O equilíbrio do trio

, por Alexandre Matias

“Tem um negócio aí nesse negócio de trio”. O formato trio tem uma força magnética que aproxima e afasta os envolvidos exatamente à mesma medida, fazendo com que a presença individual de cada um acabe buscando um equilíbrio a partir da ausência dos outros e a busca por essas lacunas acaba abrindo suas próprias aberturas para que tudo flua naturalmente. E não importa que tipo de trio, mas quando estamos falando de música, a fluência dessa conexão é exatamente o corpo que a torna possível, como se esse magnetismo se traduzisse em som. E assim foi a apresentação do Thiago França Trio nesta terça-feira no Centro da Terra, encontrando um ponto em comum entre as apresentações que fazia com o codinome de Sambanzo (quando tocava ao lado de seus dois compadres da percussa tanto de Xepa Sounds quanto da Charanga do França, Wellington “Pimpa” Moreira e Samba Sam, e de dois integrantes do Clube da Encruza, Kiko Dinucci e Marcelo Cabral, tocando baixo elétrico) e o trio de free jazz Marginals, composto por Cabral (tocando baixo acústico) e Tony Gordin. Reunindo-se apenas a Cabral e Pimpa, ele enxuga ainda mais o Sambanzo e abre novas janelas de ritmo com o formato trio, apresentando tanto temas que já gravou em seus dois primeiros discos solo (Etiópia e Coisas Invisíveis) e alguns inéditos que deverão materializar-se num novo disco (com outras formações) em breve, entre elas inspirada na coulrofobia do carnaval periférico do Rio chamada apropriadamente de “Fear of the Bate-Bola”. Mas não posso deixar passar minha empolgação ao ouvir um dos meus temas favoritos do saxofonista, a originalmente elétrica “Capadócia”, quase um Talking Heads com o dedo na tomada, vertida a instrumentos acústicos, com pouquíssima interferência elétrica. Foda demais.

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