Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

It’s We

Cinco capítulos do Miami Vice do cerrado. Ou, como disse o Kalatalo, “Faroeste Caboclo + Hermes & Renato + Tarantino”.

YouTubando

‘- Motörhead bluegrass;
Quando o gordo era magro (se liga no último);
Borracharia 99;
Edu K e Deize Trigrona no Mundo Animal;
Da Da Da;
Clipe de “In My Life”;
Golpe do Baú;
E vocês já viram as imagens da gravação de “A Day in the Life”?

Vida Fodona #035: “Chupam tudo da Globo e eu acho que, assim, vale”

Angélica colou aqui e, entre um cover de Radiohead, uma jovem guarda em latino, um Stones na BBC, um Tim Maia menos cotado e um Strokes tocando Marvin Gaye, ficamos conversando – ou melhor, “refletindo”, haha – sobre o formato novela no Brasil.

– “Just” – Mark Ronson apresentando Alex Greenwald
– “By All Means” – Alfonse Mouzon
– “Barra Limpa” – Oscar Brown Jr.
– “Sinto Te Falar” – Bonsucesso Samba Clube
– “Feel Free” – Rod Oliver
– “Every Time She Turns Around It’s Her Birthday” – Manitoba
– “Slow Fast Hazel” – Stereolab
– “Pyar Zindaghi Hai” – Bollywood Funk
– “Sacrifice” – Break 3000
– “Disko Kings” – Ural 13 Diktators
– “God Only Knows/Billie Jean/Shake Your Booty Down” – 2 Many DJs
– “Lose My Breath (Nina Sky AV8 Remix)” – Destiny’s Child
– “In da Club” – 50 Cent
– “Mercy, Mercy” – Strokes com Eddie Vedder e Josh Homme
– “Me Enganei” – Tim Maia
– “Vida Normal” – Los Impalas
– “You Better Move On” – Rolling Stones

Aqui, ó.

“In My Life” – Beatles

[Intro] A E7

There are [A]pla-ces I’ll re[F#m]member[A7]
All my [D]li__fe[Dm], though [A]some have changed.
[A]Some forever, not for [F#m]Better;[A7]
Some have [D]go__ne[Dm], and [A]some re-main.

All these [F#m]plac-es had__their__[D]moments,
With [G]lovers and friends _ I [A]still re-call.
Some are [F#m]dead_and_some_are _[B7]iving,
In [Dm]my__life I’ve [A]loved them all.

[A][E7]But of [A]all these friends and [F#m]lov-ers[A7],
There is [D]no__one[Dm] com[A]pares with you.
[A]And these mem’-ries lose their [F#m]meaning[A7],
When I [D]think of__[Dm]love as [A]some-thing new.

Tho’ I [F#m]know__I’ll__nev-er lose af-[D]fection
For [G]people and things_that [A]went be-fore,
I [F#m]know I’ll of-ten stop and think a-[B7]bout them.
In [Dm]My__Life I [A]love you more.

[A] [E] [F#m] [A7] [D] [Dm6] [A] [E]
[A] [E] [F#m] [A7] [D] [Dm6] [A] [E] [A]

In [Dm]My__Life I [A]love you more.

Repete intro.

Ned Ludd

O problema “carro” é o alvo do décimo-primeiro (contando o virtual Paris: Maio de 68) livro da coleção Baderna, Apocalipse Motorizado (cujo subtítulo – “A Tirania do Automóvel em um Planeta Poluído” – acena para o No Logo de Naomi Klein). O novo livro é organizado pelo mesmo Ned Ludd que compilou a coletânea Urgência das Ruas, que reunia textos dos grupos Black Bloc e Reclaim the Streets, entre outros, e trata praticamente dos mesmos assuntos (cidadania, ecologia, qualidade de vida, espaço público, interesses de minorias, etc.) só que usando o automóvel como ponto de partida. Ludd é o pseudônimo do tradutor Leo Vinícius, que me deu esta entrevista – abaixo, a íntegra.

