Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
E hoje, antes do show, o Pedro Bayeux vai passar o documentário que ele gravou no Rec Beat desse ano (ele meteu uns trechos no YouTube – nesse aqui tem o Riachão, nesse aqui tem o Edgar Scandurra, o Felipe do Mombojó e o DJ Spooky, nesse aqui tem a participação da Nação – e a deste seu correspondente como entrevistador… (lá embaixo tem o bruto, vê lá), nesse aqui tem o Ronaldo Lemos falando sobre Creative Commons e o Jumbo Elektro ao vivo [e o Tatá conversando com uma barata e apresentando o carnaval olindense] e nesse aqui tem um grupo de tango (!!)– além desses dois takes quase brutos do show da Nação que fechou o carnaval, [nesse tem “Quando a Maré Encher”, “Macô”, “Blunt of Judah” e “Memorando”, além de eu entrevistando o Lucio e nesse tem “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada”, “Na Hora de Ir”, “Hoje Amanhã e Depois” e eu entrevistando o Jorge e o Pupilo), cola lá…
Materinha de hoje na Folha.
“É uma nova Era de Ouro da animação”, comemora John Canemaker, um dos convidados estrangeiros do Festival Internacional de Animação, o AnimaMundi 2006, que começa amanhã no Rio de Janeiro e chega a São Paulo no dia 26. O evento chega à sua décima quarta edição com mais de 400 filmes de 40 países diferentes – números que refletem a boa fase da arte que já foi tratada como brincadeira para crianças, e que hoje praticamente domina o mercado de entretenimento, em níveis quase subliminares.
“Há mais oportunidades de emprego, mas meios para distribuição, mais possibilidades imaginativas para a arte do que nunca”, continua o convidado, vencedor de dois Oscars (melhor curta animado deste ano, por “The Moon and the Son”, e o melhor de 1988, “You Don’t Have to Die”) e autor de vários livros sobre animação.
“As novas tecnologias borraram a fronteira entre animação e cinema – não poderiam haver filmes como “King Kong”, “Harry Potter”, “Superman Returns”, “Piratas do Caribe”, “Jurassic Park”, etc., sem animadores”, segue, empolgado. “A animação está na TV, na web, em iPods, celulares e videogames”.
Canemaker, autor de livros como “Treasures of Disney Animation Art”, “Felix – The Twisted Tales of the World’s Most Famous Cat” e “Tex Avery – The MGM Years”, fará duas apresentações sobre dois nomes da primeira era da animação que já foram temas de livros seus: Mary Blair e Winsor McCay.
Mary Blair era uma das principais animadoras do estúdio Disney em sua fase clássica e foi a responsável pelo design de filmes cruciais para o estabelecimento da imagem do estúdio, como “Você Já Foi à Bahia” (1944), “Cinderela” (1950), “Alice no País das Maravilhas” (1951) e “Peter Pan” (1953), além de criar o passeio “Pequeno Mundo”, na Disneylândia.
“Walt Disney a amava e lhe dava espaço no estúdio”, conta John, “e isso era estranho, porque a estilização de Blair era o oposto polar dos desenhos tipo “ilusão da vida” associados aos filmes animados Disney, inspirados por Norman Rockwell e ilustradores europeus de livros de contos de fada. Seu trabalho é plano e estilizado de uma forma infantil e sofisticada, com uma paleta de cores agressivamente irreal. Ela era mais interessada em brincar com as cores do que com personalidades. Em sua vida pessoal, ela antecipava a mulher profissional moderna. Imitada por muitos, Mary Blair mantém-se inimitável – uma feiticeira deslumbrante do design e da cor”.
Já McCay, é “universalmente reconhecido como o primeiro mestre tanto da tira de quadrinhos quanto do desenho animado”, continua Canemaker. “Apesar de inventados por outros, ambos gêneros foram transformados em arte popular duradoura graças ao gênio inovador de McCay. Ele atribuía seu sucesso a uma ‘ânsia absoluta de desenhar o tempo todo’”.
“Sua obra-prima é ‘Little Nemo in Slumberland’, que foi publicada pela primeira vez pelo jornal ‘New York Herald’, em 1905”, continua Canemaker. “É simplesmente a tira de quadrinhos mais bonita que existe, uma fantasia de sonho surreal repleta de evocações infantis tanto amáveis quanto grotescas, feito com um impressionante traço art noveau e um colorido sutil ainda que ousado e desenhado com layouts que antecipam técnicas de narrativa cinematográfica”.
