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Speed (1973-2010)

Puta notícia de merda: mataram o Speed em Niterói. Apesar de conhecido por viver com o povo do Planet Hemp, a carreira do rapper carioca era mais paralela à da banda de Marcelo D2 e BNegão do que coadjuvante.

E o Bruno compilou algumas homenagens de amigos e rappers ao compadre recém-falecido:

@deeleve Speed faleceu. Nao tenho mais o q dizer.

@marcelodedois Muito triste e indignado , falei com o Gustavo e não consigo entender… Ele não merecia isso… + uma vida perdida assim… Valeu Speed. Speed foi o Cara que mais me incentivou a cantar… A força de vontade dele e a paixao pela musica sempre me impressionaram…

@zegon Alguem me fala que é mentira,acabo de acordar c/a noticia que o meu irmão Speedfreak foi assassinado,to ainda em choque preciso de 1 tempo. Quando começa a cair a ficha fica ainda mais dificil…

@emicida Descanse em paz speed…

@danielganjaman Estou muito triste! O Brasil perde mais um músico genial por conta da violência urbana. Descanse em paz, Speed. Sua vida foi muito intensa.

@Kamau_ Claudio Marcio aka Speed Freaks. Gênio Incompreendido mas nunca despercebido. Paz pra vc irmão.

@sopedradablog A Casa está de luto! R.I.P. Speed Freaks. http://bit.ly/cnjkTa

@McMaxBO Que maneira de acordar… R.I.P. Speed Freaks!

Speed foi um dos primeiros artistas brasileiros a acreditar no potencial da internet e fez vários discos para serem lançados direto online, sem pensar em gravadora, assessoria de imprensa, prensagem ou distribuição. Foi crucial no surgimento do Quinto Andar, coletivo de onde saíram De Leve, Castro, Marechal e outros nascidos em Niterói e que desequilibraram o hip hop brasileiro criando uma cena no Rio de Janeiro e na internet. A Wikipedia lista a seguinte discografia de Speed:

De Macaco (1996)
Expresso (2001)
Sangue Sob o Sol (2003)
Só o Começo (2006)
Meu Nome é Velocidade (2008)
De Volta No Jogo (2009)
Remixxx-Speedfreaks Featurings Vol. 1 (2009)

Ele deve ter mais discos que isso. Fora faixas soltas, de novo via Wikipedia, nas seguintes coletas:

No Major Babies (1993)
Baião de Vira Mundo (2000)
Hip Hop Rio (2001)
Revista Trip (2000-2003)
Penta Brasil (2003)
Brasil Muito Além (2008)

E deve ter muito mais faixa solta por aí. Alguém anima compilar tudo? Tenho certeza que ele curtiria – e pacas.

Renato Russo, 50 anos

Como bom brasiliense, fica aqui a minha lembrança e meu salve ao João de Santo Cristo original, o retirante carioca que legitimou a cultura da minha cidade-natal em forma de canção. Aproveitei a data para desenterrar uma entrevista que fiz com o Renato Russo em 1994 e que foi capa da Ilustrada em 2001, quando completaram cinco anos da morte do cara. Segue:

Em entrevista inédita, Renato Russo fala de drogas e da Legião

Há exatos cinco anos o pop brasileiro perdia o pouco de senso crítico que tinha, acelerando a escavação do atual abismo cultural em que se encontra. Com a morte de Renato Russo, acabava a Legião Urbana, uma das duas bandas de rock mais importantes do Brasil, funcionando no imaginário nacional -ao lado do experimentalismo dos Mutantes- como os Beatles para o do planeta.

O fim do grupo coincidiu com a aceleração da idiotização do pop brasileiro, hoje composto por discos de regravações, muitos deles subprodutos da própria Legião.

No dia 21 de maio de 1994, Renato Russo e a banda viajavam pelo interior de São Paulo com a turnê do disco O Descobrimento do Brasil. O show daquela noite havia sido no ginásio municipal de Valinhos (a 88 quilômetros da capital) e problemas com a acústica do lugar fizeram o grupo convocar uma reunião de emergência na beira da piscina do hotel Royal Palm Plaza, em Campinas. Leia trechos da entrevista concedida por Renato Russo, após a reunião.