Fale um pouco sobre os movimentos anticarro que existem e existiram. Pode se falar em uma espécie de “cânone” do pensamento antiautomóvel?
Antes de mais nada, é preciso que fique claro que não existe “movimento anticarro” num sentido restrito da expressão, que seria conseqüente de uma cisma contra o automóvel e que visasse pura e unicamente aboli-lo. O que existe são diferentes movimentos, movidos por uma série de valores, que questionam na teoria e na prática o uso de automóveis, a construção de estradas, etc., por perceberem que eles destroem o ambiente, matam pessoas em quantidade, roubam espaço público, tornam a cidade e a vida cotidiana mais e mais insuportáveis, criam e amplificam desigualdades sociais…
Por desenvolverem alguma prática que se contraponha visivelmente ao absolutismo dos automóveis e à expansão do seu uso, são muitas vezes enquadrados como “movimento anticarro”. Muitos desses movimentos são considerados também como movimentos ecologistas, anarquistas ou anticapitalistas, e com razão não ficariam muito felizes por serem rotulados como “anticarro”. Muitas vezes, por uma simples questão de comunicação, é-se forçado a enquadrar os movimentos sociais numa lógica identitária, onde se opera sempre uma redução mais ou menos violenta de sua riqueza.
Dito isso, por vezes apontam um movimento “urbano-conservacionista” dos anos 1950 nos EUA como sendo o primeiro a contestar publicamente o urbanismo moldado em função do automóvel, assim como seu impacto estético e ecológico. O movimento Provos, na Holanda, dos anos 60, também não pode deixar de ser citado – confira o excelente livro sobre ele da coleção Baderna. Provos foi um movimento de forte influência anarquista, precursores de muitas “bandeiras” e características de movimentos posteriores, que contestou o automóvel de forma ácida e inteligente. Podem ser considerados pioneiros no que diz respeito a isso. Não por acaso a “bicicleta branca” virou uma espécie de símbolo do Provos. Bicicletas essas que eles pintavam e espalhavam pela cidade para uso público. O que era um plano de loucos nos anos 60 virou política pública três décadas depois em algumas cidades européias, como Rochelle na França, Aveiro em Portugal e mais recentemente em Helsinque (Finlândia), onde foram postas bicicletas para uso público e gratuito em vários pontos da cidade.
Deve-se destacar as várias associações de usuários de bicicleta que surgiram a partir dos anos 70 na América do Norte – mas não somente lá -, que promoveram também um questionamento da “cultura do automóvel”. Nos anos 90 a Inglaterra foi palco de um vigoroso movimento de ação direta contra a construção de estradas e pela retomada das ruas – privatizadas pelo automóvel. Dois dos artigos contidos no Apocalipse Motorizado são parte dessa cena inglesa.
Não sei se é possível falar em pensamento antiautomóvel, quanto mais em “cânone” de tal pensamento. Existe o pensamento que se levanta contra problemas da vida cotidiana e da sobrevivência, relacionando-os à totalidade de relações sociais, de técnicas e tecnologias. Ele é sempre um pensamento de crítica social, antes de ser um pensamento “antiautomóvel”. Se ele contesta e se insurge contra alguma tecnologia é porque as tecnologias não são neutras, nelas há valores e significações intrínsecas, e que portanto jogam a favor ou contra determinados valores ou racionalidades.
É por isso que, para mim, hoje, os principais “movimentos anticarro”, se assim se pode dizer, estão no chamado Terceiro Mundo. São movimentos de povos originários, por exemplo. Nesse sentido os zapatistas são proeminentes – não canônicos. E não apenas por terem rejeitado e ridicularizado a “oferta” de “fusca, televisão e mercearia” com a qual o presidente mexicano Vicente Fox sugeria resolver o problema indígena, mas principalmente pelas significações de tempo, de terra, entre outras, – que formam a cultura que eles lutam por manter – serem por si só antagônicas às significações intrínsecas ao automóvel, aos valores que andam com ele e com sua difusão.