“Os dez desenhos de McCay – entre eles ‘Little Nemo’ (1911), ‘How a Mosquito Operates’ (1912), ‘Gertie the Dinosaur’ (1914) – são marcos na história desta arte e eram imbatíveis no movimento fluido e na personalidade dos personagens até que os filmes maduros de Disney aparecessem, duas décadas mais tarde. E Disney foi um dos muitos animadores influenciados por McCay pelo mundo”.
As apresentações sobre Mary Blair acontecem no Rio (dia 20) e em São Paulo (dia 26), mas a de McCay só acontece no Rio (dia 22), sempre às 16h30. Canemaker também participa do Papo Animado, sessão de entrevistas aberta ao público, que acontece nas duas cidades – dia 21 no Rio e dia 27 em São Paulo, ambas às 19h30.
Entre os outros convidados internacionais do evento, estão o japonês Kihachiro Kawamoto, que exibe seus longas “Winter Days” e “The Book of the Dead”, e o inglês Ian Mackinnon, responsável pelas animações em filmes de Tim Burton, como “Marte Ataca” e “A Noiva Cadáver”.
Entrevistão especial com o Arnaldo Brandão, o Nervoso, o Gordo, o Marcelo Nova e o Beto do Cachorro Grande pra edição especial de drogas da Bizz, produção em parceria com a miss Radiola Urbana, Lígia Nogueira. A edição tá classe e ainda tem perfil do D2 feito pelo Marsiglia, o Mutley contando sobre a prisão do ministro em Floripa, o Schott falando do A Bad Donato e outras ricardoalexandrices. Só papelzinho fuleiro que continua dureza…
Olha como eu sou gente bowa: dei uma peneirada e inda botei na ordem cronológica.
– A primeira viagem de Syd, 1965
Vai saber se é a primeira, mas ele ainda tá de cabelo curtinho, parece mais nerd de disco do que rei da psicodelia e não pára de correr, além de botar uns cogus nos olhos e na boca. É inacreditável que esse tipo de registro exista.
– Tonite Let’s All Make Love in London
O clássico filme de Peter Whitehead, lançado em 67 com cenas gravadas durante a megabalada 14-Hour Technicolor Dream, no ano anterior. Além do Floyd tocando “Interstellar Overdrive” no estúdio, o filme ainda conta com um espetáculo dirigido por Yoko Ono, cenas de nudez hippie (body-painting geral), chapaceira generalizada na pista e John Lennon de bicão na platéia.
– “Arnold Layne”
Clipe do primeiro single da banda.
– “See Emily Play”
Clipe do segundo single da banda
– Die Jungen Nachtwandler
Programa de TV alemão sobre a cena londrina, com cenas inacreditáveis do Who, de Jimi Hendrix e do Pink Floyd.
– “Por que tem que ser tão alto?”
Pergunta o entrevistador nesse vídeo curto. Só Waters responde.
– “Astronomy Domine”
Ao vivo, fodaço.
– Na frente do estúdio
O Pink Floyd em Abbey Road, dia 19 de abril de 1967.
– “Apples and Oranges”
Prum programa de TV.
– “Jugband Blues”
Clipe da minha música favorita do cara.
– VH1 Legends Syd Barrett
Aqueles especiais que o Multishow tem traduzido como “Por Trás da Fama”. Mas o sujeito só colocou as duas partes que compõem o terço final do programa, ficando só com a parte da loucura e a saída de Syd do Floyd.
Parte 3a
Fala da conturbada turnê americana, tem clipe de “Vegetable Man” e fala de quando Gilmour foi chamado pra entrar na banda.
Parte 3b
Syd sai de vez e a banda começa a se reinventar (tem um clipe de “Set the Controls for the Heart of the Sun”). O Floyd fica pra trás e o documentário segue Syd Barrett em sua carreira solo.
– “Scarecrow”
Clipe da música do disco de estréia do Floyd, lançado apenas em 1968, com David Gilmour, já no lugar de Syd, e Roger Waters dublando a voz de Barrett.
– Outtakes do clipe de “Scarecrow”
Sem áudio, trechos que não entraram no clipe – (mega)coloridos!
