Como foi a primeira edição do Spotify Talks

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O primeiro Spotify Talks, série de encontros e conversas sobre música que inventei de fazer com o pessoal do Spotify, aconteceu nesta terça-feira e reuniu alguns dos principais nomes da atual música brasileira. Aproveitei a reunião de Mahmundi, Lucas Santtana, Céu e Emicida para conversar sobre o início de suas carreiras, que começou neste momento estranho da indústria fonográfica, em que o modus operandi convencional – o que chamamos de mainstream – desmorou, implodindo em nichos cada vez mais populosos, em que cada artista pode experimentar tanto na composição e gravação de seus trabalhos, quanto em sua apresentação e divulgação. A íntegra da conversa deve pintar em algum dia desses por aqui, mas o pessoal do Update or Die acompanhou o debate e escreveu sobre o encontro, além de fazer estes vídeos abaixo com os participantes sobre o que é o mainstream neste início de século.

Fala Céu:

Emicida:


Emicida

Lucas:


Santtana

Mahmundi:

O próximo Spotify Tracks acontece no mês que vem e assim que tivermos fechada a programação eu anuncio aqui.

#SpotifyTalks: Contraponto ao mainstream

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Uma série de encontros para discutir as diferentes facetas do mundo da música neste século – este é o SpotifyTalks, que começa na semana que vem, que desenvolvi em parceria com o aplicativo de streaming de música mais popular do mundo. A ideia dos eventos é justamente mostrar que o Spotify não é apenas um software e que está ativo junto à comunidade musical brasileira e o primeiro deles acontece na terça que vem, com um debate sobre como o que chamávamos de mainstream está mudando à medida em que os nichos deixam de ser pequenos. Para isso, chamei quatro nomes da nova música brasileira que viveram diferentes fases do mercado fonográfico: Céu, Lucas Santtana, Emicida e Mahmundi. Este primeiro encontro é fechado (estamos estudando a possibilidade de transmitirmos os próximos) mas dá pra acompanhar a discussão com o pessoal do Update or Die.

Aíla, Lucas Santtana e as Escolas de Luta

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A cantora paraense Aíla esta lançando seu segundo álbum Cada Verso um Contra-Ataque (que pode ser baixado aqui) e chamou o compadre Lucas Santtana para fazer uma versão de protesto para o hit “Baile de Favela”, do MC João. Na versão, que ela libera em primeira mão para o Trabalho Sujo, os dois chamam os nomes das escolas ocupadas pelos estudantes em São Paulo no ano passado, em mais um aceno da nova música brasileira aos jovens ativistas deste século.

Uma pausa para Anne Jezini

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Lucas Santtana que deu a dica de uma amazonense que descobriu e acabara de produzir seu segundo disco, Cinética. “Admiro demais o trabalho dele desde 2012 quando o conheci com o Sem Nostalgia”, me conta Anne Jezini. “Gosto muito como ele usa as camadas e texturas, a criatividade e, principalmente o desapego dele a um estilo só. Ele é bem ligado na música que está acontecendo no norte, e conheceu meu trabalho pela internet e foi uma surpresa muito feliz pra mim. Então a idéia de fazer o disco surgiu naturalmente, tinha uma sintonia do que eu estava querendo como sonoridade e as idéias dele. E todo o processo foi muito suave e relativamente rápido por causa disso. Começou em maio de 2015, trocamos referências e fomos formatando o conceito e em agosto eu viajei para o Rio de Janeiro para compormos as musicas e fechar o repertório, e já gravamos a faixa ‘Vale’ no estúdio do Marcelinho da Lua em parceria com ele. Todas as outras faixas foram gravadas em novembro no 12 Dólares do Fábio Pinczowski, que também tocou parte dos synths do disco. Foi relativamente rápido.”

Lucas conta como foi o contato com ela: “Conheci a Anne nas redes socias, ficamos amigos por lá e começamos a trocar figurinhas musicais. Saquei que ela curtia som, do tipo que faz um comentário como: ‘adoro o som desse sinth no refrão’. Daí rolou o convite para produzir o álbum novo dela e começamos a trocar referências no Spotify. Saquei que rolava muita afinidade sonora e me animei não só de produzir o disco como de compor todas as músicas, fazendo as músicas já em cima das batidas. Foi o primeiro disco que produzi que gravei 70% dos instrumentos. E o Fábio Pinc – que gravou o disco – os outros 30%. Foi bem divertido de fazer. Anne não tem frescura de cantora, botava a voz na hora que a gente propunha, como a gente botava os instrumentos. E como dá pra ouvir, ela canta muito.”