Quando este tipo de questionamento começa a surgir na sociedade? Há algum marco zero da luta contra, não apenas a industria automobilistica ou do petróleo, carro?
No meu entender, e até onde vai meu conhecimento, não há um fato que possa ser considerado um marco zero de contestação ao automóvel. Pode-se dizer que a contestação ocorre mais ou menos na própria medida que sua difusão cria situações contra as quais parte da sociedade se insurge. Infelizmente não houve uma previsão, com penetração social, das conseqüências sociais e ambientais decorrentes do uso e difusão do automóvel como, por exemplo, existe hoje em relação aos transgênicos.

Você acredita no iminente colapso deste sistema ou acredita que, pouco a pouco, as pessoas podem conscientizar-se do problema antes da “rede travar”?
Devemos nos perguntar se o que você chama de rede – a circulação de veículos motorizados – já não está travada. Se se considera que o trânsito de automóveis em São Paulo não está travado, a partir de que ponto pode-se considerá-lo travado?
De qualquer modo, a questão não é evitar a “rede travar” ou destravá-la. Ora, isso já é o que historicamente os governos têm feito, construindo mais vias e infraestruturas para os automóveis, ampliando assim os problemas gerados pelo automóvel para que por um período de tempo a rede não trave ou não fique travada.
De minha parte, dentro da própria tônica do livro, melhor seria se o trânsito de automóveis travasse de vez e permanecesse assim. Com os carros parados o pedestre pode atravessar as pistas mais seguramente, a qualquer momento e lugar – tendo cuidado ainda com as motos. Quem sabe as crianças poderiam voltar a brincar nas ruas, fazendo um esconde-esconde entre os carros. Parados os carros já são um incômodo, mas certamente são piores se movendo. E à baixa velocidade são menos assassinos. E em geral o ciclista anda com mais segurança quando o trânsito de automóveis está engarrafado. Ivan Illich, no artigo Energia e Eqüidade, demonstra como a existência de veículos que circulam acima de 25 km/h faz com que o tempo social dedicado à circulação aumente – entre outros efeitos socialmente nocivos -, ao contrário do que supõe o senso comum e a cabeça de governantes e engenheiros. Enfim, o problema de circulação de pessoas não consiste no trânsito de automóveis travar, mas no próprio carro.

Como a pessoa comum pode contribuir para o fim deste sistema? Claro que uma resposta como “ande menos ou não ande de carro” parece ser a melhor contribuição, mas você tem de considerar os vícios criados pelo sistema – desde o comodismo do automóvel ao sucateamento do transporte público e passando pelo conforto individual e o glamour da velocidade.
Talvez não seja enquanto pessoa comum, se isso significar o indivíduo isolado que forma a multidão que habita as cidades, que alguém contribuirá para alguma mudança. Só coletivamente se consegue alguma coisa. Toda a história das conquistas e transformações sociais demonstra isso. Além do mais deve-se evitar extrapolar a “pessoa comum” de classe média para toda sociedade. Nas favelas e em muitos bairros de periferia a “pessoa comum” não tem carro, essas estão sempre na posição do atropelado, e nunca na de atropelador, por exemplo. E o que elas fariam coletivamente nesse sentido talvez fosse substancialmente diferente.
Como André Gorz ressalta, o absolutismo do automóvel é especialmente cruel porque ele transformou o próprio automóvel em uma necessidade, uma vez que o espaço urbano é moldado por ele e projetado para ele. Como fica claro ao ler o Apocalipse Motorizado, não se pode tratar as questões de urbanismo, da vida cotidiana, ecológicas, tecnológicas e econômicas separadamente. Existe uma frase de Mr. Social Control que talvez resuma bem o espírito e uma conclusão geral do livro: “não há nada de revolucionário em relação a algo tão racional como a abolição do carro, embora possa ter que haver uma revolução para liquidar os interesses multinacionalmente investidos que impedem que tal racionalidade seja alcançada”. E não é preciso ter carteirinha de subversivo para se convencer disso.

