A conexão Andy Warhol / Galaxie 500

Entrevistei o Dean Wareham ontem sobre os shows de hoje e amanhã aqui em São Paulo, para o Caderno 2

Uma visita a Andy Warhol
Dean Wareham, líder do Luna, homenageia o papa da pop art

“Neste exato momento estou preso no trânsito de São Paulo”, disse Dean Wareham, em entrevista por telefone. Isso foi ontem de manhã, o tempo estava fechado e ele havia acabado de chegar à cidade, onde fará dois shows, hoje e sexta-feira, no Sesc Pompeia.

Líder da mítica banda indie norte-americana Galaxie 500, ele vem ao Brasil pela segunda vez, quando faz duas apresentações diferentes, duas homenagens, uma a Andy Warhol e outra à sua banda original.

O primeiro show é creditado a ele e à mulher, Britta Philips, que também o acompanha em sua banda atual, o Luna. Britta também toca na sexta, embora ele seja anunciado como um show mais de Dean do que propriamente do casal, uma vez que Britta não fazia parte do Galaxie 500.

“Os dois concertos têm a mesma formação e estamos tocando há tanto tempo que praticamente não ensaiamos mais”, explica Dean Wareham, antes de dizer que, para os shows brasileiros, retomaram músicas do Luna, com quem veio ao Brasil em 2001. “Tocamos aqui exatamente uma semana após o atentado do 11 de setembro, por isso tenho boas lembranças daqui. Mesmo com o trânsito e a quantidade enorme de pessoas em qualquer lugar, a comida e o calor humano local nos fizeram muito bem numa época bem difícil de estar em Nova York”, lembra ele.

O espetáculo de hoje já vem sendo exibido desde o início do ano passado. 13 Most Beautiful… Songs for Andy Warhol’s Screen Tests traz a banda tocando sobre a projeção dos testes de elenco do pai da pop art, closes extremos em nomes conhecidos como Lou Reed, Dennis Hopper, Nico e Edie Sedgwick.

Além de músicas compostas para o show, também há versões para Bob Dylan (“I’ll Keep It With Mine”, que Dylan compôs para Nico) e do Velvet Underground (a rara “I’m Not a Young Man Anymore”). Feito para ser apresentado em museus e exposições de arte, o show já passou por retrospectivas de Warhol na Opera House de Sydney, no Lincoln Center de Nova York e no Museu de Arte Contemporânea de Chicago.

Mas passar por esses palcos fez o casal e sua banda terem vontade de voltar às casas de show, criando o que será apresentado na sexta, Dean Plays Galaxie 500 Songs. Para combinar com as duas atmosferas diferentes, o concerto de hoje ocorre no Teatro do Sesc Pompeia e o de amanhã na Choperia.

Tudo bem que hoje é sexta-feira…

Mas amanhã é sábado e eu comemoro os 15 anos do Trabalho Sujo cercado de gente fodona: os chapas do Veneno cuidam da versão analógica da naite enquanto a Gente Bonita, Giu & Chebel e Dani damos o tom digital para o outro lado da noite. Mas não se deixe enganar pelas aparências: hits de todas as épocas darão as caras pela festa que domina um andar inteiro de um prédio no centro de São Paulo, além de algumas surpresas que acontecerão pelo decorrer da noite. Se você disser que vai pela página do Facebook ou se enviar nomes para o email baile@venenosoundsystem.com, paga só 15 reais para entrar – senão o preço é R$ 20. A festa começa à meia-noite e não tem hora pra acabar…

Cansou do Cansei?

Eu não. Tanto que vou hoje lá ver os caras no Clash. Quem vai? Abaixo, a materinha que fiz com eles pro Caderno 2 de hoje.

Cansei de Ser Sexy não descansa
Uma das mais bem-sucedidas bandas brasileiras no exterior se apresenta hoje em São Paulo e anuncia turnê pelos EUA e novo disco para agosto

Hoje começa a fase três do Cansei de Ser Sexy. A banda, que começou como uma piada interna de uma turma de meninas sob olhares carrancudos de críticos sem humor, conseguiu provar-se como mais do que uma simples modinha paulistana ou hype de internet e hoje é um dos grupos brasileiros mais bem-sucedidos no exterior. E depois de dois discos, começa a mostrar como será seu 2011 no primeiro show que a banda faz fora de festivais no Brasil desde 2006, hoje, no Clash Club, na Barra Funda.

