Mita 2023: Dia 1
O sábado lindo foi de Lana Del Rey, mas os caminhos para chegar em seu paraíso, os fãs sabem, nunca acontecem sem dor e sofrimento. Mesmo com um dia maravilhoso de outono como há tempos não acontecia, a segunda edição do Mita em São Paulo primou pela confusão e bagunça, tanto em termos na programação quanto na produção, mas quem pode ver o show da cantora norte-americana com alguma condição assistiu ao seu cabaré lyncheano numa apresentação soberba, show que poderia tranquilamente acontecer fora de um festival.
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A organização não ajudou. Não que o novo Vale do Anhangabaú seja propriamente um lugar ruim para este tipo de evento, mas a série de corredores e filas que espremia todo mundo numa eterna hora do rush do transporte público paulistano, o excesso de poluição visual e a existência de uma pista premium, tudo isso sob a mira dos prédios antigos do centro de São Paulo, aumentava a sensação de estar num shopping a céu aberto numa Gotham City superlotada. Não bastasse isso, a sequência de atrações desencontradas ajudava a confusão mental.
O jazz funk do Badbadnotgood estava no ponto, mas o público não se importava – deviam ter trocado eles de lugar com o insuportável Flume, que pelo menos a trilha sonora antes da Lana Del Rey não seria um pesadelo completo. E por melhores que tenham sido os show de Duda Beat (perdi) e do encontro do Djonga com o BK’ (que foi foda), o festival parece saber querer reger o caos ao colocar o Natirruts como atração anterior da atração principal. Mas só causa mais atordoo ao público.
Felizmente Lana Del Rey superou aquela zona. Demorou meia hora para entrar, mas entregou tudo que prometia – e o público cantou todas as músicas, inclusive algumas sozinho, como quando puxou “Cinnamon Girl” a pedido da própria Lana quase no fim do show. Em mais de uma hora e meia de delírio cênico, com direito a dançarinas, backing vocals, balanço florido e troca de roupa no palco, ela desfilou todas suas baladas completamente apaixonada pelo público, que respondia com todas as forças. Com a voz intacta, ela passeou por todo seu repertório e fez boa parte do show sentada ou deitada, longe da tendência pop regente de pedir pra todo mundo dançar, pular e se acabar. Desceu para o fosso dos fotógrafos e tirou selfies com o público, completamente entregue. Foi lindo demais – se você estivesse com uma boa visão do palco, o que não aconteceu para boa parte do público, infelizmente.
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