Fale do movimento anticarro no Brasil – das dificuldades – como a ausência de malha ferroviaria – às iniciativas.
Como expliquei anteriormente, “movimento anticarro” é um rótulo complicado. Não sei se ele existe no Brasil, e, em certo sentido, não sei se é desejável que exista. Certamente o que é desejável é que movimentos sociais que visam uma transformação social radical incorporem a crítica a tecnologias e ao automóvel, e que movimentos que surgiram e que surjam como conseqüência de problemas pontuais diretamente ligados ao automóvel incorporem por sua vez uma crítica social global, por perceberem que só uma transformação mais ampla pode pôr fim a esses problemas. Bem, de qualquer forma, existem algumas associações de ciclousuários, além das Bicicletadas que ocorrem em algumas cidades brasileiras que questionam de alguma forma a “cultura do automóvel”. Em São Paulo as bicicletadas ocorrem no último sábado de cada mês, saindo às 10:00h da esquina da Consolação com a Paulista. Elas também ocorrem em Floirianópolis – agora na última sexta-feira de cada mês -, Porto Alegre, Rio de Janeiro entre outras cidades. Para saber como é e o que é exatamente a bicicletada acesse o site www.bicicletada.org .

Por que usar o pseudônimo Ned Ludd?
Para responder a essa pergunta preciso explicar primeiramente quem foi Ned Ludd, ou melhor, quem não foi Ned Ludd. Ele foi um não-líder, um não-general e uma não-persona. Ele não existiu como pessoa, ao menos não se tem nenhuma evidência de que tenha existido como tal. Ned Ludd foi muito provavelmente um múltiplo, tataravô de Luther Blissett. O movimento que o criou como personagem mítico, ponto de consciência coletivo, acabou ficando conhecido com referência a seu nome: os ludditas. Ned Ludd não significa um indivíduo, mas muitos, que formam uma coletividade.
Um livro, como de alguma forma tudo, é uma obra coletiva. Várias pessoas trabalharam diretamente nele – além daquelas que assinam os textos. Foi um trabalho coletivo, no qual outras pessoas participaram ativamente com sugestões de conteúdo, do título e na seleção dos geniais cartoons de Andy Singer que ilustram o livro, por exemplo.
Outro motivo é resgatar e difundir a história do movimento luddita. Usar o nome Ned Ludd serve como isca para tanto. Para ser minimamente conseqüente com o que digo, escrevo, acredito e desejo, nada mais natural do que tentar trocar a curiosidade que possa surgir pela minha vida pessoal pela curiosidade pela história social e dos movimentos revolucionários. O movimento luddita foi um movimento de massa de trabalhadores que surgiu na Inglaterra durante a Revolução Industrial. Só foi derrotado por um contingente militar maior que o enviado para lutar contra as tropas de Napoleão. Ficaram conhecidos historicamente por uma dentre outras ações que praticavam: quebrar e incendiar fábricas e suas maquinarias. Percebiam eles que as técnicas e tecnologias não eram neutras, encarnavam valores e processos que estavam os destituindo de seu modo de vida e sua autonomia. Para os lucros dos burgueses a fábrica era um progresso, mas certamente não para os trabalhadores que perdiam assim sua autonomia.

Americano narra tempo esquecido das casas de ópio

Materinha sobre o “A Última Casa de Ópio” (istaile, vê se arruma) que saiu hoje na Folha.

A milenar arte de se desprender da realidade num luxuoso clube reservado parece ser o delírio mais narcisista da história ou um convite para a completa alienação social, mas nas mãos do escritor norte-americano Nick Tosches se tornaram a melhor metáfora para um tempo humano que passou. Assim é “A Última Casa de Ópio”, curto relato sobre a procura por uma perdida tradição sagrada que funciona como um testamento para um mundo massacrado pelo século vinte.

Enquanto descreve com minúcia a história, a glória, a decadência, os efeitos e o preparo da antiga substância, mostra como o mundo fora das casas de ópio tornou-se voraz porém inofensivo, ao mesmo tempo agressivo e boçal, gigantesco mas pequeno. Tosches passa por yuppies que pagam uma nota preta em uma única cebola, motoqueiros fugindo de metralhadoras, sommeliers que não reconhecem o gosto de esterco no paladar, chineses que comem bexiga de cobra viva, prostitutas tailandesas, enquanto foge feito o diabo da cruz de tentações modernas – heroína, Starbucks e a ânsia modernizadora de um futuro afobado para chegar.

