Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Paul n’água

“Well, the rain exploded with a mighty crash…” Caiu um temporal daqueles (você não tá entendendo…) e o show é igualzinho a todos os outros (tirando as infames intervenções de tiozão – ou vovôzão – em português), mas nem por isso menos maravilhoso. O calor no coração de todos aqueceu a alma dos presentes, encharcados mesmo de capa de chuva. É sempre bom ver o Paul McCartney ao vivo, ainda mais agora que os boatos sobre sua aposentadoria têm aumentado consideravelmente, e o show deste domingo não foi diferente: emocionalmente intenso, ainda teve espaço para lágrimas em “Maybe I’m Amazed”, “Band on the Run”, “Something”, “Here Today”, e no dueto virtual com John Lennon em “I’ve Got a Feeling”. Vai Paul!

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Pelados de fim de ano

Com o ano chegando ao fim, precisava ver alguns shows pra arrematar alguns ciclos. Foi o caso da show dos Pelados, uma das minhas bandas contemporâneas favoritas, que não via ao vivo desde que fizemos aquele show no Inferninho Trabalho Sujo há quase um semestre. O quinteto paulistano participou do evento Sacola Alternativa, que a Balaclava Records faz em parceria com o Sesc Vila Mariana e que traz debates e feira de material independente, além dos shows neste sábado e domingo – com todas as atividades gratuitas. A feliz coincidência os colocou no mesmo palco em que lançaram seu excelente disco Foi Mal no fim do ano passado, no Auditório daquela unidade, com quase um ano de diferença – e quanta diferença um ano de shows faz com uma obra. Comparando com o show de um ano atrás, em que o grupo parecia tenso com a estreia e ainda contava com três participações especiais, desta os Pelados estavam voando só os cinco no palco e trabalhando o mesmo repertório com uma intimidade ainda mais intensa. A entrega dos primeiros Manu Julian e Vicente Tassara aos seus instrumentos (voz e guitarra, respectivamente) está cada vez mais plena, enquanto a base formada pela cozinha pós-moderna que inclui a baixista Helena Cruz, o baterista Theo Cecato e o tecladista e programador Lauiz está vez mais firme e coesa, consagrando o grupo com o melhor grupo indie de São Paulo atualmente, fechando o show com seu épico intimista “Yo La Tengo na Casa do Mancha”, canção que não sai do meu rádio mental e que fez o público levantar-se das cadeiras do teatro. Foi foda.

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Encerrando o primeiro ano do Inferninho Trabalho Sujo daquele jeito!

Se eu tivesse escolhido uma das inúmeras festas que demos durante o ano para fechar 2023, não poderia ter outra melhor que a dessa quinta-feira. A noite começou com dois shows imprescindíveis – tanto Luna França quanto os Garotas Suecas estão tinindo ao vivo e transformaram o Picles numa grande celebração da música independente paulistana, mostrando que a cena tem qualidade, bom gosto, técnica e talento de sobra. E depois quando eu e a Fran pegamos a pista, a casa caiu: era tanta gente que a gente nem percebeu que já tinha dado a hora de acabar. Foi muito astral. E quando será o próximo Inferninho Trabalho Sujo? Só no ano que vem – e com novidades logo de cara… Aguarde e confie.

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Ryan O’Neal (1941-2023)

Love Story, Lua de Papel, Essa Pequena É Uma Parada, Barry Lyndon, Uma Ponte Longe Demais… Ryan O’Neal, que morreu nesta sexta-feira, por pouco não foi um rival à atura de Paul Newman e Steve McQueen, mas preferiu trabalhar com diretores mais sérios do que fazer filmes como galã.

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Garotas Suecas e Luna França

Vamos ao último Inferninho Trabalho Sujo de 2023, essa festa maravilhosa que faço no Picles incendiando a noite com shows quentes e a discotecagem fervida ao lado da Fran. E para essa última noite nos reunimos com os queridos Luma França e Garotas Suecas para um sexta-feira memorável no Picles, que fica ali no 1838 da Cardeal Arcoverde. O primeiro show começa 21h30 e vai saber que horas a noite termina…

O fim do Sepultura

Estive na coletiva em que o grupo Sepultura anunciou sua turnê de despedida e escrevi uma matéria sobre o encerramento deste ciclo para a CNN Brasil.

