Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Verão 2007

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Sem lugar pra desfilar o bronzeado das férias? As baladas “mudernas” fogem da raia assim que o sol aparece? Tá faltando música nova no seu verão 2007? Tanto tempo na horizontal faz a gente ficar desacostumado, mas Gente Bonita Clima de Paquera vem lhe salvar do marasmo. Seguimos neste novo janeiro rasgando hits de todas as épocas e gêneros cutucando diferentes pontos do imaginário sonoro pop da massa, groove na cabeça e bate-estaca no coração. De novo no Bar Treze, Alexandre Matias e Luciano Kalatalo juntam todas as músicas que você quer ouvir numa só noite, sem lugar pra fronteiras, xiitas e guetos. Só existe uma categoria nesta noite: a primeira categoria. Música boa pra dançar e pra começar o ano com seus dois pés certos. E não esqueça de colocar seu nome na nossa lista: www.gentebonita.org

Hoje, sexta-feira, dia 19 de janeiro de 2007
Discotecagem: Luciano Kalatalo e Alexandre Matias
Local: Bar Treze – Rua Alagoas, 852 Higienopólis (em frente à Faap)
Telefone: 11 3666-0723
Horário: A partir das 23h
Preço(s): R$ 10,00 e R$ 5,00 (com nome na lista – é só se cadastrar no
site: www.gentebonita.org)

Vida Fodona #067: Blá-blá-blá, não-sei-o-quê

Tributo aos Smiths com guitarras, saudações matinais, pedidos do público, oitentismo nerd, Beck ao vivo, outro remix do MSTRKRFT, a nova do LCD, aquela do CYHSY e Pixies!

– “Carro Branco” – Os Lobos
– “Bom Dia” – Kamau
– “Crowded Avenue” – Honeycut
– “Nicotine & Gravy” – Beck
– “How Soon is Now?” – Afghan Whigs
– “There is a Light That Never Goes Out” – Nada surf
– “This Charming Man” – Death Cab for the Cutie
– “Debaser” – Pixies
– “Work Work Work (Pub Club Sleep)” – Rakes
– “The Skin of My Yellow Country Teeth” – Clap Your Hands Say Yeah
– “She Blinded Me with Science” – Thomas Dolby
– “Time to Get Away” – LCD Soundsystem
– “Jean” – Tok Tok
– “Work On You (MSTRKRFT Remix)” – ParaOne

Se liga…

Fevereiro indie?

Diz o Last.fm: The Subways, Ash, Wry, The Rakes, Ash, The Subways, The Rakes, The Cribs, Rapture and Wry dia de oito de fevereiro em Curitiba (embora o Rapture esteja linkado pra uma banda de doom metal e o Rapture que nos concerne toca dia 7 no Ohio e dia 9 em Maryland, nos EUA.

Alguém sabe de algo?

Quem vê cara…

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Esse site até pode ser velho, mas não perdeu seu apelo original…

No education

Rock clássico, electro, politicamente correto, parkour, etc… Ficou bom.

Sim ou não?

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Supra-sumo

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2007, o ensaio

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The 50 loudest websites in 2006 and what made them successful

Before looking into who will make headlines next year let’s see what made websites successful in 2006. In short: Marketing, Content, Usability, Design and Behavior are the main factors that make a website work.

1. Internet Marketing is a combination of Presence (how well is it pushed? How known is it?) and Self Dynamic (how well does it market itself as a product?).
2. Interactive Content is a combination of Constructivity (is the content/service productively usable? Are the texts authentic? Do they incite to write? Are they leading to positive action?) and Uniqueness (are they genuine? Are they special?)
3. Usability is a combination of Structure/IA (Are the contents organized in an understandable way? Where am I? Where can I go?) and the organisation of the User Interface (Do I understand where is what and why? Do I understand how it works? Does it do what I expect it to do?)
4. Web Design is a combination of Typography (Is the text easy to read? Is the typography web adequate?) and Attention to detail (does the website care about the little things? Is it characteristic and delicate or just bold?)
5. Online Behavior is a combination of Interactive Ethics (do the authors/owners have a positive open-minded attitude? Do they follow the basic rules of good manners?) and Democracy (Are they working towards a democratic open web or do they work only for their own pocket?)

