Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Castello Branco direto ao ponto

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“Dos instagrams às bancadas politicas, quem é que não está pregando sua ideia?”, me devolve a pergunta o cantor e compositor carioca Castello Branco, quando tento traçar um paralelo entre a situação atual do Brasil e seu terceiro álbum, Sermão, que será lançado nesta sexta e pode ser ouvido em primeira mão no Trabalho Sujo. O disco encerra uma trilogia que ele havia imaginado desde o lançamento de seu primeiro disco, Serviço, de 2013, e continuou com Sintoma, em 2017: “Eu tinha uma ideia de que seria assim. Mas não havia certeza, claro. Ter certeza é delicado.”

“Ao longo dos anos, fui construindo uma narrativa sobre educação através do autoconhecimento”, ele continua explicando. “Um tecer que se deu sempre com palavras-síntese começadas pela letra “S” – Serviço, Sintoma e, agora, Sermão – e sempre em anos ímpares. Uma viagem pelo passado, futuro e presente.” Ele o considera seu disco mais provocativo e, de certa forma, é também seu disco mais pop, que mantém a clareza e simplicidade dos trabalhos anteriores, mas soa menos delicado e mais assertivo, ser perder a sensação de acolhimento. “Compus algumas com meu parceiro Lôu Cascudo, primeiro. Depois, fui pra estúdio com meu produtor musical, o Rubens di Souza, e lá, imersos em amor e devoção para com as canções e idéias, realizamos o que hoje é o disco”, lembra.

Apesar do disco sair já, ele ainda está no processo de transformá-lo em show, o que vai levar um tempo – o show de estreia acontecerá em São Paulo, só em novembro. “Estamos justamente nesse momento de conceber isso (o show)”, ele prossegue. “Não é a mesma banda do Sintoma, então muita coisa vai mudar, mas ainda não sei dizer exatamente o quê, estou nesse processo.” Abaixo a capa e o nome das músicas do disco.

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“No Mires Atrás”
“Geral Importa”
“Powerful”
“Fortaleza”
“De Pouquinho em Pouquinho”
“Juntos com Certeza”
“Eu Ouço”
“Cola Comigo”
“Back to Myself”
“Pãma”
“Uma Flecha Para o Futuro”

Satanique Samba Trio pelo velho continente

Foto: Thais Mallon

Foto: Thais Mallon

O quinteto iconoclasta candango Satanique Samba Trio começou mais uma turnê europeia na sexta passada, quando lançou seu nono disco, Mais Bad, com show em Bruxelas, na Bélgica, passando por cidades da Dinamarca, Suécia, Alemanha e Holanda (tem todas as datas lá no site deles). Mais Bad é a continuação de Mó Bad, que o grupo lançou em 2015 (e que, como o novo disco, também se transformou em um vinil de dez polegadas, lançado pelo selo belga Rebel Up). “Tentei usar o mesmo celular que tinha usado no primeiro – e mais tarde no Instant Karma – aquele álbum líquido do começo do ano (que o grupo lançou em stories do Instagram durante um mês) -, mas estava simplesmente impraticável. Nem ligar ligava mais”, lembra Munha da 7, cabeça do grupo. “Aí acabei gravando em um zenfone velho que tinha encostado na loja de um amigo lá da Ceí. Estava todo lascado também, mas a textura natural do microfone estava linda, desbotadíssima, crocante. Mas foi só terminar de gravar que o perdi. Não faço ideia de onde foi parar.” Como o grupo diz, são cinco variações descompensadas do baião em um lado do vinil e cinco variações descompensadas do samba no outro. “O difícil é saber qual é qual”, ri.

Juliana Perdigão no CCSP

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A cantora, compositora e musicista mineira Juliana Perdigão mostra seu ótimo Folhuda, que lançou neste início do ano musicando poetas brasileiros de todas as gerações, nesta quinta-feira, às 21h, no Centro Cultural São Paulo (mais informações aqui).

Júpiter Maçã via Belém

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E essa versão arrocha de “Lugar do Caralho”?

Sensacional.

A volta do Prata da Casa

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Depois de três anos fora do ar, um dos mais importantes projetos do Sesc Pompeia está de volta: o Prata da Casa, criado há 20 anos para abrir espaços para artistas iniciantes, encerrou suas atividades de forma quase tímida em 2016, mas agora volta a dar sinal de vida justamente para celebrar seu aniversário – e está reabrindo inscrições para a edição 2020. Basta acessar o site sescsp.org.br/pratadacasa do dia 26 de setembro até o dia 3 de outubro para ser avaliado por uma comissão interna do Sesc e ser selecionado para fazer shows gratuitos às terças em uma das mais clássicas unidades do Sesc. Fui curador do projeto em 2012 – quando revelei chamei novatos da época como O Terno, Silva, Mahmundi, Ogi, Kika, Rafael Castro, Cícero, Sambanzo do Thiago França, Iconilli, Me & The Plant, Elo da Corrente, Gang do Eletro, Maíra Freitas, Rodrigo Caçapa, Psilosamples, Quarto Negro, Rosie & Me, a Banda de Joseph Tourton, Dorgas, Max B.O., Bonifrate, entre outros. Que boa notícia!

