Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Maior prazer poder ouvir o primeiro disco da Mahmundi sendo lançado do jeito certo. Conversei com ela no post em que o Spotify falou da parceria com o site e pude falar sobre seu momento mais pop, a atual cena brasileira e um clipe gravado em São Paulo.
Conheci a Marcela Vale quando ela começava a despontar ainda no Rio de Janeiro, sinalizando um novo horizonte para a cena musical carioca. O nome Mahmundi vinha de algum blog ou rede social — o Mundi da Mah, numa explicação didática —, mas havia ficado como pseudônimo na construção de sua personalidade artística. Depois de anos nos bastidores técnicos do Circo Voador, ela começava o voo solo sem medo de altura, um pop sintético tocado com a inocência e o frescor dos anos 80, que apontava para uma sensibilidade dance resgatada por nomes como Chromeo, Flight Facilities, Toro y Moi, Chromatics, Classixx, Washed Out e Cut Copy, mas com um sabor essencialmente brasileiro, ecoando o pop pré-Blitz (de nomes como Marina, Guilherme Arantes e Ritchie). Ela era um termômetro das transformações que mudavam radicalmente a cara do Rio pós- Los Hermanos e vinha sem ironia, sem piadinhas, sem medo de ser pop. Sua ascensão aconteceu de forma leve, mas rápida. Meses depois de lançar seus primeiros EPs (quando a chamei para o palco do Prata da Casa em 2012, quando fui curador do projeto no Sesc Pompeia), estava ganhando prêmios e fechando contratos importantes. Seu primeiro álbum, batizado apenas com seu nome e lançado na semana passada, foi dirigido pelo Miranda, mas produzido por ela mesma, que, além de compor e cantar todas as músicas, também toca vários instrumentos. Conversei com ela sobre esta nova fase, a expectativa de atingir um público ainda maior e suas impressões sobre o atual cenário da música brasileira.
O quanto a Marcela do primeiro álbum é diferente da Marcela dos singles e EPs que vieram antes?
Eu estou mais experiente, mais paciente e mais consciente do meu lugar enquanto artista. Produzir e arranjar um disco é um trabalho que requer muita pesquisa. Eu produzi em intervalos entre 2014 e 2015 e tive esse tempo com bons músicos — Felipe e Luz, que tocam comigo — pra traduzir as ideias que não conseguia executar. Além disso, entendi melhor como funciona um processo artístico e conceitual de um álbum, isso ampliou muita coisa na minha cabeça. Esse tempo foi muito enriquecedor”.
O que os primeiros fãs poderão notar nesse primeiro disco? O quanto músicas já conhecidas mudaram?
Quis trazer texturas, musicalidade, composição e cor pra esse novo momento. Quero inspirar meus fãs a se descobrirem como artistas e produtores. Afinal, o futuro é esse. Recebo muitos e-mails dizendo: ‘Hoje toco guitarra por sua causa’, ‘você me inspirou a ser o que eu quisesse ser’. Quero sempre que todo o meu processo — musical ou artístico — seja inspirador. As músicas conhecidas passaram por um processo de mixagem e masterização, algo que unifica o processo do álbum e faz com que ele se torne um disco completo de 10 faixas. Regravei todas as vozes, tive aulas de técnica e preparação vocal. Tudo conduzido pra que o trabalho final se tornasse mais forte”.
Como foi trabalhar com o Miranda?
Miranda é um ótimo amigo e ótimo profissional. Aceitei trabalhar com ele por saber que teria a liberdade de sempre para produzir meus discos e, ao lado dele, ganhar mais experiência no que estava fazendo. E foi o que aconteceu. Foi bom ter a companhia dele em momentos fora do estúdio, por exemplo, quando eu passava horas e horas gravando voz. Ele me trazia muitos discos novos e muitas boas conversas sobre esse processo de música”.
O que você tem achado da atual cena musical brasileira? Você acompanhou boa parte dessa cena no início ainda nos bastidores do Circo Voador, se sente caçula desse pessoal? Quem são seus favoritos?
Eu não vejo cena, sabe? Eu sempre ouço tudo e tento ver o que é musicalmente interessante no contexto geral. Eu vi muitas coisas boas no Circo, muitos artistas começando e tal. Não me sinto caçula, não! O que vejo é que já são ciclos diferentes. Mas gosto muito de tudo que vi por lá: o Otto, que sempre fez shows memoráveis; Curumin; Lucas Santanna; Céu; Kassin… Fora isso tudo, o disco novo da Elza Soares, A Mulher do Fim do Mundo, eu achei muito bacana também. “Maria da Vila Matilde”, por exemplo, é uma música forte, tanto musicalmente quanto na sua composição. Esse foi o trabalho que mais me chamou atenção no fim de 2015″.
