E o Marko viu o post que fiz nesta segunda sobre a inteligência artificial esticando as bordas de discos clássicos brasileiros e resolveu fazer essa mesma experiência com discos estrangeiros, botando Led Zeppelin, Beatles, Miles Davis, John Coltrane, King Crimson, The Who, Patti Smith, Pink Floyd, entre outros, para ampliar seus horizontes visuais à base de inspiração robô.
Dando continuidade à série que inaugurei nesta sexta-feira no site da CNN Brasil, sigo falando de discos lançados há meio século que seguem importantes até hoje. 1972 foi o ano do disco mais bem-sucedido do Neil Young, do primeiro disco da dupla alemã Neu!, da sombria obra-prima de Nick Drake, do disco mais ousado de Miles Davis, do disco solo mais memorável de Lou Reed, da volta por cima de Ornette Coleman e do momento em que o Genesis torna-se uma brincadeira séria.
Uma das minhas primeiras decisões de ano novo foi matar o #CliMatias, hashtag que eu mantinha no Instagram como uma espécie de saudação do dia: uma foto do céu e uma frase que remetesse ao clima – seja interior ou exterior – do dia que começava. Matei a seção como parte da minha decisão de abandonar as redes sociais até o fim do ano, sacrificando o sacerdócio diário para me ver livre destas atualizações.
Mas veio a pandemia e com ela a necessidade de entrar em confinamento, uma autoquarentena voluntária para não esperar que as autoridades brasileiras comecem a tomar alguma providência. Aos poucos as pessoas têm se conscientizado que o problema é grave e resolvi criar um programa em vídeo – tanto no IGTV do Instagram quanto num segundo canal do YouTube – para dar dicas do que fazer nestes dias de isolamento social. As dicas vão desde livros, filmes, séries e discos para curtir no tempo livre como dicas para não enlouquecer ou cair em depressão uma vez recluso num mesmo ambiente. O programa é diário e vai ao ar sempre de manhã – e aqui neste mesmo post vou colocando as dicas do dia bem como os links para os itens que indico – além das sugestões dos convidados, que sempre tento trazer.
Quando o diretor Stanley Nelson começou a escrever o documentário que queria fazer sobre Miles Davis, ele tinha como meta tirar a personalidade junkie e problemática que paira sobre o Picasso da música até hoje para mostrá-lo como um artista completo. E o resultado ele traz neste Miles Davis: Birth of the Cool, que chega aos cinemas norte-americanos neste semestre.
https://www.youtube.com/watch?v=34r017yYNa0
1° de maio de 1969 – Bob Dylan é o convidado na estreia do programa de Johnny Cash
2 de maio de 1989 – Os Stone Roses lançam seu primeiro disco
3 de maio de 1958 – Rock causa tumulto em Boston
4 de maio de 2000 – Metallica processa os próprios fãs
5 de maio de 1946 – Nasce Beth Carvalho
6 de maio de 1965 – Keith Richards compõe “Satisfaction” num sonho
7 de maio de 1992 – John Frusciante sai dos Red Hot Chili Peppers
8 de maio de 1911 – Nasce Robert Johnson
9 de maio de 1942 – Nasce Nei Lopes
10 de maio de 1994 – O Weezer lança seu primeiro álbum
11 de maio de 1981 – Morre Bob Marley
12 de maio de 1967 – Jimi Hendrix lança Are You Experienced?
13 de maio de 1938 – Louis Armstrong imortaliza “When the Saints Go Marching In”
14 de maio de 2016 – Beyoncé emplaca todos os singles de seu Lemonade entre os mais vendidos
15 de maio de 1986 – O Run DMC lança o primeiro grande álbum de rap
16 de maio de 1966 – Bob Dylan lança Blonde on Blonde e os Beach Boys lançam Pet Sounds
17 de maio de 1887 – Nasce João da Baiana
18 de maio de 1980 – Ian Curtis comete suicídio
19 de maio de 1945 – Nasce Pete Townshend
20 de maio de 1954 – Bill Haley & His Comets lançam o hino “Rock Around the Clock”
21 de maio de 1970 – Marvin Gaye lança What’s Going On
22 de maio de 1967 – Os Monkees lançam o primeiro disco em que compõem e tocam tudo
23 de maio de 1966 – Os Doors estreiam no Whiskey a Go Go
24 de maio de 1941 – Nasce Bob Dylan
25 de maio de 1996 – Brad Nowell, do Sublime, é encontrado morto
26 de maio de 1926 – Nasce Miles Davis
27 de maio de 1957 – Buddy Holly lança seu primeiro hit, “That’ll Be The Day”
28 de maio de 1957 – Nasce John Fogerty, do Creedence Clearwater Revival
29 de maio de 1984 – Tina Turner dá a volta por cima com Private Dancer
30 de maio de 1990 – Midnight Oil protesta no coração financeiro de Nova York
Esbarrei sem querer num post velho do ótimo blog Destroy All Music, do carioca Vinícius Damazio, que conseguiu uma versão para download de uma das míticas apresentações que Miles Davis fez em 1974 no Teatro Municipal de São Paulo, no auge de sua fase mais brutal no que diz respeito a ritmo e groove. Como no post original do DAM (que inclui até mesmo reportagens dos jornais da época sobre os shows), o post é ilustrado com uma foto do show tirada de uma matéria que a Vice fez com o fotógrafo brasileiro Ricardo Beliel.