Mais do que uma simples apologia a um hábito lendário que o vazio abarrotado de nossa época tornou tabu, “A Última Casa…” é um libelo individualista com a força juvenil de um Thoureau ou Hakim Bey, mas com sarcasmo e desprezo sábio por tudo aquilo que, apesar de parecer nobre, é supérfluo, placebo – e enfileira a alta cozinha, o culto fresco-intelectual ao vinho, a globalização e o tráfico internacional de drogas como recalques diferentes de um detrator modo de vida pós-industrial que destruiu o sabor de ser humano. Tosches conversou com a Folha sobre este assunto.

A Última Casa de Ópio é, ao mesmo tempo, um romance, uma reportagem e um artigo, com momentos que podem ser verdadeiros ou falsos além de uma narrativa que é pura digressão.
Verdade. Ficção. Lenda. Literatura. Jornalismo. São categorias, marcas. Nós amamos categorias, amamos marcas. Elas nos impedem de termos de perceber por conta própria. Mas no fim das contas, dá no mesmo. No caso de “A Última Casa de Ópio”, direi que tudo é verdade: a verdade da experiência, a verdade do meu coração.

À medida em que você guia o leitor pelo livro, você também descreve a destruição de um velho mundo pelo modo de vida consumista sociedade ocidental. Que outros prazeres foram esquecidos, além do ópio?
Perdemos o maior prazer de todos que é o prazer de sermos nós mesmos. O amor pelo dinheiro, se tornar um rato numa cultura guiada pelo consumo destes tempos, faz de nós fraudes. Quando passando a maior parte de nossas horas acordadas num trabalho, fingindo que gostamos do trabalho, fingindo que gostamos de nosso chefe, fingindo que estamos interessados no nosso trabalho, então o fingimento torna-se um estilo de vida. Nos tornamos o que T.S. Eliot chamava de “homens ocos”. Quase tudo que consumimos, quase tudo que compramos, é placebo. Esses produtos de uma cultura consumista vazia é que são as verdadeiras drogas perigosas. Nossa “guerra contra as drogas” devia ser contra essas coisas.

Vivemos em dias em que até a crítica musical é considerada uma arte.
“Arte” é uma palavra besta. Há muito tempo, homens pintavam imagens en cavernas. Hoje, as chamamos de arte. Para eles, era magia. Agora não temos quase nenhuma magia e tudo é chamado de arte. O pior cantor de música pop é agora um “artista”. De novo, “arte” se torna uma categoria sem significado.

Como as pessoas podem sair da segurança e conforto da vida diária e voltar a gostar do risco?
Tendo a força e a coragem para não ligar pra nada, percebendo que este é o mundo dos aristocratas e não o seu, percebendo que o dom imenso e belo de respirar vivos é tudo que temos.

Você acha que a espiritualidade e drogas de expansão de conhecimento estão conectadas umas às outras ou isso é mais uma bobagem new age?
As drogas não tornam ninguém espiritual. Mas a espiritualidade pode melhorar as coisas. Tudo, das drogas à consciência da brisa no ar. Mas o ópio tem uma certa magia. É uma vergonha podermos comprar toda a heroína que quisermos e ser tão difícil achar ópio. Mais uma vez, isso é culpa de nossa cultuira consumista: ópio vale mais dinheiro quando torna-se heroína. E também, hoje em dia, todo mundo quer o ritmo rápido da vida. Ópio é uma lenta e luxuosas sedução. Eu posso andar vinte minutos de onde moro e comprar armas, heroína, crack. Mas eu não acho ópio de verdade. Eu não posso nem fumar um cigarro no bar. É ridículo.

