasse pela falta de sinalização entre o Auditório do parque e a área comum em que se localizavam outros dois palcos, maior distância a ser percorrida pelo público – ou será que monitores humanos usando lâmpadas e megafones para apontar o caminho são mais eficazes do que placas bem posicionadas?
O grande show do primeiro dia do festival C6, embora tenha reunido mais gente pra ver a Arlo Parks e Christine & The Queens, foi do grupo inglês Dry Cleaning. A mistura da estética pós-punk com timbres dos anos 90 e o vocal fantasmagórico da dama de gelo Florence Shaw mostra que o rock pode continuar se reinventando mesmo usando apenas elementos conhecidos sem que isso torne-se repetitivo ou apenas referencial. O único problema foi que o grupo foi escalado para tocar às seis da tarde numa sexta-feira, o que fez muita gente perder boa parte do show (além do primeiro show da noite, da Xênia França), isso quem chegou a tempo. Logo em seguida Arlo Parks fez o show mais esperado do dia, mas para mim ficou aquém da expectativa. Desenvolta e carismática (e vestindo uma camiseta do Bob Dylan), ela estava claramente exultante por estar fazendo seu primeiro show no Brasil, mas a estética minimalista e intimista de seu disco ficou em segundo plano, fazendo seu som soar mais pop e mais acessível – talvez este seja o rumo de seu segundo disco, My Soft Machine, que será lançado em uma semana. Mas isso deixou a apresentação com um tom meio monocórdico e repetitivo, mesmo que o público estivesse tão animado quanto ela. Só o show que encerrou a apresentação naquele palco, do grupo francês Christine & The Queens, que não bateu. A banda era boa e a vocalista tinha presença de palco, mas o que não era apenas caricato tornava-se constrangedor (como quando ela tocou “Under The Bridge”, do Red Hot Chili Peppers) e fez com que boa parte do público tenha deixado o show muito antes do final. Não pude assistir a nenhum show no Auditório do Ibirapuera porque não consegui credenciamento para este palco, então só posso supor que a homenagem ao Zuza Homem de Mello tenha sido bonita. E das vezes que passei no palco dos DJs, a pista estava quase literalmente vazia, consequência de um dos principais defeitos do evento: o fato de que o público só poderia comparecer a palcos específicos caso tivesse comprado ingresso para este – ou seja, se as pessoas que saíram no decorrer do último show da noite pudesse ir pra pista de dança, certamente esta teria enchido e talvez deixado quem saiu frustrado um pouco mais animado com o fim da noite – em vez de ter a única opção de ir embora. E amanhã tem mais…
O show de domingo ficou na memória, como lembra a Flávia:
Foi uma noite linda e até o frio deu uma trégua! Uma das coisas mais legais é que o evento reuniu vários jovens que conheceram a banda na semana de aparições na TV brasileira pra divulgação dos shows. Como os fãs da ex-RBD Dulce Maria, que se encantaram pela americana em sua incrível participação no “Altas Horas”, da TV Globo, do qual a popstar também participou. (Na programa, provando que é uma elegante diva, Sharon chorou e se emocionou com a mexicana quando esta respondeu com doçura a pergunta de uma fã apaixonada, e ao final correu para abraçá-la. ;~~) O repertório é baseado em “I Learned The Hard Way”, o mais recente de seus quatro discos. Como disse o amigo Vini Gorgulho, o que dizer de um grupo com o qual você fica alucinado até na apresentação dos músicos da banda, geralmente o momento mais entediante de um show?
E os vídeos não mentem: o de cima, feito pela Paula, me foi enviado pela Babee. E o debaixo é do Denis:
Anti-Amy
Parque Ibirapuera @ São Paulo
12 de junho de 2011
Foto: Frá
Que show! Cheguei no finzinho do show do Joshua Redman Trio, quando eles tocavam uma versão instrumental para “The Ocean” do Led Zeppelin, e consegui pegar todo o show da Sharon Jones com os Dap-Kings no Ibirapuera, no domingo. A tarde já tinha virado noitinha (inverno, né… 17h45 parece 20h…) e a banda subiu no palco para uma apresentação contínua de pura soul music.
Muito já foi dito sobre a natureza estelar da ex-carcereira e tudo que foi dito parece pouco: a existência de Sharon Jones foi o que me animou a assistir Amy Winehouse no começou do ano – além de, claro, a vida de Amy ter assumido o papel de equilibrista na cerca da varanda, com o público assistindo entre o espanto e o “pula! pula!”. Felizmente, a onda do domingo era outra.