Qual a primeira faixa de trabalho? Vai ter algum clipe?
Sim! A faixa desse novo momento se chama ‘Hit’ . E vai ter um clipe maravilhoso, gravado em São Paulo. A concepção do clipe foi feita pelo Yugo, responsável pelo projeto do gráfico do disco, e dirigido pelos meninos da Gos Filmes, talentosíssimos. Vai ser bacana viver esse momento ‘noite’ e explorar essa cidade cada vez mais.
Não é só o Vida Fodona que deixou de ser um podcast para virar uma série de playlists no Spotify. Fechei uma parceria com o maior aplicativo de streaming de música do mundo e agora tenho uma conta na rede deles e alimentos diferentes playlists – dá pra me seguir aqui:
Lá criei algumas playlists fixas, que sempre serão atualizadas, além de outras temporárias. Funciona assim:
Além destas, que são fixas e estão sempre sendo alimentadas, ainda há versões periódicas de algumas delas: quase toda semana tem playlist nova do Vida Fodona, sempre antes de qualquer Noite Trabalho Sujo alimento uma playlist que dá o tom da próxima festa e o mesmo vale com a Sussa, que é mais esporádica. Fizemos – eu, Danilo, Klaus e Babee – uma Sussa inclusive pra selar a parceria com o Spotify, tocando na sede do aplicativo aqui em São Paulo. E a trilha sonora foi essa:
E ainda vem aí os Spotify Talks, em que vou conduzir conversas sobre música com gente que manja de música. Faço a curadoria e a apresentação destes encontros, que devem começar em julho. Depois eu falo mais sobre isso.
E vem mais novidade dessa parceria por aí, aguardem!
O Metronomy está de volta com música e clipe novos, anunciando o disco Summer 08, gravado em apenas duas semanas pelo fundador da banda, Joe Mount, que tocou quase tudo no novo disco. Uma das poucas participações externas do novo disco é o DJ Mixmaster Mike, que tocava com os Beastie Boys, que faz das suas em “Old Skool”, o primeiro single, de beat pra cima e uma atmosfera disco music. O disco ainda tem a participação da cantora Robyn em outra faixa e será lançado no primeiro dia de julho. E o Metronomy sabe fazer bons discos…
A capa e a ordem das músicas, apenas dez, vêm logo abaixo:
“Back Together”
“Miami Logic”
“Old Skool” + Mixmaster Mike
“16 Beat”
“Hang Me Out To Dry” + Robyn
“Mick Slow”
“My House”
“Night Owl”
“Love’s Not an Obstacle”
“Summer Jam”
O experimento de aceleração de partículas de energias positivas e forças entrópicas realizado mensalmente na antena de concreto estrategicamente localizada entre a Galeria do Rock, o Largo do Paysandu e a esquina em que alguma coisa acontece no meu coração na melhor cidade da América do Sul tem uma procura incomum de voluntários devido ao excesso de maus fluidos que têm tomado conta da atmosfera de uma nação que engatou a marcha ré rumo ao século retrasado. Para isso preparamos mais um seminário em movimento com sumidades das boas vibrações que espalham suas teses sônicas por todos os cômodos do andar mais transcendental do centro antigo. O centro de pesquisas que mantém o encontro, Noites Trabalho Sujo, liderado pelo meteorologista mental Alexandre Matias vem desfalcado no sábado por uma boa notícia, o maestro nudista Luiz Pattoli não poderá comparecer à conjuração de energias luminosas pois ele mesmo está num cenário de luz, cuidando de mais um fruto de sua carne que chegou à nossa dimensão. O trabalho no auditório azul portanto será focado na dupla formada pelo proponente e o fisioalquimista Danilo Cabral, o audaz, e o tema da massagem cerebral exercida por frequências sonoras terá uma fase roxa que busca evocar uma entidade que passou recentemente à outra dimensão. Esse chamamento psiquicossonoro também poderá atrair experimentalistas de outras dimensões, eras e gêneros, que só serão revelados no instante. No auditório negro, as vibrações sonoras serão manipuladas pelos físicos do som André Palugan, o intagueável, e Guto Nunes, que apresentam-se sob a alcunha de San y Mayo, um exercício sônico a partir de ritmos cíclicos de todas as partes do planeta. Após essa explanação, a cientista social Daniela Arrais, do instituto de consciência humana Don’t Touch My Moleskine, convida o conterrâneo