O fim do download

, por Alexandre Matias

Liv me chamou pra escrever um artigo em cima da matéria dela que foi capa no Segundo Caderno do Globo nessa quarta, sobre a chegada do Spotify ao Brasil e a consolidação do streaming como tendência. A ilustração da matéria é do Tiago Lacerda, da Beleléu.

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O fim do download?
Uma análise sobre o cenário atual da música digital

Estamos entrando na fase 2 da indústria fonográfica no século digital. A fase 1 foi marcada por uma série de decisões arbitrárias, posicionamentos radicais e tiros no pé — principalmente logo que as pessoas começaram a trocar MP3 de graça entre si, graças à invenção de um adolescente americano. Shawn Fanning criou um programa que permitia que as pessoas trocassem arquivos digitais entre si sem que esses arquivos estivessem hospedados em um servidor central, no fim do século passado, e inaugurou uma lógica chamada P2P (do inglês “peer-to-peer”, parceiro para parceiro). Vimos gravadoras multinacionais processando seus próprios clientes, a ascensão da Apple nesse mercado, a consagração do YouTube como uma grande rádio global, a ascensão e queda do MySpace, a solução do Radiohead para a crise e a caça às bruxas que começou com o julgamento dos caras do Piratebay e a prisão espetacular de Kim Dotcom, do Megaupload, no final de 2011.

Enquanto isso tudo aconteceu, artistas, agentes, empresários, gravadoras e novos players entenderam melhor a lógica da internet e hoje vivemos uma fase em que o streaming por assinatura parece ser a aposta certa. São vários novos nomes aos poucos se estabelecendo — Spotify, Deezer, Rdio, Pandora, Grooveshark —, mas a tecnologia pode dar uma rasteira nesse novo cenário. Afinal, em poucos anos teremos pendrives com a capacidade um terabyte (mil gigabytes) ou mais, a preços bem razoáveis. Mais do que isso: essa capacidade de armazenamento vai para os nossos celulares (ou qual seja a espécie de dispositivo móvel de acesso à internet que estaremos usando lá). Já há aplicativos de torrent para celular e já é possível acessar conteúdos em streaming usando a lógica P2P. Em pouquíssimo tempo, download ou streaming vai ser uma diferença meramente técnica. E talvez possamos finalmente falar em fim do download — não por vitória dos grandes conglomerados, mas pelo fato de que as pessoas não precisam mais baixar para consumir. A setinha do download aos poucos vai ficando bem parecida com a do play…

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