Sharon é o extremo oposto da morbidez autodestrutiva que empalideceu a alma de Amy – é pura entrega, transformando os quadris presentes em receptores da energia sexual que transmitia com a voz, dor e desejo vibrando cordas vocais e uma presença de palco em 220 volts. E mesmo brilhando sem parar, é impossível perceber que a luz também saía de sua banda – e os Dap-Kings não são mera banda de apoio. Estão no meio do caminho entre os JB’s e os MG’s, uma big band de bolso, igualmente ligada na tomada.
Fiz os vídeos com o celular, por isso nem optei pelo zoom (zoom digital, né… É uma bosta), mas dá para ter uma idéia do estrago que a mulher fez num fim de domingo memorável, fechando um dia dos namorados perfeito.
Palmas para a organização do evento, que reuniu algumas milhares de cabeça (Cinco mil? Eu ouvi gente falando em 10, mas será…?) para um showzaço – e de graça -, em plena São Paulo. Será que isso tá virando tendência? Tomara.
Quem vai?
Sábado tem Criolo de graça na praça em frente à Abril, em Pinheiros e domingo tem Sharon Jones de graça no Ibirapuera.
É só esperar que o frio não doa na alma.
Mutarelli desce a Augusta rumo à Casa do Artista após pedir para carregar a mala do fotógrafo André Lessa, à esquerda (essa foto é minha)
Fui assistir à cabine do Natimorto, o filme de Paulo Machline baseado em um dos livros de Lourenço Mutarelli, com o Douglas, um dos editores do Divirta-se, o guia de programação lá do Estadão, e compadre de outros carnavais (Douglas era editor da falecida Simples quando me convidou para ter uma coluna de música por lá, nos idos de 1840). Saímos da sessão comentando como o filme parecia ser situado em São Paulo apesar de se passar quase que inteiramente em um quarto de hotel. E assim naturalmente surgiu a idéia que foi capa do Divirta-se desta sexta, quando o filme chegou aos cinemas: passar uma tarde com o Mutarelli para que ele nos dissesse quais eram seus lugares favoritos da cidade. O encontro se materializou no mesmo dia em que Lourençou completou 47 anos (ele faz aniversário no dia 18 de abril e faz questão de não comemorar, “comprei um bolo Pullman”), quando conhecemos um sujeito pacato e de fala tranquila, mesmo que falasse de assuntos terríveis e projetos aparentemente sem sentido e fosse o autor de obras perturbadoras e caóticas. Publico o resultado a seguir, já com a promessa (ah, minhas promessas…) de trazer à toda, um dia, quem sabe, tudo mais que o mestre conversou com a gente pelas quase sete horas de passeio naquela segunda-feira quente de outono. As fotos da matéria são do André Lessa, de quem o Mutarelli se dispôs a carregar a mala, descendo a Augusta, em foto que tirei no celular.
O desenho da capa do guia foi feito em menos de dez minutos, enquanto eu tirava as fotos dos detalhes da casa de Lourenço (eu pedi e ele deixou!)
E na capa da versão do guia para o JT, Mutarelli encarnou o cartomante ao ler os maços de cigarro cenográficos em uma das salas do Espaço Unibanco
Saia já desse quarto
Baseado na obra de Lourenço Mutarelli, o filme ‘Natimorto’ se passa entre quatro paredes. Mas o Divirta-se levou o autor para passear pela cidade
Cigarros. Cafés. Obsessão. Simone Spoladore. Lourenço Mutarelli. Esses elementos serão suficientes para prender a atenção de quem estiver no cinema – e, ao mesmo tempo, serão suficientes para perturbar a paz dessa mesma pessoa. A capacidade de perturbar, aliás, não é privilégio de ‘Natimorto’, a mais nova adaptação de uma obra de Mutarelli, estrelada por ele e dirigida por Paulo Machline. É recorrente em seu trabalho. E, com a opção de Machline de tirar o humor presente no livro, restou apenas a tensão.
Os cigarros são essenciais para amarrar a história. É no verso de cada maço que está a principal sacada: o Agente (Mutarelli) interpreta as imagens exigidas pelo Ministério da Saúde como se fossem cartas de tarô. E não passa um dia sem que leia a sua sorte e, desde que a conheceu, a de sua musa, a cantora Voz da Pureza (Simone Spoladore).Ocafé não precisa de explicação – serve para acompanhar o cigarro, é claro.