Cantora e compositora, Anne tem formação em biologia e economia, mas descobriu-se cantora depois de passar quase um ano na Inglaterra. Lançou o primeiro disco (Toda Queda Guarda um Susto) em 2015 mas viu que queria mais. Cinética, em sua maioria composto ao lado de Lucas a aproximou ainda mais da linguagem eletrônica. “Compomos eu e o Lucas partindo primeiro dos beats já imaginando o tipo de sonoridade que cada canção ia seguir e criando as melodias a partir disso. Ele já nasceu da idéia de privilegiar os beats e os sintetizadores.” Entre as influências do disco, ela lista funk, Michael Jackson antigo, Peaking Lights, Santigold e LCD Soundsystem. “Queria brincar e usar de formas diferentes ritmos como o dancehall, o funk carioca e a cumbia. Tem um pouco da referência do Bomba Stereo, das produções do Major Lazer”, explica.

O disco sai em junho primeiro digitalmente e em CD e o show tem direção musical do Lucas Santtana, além de contar com o próprio tocando baixo e synth, Caetano Malta na guitarra e MPC e Lenis Riso na MPC e no sampler. Ela antecipa o primeiro single, “Uma Pausa”, com exclusividade para o Trabalho Sujo.

Os 75 Melhores Discos de 2014 55) Lucas Santtana – Sobre Noites e Dias

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Os 75 Melhores Discos de 2014 61) Goma Laca – Afrobrasilidades em 78 RPM

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Vida Fodona #468: Dias inconstantes

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Vamos lá?

Johnny Jewel – “Birds of Prey”
Dusty Springfield – “Windmills of Your Mind”
Sia – “Soon We’ll Be Found”
Lana Del Rey – “Brooklyn Baby”
Tops – “Change of Heart”
Unknown Mortal Orchestra – “So Good At Being in Trouble”
Leo Cavalcanti – “Inversão do Mal”
David Bowie – “‘Tis A Pity She Was A Whore”
Sonic Youth – “Superstar”
Supercordas – “Mumbai”
Can – “Fall of Another Year”
Lucas Santtana – “Jogos Madrigais”
Lykke Li – “I Follow Rivers (The Magician Remix)”
Gang of Four + Alison Mosshart – “Broken Talk”

Por aqui.

Tudo Tanto #002: MP3 em 78 rotações

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Na minha segunda coluna na Caros Amigos eu falei do projeto Goma Laca, cuja edição de 2014 teve Letieres Leite comandando disco e show com Lucas Santtana, Karina Buhr, Juçara Marçal e outros recuperando pérolas esquecidas da música brasileira registradas em discos de 78 rotações. Fiz uns vídeos desse show:

MP3 em 78 rotações
Projeto Goma Laca resgata canções da primeira metade do século passado nas vozes de novos nomes da música brasileira

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Quem chegasse no Centro Cultural São Paulo (CCSP), próximo à Estação Vergueiro do metrô paulistano, no início da noite do dia 23 de agosto poderia achar que a nova música brasileira estivesse celebrando João Donato. Numa banda comandada pelo maestro Letieres Leite, o mago baiano dono da Orkestra Rumpilezz, Lucas Santtana, Duani e Karina Buhr repetiam os versos de “Cala a Boca, Menino” que Donato eternizou em seu clássico Quem é Quem, de 1973.

Mas “Cala a Boca, Menino”, embora tenha sido popularizada por João, não é nem de Dorival Caymmi, cujo crédito estampa o rótulo do velho vinil. Na verdade suas origens remontam à capoeira do início do século passado e o primeiro registro musical desta canção não apareceu sequer em vinil. A faixa foi registrada pelo mítico Almirante em 1938, na mesma época em que o sambista levou pela primeira vez ao rádio um instrumento “rudimentar e bárbaro” (palavras da época) chamado berimbau.

A faixa foi regravada na terceira edição do projeto Goma-Laca, núcleo de pesquisas sobre a música brasileira da primeira metade do século 20 desenvolvido pelo jornalista Ronaldo Evangelista e pela pesquisadora Biancamaria Binazzi. Desde 2009 a dupla fuça velhas bolachas que rodam a 78 RPM e desenterra pérolas para serem regravadas por novos nomes da música nacional.