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Outra noite do encontro de Clara Crocodilo com Nego Dito

Mais uma noite no Centro da Terra regida pela aura de Itamar Assumpção, que Arrigo Barnabé de novo invocaria ao início do espetáculo misturando gravações da própria voz com uma máquina de escrever. Logo depois, ele assume os vocais à frente da banda Trisca, trio formado por integrantes da banda Isca de Polícia (Jean Trad, Paulo Lepetit e Marco da Costa), visitando músicas comuns aos dois, entre elas versões de sambas clássicos de diferentes autores, seja Nelson Cavaquinho (“Quando Eu Me Chamar Saudade”), Marisa Monte (“De Mais Ninguém”) ou Ataulfo Alves (“Na Cadência do Samba”), todos revisitados à luz negra dos sambas do velho Ita. Que noite!

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Mombojó num cavalo alado chamado brisa


(Foto: Luan Cardoso/Divulgação)

Como avisei na semana passada, eis o segundo single do próximo álbum do Mombojó, que será lançado nesta sexta-feira, mas pode ser ouvido em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. Primeiro trabalho do grupo em homenagem a um único autor, o disco ainda sem título, está programado para o ano que vem e celebra a obra do mestre conterrâneo da banda pernambucana, Alceu Valença, e em “Amor Que Vai” o grupo consegue manter a própria identidade musical ao mesmo tempo em que mistura-se com a musicalidade característica do homenageado.

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Quando Maurício Pereira encontrou Odair José

A quarta-feira teve dose dupla quando saí do Centro da Terra rumo à Casa de Francisca ver mais uma vez Maurício Pereira mergulhar na surpresa com seu parça Daniel Szafran. Mais uma vez o já mitológico disco de 1998 percorreu as paredes do Palacete Tereza Toledo Lara como muitas vezes passeou pelas da antiga Francisca, na Zé Maria Lisboa, que fez o bardo paulistano lembrar de como a redescoberta do disco no velho endereço do tradicional palco da cidade foi crucial para reestruturar sua própria carreira. Bom de duplas (começou numa incrível com André Abujamra e hoje toca outra sensacional, com Tonho Penhasco), a que Maurício criou com Szafran é luxo só, com o pianista dividindo lindamente os vocais com o autor, que sempre tempera suas canções com seu sax soprano. Nessa pequena temporada, convidou Juçara Marçal num dia e ninguém menos que outro bardo da canção, este goiano, Odair José, para dividir o palco e tive o privilégio de assistir a esse encontro. Além das músicas de seu disco, Pereirão ainda dividiu três músicas com o convidado: sua “Truques com Facas” e duas dele, “Nunca Mais” (do ousado O Filho de Maria e José, ópera rock que fez durante a ditadura miliar) e o hino “Vou Tirar Você Desse Lugar”, este puxado no bis da apresentação, que ainda contou com participação surpresa da própria Juçara, que, como nós, apenas emocionava-se com Maurício no público e que foi puxada à fogueira do nada para fazer “Pan y Leche” com citações a canções clássicas da música brasileira improvisadas na hora. Que noite!

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Chamando Itamar Assumpção

Sensacional a apresentação que Arrigo Barnabé fez nessa quarta-feira, celebrando Itamar Assumpção numa noite lotada – e quente! – no Centro da Terra. Ele começou na máquina de escrever, invocando o velho compadre numa missiva ao lado de músicos que acompanharam o mestre na banda Isca de Polícia, agora reduzida a um trio formado pelo guitarrista Jean Trad, o baixista Paulo Lepetit e o baterista Marco da Costa. A noite ainda teve, além de canções do próprio Itamar, outras de Ataulfo Alves, Nelson Cavaquinho e do próprio Arrigo, que aproveitou o final da apresentação para misturar dois personagens do período em que se conheceram, Benedito João dos Santos Silva Beleléu, vulgo Nego Dito, com o meliante mutante Clara Crocodilo. Foi mágico! E nesta quinta tem mais (mas os ingressos já estão esgotados).

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