Internet 2007 Predictions

After looking closer at what made the web in 2006, it is time for some bold predictions:

1. Apple keeps its iPod monopoly and increases its OS 5% market share to 5.1%
2. Google scores against Microsoft and Yahoo due to its massive marketing data advantage
3. Blogs bloom, and prepare for the 2008 election
4. Social networks become a place where members make money
5. Newspapers open up
6. Big ad investments start streaming in
7. New Internet focused ad agencies open up
8. Viruses and spam become an even bigger hassle
9. Yet Digital ID initiates a major change that makes the web more reliable, user and investor friendly
10. All in all 2007 is a preparation for the big infolution in 2008

Tirei daqui.

Look Mom, No Ads!

Imagine se o YouTube fosse um arquivo dos seus desenhos, filmes, seriados e outros programas de TV. De graça, sem intervalos comerciais. Agora pare de imaginar e siga o link.

Trance quem puder

Outra materinha pra Bizz, que saiu na edição do mês passado, sobre trance…

***

Comunidade planetária

O trance é um dos gêneros mais populares do mundo e do Brasil, mesmo que você não saiba o que seja, não conheça seus principais nomes e finja que não está cercado por ele

Se você, como eu e um número cada vez maior de pessoas (discotecar é o passo mais recente do DIY, não sei se você já se ligou), já se arriscou a botar som em uma festa que não seja exclusivamente freqüentada por amigos e conhecidos, provavelmente já se foi interpelado pela versão DJ do pedido “Toca Raul” que até hoje assola – mesmo que ironicamente – shows de bandas de rock Brasil afora.

“Toca psy!”, pede, cada vez mais, uma multidão formada por dezenas de milhares de brasileiros siderados por um dos gêneros mais populares do país. Caracterizado pela repetição de ciclos sintetizados derivada de uma fusão improvável entre um ambient mais experimental e uma house menos afetada e mais acelerada, o trance e sua versão mais populista, o psy-trance, movimentam cada vez mais gente não só no Brasil, mas no mundo todo.

O trance talvez seja um dos primeiros gêneros de música eletrônica pós-acid house a pisar em solo nacional. “As primeiras festas rolaram na Bahia e eram feitas por gringos que vinham passar o verão aqui em 93, 94”, conta Rafael Dahan, DJ residente e um dos organizadores de uma das maiores raves do Brasil, a Tribe. “Eu ainda destaco as atividades da Daime Tribe, como o festival Celebra Brasil no ano 2000, os festivais Trancendance em Alto Paraíso (Goiás) e os festivais Solaris de 2003 e 2005. Eles foram divisores de águas na cena e marcaram momentos de profissionalização e de desenvolvimento do gênero no Brasil”.

Além da Tribe, que recebe mais de 60 mil pessoas por ano em suas festas (em São Paulo, os eventos chegam até a 12 mil pagantes), outra festa tradicional é a XXXperience, liderada por um dos pioneiros do gênero no Brasil, o DJ Rica Amaral, que a fundou há dez anos, e que deve fechar 2006 com um público geral de 150 mil pessoas, que pagam entre 30 e 70 reais para passar horas e horas dançando sem parar. Isso sem que seja preciso trazer nomes conhecidos do público leigo ou fazer publicidade nos meios tradicionais, como guias de programação noturna, revistas ou cartazes pela cidade. Suas principais ferramentas de promoção são flyers, a internet e o boca-a-boca.

Mas ao contrário do que pode parecer, o trance não é um gênero esnobe e cultista onde termos em inglês como “cool”, “hype” e “fashion” pululam como onomatopéias do velho seriado do Batman. Aliás, o estilo musical está distante das colunas sociais dos (de)formadores de opinião noturna do país, onde é visto como um universo completamente à parte, às vezes cafona, às vezes ripongo. Altamente populista, o trance musical não é elitista e prega a tolerância e o espírito gregário, o que fez os cenários de suas festas aos poucos abandonarem galpões e clubinhos para ganhar parques, praias e serras Brasil afora – e seu público ser rotulado, rasteiramente, em uma personalidade eqüidistante entre as caricaturas do hippie e do playboy. O “trancêro” é visto de forma generalizada como um filhinho-de-papai que gosta de se embrenhar no mato, um maconheiro elite branca. Mas isso é tão correto quanto relativizar que quem gosta de rap é maloqueiro, que só dá pra ouvir música eletrônica tomando ecstasy ou quem gosta de Smiths é, no fundo, gay. Em uma palavra: burrice.