O CSS, como é conhecido no exterior, lançou-se no mercado em 2003 quase como uma banda de brincadeira, usando a internet como principal plataforma – a título de curiosidade, no início da banda, ela possuía um único MP3 e cinco fotologs. Nasceu no meio de um grupo de meninas que eram ligadas à moda e foram organizadas pelo músico Adriano Cintra, que já tinha construído sua reputação no underground paulistano em bandas como Thee Butchers’ Orchestra, I Love Miami e Ultrasom. Adriano assumiu a bateria e domou a espontaneidade das meninas de tal forma que, em pouco tempo, elas eram uma banda – ainda que de dance music – de fato.

Foi um dos artistas que ajudaram a gravadora Trama a consagrar seu site de bandas iniciantes, o Trama Virtual, que mais tarde viraria um selo que lançaria CDs de verdade – principalmente graças ao sucesso da banda no exterior. Algo impensável para quem chochava a banda em seus primeiros dias, que a colocou ao lado dos principais artistas da primeira década do século, tocando nos maiores festivais do mundo e ganhando capa de revistas de moda e de música.

Desde que começou sua carreira no exterior, a banda só voltou para o Brasil em férias, até que passou por uma montanha-russa de emoções, principalmente devido a problemas com o antigo empresário, que deram o tom amargo do segundo disco, Donkey, de 2008. Mas se os problemas se refletiram nas composições, eles não atrapalharam a maratona de shows feita pela banda, disposta a consagrar o nome que havia conquistado nos últimos anos. Nesse período, se apresentaram duas vezes no Brasil, apenas em festivais, no Planeta Terra de 2007 e no SWU do ano passado.

“Foi ótimo”, lembra a guitarrista Ana Rezende, em entrevista por e-mail, falando sobre o show do ano passado. “É sempre muito bom tocar no Brasil. O público aqui é diferente de qualquer outro lugar e sempre é meio nostálgico pra gente, no melhor sentido da palavra. Nós nos sentimos literalmente em casa.”

A guitarrista disfarça sobre o disco novo, que já está gravado. “A gente ainda não pode falar porque a gravadora tem de fazer o anúncio antes, mas ele já está gravado, masterizado e pronto para ir para a fábrica. O primeiro single sai em maio e o disco sai em agosto.” A apresentação no Clash contará com algumas músicas novas, além do repertório já conhecido da banda, que inclui hits como Move, Let’s Make Love and Listen to Death from Above e Alala. A banda se apresentou no fim de semana passado no Chile, quando também mostrou uma música nova.

O show de hoje é encarado como o início dos trabalhos no ano. No próximo dia 15, o Cansei de Ser Sexy começa uma turnê de um mês e meio pelos Estados Unidos, fazendo dupla com a banda Sleigh Bells, mas não deixa de cogitar uma turnê pelo Brasil, rumor que já vem sendo ventilado há pelo menos um ano. “Queremos muito fazer uma turnê por umas oito cidades por aqui”, continua Ana. “É difícil viabilizar, mas é uma coisa que queremos muito. Vamos ver se a gente consegue!”, anima-se.

15 anos de Trabalho Sujo

Uma porta antiga, na esquina da avenida São João com a rua Dom José de Barros, em fente às vitrines da Galeria Olido, pleno centro. Subindo as escadas, no primeiro andar, à sua direita pista 100% digital, CDs, laptops e iPods disparando seleções de todas as vertentes possíveis da dance music – todas as épocas e gêneros remixadas uns nos outros-, e à sua esquerda pista 100% analógica, vinis girando a 33 ou 45 rotações por minuto com grooves de todas as partes do mundo. No caminho para uma ou para outra, você pode passar por uma porta e chegar na sala transformada em bar, com a… varanda com vista pro centro, ou no espaço com sofás, timeout e passagem de volta à pista. Se continuar, pode acabar completando a volta e chegar onde começou. Se resolver voltar, pode acabar se perdendo com alguma nova diversão ou som novo na outra pista. É a Associação Brasileira de Empresários de Diversões ou, para os íntimos, a Trackertower.