Guilherme Gatis para expandir o horizonte do otimismo com essências de boas vibrações para espalhar pela atmosfera da madrugada. Aliás, a confluência pernambucana parece forte nessa específica noite. No espaço de entrada próximo ao bar, na área de convívio, as estreantes Lydia Caldana e Natalia Vianna, representando o centro Didymai – do grego “irmãs gêmeas” -, desafiamm as leis da física movendo a índole dos presentes apenas com frequências sonoras. Os três ambientes do encontro estarão trabalhando em paralelo para começar a reverter o fluxo do pêndulo da história e contamos com a força psicossomática de todos os envolvidos para começarmos a desmagnetizar essa pressão plúmbea do inconsciente coletivo de 2016. Para a realização deste experimento, exigimos que os nomes dos voluntários sejam enviados com antecedência para o endereço eletrônico NoitesTrabalhoSujo@gmail.com e pedimos que haja um investimento de 30 dinheiros – apresentados em espécie – à entrada. A primeira centena de participantes, no entanto, só precisa trazer 20 unidades monetárias brasileiras para participar deste encontro ecumênico. Contamos com a presença de todos para desintoxicar o futuro à base de vibrações orgônicas positivas em movimento. Abaixo deixamos uma amostra de arquivos de áudio que serão apresentados a partir da virada do sábado para o domingo no edifício Trackertower.
Noites Trabalho Sujo @ Trackers
Sábado, 9 de abril de 2016
A partir das 23h45
No som: Alexandre Matias e Danilo Cabral (Noites Trabalho Sujo), André Palugan e Guto Nunes (San y Mayo), Lydia Caldana e Natália Fernanda (Didymai), Dani Arrais e Guilherme Gatis
Trackertower: R. Dom José de Barros, 337, Centro, São Paulo
Entrada: R$ 30 só com nome na lista pelo email noitestrabalhosujo@gmail.com. O preço da entrada deve ser pago em dinheiro, toda a consumação na casa é feita com cartões. E chegue cedo – os 100 que chegarem primeiro na Trackers pagam R$ 20 pra entrar.
Escrevi lá no meu blog no UOL sobre o anúncio do seriado Electric Dreams, que leva o universo de Philip K. Dick para a TV com produção de Bryan “Walter White” Cranston e Ron “Battlestar Galactica” Moore.
A arrebatadora e deslumbrante “Todos Querem Amar”, que encerra o senhor disco que o Letuce lançou ano passado, Estilhaça, nasceu sozinha. “Ela música nasceu de total improviso da banda, no estúdio 12 dólares em dezembro de 2013”, me conta Letícia Novaes, vocalista e norte da banda. “Os meninos lá levando um som, eu abri meu caderninho de tralhas/emocões e desatei a cantar e falar algo que tinha escrito. Quando fomos gravar o disco em 2015, fevereiro, o Lucas (Vasconcellos, guitarrista e outra metade do casal que originou a banda) comentou ‘vocês têm que ouvir um momento que temos de 2013, lá no estúdio e tal’. Quando a gente ouviu, pirou. A gente já não lembrava exatamente e foi tão impactante que resolvemos colocar do jeito que estava, até a voz é a guia.”
A música virou clipe, que estreia com exclusividade aqui no Trabalho Sujo. O clipe foi dirigido por Clara Sønder, que filmou o casal à noite em Copacabana, e conta com imagens enviadas por fãs. “Pedi aos fãs que mandassem vídeos no ônibus da vida. Pedi cautela, afinal: muitos assaltos”, lembra Letícia, antes de rir, “recebemos vários, desde bebês, até dança contemporânea, gente se beijando, e umas meninas hilárias que criaram um ônibus – até botei duas ceninhas com elas”.
“Essa música fala sobre tentativas, creio. E como isso nos mantém sãos”, ela continua. “As pessoas vão e vem, contramão ou não, mas tentam. E há uma certa vergonha em tentar. Hoje em dia existe uma vergonha em amar, há quem tem tenha vergonha da frase ‘mais amor, por favor’. o amor não é mais um lugar comum a todos, há quem ame, há quem odeie, é curioso. E – ah! – também é uma música sobre sonhos, e como eles são utilizados de maneira boba. quando alguém diz ‘sonhei com você’, cria-se uma distância subconsciente, e há a ‘vergonha’ – olha ela aí de novo – de se dizer ‘eu pensei em você à noite inteira’, o que pra mim seria bem mais forte de ouvir do que ‘sonhei com você'”, ela ri de novo.