A presença do autor como ator não estava nos planos. Quem faria o Agente seria Marco Ricca, mas problemas na agenda de Ricca fizeram o diretor cogitar outros nomes, comoMatheus Nachtergaele (que Mutarelli chama de ‘Mastercard’, por não lembrar da pronúncia do sobrenome). “Mas ele também não podia, e aí começaram a cogitar alguns galãs”, explica o escritor. “Foi quando sugeri ao roteirista, André Pinho, que eu poderia fazer o papel, pois não dava para ser um galã. Eu já havia atuado outras vezes. O diretor gostou da ideia e virei o protagonista.”
Assim, o personagem de Mutarelli embarca numa viagem kamikaze com a personagem de Simone, num quarto de hotel que se torna um templo à obsessão e à nicotina – a fumaça do cigarro pode incomodar, e muito, os não-fumantes que se arriscarem a ver ‘ Natimorto’. Toda ação do filme ocorre em um quarto claustrofóbico, que pode ficar em qualquer lugar da cidade.
Mas, se no filme a São Paulo de Mutarelli é um mistério, a da vida real é desvendada pelo Divirta-se. Passamos um dia com o escritor, cujo passeio impressionou pela normalidade, revelando uma São Paulo que frequenta com a mulher e com o filho. Siga-nos rumo à cidade bem familiar desse sujeito pouco família.
Mudança de nome
Era para ser Cowboy Light, como é no livro ‘O Natimorto’. Porém, durante o processo de adaptação, os produtores descobriram que já existia uma marca de cigarro com esse nome. A opção então foi mudar o nome para Cowboi – mais divertido, a propósito. E, nas advertências do verso, há fotos de muita gente da produção do filme – entre eles, o diretor, Paulo Machline.
A São Paulo de Mutarelli
As pessoas atravessam, Mutarelli observa. Mas ele não fica parado ali. Assume a missão de ser nosso guia pela cidade que ele mais gosta.
A sorte do dia
Na entrada do Espaço Unibanco, o escritor dá as últimas baforadas antes de iniciarmos a jornada. Mas não sem antes ler a nossa sorte.
Ainda dentro da sala 4 do Espaço Unibanco, minutos antes de nos apresentar a São Paulo que lhe ‘pertence’ – algo que vai da Rua Augusta até a Vila Mariana, com uma escapada pelo Parque do Ibirapuera –, Mutarelli tratou de prever a nossa jornada. Emseu baralho de tarô, formado por maços de Cowboi, teve uma impressão inicial de que o dia seria ruim. Mas mudou de ideia – ou melhor, as ‘cartas’ mudaram.
O dia prometia ser bom. E foi. Ali mesmo, mas na nobre sala 1, o quadrinista, escritor, roteirista e hoje
mais ator do que nunca, lerá a sorte outras vezes. Só que agora em público, como protagonista do filme ‘Natimorto’, que, segundo ele, você deveria assistir no próprio Espaço Unibanco, que é o “seu cinema”.
E, para não ficar perdido quando o filme acabar – o que, a julgar pelo caráter sempre perturbador das obras de Mutarelli (como ‘O Cheiro do Ralo’), pode realmente acontecer –, ele indica por onde caminhar.
Espaço Unibanco. R. Augusta, 1.470, Cerqueira César, 3287-5590.
Subindo a Augusta rumo à Paulista
Mutarelli sempre passa pelo sebo. São assim os frequentadores desse tipo de loja: fieis. E, depois revirar livros usados, é hora de mais um cafezinho.
“É um lugar a que sempre vou” afirma Mutarelli, enquanto dá apenas alguns passos até o sebo Alfarrabista Corsarium, em uma galeria a poucos metros do Espaço Unibanco. Vai lá. Só não espere encontrar um livro dele. “Me disseram que meu primeiro álbum está sendo vendido a R$ 300!”.
Alfarrabista Corsarium. R. Augusta, 1.492, loja 8, Cerqueira César, 3284-1214.
Entre um cigarro e outro, ele para e toma um café, em pé mesmo, no quiosque do Viena, na entrada do Conjunto Nacional, já na Av. Paulista. “Sempre tomo café ali. Às vezes mais de uma vez por dia.” Na hora de almoçar, voltamos à Rua Augusta. E hesitamos entre o PF da lanchonete BH (na esquina com a Rua Luis Coelho) e o clássico beirute do Frevo – ficamos com o segundo. Ufa.