O livro era uma matéria que cresceu demais ou você teve de cortar páginas para mantê-lo curto?
Escrevi “Última Casa de Ópio” para a “Vanity Fair”. Da forma que eu o escrevi, tornou-se muito extenso para uma matéria numa revista. Tinha 25 mil palavras, 100 páginas. Então tive que cortá-la para o tamanho atual. Isto foi bom, porque a versão longa tinha muitas coisas que poderiam causar problemas para mim. O texto foi publicado na revista em setembro de 2000. E então foi publicado como um pequeno livro na França, depois como um pequeno livro aqui nos EUA e agora, felizmente, no Brasil, onde ainda existe pelo menos uma casa de ópio de verdade.

É mesmo? Você a visitou?
Não, mas tenho amigos de Nova York que são do Brasil.

Como este livro se relaciona com seus livros anteriores?
Todos meus trabalhos estão relacionados. Eles todos são aspectos meus, por bem ou por mal. Mas este pequeno livro sobre ópio é especial para mim. Eu estava tão enojado dos rumos deste mundo quando o escrevi. Foi como um ingresso para a liberdade e eu o escrevi para mim, uma chave que forjei para sair daqui e respirar livre mais uma vez.

É isso o que é o rock’n’roll?
É. O bom rock’n’roll, rock’n’roll de verdade. Há tão pouco, hoje em dia.

A Última Casa de Ópio
Autor: Nick Tosches
Editora: Conrad
Número de páginas: 98
Preço: R$ 25,00

***

Por que ler
Mescla a história do ópio (“o remédio de Deus”) com a própria história humana – Adão, Alexandre o Grande, Maquiavel e Homero – ao mesmo tempo em que destrói o neocafonismo elite-branca e passeia pelos submundos asiáticos com uma prosa direta, sem afetações pop.

Raio X
O norte-americano Nick Tosches (1949-) nasceu em Nova Jérsei e é contemporâneo de críticos musicais como Lester Bangs, Richard Meltzner e Greil Marcus, começou resenhando discos e acompanhando astro do rock em revistas como Creem, Rolling Stone e Fusion, mas logo pulou para os livros, especializando-se em biografias. Hoje é colaborador do jornal The New York Times e da revista Vanity Fair.

Bibliografia
Hellfire (1982) – A história de Jerry Lee Lewis, considerada pela revista Rolling Stone como “a melhor biografia de rock já feita”.
Dino – Living High in the Dirty Business of Dreams (1992) – Biografia do ator e cantor Dean Martin.
The Devil and Sonny Liston (2000) – A história do boxeador.
King of the Jews: The Arnold Rothstein Story (2005) – O biografado da vez é o chefão do crime organizado nos anos 20.

Universo em desencanto

Leia o livro.

Som na caixa, mané

É, eu malacostumo vocês…

VF 28 – Especial Dia dos Namorados, com Mombojó, Portishead, Maria Rita, Cordel do Fogo Encantado, Fatboy Slim, Curumin, DJ Dolores, Madonna com Massive Attack, Hyldon, Cartola, Nação Zumbi e Cansei de Ser Sexy.
VF 29 – A presença de Danúbio intercalada com Cake tocando Bread, seqüência soul com Jamie Lidell, Tim Maia e Gnarls Barkley, Grenade e PELVs novos, três novos nomes de Salvador, o email do amor, BASS Commando, Astromato clássico, Marvin Gaye, Scissor Sisters, Moby remixado, Lucas Santtana e Marcelo D2 caído.
VF 30 – Tropicalice, 40 anos de Revolver, Hendrix hip hop, Paul solo, Grenade novo de novo, músicas que parecem dos Beatles, tributo ao segundo semestre, Floyd praiano, Aretha reggae e Rita Lee rock.
VF 31 – S“Crazy” fofa, guitarrista húngaro, métrica de tirar o fôlego, rocksteady californiano, Bezerra com Body Count, funk alemão, suingue baiano, Mombojó toca Chico (Buarque), Diplo salva o TVotR, dueto em italiano e “estranho miasma orgásmico”.
VF 32 – A mover el coolo, Madonna latina, Hurtmold, nova do Cassiano, GBV, Dylan, Lily Allen, Módulo 1000, Novos Baianos, Pixies tocado por Bee Gees, Jimi Hendrix e Beach Boys, Boards of Canada e A Cor do Som.
VF 33 – Releve o som de baixa qualidade nos intervalos das músicas e desfrute de entrevistas com Felipe Machado (Estúdio Livre), Rafael Evangelista (LabJor/Unicamp) e Fábio FZero (Gerador Zero), todos participantes do segundo iSummit, que aconteceu no fim de semana passado no Rio de Janeiro. Aproveitando a ida à carioca, papos rasos com Arnaldo Branco (Capitão Presença) e Matias Maxx (Cucaracha), sobre seus novos lançamentos. No meio disso, Ween, Cidadão Instigado, Concerto para Notebook e Harpa, Faust, Gil Scott-Heron, Replacements tocando T-Rex, Instituto, Steely Dan, Beastie Boys, ADF, BNegão, João Brasil, Mano Negra e Tim Maia.