A música e o vídeo funcionam como um antídoto pra essa fase deprê que estamos atravessando no Brasil.
Lucas Santtana que deu a dica de uma amazonense que descobriu e acabara de produzir seu segundo disco, Cinética. “Admiro demais o trabalho dele desde 2012 quando o conheci com o Sem Nostalgia”, me conta Anne Jezini. “Gosto muito como ele usa as camadas e texturas, a criatividade e, principalmente o desapego dele a um estilo só. Ele é bem ligado na música que está acontecendo no norte, e conheceu meu trabalho pela internet e foi uma surpresa muito feliz pra mim. Então a idéia de fazer o disco surgiu naturalmente, tinha uma sintonia do que eu estava querendo como sonoridade e as idéias dele. E todo o processo foi muito suave e relativamente rápido por causa disso. Começou em maio de 2015, trocamos referências e fomos formatando o conceito e em agosto eu viajei para o Rio de Janeiro para compormos as musicas e fechar o repertório, e já gravamos a faixa ‘Vale’ no estúdio do Marcelinho da Lua em parceria com ele. Todas as outras faixas foram gravadas em novembro no 12 Dólares do Fábio Pinczowski, que também tocou parte dos synths do disco. Foi relativamente rápido.”
Lucas conta como foi o contato com ela: “Conheci a Anne nas redes socias, ficamos amigos por lá e começamos a trocar figurinhas musicais. Saquei que ela curtia som, do tipo que faz um comentário como: ‘adoro o som desse sinth no refrão’. Daí rolou o convite para produzir o álbum novo dela e começamos a trocar referências no Spotify. Saquei que rolava muita afinidade sonora e me animei não só de produzir o disco como de compor todas as músicas, fazendo as músicas já em cima das batidas. Foi o primeiro disco que produzi que gravei 70% dos instrumentos. E o Fábio Pinc – que gravou o disco – os outros 30%. Foi bem divertido de fazer. Anne não tem frescura de cantora, botava a voz na hora que a gente propunha, como a gente botava os instrumentos. E como dá pra ouvir, ela canta muito.”
Cantora e compositora, Anne tem formação em biologia e economia, mas descobriu-se cantora depois de passar quase um ano na Inglaterra. Lançou o primeiro disco (Toda Queda Guarda um Susto) em 2015 mas viu que queria mais. Cinética, em sua maioria composto ao lado de Lucas a aproximou ainda mais da linguagem eletrônica. “Compomos eu e o Lucas partindo primeiro dos beats já imaginando o tipo de sonoridade que cada canção ia seguir e criando as melodias a partir disso. Ele já nasceu da idéia de privilegiar os beats e os sintetizadores.” Entre as influências do disco, ela lista funk, Michael Jackson antigo, Peaking Lights, Santigold e LCD Soundsystem. “Queria brincar e usar de formas diferentes ritmos como o dancehall, o funk carioca e a cumbia. Tem um pouco da referência do Bomba Stereo, das produções do Major Lazer”, explica.
O disco sai em junho primeiro digitalmente e em CD e o show tem direção musical do Lucas Santtana, além de contar com o próprio tocando baixo e synth, Caetano Malta na guitarra e MPC e Lenis Riso na MPC e no sampler. Ela antecipa o primeiro single, “Uma Pausa”, com exclusividade para o Trabalho Sujo.
Escrevi lá no meu blog no UOL sobre o belíssimo A Moon Shaped Pool, nono disco do Radiohead, que parece indicar ser o capítulo final da biografia da banda.
Escrevi lá no meu blog no UOL sobre o adeus que Angeli deu à tira que fez seu nome no domingo – resta-nos agradecê-lo por estes anos e torcer por um futuro igualmente inspirador
O coletivo-selo Risco, que gira ao redor do estúdio Canoa, no Sumaré, em São Paulo, vem aos poucos comendo pelas beiradas e depois de conseguir estabelecer parte de seu elenco entre os novos nomes da música brasileira, resolveu lançar um disco-manifesto, reunindo os grupos que lançou em uma só coletânea. Risco #01 será lançada no próximo dia 19, uma quinta-feira, no Centro Cultural São Paulo, com apresentações das oito bandas que fazem parte do selo, pois a proposta da coletânea é justamente colocar bandas como O Terno, Charlie e os Marretas, Luiza Lian, Mustache e os Apaches, entre outros, tocando músicas uns dos outros. O disco estará à venda no show (que é de graça, mais informações aqui) e estará disponível em streaming a partir desta quinta-feira, dia 12, na conta do Soundcloud do selo. Conversei com o Guilherme Giraldi, que é um dos sócios do selo (o outro é seu xará Gui Jesus, dono do estúdio Canoa) e também faz parte do Charlie & Os Marretas e ele me adiantou um trecho das gravações em vídeo e a capa da coletânea, em primeira mão.