Betty Davis é uma dessas forças da natureza personificadas numa deusa funky, infelizmente ofuscada por ter adotado o nome do marido famoso, mestre Miles. Mas mesmo antes de conhecer Miles Davis, Betty já gravava seu nome na história, ainda como Betty Mabry ao conhecer músicos como Sly Stone e Jimi Hendrix após ter se mudado para Nova York, atuando como cantora (lançou os singles “Get Ready For Betty” e “I’ll Be There” no início dos anos 60), compositora (é a autora de “Uptown (to Harlem)” dos Chambers Brothers) e modelo. Mas foi após conhecer Miles Davis que soltou todo seu potencial criativo. O mesmo pode ser dito sobre a evolução mais radical do trompetista que, sob sua influência, começou a experimentar com a psicodelia e a eletricidade. Encantado por Betty, Davis batizou uma música do disco Filles de Kilimanjaro com seu nome além de ter colocado-a na capa do mesmo.
Durante os anos 70, ela gravou discos que a tornaram uma espécie de segredo bem guardado entre os apreciadores do funk e do groove. Betty Davis (1973), They Say I’m Different (1974) e Nasty Gal (1975) são destas obras-primas desconhecidas do grande público que eletrizam qualquer pista de dança e cabeça-feita. Os três discos foram relançados pela excelente gravadora Light in the Attic, que, além de desenterrar seu quarto e inédito disco Is It Love or Desire? (de 1976) em 2009 e relançar seus três primeiros álbuns em vinil, agora surge com o disco que prova a influência de Betty no trabalho de dois dos maiores ícones de seu tempo: Jimi Hendrix e Miles Davis. Embora não estejam tocando no disco The Columbia Years (1968-1969), os dois pairam em música e alma sobre a gravação, até então considerada uma espécie de lenda urbana.
Gravado em duas sessões nos dias 14 e 20 de maio de 1969 no estúdio da Columbia na rua 52, em Nova York, o disco foi produzido pelo próprio Miles Davis e seu braço-direito Teo Macero, mago da pós-produção responsável por nada menos que Bitches’ Brew (título que teria sido inspirado por Betty e suas amigas e que chamaria-se apenas Witches’ Brew caso a própria Betty não interferisse, exigindo o título gangsta), e conta com um time de músicos de cair o queixo. Além de Betty, The Columbia Years conta com o baterista do Jimi Hendrix Experience Mitch Mitchell, o baixista da Band of Gyspsys (o outro grupo de Hendrix) Billy Cox, o guitarrista John McLaughlin, o saxofonista Wayne Shorter, os tecladistas Herbie Hancock e Larry Young e o baixista Harvey Brooks (que tocou com Miles Davis e Bob Dylan) – e mostra como tanto Miles quanto Hendrix foram inspirados pela presença magnética de Betty e como ela própria veio criando a base para seus discos clássicos. Saca só algumas músicas:
O disco pode ser comprado direto no site da gravadora.
Teo Macero, o mestre editor que ajudou Miles Davis a compor uma de suas obras-primas, avisou à gravadora Columbia em um memorando que seu clássico elétrico chamaria-se Bitches Brew.
Vi no Boing Boing.
Em sua estreia na direção, o ator de Hotel Ruanda e Vingadores vive o maior nome do jazz dos anos 50 aos 80. Separei algumas cenas online lá no meu blog no UOL.
Adventure Time talvez seja um dos grandes trunfos culturais dessa década, ainda crescendo lentamente rumo ao topo do pop. A popularização do desenho já está em estágio avançado de massificação e se você não sabe do que se trata, faça-se o favor de se informar e cair na melhor psicodelia do século até agora. Os personagens do programa do Cartoon Network aos poucos estão se embrenhando em nosso inconsciente e não duvide se 2015 assistir ao momento em que eles se tornarão mais populares que o Mickey, o Snoopy ou o Super Mario para todas as faixas etárias. Essa compilação de capas de discos clássicos mashupadas com o imaginário do título, reunida por este blog, já dá uma vaga noção de que o desenho não é mais um segredo entre crianças apaixonadas, pais vidrados e doidões deslumbrados: