O melhores shows internacionais de 2023 no Brasil segundo a revista Rolling Stone

Já estamos em 2024, mas os ecos de 2023 seguem aí, como é o caso de mais uma edição impressa da revista Rolling Stone que chega às bancas com o Robert Smith na capa, resumindo os melhores shows que aconteceram no Brasil no ano passado. Fui chamado para escrever sobre dois dos shows que mais gostei no ano, o das Haim no festival Mita e o último show de Paul McCartney em São Paulo. Os textos estão no site da revista, mas também podem ser lidos abaixo:  

Mita de gala

Mesmo com ótimos shows (pra mim: Haim, Mars Volta e Lana Del Rey) e uma diminuição de público que tornou o segundo dia apenas tolerável, o festival Mita terminou sua edição 2023 no débito, criando uma sensação de descaso com o público mesmo que trouxesse boas apresentações em boas condições. Essa impressão desfez-se no Mita Day, evento realizado neste domingo (uma semana após a versão maior do festival), no Auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Reverenciando a obra do maestro Arthur Verocai partindo de seu clássico disco de 1972 e contando com a presença de convidados ilustres, o festival estendeu o tapete vermelho tanto na parte artística quanto no tratamento ao público, numa noite pop de gala raramente vista em festivais por aqui. À frente de um conjunto híbrido de big band com orquestra, o compositor e arranjador carioca pode apresentar seu trabalho mais uma vez ao vivo em condições ideais de temperatura e pressão. Talvez a distribuição da banda, dos vocalistas e dos convidados no palco pudesse ser pensada de outra forma, uma vez que o auditório estava aberto em sua versão completa, com as duas plateias à frente e às costas dos músicos (como uma versão gigante do teatro do Sesc Pompéia) e isso comprometia a visão do palco.

Mas foi bonito assistir Verocai regendo aquela pequena orquestra com a leveza informal de quem pertence à música popular, estalando os dedos para marcar os compassos, sem batuta nem fraque, cantarolando baixinho o começo de cada música antes de contar o tempo de entrada (“um, dois, três e já!”) e conversando à vontade com o público. E se entre os convidados da noite haviam nomes de peso como Céu, Mano Brown e Ivan Lins, foi bonito ver que alguns dos melhores momentos da noite tiveram à frente velhos colaboradores do maestro, como o soulman Carlos Dafé, Clarisse Grova e Paula Santoro. O DJ Nuts subiu junto com Brown e não entendi se ele estava tocando algo, mas foi bom vê-lo reconhecido em público pelo próprio maestro (mais uma vez) sobre o papel do seletor em sua redescoberta, afinal foi Nuts quem apresentou para o mundo o disco clássico de Verocai, que era desconhecido mesmo no Brasil até outro dia – e se estávamos reunidos naquele belo evento para celebrar um aventureiro da nossa cultura, era culpa deste historiador e discotecário sensacional. Uma bela noite.

Assista aqui:  

Mita 2023: Dia 2

O segundo dia da segunda edição do Mita desse ano estava mais tranquilo do que no primeiro e isso era evidente devido à quantidade de público, menor que no sábado. Mas alguns problemas persistiam, como filas e corredores estreitos com muita gente ao mesmo tempo. Mas pelo menos deu pra esquecer o pesadelo que foi o dia anterior, embora enfileirar atrações como Capital Inicial e NXZero não seja propriamente um sonho (longe disso). A própria mistura das três atrações internacionais não poderia ser mais díspares: Haim, Mars Volta e Florence and the Machine funcionariam num mesmo evento com dezenas de artistas (algo cada vez mais cansativo hoje em dia), mas como únicas atrações internacionais em um evento pago (e caro) não faz propriamente com que os fãs dos grupos se misturem, mas que muitos deles sequer pensem em ir ao show, preferindo opções mais específicas.

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Mita 2023: Dia 1

O sábado lindo foi de Lana Del Rey, mas os caminhos para chegar em seu paraíso, os fãs sabem, nunca acontecem sem dor e sofrimento. Mesmo com um dia maravilhoso de outono como há tempos não acontecia, a segunda edição do Mita em São Paulo primou pela confusão e bagunça, tanto em termos na programação quanto na produção, mas quem pode ver o show da cantora norte-americana com alguma condição assistiu ao seu cabaré lyncheano numa apresentação soberba, show que poderia tranquilamente acontecer fora de um festival.

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