A pesquisa é feita principalmente na discoteca Oneyda Alvarenga, do próprio CCSP, que conta com um acervo de mais de 44 mil discos brasileiros e uma das maiores coleções de discos em 78 rotações do Brasil. “Chamamos a discoteca de ‘Casa do Goma-Laca’, não só pelo acervo mais por seu conceito”, explica Biancamaria. “Ela foi criada em 1935 pelo Mário de Andrade, quando ele era diretor do departamento de cultura de São Paulo e a ideia dele era criar um espaço para músicos, que permitisse acesso à música ‘estranha aos ouvidos’. Ele queria promover o acesso à música regional do Brasil e à musica de concerto contemporanea, ir muito além do que tocava no rádio, o que de certa forma é o que fazemos com o Goma Laca. Como dizia o próprio Mário: ‘buscar fazer coisa nova, desencavando passados’”.

A edição de 2014 além da gravação e único show também se materializou em disco (as outras edições só foram disponibilizadas em MP3) e focou especificamente no que eles rotulam de “afrobrasilidades”. O disco reuniu Karina Buhr, Lucas Santtana, Russo Passapusso (que não pode comparecer ao show e foi substituído pelo carismático Duani) e Juçara Marçal para que eles pudessem reviver músicas com títulos como “Minervina”, “Babaô Miloquê”, “Guriatã” e “Passarinho Bateu Aza” (com ‘z’ mesmo), tudo sob a batuta – a flauta, no caso – suingada do maestro compenetrado e possuído que é Letieres Leite, que releu as velhas e ingênuas canções com um groove denso e ancestral, mas sem perder o vínculo com a tradição.

O disco pode ser comprado pelo site www.goma-laca.com, que ainda conta com as faixas das edições anteriores em MP3 para quem quiser apenas ouvi-las – além das versões originais imortalizadas em discos prensados numa mistura de cera de carnaúba com pó de goma laca. O núcleo de pesquisas segue à toda: “A ideia é continuar fazendo shows, rodas de escuta, programas de rádio, discos e o que pintar relacionado a esse universo setenteônico”, conclui Biancamaria.

As novidades do Prêmio Multishow de Música Brasileira 2014

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Pra quem não acompanha meu trabalho, há dois anos eu, o Bruno, o Pedro e o Dudu fazemos consultoria para o Prêmio Multishow de Música Brasileira. Desde o primeiro ano sabíamos que nosso trabalho precisava ser lento para ser duradouro e não podia ser brusco para manter a audiência. Então aos poucos fomos sugerindo atrações e abordagens diferentes de forma que a cada ano conseguíssemos dar pequenos passos reconhecíveis para o público do canal.

A primeira mudança deste ano é o fato do Super Júri, aquele que vota nas três principais categorias do prêmio enquanto o programa está acontecendo, ser exibido no Canal Bis e não só apenas na internet. Foi a primeira grande mudança no Prêmio, uma discussão paralela ao programa. O grupo é o mesmo dos anos anteriores, sempre criteriosos com suas abordagens e avaliações.

Outra mudança deste ano é que o prêmio Nova Canção, lançado no ano passado, em que artistas inscrevem músicas inéditas para concorrer ao prêmio na categoria, está aberto para votação popular. E os inscritos são nomes que a gente aqui já conhece: Mahmundi, Lucas Santtana, Castelo Branco, Marcelo Jeneci, Tim Bernardes (d’O Terno) e Sexy Fi. Saca só as músicas de cada um, abaixo.

Para votar, é só ir neste link. O resultado será revelado no dia do prêmio, dia 28 deste mês.

Todo o show: Acústico Gilberto Gil, 1994

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Sei lá, deu vontade de escutar assistir a esse show de novo. Showzaço aliás.

Vale reparar no jovem Lucas Santtana tocando flauta ao lado do mestre. Olha o setlist:

“A Novidade”
“Tenho Sede”
“Refazenda”
“Drão”
“Beira Mar”
“Sampa”
“Parabolicamará”
“A Linha e o Linho”
“The Secret Life of Plants”
“Expresso 2222”
“Aquele Abraço”
“Toda Menina Baiana”
“Se Eu Quiser Falar com Deus”
“Las Tres Carabelas”
“Realce”
“Esotérico”
“Sítio do Pica Pau Amarelo”
“A Paz”
“Palco”