Frevo. R. Augusta, 1563, Cerqueira César, 3284-7622
Perdido no Conjunto Nacional
Ele conhece o espaço muito bem, é verdade. Mas nem por isso a visita é rápida. Passa pelas estantes devagar e só observa. Espera que algum livro o encontre.
É sem um objetivo traçado que ele passa pela entrada da loja principal da Livraria Cultura, no Conjunto
Nacional. A única coisa que sabe é que vai passar antes pela unidade dedicada aos livros de arte. “Vou bastante ali. Mas, mesmo com as grandes livrarias, ainda é muito pequeno o acervo no Brasil. Então, eu
sempre dou uma fuçada para ver se apareceu algo novo. Depois, vou ver os outros livros e os DVDs.”
Livraria Cultura. Conjunto Nacional. Av. Paulista, 2.073, Bela Vista, 3170-4033.
Na oficina do traço
Ele olha para as penas (de desenho com nanquim) e as compara com agulhas de vitrola. Na Casa do Artista, perdoe a redundância, ele sente-se em casa.
Da Livraria Cultura, Mutarelli desce algumas quadras no sentido contrário, rumo ao Jardins, onde vai parar no parque de diversões que é a Casa do Artista, na Alameda Itu. Principal loja de materiais artísticos de São Paulo, a casa é um deleite para o autor, que se perde pelas prateleiras em busca de penas, tintas e papéis. “Acho que estão redescobrindo o papel. Teve uma hora em que todo mundo queria ser digital, ir para o computador. Acho que o desenho a mão está sendo redescoberto, como o vinil.”
Casa do Artista. Alameda Itu, 1.012, Jardins, 3088-4191.
Um cara normal
No final do passeio, vamos para a região onde mora Mutarelli hoje. No Parque do Ibirapuera e nas redondezas da Vila Mariana, ele mostra que é um ‘pai de família’.
Saímos da região da Paulista rumo ao início da zona sul, perto da casa do escritor. Antes de chegarmos a seu bairro, a Vila Mariana, fizemos uma pausa rápida no Parque do Ibirapuera. “Com cinco contos, você aluga uma bicicleta e faz um puta programa”, explica ao contar que vai ao parque passear com o filho de 15 anos. Do Ibirapuera vamos à Vila Mariana até chegarmos ao café Vila França, pertinho de seu apartamento, onde é recebido pelo nome e tem até conta para ‘pendurar’ seus cafezinhos. “Eu adoro o bairro. É o lugar que eu escolhi para morar. Enquanto der para pagar o aluguel, eu fico por aqui.”
Vila França. R.França Pinto, 49, V. Mariana, 5084-2281.
Longe do caos da cidade
Depois de mais de 8 quilômetros (percorridos em sete horas), voltamos com Mutarelli para a sua casa– o melhor lugar para o entendermos.
“O espaço em que eu trabalho é como uma jaula. Eu gosto de ficar preso ali. Acordo muito cedo e fico nela até a hora em que o telefone começa a tocar, lá pelas 9 e meia, 10 da manhã. É quando saio para dar uma volta na região, para reconhecer aminha geografia pessoal.”
Paulistano, Mutarelli já morou em vários lugares da cidade, mas se encontrou na Vila Mariana.“Eu nem via o quanto estava envolvido com a cidade. Ultimamente, percebo melhor o meu bairro.” Tanto que situou um de seus livros recentes (‘A Arte de Produzir Efeito Sem Causa’, 2008) na região, sem citá-la nominalmente. E conta que incluiu anônimos que encontra em seus passeios matinais. “Tem uma senhora oriental que usa um chapéu grande e anda empurrando uma cadeira de rodas vazia. Tem um outro cara que trabalha na mercearia perto de casa… Uma loja de roupas de que eu só mudei uma letra no nome…”
O que o fascina na cidade é como as pessoas se tornam anônimas. “Por mais peculiares que sejam, elas ficam invisíveis. São Paulo é uma cidade de figurantes. Todo mundo figura. Há pessoas desprezíveis que se acham protagonistas. Outro dia, eu estava no museu e um cara entrou na minha frente, como se eu não existisse. E, na cabeça dele, eu não existia mesmo. Tem muita gente assim, que se acha especial. Mas São Paulo esmaga”, diz, citando o Hulk.
Ele diz que gosta da dinâmica da Vila Mariana, que se opõe ao caos organizado da metrópole. “O ritmo de São Paulo é absurdo. Faço tudo para não ter pressa, porque ela me consome, é muito corrosiva. Prefiro ir a um supermercado do que ir à praia. Descer a serra para pegar fila para comprar pão? Não dá.”