– Home Video 1969
Super 8 caseiro, de 69, desfocadaço e com problemas de pitch, vale mais pelo registro.
– Wouldn’t You Miss Me?
A famosa cena de Barrett, nos anos 90, dando uma saída pra ir na padaria.
– “Love Me”
Graham Coxon, do Blur, tocando uma das músicas da carreira solo de Syd. Normal e legal.
– Syd Barrett no Jornal da Globo
O cara filmou, com uma câmera, a matéria póstuma que passou na segunda-feira. Como ele mesmo gesticula no final, “jóia”.
Meu obituário pro cara, saiu hoje na Ilustrada.
Tá certo que o luto à psicodélica estava mais para o escuro da sombra do que para o arco-íris technicolor há quase quarenta anos, mas a morte de Syd Barrett, líder fundador do grupo Pink Floyd e uma das principais personalidades dos anos 60 e da história da música pop, que aconteceu em Cambridgeshire na última sexta-feira, não deixa de ser um choque. Principal protagonista do mito do freak – o porra-louca que, quase sempre, via ácido, viaja e não consegue voltar –, Barrett mantinha-se vivo como a principal testemunha e prova viva do que pode acontecer a um gênio quando ele se entrega às drogas.
Não foi por menos que o baixista e vocalista Roger Waters, um dos líderes da banda após sua saída no fatídico 1968, saudou a volta da formação original do Pink Floyd, que aconteceu em julho do ano passado, no festival londrino Live 8. “É mesmo muito intenso estar aqui com esses três caras depois destes anos todos”, comemorou incrédulo no intervalo entre duas músicas, “mas, na verdade, estamos fazendo isso para todos que não podem estar aqui, e, particularmente, para Syd”. E a banda começou a tocar “Wish You Were Here” (“Gostaria que você estivesse aqui”), de 1975, composta em sua homenagem.
O anúncio de sua morte, provavelmente em decorrência de diabetes, que sofria há anos, aconteceu nesta terça-feira e o grupo logo publicou uma declaração a respeito do ocorrido: “A banda está naturalmente triste ao saber da morte de Syd Barrett. Syd era o farol na formação inicial da banda e deixa um legado que continua a inspirar”. Não deixa de ser irônico o fato de esta ser a primeira vez em que Roger Waters, David Gilmour, Rick Wright e Nick Manson se refererirem como “a banda”, pela primeira em 24 anos.
Capricorniano do dia 6 de janeiro de 1946, Barrett nasceu em Cambridge, onde formou o Pink Floyd, inspirado pela onda de rock de garagem dos anos 60 (resposta à Invasão Britânica dos Beatles e Stones) e pelo rhythm’n’blues original – de onde sacou o nome do grupo que, apesar de inicialmente dizer que viera de um sonho, logo revelou ter saído dos músicos americanos Pink Anderson e Floyd Council. Mas à medida em que começou a se envolver com drogas, ainda na adolescência, começou a derreter aquele rhythm’n’blues em algo mais… lisérgico.
Acompanhado de três estudantes de arquitetura (o tecladista Rick, o baixista Roger e o baterista Nick), começou a interferir radicalmente na estrutura das canções, adicionando elementos orientais, jazzísticos, caóticos – tudo tocado de forma simplista, com técnica limitada e ímpeto juvenil, mas que criava uma atmosfera única, multicolorida e excitante, que melhor traduziu as mudanças comportamentais na capital inglesa que a fez renascer das cicatrizes do pós-guerra. Não é exagero dizer que o Pink Floyd de Syd Barrett foi a força-motriz e o catalisador da Swinging London.
Gravaram seu disco de estréia – o maiúsculo “The Piper at the Gates of Dawn”, de 1967 –ao lado do estúdio em que os Beatles gravavam “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e condensaram a psicodelia londrina melhor que os quatro de Liverpool. Mas a lisergia que inspirava aos poucos passou a corroer, mais do que a criatividade, a sociabilidade de Syd Barrett. E, aos poucos, Syd começou a dar pala em público: não tocava no palco, ficava mudo em apresentações para a TV, tocava músicas diferentes das da banda. Chamaram o colega de faculdade David Gilmour para segurar a onda de Barrett por uns tempos, mas no início de 68, o fundador do grupo foi afastado e substituído oficialmente por Gilmour. Dali, começaria uma nova jornada, a transformação do Pink Floyd de culto underground a um dos maiores nomes da história do rock.