Qual seu disco favorito da Legião Urbana?
O V, que eu acho o disco mais difícil. Gosto muito de O Descobrimento do Brasil. Agora, que encontrei a programação dos 12 passos -parei de beber e de me drogar-, tudo está mais tranquilo. Esse show de hoje, por exemplo: o som estava um caos, tudo estava um horror, e o público, superlegal. O lugar tinha uma reverberação brutal. O público berrava muito, e o engenheiro de som teve de aumentar tudo, desequilibrou. No começo era só “bum-bum-bum” e eu berrando, não dava para ouvir os detalhes. Mas, se fosse em outra época, eu teria ficado tão preocupado que ia beber, tomar um porre, falar: “Nunca mais vou fazer show”, nhem-nhem-nhem… Isso agora não existe mais. Há uma tranquilidade, uma serenidade que esse disco trouxe, e acho que as músicas refletem isso.

Como foi sair dessa fase?
Eu estava me destruindo e, em vez de me matar com um tiro na cabeça, preferi procurar ajuda. Isso vem desde os 17 anos, mas no V foi a primeira vez que coloquei na música essas questões. “Montanha Mágica” é sobre isso. Eu era jovem e acabei entrando num beco sem saída.
Isso foi me consumindo, eu ficava deprimido e não sabia o porquê. Achava que o mundo era horrível, igualzinho ao Kurt Cobain, nada mais valia a pena. E isso é estranho porque, se eu achar um dia que as coisas não valham a pena, quero estar com a cabeça no lugar, e não com o corpo cheio de toxinas. Parei com todo tipo de droga e vi que as coisas não eram tão ruins.

Isso se refletia na sonoridade da banda?
Isso a gente decide. Todo disco a gente tenta fazer uma coisa diferente, até porque é mais divertido. E para não ficar na obrigação de repetir o mesmo trabalho. Não achávamos que o Quatro Estações fosse estourar, porque é um disco bem difícil, mas todo mundo gostou. As letras são complicadíssimas e não é tão pra cima quanto acham. É tão depressivo quanto o V.
Tentamos fazer músicas mais pra cima porque era natural, mas não ficava bom. O Descobrimento do Brasil não é um disco pra cima, é como o Power, Corruption and Lies, do New Order. É a coisa mais gloriosa do mundo, mas, se prestar atenção, é pesado.

Como o Quatro Estações…
No geral, as pessoas acharam que aquilo foi a coisa mais alegre que já foi feita. Enquanto o V, não. A gente tentou fazer uma música alegre pelo menos, de tudo quanto foi jeito, e não saía. “Vento no Litoral” só tocou porque tem uma melodia bonita. Acho “Metal contra as Nuvens” uma música superacessível. O problema é que o disco falava de coisas que as pessoas não estavam querendo ouvir na hora. Foi quando estourou a axé music, a gente veio na contramão. Mas o disco tem as melhores letras, de longe. Consegui falar tudo o que eu queria. Mas as pessoas não queriam ouvir aquilo. Por exemplo, “Metal contra as Nuvens” é uma música sobre o Collor, mas nunca ninguém falou sobre isso.

Como você vê a crítica?
Eles usam os motivos errados. Eu não sou o dono da verdade, mas, para mim, o que motiva esses caras é um rancor e uma incompreensão do que é o nosso país e de como as coisas funcionam. Existem iniciativas maravilhosas no Brasil e a gente não sabe. Aí a gente fica oprimido, achando que tudo não presta, que tudo é horrível. Gostaria de poder apresentar um bom trabalho para as pessoas que gostam da gente. Acho sacanagem, na posição que a gente está, não tentar se esforçar o máximo para apresentar o melhor que a gente pode fazer.

E o futuro do Legião?
Não tenho idéia. Eu não vejo como a gente vai seguir o que está fazendo sem se repetir. Depois de “Perfeição”, eu vou escrever o quê? Depois que você fala “vamos celebrar a estupidez humana”, o que você vai falar? Então talvez a gente faça uma coisa parecida com o que o The Cure faz, para depois, com o tempo, a gente fazer uma mescla. Ou virar uma banda de trabalho, como o New Order. Eu não quero ficar falando como eu acho tudo horrível como está. Se a gente cansar, a gente pára. Se a gente achar que ainda vale a pena fazer alguma coisa, a gente continua.

Cloverfield carioca

Axl Rose, seu nome do meio é “uruca”.

O bicho pega aos seis minutos e meio. O título desse post é só um exagero do Bruno que eu achei que soou bem.