O trance está tão presente na sua vida quanto a axé music ou o hip hop – você pode até não gostar e fingir que isso não faz parte da sua rotina, mas com certeza conhece alguns bons amigos, parentes ou colegas de trabalho adeptos desta tribo enorme, que, além de migrar em massa para a Chapada dos Veadeiros (onde acontece a megarave Trancendance) ou para o sul da Bahia (onde Trancoso, há anos, já ganhou o apelido de “Trançoso” e raves como a Universo Paralello, que acontece na praia de Pratigi, em Ituberá, dão a tônica da região), ainda atrai estrangeiros da cena mundial para o Brasil.

Outro motivo para o trance parecer ausente do dia-a-dia dos que estão fora da comunidade é a inexistência de nomes de apelo popular e a dificuldade em se trabalhar comercialmente, para o grande público, um gênero musical que quase não tem vocais e cuja sonoridade é agressiva e repetitiva. Mas o gênero, que é musicalmente tão complexo, rudimentar e ruidoso quanto vertentes extremas do hardcore ou do heavy metal, aos poucos começa a ganhar os holofotes e DJs diretamente ligados ao gênero, como Tiesto, Infected Mushroom e Skazi freqüentam a lista de melhores do mundo da revista DJ Mag, a mais respeitada e celebrada votação eletrônica entre as publicações impressas.

“As pessoas geralmente nao entendem a construção da música, dizem que é muito barulhenta”, explica o DJ Feio, parceiro de Rica na XXXperience, “eu concordo, mas elas não sabem que dá um trabalho pra fazer um bom barulho”. “Pra mim, quem fala mal de trance é porque não conhece a fundo”, emenda Du Serena, também da Tribe, concluindo no espírito tolerante da nova tribo, “porém, gosto é gosto”.

Do Pink Floyd ao new trance

Embora seja possível traçar a origem do gênero em algum lugar entre “On the Run” do disco Dark Side of the Moon do Pink Floyd e o experimentalista alemão Klaus Schulze (trilheiro de filmes como “Síndrome de Andrômeda” e “Duna”, que, nos anos 80, lançou discos chamados Trancefer, de 1981, e En=Trance, de 1988), o trance começa como uma variante da acid house que, após um período de popularidade no final dos anos 80 (graças a hits da dupla de gênios-picaretas KLF, que juntou os elementos básicos do gênero), migrou para Frankfurt, na Alemanha, onde realmente nasceu como o conhecemos hoje.

O trance utiliza da repetição de oscilações musicais na mesma levada do techno ou da house, só que com uma velocidade de batidas por minuto muito mais alta. Aos poucos, e com a entrada do psy como sua vertente ainda mais popular, o gênero assume o posto que um dia foi do breakcore, do grime, do gabba e do jungle – música eletrônica para dançar extremamente barulhenta, usando os ruídos sintéticos no limite da tolerância auditiva repetidamente, criando o tal estado de transe que o batiza. A diferença básica entre os gêneros anteriores e o trance vem do fato deste não ser fruto de uma cultura de rua com referências de música negra, como os rótulos citados anteriormente. Sem batidas quebradas e com suíngue marcial, o trance é fruto específico do senso rítmico germânico. E a Love Parade em Berlim, evento que reúne um milhão de pessoas, cuja trilha sonora regula principalmente ao redor do trance, é o mais próximo de um carnaval brasileiro que pode acontecer em terras alemãs.

Mas o trance ainda é um gênero em formação e seus pioneiros estão atingindo a maturidade musical agora, justamente no momento em que os adeptos se reproduzem aos milhares. Junto com esta boa maré, surge mais uma “renovação” genérica do estilo que, diferente de suas vertentes populares, desperta o interesse cult que movimenta parte da música eletrônica para dançar. O new trance usa características e timbres do trance, mas sua cadência é mais lenta e sua estética, minimal, sem os excessos da cena mais roots. “É o antigo eurotrance repaginado e mais popularizado”, explica o DJ Feio, citando nomes do novo braço da comunidade planetária: Air Hustlers, Perry O’Neil, Cosmix One, Super 8 & DJ Tab e Hiver & Hammer.

Conhece? Nem eu. Ainda.