A partir de agora, post novo a cada programa. Um dia cê acostuma e vai direto pra lá.

Nesta sexta, vulgo hoje

ConviteDriGi.JPG

Então, o Puri é um restaurante (bem istaile), mas pode ser que vire balada. O aniversário é da Dri e da Gi, sua presença é o presente (que brega, haha). 10 contos consumíveis, é só vir sem expectativa…

Nerdismos de Copa

Primeiro, um guia (desses que tão circulando por email) pros gringos pronunciarem os nomes dos jogadores brasileiros. Valeu, Ju:

1 – Did Are
2 – Car Full
3 – Look See You
4 – Who One
5 – When Mear Son
6 – Who Bear To Car Loss
7 – Add Dream An No
8 – Car Car
9 – Who Now Do ( Few Now Mem No )
10 – Who Now Dream You Gay You Show
11 – Zero Bear To
12 – Who Jerry Scene
13 – See Seen You
14 – Crisis
15 – Lowis On
16 – G You Bear To
17 – June In You
18 – Mean Arrow
19 – G You Bear To Silver
20 – Rich Are Dream You
21 – Fried
22 – July Seissor
23 – Who Bean You

E depois, é uma conspiração oculta que diz que, não apenas o Brasil irá conquistar o hexa (sabia que pronuncia-se “Éza” e não “Éksa” – não lembra como se fala “hexágono”, não?) esse ano, como vai ficar cinco copas sem ganhar nada. Léo e Arnaldo que começaram esse papo, se liga na ordem dos campeões da Copa…

1930 – Uruguai
1934 – Itália
1938 – Itália
1950 – Uruguai
1954 – Alemanha
1958 – Brasil
1962 – Brasil
1966 – Inglaterra
1970 – Brasil
1974 – Alemanha
1978 – Argentina
1982 – Itália
1986 – Argentina
1990 – Alemanha
1994 – Brasil
1998 – França
2002 – Brasil
2006 – ?

Então pegue o ano de 1982 como centro e vá reparando na estranha coincidência que acontece à medida em que nos afastamos dele – as copas anterior e posterior a 82 são da Argentina, indo mais pra trás e pra frente as copas são da Alemanha (74 e 90), depois Brasil (70 e 94) e, a única não-coincidência acontece agora, quando em 66 e 98 os campeões são Inglaterra e França – mas, rá!, são times europeus que ganharam seu único título quando foram o país-sede. Por essa conta, a copa de 2006 equivale à de 58, que foi o primeiro título brasileiro. Ou seja, se ganhar essa, é a última!

Mas até parece: tá tudo se armando pra final ser Brasil e Alemanha (a melhor final em todos os sentidos – audiência, publicidade – talvez não em futebol) e comece a reparar a quantidade de matérias falando que o povo alemão é outro, renascido, bem-humorado, longe daquele estereótipo da eficácia e da seriedade, que se redescobriu no futebol, que apagou o fantasma do nazismo e o escambau. Enquanto o povo fala da China, a Alemanha se arreganha toda pro mercado e tá aí, prontinha pra vir (segunda maior economia do mundo, esqueceu?), só falta ganhar um élan de gentebonice aí fica fácil. E de onde virá essa cobertura de sorrisos?

Mas, pô, o Brasil podia jogar direito pelo menos algum joguinho, né?