Conta a história do Risco.
O Risco nasceu em 2013 como um coletivo de bandas e artistas que já se associavam de diversas maneiras, seja dividindo o palco num show, compartilhando integrantes entre si ou na relação cotidiana de parceria e amizade. Fazem parte desde a fundação do selo: O Terno, Charlie e os Marretas, Memórias de um Caramujo, Luiza Lian, Grand Bazaar, Mojo Workers, Caio Falcão e um Bando e Noite Torta. Além disso, tiveram como ponto importante de convergência o Estúdio Canoa, do meu sócio Gui Jesus Toledo, aonde gravaram e mixaram a grande maioria dos seus discos.
A ideia do selo, partiu de mim e do Jesus. Propusemos para as bandas de prensar os discos em vinil e rachar os custos e lucros. O vinil sempre foi um formato que agradou muito a todos nós, tanto pela pela sua parte estética, visual, tanto pelo seu ritual de escuta. Em 2014, lançamos d’O Terno seus dois discos e o compacto “Tic Tac/Harmonium”, o disco do Charlie e os Marretas e o “Cheio de Gente” do Memórias de um Caramujo.
Em 2015, tivemos outros os lançamentos, estes em CD, dos álbuns de estréia da Luiza Lian e do Caio Falcão e um Bando, e a entrada dos Mustache e os Apaches com o disco “Time is monkey” e do Música de Selvagem no selo.
O Risco é só um selo? O que é um selo de discos hoje em dia?
O Risco surge lá atrás como um coletivo e selo de vinis. Depois de um certo tempo compreendendo melhor nosso mercado com um todo, as necessidades do selo como negócio, as demandas que surgiam dos artistas e as vontades artísticas de todos nós, sentimos que deveríamos expandir nossas atividades.
Sobreviver como um selo de discos no mercado independente brasileiro é muito complicado. Mesmo com o boom do vinil, o mercado físico só veem caindo e o digital ainda é uma microrreceita. Por isso tivemos abrir a cabeça para as novas e velhas possibilidades de atuação dentro do mercado da música e ver aonde realmente gostaríamos de agir. Um trabalho que já vem sendo realizado, por exemplo, é o de produção e agenciamento, que é um dos grandes gargalos da nossa cena. Atuamos com dois artistas do selo, Charlie e os Marretas e Luiza Lian.
Atualmente, enxergamos o RISCO como uma plataforma de suporte na cadeia criativa e produtiva do nosso elenco. Temos que compreender toda essa cadeia e atuar no caso de cada artista de uma forma específica, pois cada um está num momento diferente da sua carreira, tem um público específico, e mesmo estando numa mesma cena, tem demandas diferentes.
Portanto, acredito que no século 21 os selos continuam com a missão de fomentar e difundir o trabalho dos artistas que compõe seu elenco, mas com uma estrutura flexível e atuação vinculada não somente no mercado fonográfico, com foco na venda de discos, mas também nas diversas áreas do ecossistema da música como o show business e o direito autoral.
Conta como surgiu a ideia deste novo disco?
Alguém – sinceramente não me lembro quem – numa das primeiras reuniões que fizemos com todxs xs músicxs do Risco, soltou “seria muito louco que as bandas gravassem versões umas das outras! Imagina os Mojo tocando Marretas que doidera!”. Geral curtiu e a ideia ficou. Depois de muito tempo tivemos uma reunião na Red Bull Station, apresentamos essa ideia doida, eles animaram e ai surge o disco.
E que mais vocês têm de planos para 2016?
Esse ano é bem importante para a gente pois estamos expandindo nosso negócio e temos muitos lançamentos, como os álbuns do Grand Bazaar, Música de Selvagem, Charlie e os Marretas, O Terno; o EP da Luiza Lian; e ainda temos o lançamento de um novo projeto chamado Mawu.