A maturidade do Moons

Foto: Yannick Falisse

Foto: Yannick Falisse

O grupo mineiro Moons, formado por integrantes de importantes bandas da cena indie de Belo Horizonte, parece ter atingido a maturidade em seu novo disco, Dreaming Fully Awake, que será lançado nesta quinta-feira, mas pode ser ouvido em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. “É um disco que marca uma fase muito especial e a terceira e definitiva – assim espero – formação do Moons”, me explica André Travassos, idealizador do grupo. “O material humano e suas experiências são pra mim o fator mais determinante na concepção de um disco, portanto a chegada de dois novos integrantes traz inevitavelmente, elementos novos pro nosso som. Além do fato de ter sido um disco gravado depois de uma bateria maior de shows. Ou seja, a gente estava mais maduro e mais entrosados.”

Gravado em um sítio perto de Belo Horizonte, o disco começou com a ideia de pré-produção e de desenvolver canções que ainda eram rascunhos, quando o grupo levou um gravador Tascam – que nem sabia se estava funcionando – para registrar esse início de trabalho. “Fato é que na primeira madrugada, quando vimos que a máquina estava perfeita rolou o start que dali poderia sair um disco”, lembra André; “Mas por ser uma gravação ao vivo só mesmo a nossa performance poderia dizer. Como estávamos em um ambiente absolutamente favorável, na companhia dos amigos mais próximos, namoradas, esposas e cachorros, tudo conspirou a favor. Acabamos rearranjando algumas músicas como ‘Dreaming Fully Awake’ e ‘War’ e compusemos uma outra do zero, ‘No More Tears About It’. Foi certamente a gravação mais especial que fizemos na banda até hoje. Na nossa curta discografia é o nosso disco menos introspectivo, mas ainda sim bem íntimo.”

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De sonoridade mais clara e acolhedora que os dois trabalhos anteriores, Dreaming Fully Awake, livra finalmente o grupo do rótulo folk, que ainda vinha sendo atrelado ao grupo, mas não tenho como não perguntar sobre as composições todas serem em inglês. “Desde que me lancei como artista independente, há doze anos, que canto e componho em inglês”, explica André, que antes do Moons pertencia ao grupo Câmera. “Acho que hoje em dia o público torce menos os olhos – ou ouvidos – pra isso. Mas é fato que não temos as mesmas oportunidades que artistas que cantam em português. Ainda que não seja explícito, notamos que alguns editais, jornalistas e produtores tem predileção por quem canta em português. Particularmente não é algo que nos tira o sono. Mas obviamente que lamentamos que em alguns casos as pessoas julguem nosso trabalho não pela qualidade mas pelo idioma. Mas seguimos fazendo nosso trabalho porque acreditamos muito nele e também por ser algo essencial na nossa existência.”

O idioma acaba favorecendo um contato com o mercado exterior, coisa que o grupo trabalha desde o início da carreira. O primeiro disco, Songs of Wood & Fire, foi lançado no Japão em CD em 2017 e agora o nosso segundo trabalho também vai sair em CD e vinil por lá, Europa e Estados Unidos através de uma colaboração entre os selos o japonês Disk Union e o francês 180g”, continua André. “Já fiz alguns shows em Portugal e na França de maneira solo e a ideia é que com essas parcerias a gente consiga enfim viabilizar uma ida da banda completa para algum desses paises. O Dreaming Fully Awake vai sair nos Estados Unidos pela mesmo selo que lançou o novo disco do Pin Ups, o Fleeting Media.”

Taylor Swift no Brasil!

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A cantora e compositora norte-americana Taylor Swift finalmente confirma sua vinda no ano que vem – e pra fazer show em estádio! A confirmação é oficial e ela toca no estádio do Palmeiras no dia 18 de julho de 2020, mas não há informações sobre preço de ingresso, convidados ou outras atrações.

Laya: Cantigas

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Maior satisfação de receber no palco do Centro da Terra nesta terça-feira, dia 17 de setembro, às 20h, a apresentação Cantigas, idealizada pela cantora cearense Laya (mais informações aqui). Inspirada pelos mantras indianos e pela tradição de se reunir ao redor da fogueira para cantar, ela propõe um show em círculo, colocando todos – artistas e público – em uma mesma roda para conduzir o público em um transe coletivo inspirado por suas canções, velhas e novas, além das de seus covidados, os músicos Carlos Hardy, Malu Maria e Michele Tajra. “Fazer um som com as pessoas que estão presentes, sentindo a energia de todos e todos podendo participar, todos cantando junto”, ela me explica na entrevista abaixo, “Cantigas tem muito essa ideia do coro, da roda, de todos estarmos juntos, todos no mesmo lugar, todos se vendo, na mesma altura, com os corações alinhados, gerando um campo de força, um centro de energia”.

Uma caixa para o primeiro disco do King Crimson

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Em seu aniversário de 50 anos, o primeiro disco do King Crimson, In the Court of the Crimson King recebe tratamento de luxo ao ser transformado em uma caixa com quatro LPs ou 3 CDs, que trazem além da íntegra do álbum com mixagem 5.1 stereo (no formato blu-ray), versões ao vivo, instrumentais e só com os vocais isolados, remixados por Steven Wilson e David Singleton e aprovados pelo próprio Robert Fripp. Esta edição (já em pré-venda) fará parte de uma caixa ainda maior, chamada Complete 1969 Session, que será lançada em um futuro próximo que reúne tudo que o grupo fez em seu primeiro ano de atividade. E tudo isso faz parte de um enorme projeto lançado no início deste ano para revisitar toda a discografia da banda. Enquanto isso, o grupo toca aqui em dois shows no mês que vem

Ian Curtis sozinho

IanCurtis

Toda a angústia de Ian Curtis, vocalista do Joy Division e um dos ícones do pós-punk, pode ser sentida neste vocal isolado de seu maior hit, “Love Will Tear Us Apart”.