Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
“Uma música tem que mudar pra continuar viva”, escreveu Lykke Li para anunciar seu novo EP, Covers, lançado de surpresa nessa sexta-feira, “estou cantando essas músicas entre gravações, no chuveiro, para me acalmar do pesadelo de 100 horas em scroll, tudo que não posso dizer está na música”. Com apenas três músicas, o disco traz versões deslumbrantes e minimalistas para clássicos do pop como “Stand by Me” (de Ben E. King, regravada por John Lennon) e “Love Hurts” (dos Everly Brothers, regravada por Roy Orbison e pelo Nazareth) e o hino semirreligioso “Into My Arms”, de Nick Cave. “Adeus por enquanto”, despediu-se anunciando um novo disco, “mixar é um buraco de coelho, mas deus queira que o álbum irá sair, mesmo que toda esperança tenha acabado”. Esperamos.
Kim Gordon atualiza o cartão de visitas de seu mais recente disco solo para se encaixar no clima de pesadelo que paira sobre seu país. A bordoada “Bye Bye” ganha uma versão “Bye Bye 25” que chega às plataformas de áudio nessa sexta-feira, acompanhado de um clipe que clona o clássico clipe do Dylan para sua “Subterranean Homesick Blues”. O alvo, claro, é Trump – mas sem precisar dizer seu nome.
O grupo norte-americano Yeah Yeah Yeahs começou uma nova turnê esta semana, priorizando apresentações intimistas em teatros e aproveitando essa oportunidade para resgatar músicas que nunca tocaram ao vivo (ou que não tocam nos palcos há anos) e fazer versões que canções que admiram. A turnê Hidden in Pieces começou na terça passada, quando o grupo apresentou-se no Fox Performing Arts Center, na Califórnia, e além de tocar “Little Shadow”, “Mars” e “Let Me Know” pela primeira vez ao vivo (e resgatar para os palcos “Mystery Girl”, “Warrior” e “Isis”, que tocaram pela última vez há quinze anos), também aproveitaram para saudar Björk em uma versão deslumbrante para “Hyperballad”, com direito a cordas. De chorar.
Luedji Luna acabou de lançar disco novo e, do nada, lançou um outro álbum nessa sexta-feira. Antes Que a Terra Acabe é o sonhado disco de jazz que ela queria lançar e inclui participações ilustres como Seu Jorge, Alaíde Costa, Arthur Verocai, a saxofonista britânica Nubya Garcia, o pianista norte-americano Robert Glasper, entre outros. Nada mal…
Na terça desta semana aconteceu a premiação da Associação Paulista de Críticos de Arte no teatro Sérgio Cardoso, quando os agraciados de todas as categorias contempladas pela associação foram receber seus troféus em público. E durante a categoria música popular, da qual faço parte da comissão julgadora, tivemos a honra de reunir, num mesmo palco, Alaíde Costa (que recebeu o merecido primeiro aplauso de pé da noite), Amaro Freitas, os grupos Black Pantera e Boogarins, representantes dos Racionais MCs e de Hermeto Pascoal e os autores do disco Maria Esmeralda, que aproveitaram a oportunidade para apresentar uma das músicas do disco (a excelente “Todo o Tempo do Mundo”) ao vivo. Além de mim também participam da comissão de música popular Adriana de Barros (Mistura Cultural), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Times Brasil), Guilherme Werneck (Canal Meio), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto).
Representante da classe de 1975, Criolo anuncia uma turnê para comemorar seus 50 anos de vida e 35 de carreira trazendo novidades: dois discos e um livro. Os dois álbuns ainda não têm título. O primeiro deles, já anunciado, traz como convidados o pernambucano Amaro Freitas e o português Dino D’Santiago, estreitando o laço entre os filhos da diáspora africana lusófona, ao traçar uma ponte entre Brasil e Cabo Verde. O segundo traz sua volta ao samba, oito anos depois do disco Espiral de Ilusão. A estreia no mercado editorial também não tem título, mas será ao lado de sua mãe, a filósofa e ativista cultural cearense Maria Vilani. As comemorações de seu cinquentenário começam em julho, quando inicia a turnê por Teresina, no Piauí (dia 20), passando também por Recife (1º de agosto), Fortaleza (2), Brasília (29), Rio de Janeiro (12 de setembro), São Paulo (13, dentro do festival The Town), Uberlândia (14), Belo Horizonte (11 de outubro), Porto Alegre (17), Florianópolis (18), Curitiba (19), Salvador (1º de novembro) e Petrópolis (2 e 9, dentro do festival Rock the Mountain). Veja o pôster da turnê abaixo:
Apesar de ser um garoto da praia per se, a única vez que o público viu Brian Wilson surfar foi num especial de TV que os Beach Boys fizeram em agosto de 1976 para a emissora norte-americana NBC na tentativa de atingir um público mais novo. O programa Beach Boys: It’s Ok! misturava cenas de shows, entrevistas e quadros cômicos como este em que os dois irmãos cara-de-pau John Belushi e Dan Aykroyd, desta vez passando por policiais, dão uma batida na casa de Brian para obrigá-lo a voltar para a praia. Não foi só Brian quem atuou nestes esquetes, seus irmãos Carl (pilotando um avião) e Dennis (como jurado de um concurso de beleza) também fizeram suas aparições, mas obrigar Brian a subir em uma prancha (depois que Aykroyd manobra o mar para sua entrada) segue como um dos momentos clássicos da teledramaturgia do rock.
A morte de Brian Wilson me levou a escrever mais um texto pro Toca UOL, desta vez falando sobre sua importância.
O mestre nos deixou, mas sua inspiração, legado e lembranças ficam, mantendo-o vivo entre nós. Pude vê-lo ao vivo duas vezes, uma no Brasil, quando tocou seu Smile dentro da programação do Tim Festival de 2004, e depois no Primavera Sounds em Barcelona, quando o vi tocando seu Pet Sounds na integra. No primeiro ainda não tinha essa mania de filmar shows que tenho hoje, mas consegui registrar o segundo (numa câmera que não era tão boa quanto a atual, especificamente no que diz respeito à altura do som). Mas é um momento único na minha vida que posso reviver e compartilhar com todos. Assista abaixo: