Dean Wareham e Britta Phillips no Brasil
E fechando a lista de shows anunciados pra agora, olha que boa surpresa: o casal Dean Wareham e Britta Philips toca no Sesc em abril. São dois shows. Um deles se chama 13 Most Beautiful: Songs for Andy Warhol’s Screen Tests, em que os dois tocam sobre os clássicos testes de tela do Warhol, em que ele ficava filmando os rostos de gente que associava à sua prole, como o Velvet Underground e Dennis Hopper. Sente o drama:
O segundo show chama-se Dean Wareham plays Galaxie 500 songs e é exatamente isso: canções da banda que pôs Dean no mapa, mas… tocadas apenas por Dean? Britta sempre toca com ele…
E eles tocam até música dos outros:
Pra quem tá boiando na importância do show, uma aulinha: a aliança entre o Velvet Underground e Andy Warhol, em Nova York no meio dos anos 60, fez que o rock ganhasse uma aura impensável anos antes, quando os Beatles chutaram o balde cantando iê-iê-iê – e deu um sabor bem nova-iorquino à maturidade que o rock atingiu quase nos anos 60, quando Londres e a San Francisco viraram techicolor e Dylan, os Beatles e os Stones ganharam tons sépia (Dylan em Woodstock, Stones country e Let it Be, respectivamente). Nova York ganhou o preto e branco artsy dos filmes de Warhol e do free jazz, misturando-o à eletricidade típica do rock, ao mesmo tempo que a expandia-a para além do ritmo e do solo.
O cânone inaugurado pelo Velvet continuou por vias tortas com os Modern Lovers e o Television, sendo absorvido completamente quinze anos depois por uma nova geração, personificada no Sonic Youth. E antes do Yo La Tengo assumir o bastão com a entrada de James McNew na banda, no início dos anos 90, foi o Galaxie 500 quem manteve acesa a chama dessa música especificamente nova-iorquina.
Com três discos, a banda se tornou o grupo indie mais importante dos EUA ao lado dos Pixies, no final dos anos 80, americanizando uma tendência de retomar microfonia e doçura iniciada pelos irmãos Reid no Jesus & Mary Chain, na Inglaterra. E depois de sua existência, Dean formou o Luna, que contou com a ex-dubladora do desenho animado Jem e futura esposa Britta na formação a partir do ano 2000 – o grupo até tocou no Brasil em 2002, se não me engano… De qualquer forma, a vinda dos dois é uma ótima oportunidade para toda uma geração amamentada com roquinho fuleiro (já já falo do novo dos Strokes, do Arctic Monkeys e do Vaccines, guentaê) descobrir uma banda completa.
De brinde, um hit do casal que o Luciano sempre tocava nos primeiros anos da GB…
Mais informações sobre os shows aqui.
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