
Fui na abertura do novo espaço da Casa de Francisca nesta quinta-feira, desbravado naturalmente por dois veteranos do lugar que conheciam tão bem a primeira versão da Casa, ainda nos Jardins, quanto já frequentaram em inúmeras formações os atuais dois palcos do Palacete Tereza, no Centro. Como de praxe, o próprio Rubens Amatto, que idealizou e realizou esse sonho forte, foi quem abriu os trabalhos recepcionando os 44 presentes (mesmo número de lugares do velho endereço) no novíssimo terceiro palco do lugar, orgulhoso não apenas de estar ampliando sua visão como de ter dois camaradas pra começar essa nova fase. E por mais que Juçara Marçal e Kiko Dinucci sejam familiares do lugar e tenham optado por seu tradicional show de vozes e violão baseado no histórico álbum-encontro Padê de 2008, os dois passearam por outras canções de seu repertório comum até incluir novas versões, como o samba-enredo “Paulistano da Glória” de Geraldo Filme e a pesada “Batuque” de Itamar Assumpção. E por mais que o novo espaço seja intimista e acolhedor, os dois não tiveram problema em ultrapassar os decibéis possíveis, seja com a bateria embutida no violão de Kiko ou nos limites inalcançáveis da voz de Juçara. A Sala B é outra experiência da Casa e mesmo com outro show bombando no salão principal, ela manteve-se inabalável em seu intimismo.
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Nesta terça-feira, o mineiro Clóvis Cosmo nos conduziu rumo a um futuro brasileiro decadente que pouco lembra as distopias recentes que nos atormentam pois não se passa na periferia ou em bairros de alto padrão de megalópoles e sim no campo. O Vastopasto conjurado por suas canções é o cerrado do planalto central completamente acinzentado pela monocultura agrícola ao redor das ruínas de uma nova capital de um império próximo, chamada de Uberaba 2. Reunindo um pequeno supergrupo indie para desbravar o realismo deprimente de seu universo ficcional, ele buscava a complexidade da música caipira tradicional, dissecando-a em canções ao mesmo tempo simples e rebuscadas no gênero que cunhou como prognejo, ao adotar características do rock progressivo e da música sertaneja. Além de receber o público com um aviso sonoro totalitário ainda nas escadas do teatro, Cosmo ainda empilhou os dejetos digitais num canto do palco, ao lado de uma bucólica chaleira numa fogueira, e entre o canto, as falas, a guitarra e a flauta, vinha seguido por metade da dupla Antiprisma Victor José na viola, da cozinha do grupo Oblomov (o baixista José Eduardo e o baterista João Queiroz), das teclas e efeitos de John Di Lallo e do próprio dono do projeto Irmão Victor, o gaúcho Marco Benvegnú, tocando sopros e percussão. Uma formação de peso para uma apresentação épica, que além de trazer momentos quase individuais – quando dividiu uma música apenas com Victor José ou quando trouxe os Oblomov para cantar uma moda acompanhados apenas de sua flauta -, terminou com todos ao redor da fogueira cênica, ouvindo Pena Branca e Xavantinho, um dos maiores nomes da história da música sertaneja, conterrâneos de Uberlândia do dono da noite. Loucura.
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Nessa terça-feira, o Centro da Terra torna-se uma espaçonave para uma viagem lisérgica e rural ao mesmo tempo, quando o mineiro de Uberlândia Clóvis Cosmo apresenta seu espetáculo Do Prognejo ao Vastopasto em que antecipa seu disco de estreia, Vastopasto: …e os Cerradofuturistas Sequestraram a Relógiocomotiva. Multiinstrumentista, ele criou um universo fantástico em que o Triângulo Mineiro é devastado pelo agronegócio, que ele batizou de AgroApocalipse, transmutando a paisagem do cerrado num pasto cinzento marcado pelas ruínas high tech da sede do agroimpério, Uberaba 2. Essa saga é contada a partir da narrativa do prognejo, que funde arranjos do rock progressivos às múltiplas linguagens da música sertaneja. No palco, Clóvis vem acompanhado de Victor José. do grupo Antiprisma, Marco Benvegnú, o Irmão Victor, John Di Lallo do projeto Gengibre, José Eduardo e João Queiroz (estes dois da banda Oblomov). O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.