Em ocasião especial e por conjunção astral, somando as forças e váibes e sistemas de sons, oito discotecários, coletivos, duplas, dividem as duas pistas neste sábado, comemorando os 15 anos do Trabalho Sujo e a vida, por que não? De um lado, nos controles digitais, ficam Alexandre Matias e Luciano Kalatalo da Gente Bonita, Chebel e Giu da SRY e Dani Arrais do Don’t Touch My Moleskine atravessando décadas de música pop sem vergonha da acabção feliz. Do outro, nas picapes analógicas, o VENENO Soundsystem, formado por Mauricio Fleury, Peba Tropikal e Ronaldo Evangelista, girando soul, cumbia, afro, brasa, disco. Clima de festa, diversão sem fim, aparições surpresa, sons infalíveis & vista pro centro.

15 ANOS DE TRABALHO SUJO
Sábado, 9 de abril de 2011
Gente Bonita + Veneno Soundsystem + SRY + Don’t Touch My Moleskine
Na Trackertower
Rua Dom José de Barros 337, esquina com av. São João
$20 / $15 lista (para incluir seu nome na lista, basta confirmar a presença na página do evento no Facebook ou mandar email para baileveneno@gmail.com)
0h

Daft Punk Sou Foda

Sábado passado não foi apenas “Friday” aprovada, o Beco 203, casa gaúcha que inaugurou filial em São Paulo onde era o Comitê, na Augusta, também fez bonito e comportou bem a farra que fiz com o Alex do Move that Jukebox. E essa aí foi a jóia do Leandro Correa que usei pra abrir o set, dica do Bruno. Sinistro.


Leandro Correa – “One More Avassalator

“I just wanna dance / I don’t really care”

O mês de abril tá tão foda que nem parece que o verão acabou no fim de semana passado. Neste sábado divido as picapes com o Alex Correa, do Move that Jukebox, no Clube da Luta, festa que rola no recém-inaugurado Beco 203 (filial paulistana da já clássica casa gaúcha). Alem da minha discotecagem junto com a do Alex (é um duelo!), a noite ainda conta com outro duelo, do Tiago Agostini contra o casal Dominódromo (Karen e Fernando, creio que são um casal, posso estar errado :S). Tenho uns ingresso dando sopa, se alguém quiser, deixa um comentário aí embaixo que eu entro em contato até as 18h do sábado, avisando.

Aí no fim de semana que vem embarco para Floripa, para participar do Florianópolis Music Trends, em que falo sobre música digital e internet, além de discotecar no sábado à noite.

No finde seguinte, tem a festa dos quinze anos do Trabalho Sujo, completos no fim do ano passado, mas comemorados apenas agora, com uma festa arrasa-quarteirão. Mais infos em breve, mas já marca aí na agenda o dia 9 de abril, que vai ser histórico.

Não para por aí. No sábado seguinte, duas boas. Primeiro tem Gente Bonita na Locomotiva Discos, loja que os irmãos Custódio – Márcio e Gilberto – abriram no centro. Tocamos de tarde bem no Record Store Day, antes da participação do Kid Vinil. E de noite tocamos na Virada Cultural de São Paulo, mas longe do cheiro de mijo do centro, numa apresentação feita apenas para o evento ao lado do coletivo de VJs Embolex. Tocamos na entrada do Sesc Pinheiros bem na virada do sábado para o domingo, até às 3h da manhã.

No fim de semana seguinte é a Páscoa e não tem nada marcado, mas na sexta-feira, dia 29, a Gente Bonita volta para Belo Horizonte, onde tocamos na festa da querida Bruna, no velho conhecido Velvet.

Falei que abril ia bombar. Chega mais.

Cansei de Ser Sexy no Brasil

É isso aí, primeiro show do Cansei fora de festivais no Brasil desde 2006! O show é dia 7 agora, na Clash. Mais detalhes no Lucio.