E a consolidação de Syd Barrett como a primeira e emblemática vítima do excesso. Outros – fatais – vieram logo depois (Jim, Jimi, Janis, Jones), mas Syd, vivo, lançando discos de psicodelia dark (“Madcap Laughs” e “Barrett”, do início dos anos 70, e a coletânea “Opel”, de 88) ao mesmo tempo em que a banda renovada cultuava sua loucura rumo ao megaestrelato, em discos como “Dark Side of the Moon” e “Wish You Were Here”, só aumentava a luz de uma carreira rápida, mas brilhante.
A morte de Syd Barrett vem num momento crucial para o Pink Floyd, que acaba de lançar o DVD do disco “P.U.L.S.E.” e, pouco depois do show de retorno da banda no Live 8, relançou seu último disco, “The Final Cut”, em edição de aniversário. Embora não fale oficialmente numa inevitável turnê de retorno, David Gilmour vem excursionando seu novo disco, “On an Island”, com Rick Wright nos teclados, e Roger Waters vem fazendo a sua turnê do disco “Dark Side…”, com a presença ocasional de Manson na bateria. Para o final do ano, eles prometem o lançamento da edição comemorativa de “Wish You Were Here”, que agora deverá incluir tributos póstumos a Barrett.
E o culto a Syd Barrett segue inabalado e talvez cresça, apenas pelo simples fato de hoje ser possível para qualquer mortal assistir – e não apenas ler sobre –as incríveis apresentações ao vivo da primeira encarnação do grupo, além de ver Barrett em diferentes momentos de sua existência – da primeira viagem de cogumelo em 1965 aos programas de TV frustrados pela loucura de Barrett até um mórbido vídeo de Syd passeando na rua nos anos 90. Tá tudo no YouTube (www.youtube.com), é só digitar o nome dele. E viajar.
…I’ll see you on the dark side of the moon.
– “Scream Thy Last Scream” – Pink Floyd
– “Lucy Leave” – The Pink Floyd Sound
– “King Bee” – The Pink Floyd Sound
– “Arnold Layne” – Pink Floyd
– “Reaction in G (Live in Copenhagen)” – Pink Floyd
– “Apples and Oranges” – Pink Floyd
– “Interstellar Overdrive (Live at the UFO)” – Pink Floyd
– “Astronome Domine” – Pink Floyd
– “It’s No Good Trying (Take 5)” – Syd Barrett
– “Candy and a Current Bun” – Pink Floyd
– “Baby Lemonade” – Syd Barrett
– “Corporal Clegg” – Pink Floyd
– “Love You” – Syd Barrett
– “See Emily Play” – Pink Floyd
– “Matilda Mother” – Pink Floyd
– “Flaming (Live at the BBC)” – Pink Floyd
– “Here I Go” – Syd Barrett
– “Gigolo Aunt” – Syd Barrett
– “One in a Million (Live in Copenhagen)” – Pink Floyd
– “Bike” – Pink Floyd
– “Octopus” – Syd Barrett
– “Pow R Toc H (Live at the BBC)” – Pink Floyd
– “Interstellar Overdrive (demo)” – The Pink Floyd
– “The Gnome (Live at the BBC)” – Pink Floyd
– “Chapter 24” – Pink Floyd
– “Vegetable Man” – Pink Floyd
– “Jugband Blues” – Pink Floyd
Bob Dylan no Brasil! Ou pelo menos, é o que esses barriga-verdes tão dizendo…
Seçãozinha nova, tipo agenda, mas só com itens relacionados ao dia em questão. Funciona assim: não sabe o que fazer hoje de noite, entra aqui e vê se eu postei alguma bowa. Mas não vai me cobrar periodicidade, é só o que me faltava…
Hoje tem o início da temporada do Cidadão Instigado no Grazie a Dio (que fica o mês inteiro), com a presença do hermano Rodrigo Amarante. Seguem as coordenadas:
Cidadão Instigado
R$ 13,00
Rua Girassol, 67 – Vila Madalena
(11) 3031.6568/ 3032.5515
22h30
O bom da internet é isso: nego não perde tempo.