A morte de Lou Reed vai demorar algum tempo até que a ficha caia – o impacto de sua obra na história da cultura recente começará a ser medido de fato a partir da notícia triste que soubemos no domingo de manhã. As homenagens são um bom termômetro, a começar por essa feita pelo mestre Neil Young no festival que ele realiza anualmente pela sua fundação Bridge School. A edição deste ano aconteceu em Mountain View, na Califórnia, no fim de semana passado, e ao final da apresentação, o velho Neil Young juntou-se a Elvis Costello, aos My Morning Jacket, a Jenny Lewis, entre outros, para tocar uma versão de “Oh! Sweet Nuthin'” – a última música do último disco do Velvet Underground.
Ficou demais.
Kevin Barnes fez sua reverência ao pai do underground no show que o Of Montreal fez nesse domingo no Music Hall de Williamsburg, atual epicentro hipster na Nova York inventada por Lou Reed.
Uma bela versão para esta que talvez seja a mais bela composição de Lou Reed.
Lou Reed era conhecido por questionar clichês e não fazer as coisas de acordo com as regras do jogo. Aí quando, no meio dos anos 80, apareceu a possibilidade de ele gravar um videoclipe – pois a MTV havia sido inventada nos EUA e pedia esse novo tipo de formato -, o cara me vem com essa:
Lou Reed, o homem que salvou o rock’n’roll de sua primeira grande crise ao fundar o Velvet Underground ao lado de John Cale, morreu neste domingo. A causa da morte ainda não foi revelada, embora ele tenha sofrido um transplante de figado no semestre passado. Um dos nomes mais influentes da história da cultura pop no século passado, ele também foi responsável por aproximar a música pop da cultura erudita, tanto por ter sido apadrinhado por Andy Warhol quanto por aspirar elevar as letras da música pop à alta literatura. Foi o pai do punk nova-iorquino e um dos avós da Nova York que conhecemos hoje, que em nada lembra a cidade decadente em que nasceu e cresceu – além de ser o padrinho da áurea cool da era moderna, que mistura ruído, arte, poesia e design. Bukowski evoluído, Woody Allen da sarjeta – ele era um dos poucos do primeiro escalão do século passado que ainda habitava entre nós. Se você é indie, hipster, rocker, artsy, beat ou gay pode fazer sua homenagem ao velho Lou – seu mundo seria bem diferente – e pior – sem ele. Fará falta.
Qual sua principal lembrança relacionada à carreira dele?
Páginas do clássico Lou Reed & the Velvets, a primeira publicação sobre o Velvet Underground para além das resenhas de discos e shows em revistas e jornais. Na verdade, era pouco mais do que fanzine publicado em 1973 por Nigel Trevena na Inglaterra, e além da versão em quadrinhos feita pelo autor do livro, a publicação ainda trazia a biografia da banda e outros comentários, como a publicação da letra de “The Gift” como um conto e a opinião de Lou Reed sobre bandas e artistas contemporâneos, abaixo:
A seção Swipe File do site Bleeding Cool contrapõe duas realidades diferentes a partir de um ponto em comum – e uma delas reuniu Jimi Hendrix e Lou Reed à mesa a partir de ilustrações que Moebius e Jamie Hewlett fizeram, cada, respectivamente, destes dois gênios.