Jamie Lidell no Brasil

Outro show que rola na Clash, dia 5 de maio, é do inacreditável Jamie Lidell. Vi ele ao vivo no Brasil em 2005, quando ele tocou no falecido Tim Festival e fez um showzaço sozinho, sem nenhum outro músico. Sente o estrago:

Dean Wareham e Britta Phillips no Brasil

E fechando a lista de shows anunciados pra agora, olha que boa surpresa: o casal Dean Wareham e Britta Philips toca no Sesc em abril. São dois shows. Um deles se chama 13 Most Beautiful: Songs for Andy Warhol’s Screen Tests, em que os dois tocam sobre os clássicos testes de tela do Warhol, em que ele ficava filmando os rostos de gente que associava à sua prole, como o Velvet Underground e Dennis Hopper. Sente o drama:

O segundo show chama-se Dean Wareham plays Galaxie 500 songs e é exatamente isso: canções da banda que pôs Dean no mapa, mas… tocadas apenas por Dean? Britta sempre toca com ele…

E eles tocam até música dos outros:

Pra quem tá boiando na importância do show, uma aulinha: a aliança entre o Velvet Underground e Andy Warhol, em Nova York no meio dos anos 60, fez que o rock ganhasse uma aura impensável anos antes, quando os Beatles chutaram o balde cantando iê-iê-iê – e deu um sabor bem nova-iorquino à maturidade que o rock atingiu quase nos anos 60, quando Londres e a San Francisco viraram techicolor e Dylan, os Beatles e os Stones ganharam tons sépia (Dylan em Woodstock, Stones country e Let it Be, respectivamente). Nova York ganhou o preto e branco artsy dos filmes de Warhol e do free jazz, misturando-o à eletricidade típica do rock, ao mesmo tempo que a expandia-a para além do ritmo e do solo.

O cânone inaugurado pelo Velvet continuou por vias tortas com os Modern Lovers e o Television, sendo absorvido completamente quinze anos depois por uma nova geração, personificada no Sonic Youth. E antes do Yo La Tengo assumir o bastão com a entrada de James McNew na banda, no início dos anos 90, foi o Galaxie 500 quem manteve acesa a chama dessa música especificamente nova-iorquina.

Com três discos, a banda se tornou o grupo indie mais importante dos EUA ao lado dos Pixies, no final dos anos 80, americanizando uma tendência de retomar microfonia e doçura iniciada pelos irmãos Reid no Jesus & Mary Chain, na Inglaterra. E depois de sua existência, Dean formou o Luna, que contou com a ex-dubladora do desenho animado Jem e futura esposa Britta na formação a partir do ano 2000 – o grupo até tocou no Brasil em 2002, se não me engano… De qualquer forma, a vinda dos dois é uma ótima oportunidade para toda uma geração amamentada com roquinho fuleiro (já já falo do novo dos Strokes, do Arctic Monkeys e do Vaccines, guentaê) descobrir uma banda completa.

De brinde, um hit do casal que o Luciano sempre tocava nos primeiros anos da GB…

Mais informações sobre os shows aqui.

Os vídeos de ontem

Falei que ia fazer uns vídeos ontem, olha eles aí. Consegui filmar todas as músicas, menos minha participação (por motivos óbvios, ainda não aprendi a mediar um debate e me autofilmar ao mesmo tempo), mas já já elas aparecem por aí. Os vídeos vão aparecendo exatamente na ordem da noite…


…que começou com o Emicida rimando sem acompanhamento, só na moral…


…continuou com o Takara, o nosso Baden Powell, quebrando tudo sozinho…


…depois PB e Maurício Fleury caíram prum delírio kraut…


…e foram acompanhados pelo Guizado e foram pruma base instrumental que começou electro e caiu pro jazz…


…para depois tocarem “Maya”, do primeiro disco do Gui…


…depois Blubell subiu no palco e cantou sua “Good Hearted Woman”…


…e no final Bruno Morais desenterrou “Morte da Sandália de Couro”, do Bebeto, para encerrar a noite. Não filmei a participação do Zegon, porque seu equipamento só chegou ao final, quando rolou uma jam session com todo mundo e a bateria da minha câmera foi para o saco junto com a minha vontade de fazer uma social. Foi demais, quem foi sabe.