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O baterista e percussionista Mariano de Melo, que segura o pulso dos Deaf Kids e conta com sua carreira solo com o codinome Sarine, deu início à temporada Desmonta 18 Anos que a produtora de Guarulhos celebra às segundas deste mês no Centro da Terra fazendo a apresentação mais ousada de sua carreira. Em dupla com a iluminadora Giorgia Tolani – que optou por transições lentas e fachos de luz brancas que por vezes refletiam-se num espelho atrás do músico -, ele embrenhou–se num set com vários sintetizadores, um atabaque, piano e baixo elétrico, indo de trechos puramente jazzístico a beats eletrônicos contínuos, grooves acentuados, solos de teclas ou paisagens monocromáticas, encadeando som, ruído, pulso e melodias em transições que preencheram uma hora de show que voou como se pudesse durar poucos minutos ou para sempre. Um transe em movimento, uma boa forma de abrir os caminhos.
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Satisfação começar o mês de outubro no Centro da Terra com a temporada que celebra a maioridade da produtora e selo Desmonta, comandada pelo herói de Guarulhos Luciano Valério, que lança discos e realiza shows de artistas e estrangeiros que exploram as fronteiras sônicas possíveis e que povoa as segundas deste mês com parte de seu elenco. Nesta primeira segunda, ele reúne o percussionista e baterista dos Deaf Kids, Sarine, em um transe experimental com as luzes de Giorgia Tollani. Na outra segunda, dia 13, o anfitrião é Kiko Dinucci, que explora novas texturas em seu violão – e outros instrumentos que podem vir no percurso – em busca de novas sonoridades para seus próximos trabalhos. Na terceira semana assistiremos ao encontro do próprio autor da temporada em seu projeto MNTH ao lado de Juçara Marçal e Douglas Leal, dos Deaf Kids (que apresenta-se como Yantra) e as luzes de Mau Schramm. O final da temporada vem com a presença massiva do grupo fluminense Crizin da Z.O., mais uma vez testando os limites do ruído. Os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
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Magdalena Bay e Japanese Breakfast dividiram mais do que a escalação do sábado no festival Austin City Limits, nos EUA, que aconteceu neste fim de semana quando a dona da última banda, Michelle Zauner, convidou a dupla da primeira para subir ao palco no final de sua apresentação. E a música que escolheram para tocar bateu tanto no ponto de vista nostálgico quanto no tema da canção, quando voltaram à já clássica “Time to Pretend”, da dupla MGMT, numa versão muito astral.
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E o Saturday Night Live que fez uma paródia do Chaves e escalou o Bad Bunny pra interpretar o Quico? São tantas camadas de interpretação…
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Fui em mais um show do De La Soul nessa quinta-feira, no Áudio, e mais uma vez os caras quebraram tudo – sempre com um sorriso no rosto, deles e nossos. A presença de Talib Kweli fez a alma do saudoso Trugoy the Dove, que morreu há dois anos, presente e intensa na noite, como escrevi em mais uma colaboração para o Toca UOL. Continue

Domingo passado fui ao lançamento do novo disco do Mateus Fazeno Rock na Casa Natura Musical e escrevi sobre o show em mais uma colaboração para o Toca UOL. Continue

Fui ao penúltimo show que Ana Frango Elétrico fez de seu Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua em São Paulo, sexta passada, quando ela reuniu mais de duas mil pessoas da Áudio, atingindo o maior público ao vivo de sua carreira, e escrevi sobre a deliciosa noite em mais uma frila pro Toca UOL. Continue